Unica Et Opposita escrita por Sali


Capítulo 36
Capítulo XXXVI


Notas iniciais do capítulo

Eu olho pro teclado e não sei o que dizer, só sentir algo do tipo "será que ainda tem alguém lendo isso aqui?"
Não tem nem como eu virar e pedir desculpas, isso seria uma cara de pau sem tamanho. Só... Sei lá, espero de coração que não tenham me abandonado, como eu (quase) abandonei.
Fiquem a vontade para reler os últimos capítulos, caso tenham esquecido o que rolou aqui.
E aproveitem! :3



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Jude

Ainda de olhos fechados, sorri. Sorri por sentir o perfume característico de Lizzie tão próximo, por sentir o peso do seu braço a me rodear a cintura. Sorri me lembrando da noite anterior: de todo o carinho e cuidado com o qual ela me tratara e de seus amigos, bem menos intimidadores do que na minha imaginação.

— Bom dia. — sua voz soou e, ao ver seu pequeno sorriso torto, abracei-a mais forte.

— Bom dia, Liz! Dormiu bem?

Ela riu.

— Bem e muito. Já está tarde, sabia? São quase dez horas.

Ergui as sobrancelhas, surpresa e completamente desperta.

— Meu Deus! Sua avó deve estar querendo me matar agora! — cobri o rosto com as mãos, sentindo-o quente. — Nem imagino o que ela deve estar pensando de mim.

Lizzie, apoiada em um cotovelo, riu e mexeu em meus cabelos.

— Para falar a verdade, ela não deve nem saber que você está aqui. Eu te disse ontem, ela tem sono pesado.

Acabei rindo, tanto das palavras quanto da tranquilidade de Lizzie. Na noite anterior, havíamos chegado relativamente tarde em sua casa — onde eu decidira dormir — e fizemos o que eu nunca esperava fazer um dia: em silêncio e pé ante pé, atravessamos a porta de entrada, a sala e o corredor até o quarto dela, nos esforçando ao máximo para não acordar sua avó.

— E, quando ela souber, pelo menos vai saber que não fizemos sexo.

Arregalei os olhos para as palavras de Lizzie, sentindo-me ainda mais vermelha.

— Lizzie! Como… como assim?

Vi-a rir baixo, muito provavelmente achando graça do meu constrangimento.

— Nós estamos vestidas, não fizemos barulho… É meio óbvio que não aconteceu nada.

Meneei a cabeça, aceitando sua lógica.

— Agora… Tá com vontade de levantar?

Dei de ombros.

— Já ficamos tempo demais na cama.

Lizzie sorriu de lado, e só então eu percebi a ambiguidade do que eu tinha dito. E senti meu rosto esquentar.

— Tudo bem, vamos levantar. — mudei de assunto então, dando um sorrisinho pequeno, e me pus de pé, vendo Lizzie, deitada de lado na cama e apoiada em um dos cotovelos, me olhar de cima a baixo com um sorriso extremamente malicioso.

Mordendo o lábio, percebi então que seus olhos estavam no que havia me servido de pijama: um de seus moletons extremamente grandes e largos, que me chegava às coxas e cuja gola caía por um ombro.

Ainda sorrindo, ela sentou-se na cama, apoiando o queixo na mão.

— É difiícil pensar em sair da cama te vendo assim.

Olhei para baixo e sorri de leve, apenas levemente corada. Mesmo que fosse um tanto embaraçoso ter o olhar de Lizzie daquela forma sobre mim, também era agradável. Por algum motivo, eu gostava de como seu sorriso se abria e como seus olhos se voltavam para mim, como haviam feito quando eu permitira que ela me visse totalmente sem roupas, em nossa primeira noite e na manhã seguinte.

— Volta aqui, vai.

Acabei alargando meu sorriso e segurei a mão que Lizzie estendia, sendo puxada até sentar sobre suas coxas. Segundos depois, ela me beijava.

— Sabe, Jude. — senti suas mãos em meus cabelos, acariciando-os. Ergui os olhos para ela, e vi um pequeno sorriso em seus lábios. — Eu gosto pra caramba de você.

Arqueei as sobrancelhas, levemente surpresa. Mesmo depois de tantos meses, eu não conseguia me acostumar com as suas declarações espontâneas. Abrindo um sorriso, então, apertei Lizzie contra mim num abraço, sentindo o cheiro gostoso que emanava dela.

