Born to Die escrita por Agatha, Amélia


Capítulo 46
Confinada


Notas iniciais do capítulo

Como dissemos antes, esse capítulo é narrado pela Sarah. Ficou um pouco menor do que queríamos, mas logo teremos mais um pouco dela.
Sobre James, só queríamos avisar que ele mudou bastante, e provavelmente não é como alguns esperavam. Assim como o Governador, ele está disposto a fazer tudo pelo que acredita.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/423724/chapter/46

*Narrado por Sarah West

Ainda com os olhos fechados por causa do sono, respirei profundamente e passei a mão direita pelos meus cabelos. Respirar parecia uma tarefa cada vez mais difícil, e cada movimento dos meus músculos era doloroso.

Minha mente estava muita confusa. Acordei em um quarto escuro, iluminado pelo Sol que atravessava a janela. Ele parecia ser um quarto de criança, tinha uma cômoda branca e a cama em que eu estava era pequena. Havia alguns brinquedos no canto, como um grande urso de pelúcia e alguns palhaços com aspecto macabro. O mais estranho era que eu não me lembrava de entrar nesse quarto, que não se parecia em nada com qualquer um do hotel.

Fiz um esforço mental para tentar entender a situação. De manhã tomei um café ralo, depois fui para a brinquedoteca, onde li alguns livros e depois tive uma conversa com Avery. Então as imagens começaram a passar rapidamente, me deixando um pouco tonta. Eu ouvia vozes, então uma imagem me chamou a atenção. Era James vindo em minha direção. Lembrei-me de ter ido para um carro, e Avery ainda estava desacordada. Eu deveria ter perdido a consciência no carro.

A lembrança de James me trouxe um pequeno desespero, e comecei a procurar uma maneira de sair de lá. Procurei a faca de cozinha que eu levava comigo para futuros imprevistos, não para matar alguém e sim para um possível parto antes do prazo. Eu havia esterilizado essa faca para cortar o cordão umbilical do bebê, mas, nesse momento, queria utilizá-la para defesa, não que eu quisesse matar James, mas eu poderia ameaçá-lo.

De repente, a porta se abriu, e eu fiquei paralisada até ver James entrando no quarto com um sorriso. Ele se sentou no canto da cama antes de começar a falar.

– Você já acordou? – não houve resposta, e eu continuei a fitá-lo com atenção. O sorriso debochado e superior dele chegava a dar medo, mas eu já estava acostumada com isso, porém ela parecia alegre.

– Onde está a minha faca? – falei sem paciência, indo direto ao ponto.

– Está comigo – James mostrou seu cinto, onde estava a faca e uma arma de fogo. – Você não vai mais precisar dela, eu vou te proteger, e ao Joseph também.

– Quem é Joseph? – perguntei sem entender o que ele dizia.

– É o nome que eu escolhi para o nosso filho. Você sabe que eu sempre quis ter um menino, e esse foi um dos meus motivos para te perdoar.

Me perdoar? Eu não havia feito nada além de ser espancada por ele! O pior era o cinismo de James, ele agia como se nada tivesse acontecido. Eu queria poder explodir com ele, dizer tudo o que eu pensava, jogar a verdade na cara dele, mas eu estava em muita desvantagem, e não queria que ele se descontrolasse como de outra vez. O tempo todo eu tentava me convencer de que esse trauma estava superado, mas não era verdade. Faltava algo que eu não queria fazer, mas eu precisava saber o porquê. Mas, nessas condições, eu começava a entender que não havia outra explicação se não o fato de que James era louco. Ele acreditava tanto nas próprias mentiras que não havia parado para pensar que o filho dele já teria nascido há meses.

– Eu também te perdoo pelo que aconteceu no supermercado – fiquei incrédula com essa frase. – Agora eu entendo que você disse aquilo porque estava preocupada comigo, e eu até parei de beber.

– James... – tentei pará-lo, mas ele ignorou.

– Eu te vi com Rick Grimes. No começo eu fiquei com muita raiva, mas isso já passou. Mulheres são fracas, sempre precisam de um conforto, e eu entendo que você precisava de alguém, devia achar que eu estava morto. Mas agora tudo será resolvido.

– Onde está a Avery? – mudei de assunto tentando disfarçar a raiva que sentia pelo que ele havia dito.

– A garota está com o meu amigo, ela deve ficar bem – isso não diminuiu a minha preocupação, já que da última vez que estivemos juntas ela estava desacordada.

– O que você quis dizer com isso?

– Talvez ele possa usá-la para machucar o Rick. Ele mexeu com o cara errado, e vai ter que sofrer as consequências. Se tudo der certo, a garota fica viva, mas o Rick não. Ele está marcado para morrer desde que cruzou o caminho do Governador – fiquei horrorizada com o que James dizia, e eu sabia que ele e seu amigo estavam dispostos a fazer qualquer coisa pelo que queriam. – Não se preocupe, eu vou ficar bem. Só tenho que ajudar Brian a acabar com Rick e vamos estar livres. O que acha de morarmos nessa casa com o Joseph? Gostou dela? – continuei em silêncio, apenas o encarando até pensar em algo para dizer.

– Não sei... Não sei o que pensar depois de tudo isso.

– Entendo, nós passamos por muitas coisas. Você deve estar cansada, deve descansar um pouco para pensar melhor. Tenho certeza que vai querer ficar na casa. Vou trancar a porta, tudo bem? Mas não se sinta presa.

– Mas eu vou ficar presa! Por favor, não me tranque aqui – pedi em quanto ele andava calmamente até a porta.

– Querida, esse é o melhor para você! Eu sempre sei o que é melhor para você – ao dizer isso, James saiu do quarto e trancou a porta, como se estivesse indiferente, como se fosse normal me deixar trancada.

Corri até a porta o mais rápido que pude. Isso me deixou mais cansada e eu fiquei ofegante. Comecei a girar o trinco desesperadamente, mas a porta já estava trancada. Eu não podia ficar presa, não com tudo que estava acontecendo, nem com o risco que Avery corria e o que poderia acontecer com Rick. Eu ficaria feliz por ele vir atrás de mim, mas isso poderia ser a sua morte e eu preferia ficar com James a ter Rick morto.

– James! – gritei batendo na porta. – Abra a porta, por favor! Me deixe ir! Por favor...

Comecei a soluçar e me sentir mais fraca. Então vieram as contrações, e a minha dor só aumentou. Apoiei-me na porta e deslizei até o chão, tentando não cair bruscamente. Os meus gritos foram em vão, o que não era muita surpresa. James deveria ter achado até engraçado o meu desespero, e a forma como eu pedi para sair de lá. Mais uma vez eu estava confinada, assim como no supermercado quando ele me deixou quase morta com um errante e eu tive que me prender em uma sala. Essa sensação era horrível, como se cada segundo nesse lugar me matasse um pouco, e o desespero só aumentava conforme a passagem do tempo. Eu não queria ter que passar por isso mais uma vez, porém, era quase impossível fazer algo. Em resumo, a minha situação parecia irreversível no momento, e o máximo que eu poderia fazer era tentar pensar em algo para escapar ou obter alguma vantagem.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam do James e da situação da Sarah?
Até mais, e deixem seus comentários!!!