— Eu também gosto demais de você.

Ouvi seu riso baixo, e então ela voltou a me olhar.

— O que acha de levantarmos agora?

Dei de ombros, levantando-me do colo de Lizzie.

— É uma ideia boa.

Ela riu baixo e, momentos depois, me vi sentada à pequena mesa da Senhora Bennet, diante de um café da manhã digno da melhor tradição inglesa.

— Você não corrompeu essa menina linda, não é Elizabeth? — a mulher perguntava, pousando um prato com bolinhos que cheiravam extremamente bem diante de mim. — Jude, querida, não deixe essa má influência te levar para o mau caminho.

Acabei rindo sem me conter diante de suas palavras.

— Relaxa, vó. É a Jude quem vai me levar para o bom caminho. — Lizzie piscou, e eu ri novamente enquanto a via morder com vontade um dos bolinhos de blueberry.

— Sirva-se, querida. Não precisa ter vergonha, fique a vontade.

Abri um dos meus melhores sorrisos educados e acenei gentilmente com a cabeça, pegando então um dos bolinhos que Lizzie comera com tanta vontade.

— Olhe só, Elizabeth! Que modos! Quem me dera que você fosse assim!

Voltei a rir, sentindo minhas faces avermelhadas, e Lizzie também sorriu.

— Bom, vó. Não dizem que é tudo fruto de uma boa educação?

Observei, divertida, a Sra. Bennet xingar qualquer coisa enquanto dava um tapa não muito forte no ombro da garota ao meu lado, que voltou a rir.

— Vó, para quieta. Já tem comida o suficiente na mesa. Senta e come com a gente! — ela exclamou então, e eu acabei sorrindo, vendo como a relação entre Liz e a avó era ao mesmo tempo cômica e meiga.

Com a Sra. Bennet sentada à mesa, o café da manhã transcorreu ainda mais divertido. Lizzie não hesitava em irritar a avó, que a respondia com ocasionais xingos ou agressões sem força real. A certo momento, a senhora voltou-se para mim, perguntando quais eram meus planos para aquele dia e me fazendo perceber que era véspera de Natal. Quando eu respondi que não faria nada, me surpreendi ao ser convidada para a ceia que ocorreria no lar de idosos onde ela trabalhava, exatamente como Lizzie comentara em St. Leonards havia certo tempo.

— É uma boa ideia. — a garota ao meu lado sorriu, apoiando a avó. — Eu adoraria passar o Natal com você, Jude.

E então, me vi sorrindo, surpresa e um tanto feliz por ter sido acolhida com tanta facilidade pela “família” de Lizzie e por saber que ela gostaria da minha companhia naquela noite.

— Eu também vou gostar de passar o Natal com vocês.

Lizzie sorriu, e até mesmo a Sra. Bennet abriu um pequeno sorriso de lado.

— Agora, coma mais um ou dois bolinhos. Você não comeu quase nada, menina. Não vá ficar magra como a Elizabeth, sim? Porque essa aqui, se emagrecer um pouquinho mais, é capaz de sumir.

Voltei a rir, de repente lembrando-me do corpo de Lizzie e corando ao pensar como ela, definitivamente, não era magra demais. Baixando a cabeça, me concentrei em dar uma garfada num pedaço da deliciosa torta de frango da Sra. Bennet enquanto tentava afastar aqueles nada puros pensamentos.


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Notas finais do capítulo

Pois é, né gente. Eu achei bonitinho esse cap :3 A Sra. Bennet (lembram dela? kk) é um amorzinho mesmo hahaha
Enfim, tô aqui, espero mesmo que ainda haja alguém lendo e acompanhando. Se houver, não se esqueça de comentar! Não tem nada mais animador pra autora aqui que descobrir que ainda tem leitores xD
Brincadeiras a parte, não vou faltar à tradição. Bora pra quem comentou (e implorou pra que eu não abandonasse a fic):
> Ms Lee Jauregui
> memk
> Popi Luka
> vic
> Anna Chase
> Saah Chan
> Pietra Soult
> Simba Loxar TBF
> Samyni
> caçadoras de jujubas
> Lua
> lih
E me perdoe quem eu ainda não respondi. Vou tratar de fazer isso nesse segundo.
Beijos, gente linda :3