Minha escrita por danaandme


Capítulo 14
Two Love Songs - Parte 02




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“Você não está me entendendo muito bem, Tony querido. Rachel precisa falar comigo, entendeu? O mundo vai explodir se ela não falar comigo hoje!”

Tony afastou o celular do ouvido. Jesse repetia o mesmo discurso há dois dias e por mais que ele houvesse entendido que se tratava de um assunto de extrema urgência, pouco ele podia fazer. Rachel havia decidido sumir do mapa... literalmente. Ela e Quinn haviam deixado Boston há dois dias e tudo indicava que elas haviam saído do país. Sem celular, sem destino, sem nenhum meio de comunicação. O que nos dias de hoje podia-se ser considerado uma proeza extraordinária, mas quando se tratava de Rachel Berry, qualquer proeza não parecia impossível.

“Jesse. Eu compreendo que você realmente deve ter algo muito urgente para tratar com Rachel, mas como eu já lhe disse inúmeras vezes, ela e a senhorita Fabray estão completamente fora de meu alcance...”

Do outro lado da linha, Jesse transpirava desesperado caminhando de um lado para outro pelos corredores internos do Gershwin Theatre. Ele não havia contado exatamente o que estava acontecendo para Tony. E é lógico que ele sabia que isso diminuía a força de sua argumentação de urgência junto ao fiel escudeiro de Rachel, mas ele não podia arriscar que Tony deixasse escapar os detalhes da confusão terrível que estava se formando.

Jesse suspirou resignado.

“Tony. Se por algum milagre...”

“Se ela ligar, Jesse. Eu vou transmitir sua urgência em entrar em contato com ela.”

Jesse desligou o celular.

“Senhor St. James? Precisamos firmar os contratos hoje. Não podemos perder mais tempo. Se demorarmos mais a publicidade da produção pode ser prejudicada!”

Jesse olhou para o homem de terno parado na sua frente. Ele se sentia completamente perdido.

“Rachel... a culpa disso tudo é sua.” Ele disse entre dentes, arrumando seu blazer e seguindo o homem até um dos escritórios localizados no piso superior do teatro.

...

“Rach...”

Quinn arqueou o corpo, amassando o tecido fino do lençol entre os dedos. Aquele calor descomunal que a consumia todas as vezes que Rachel a tomava em seus braços parecia aumentar inacreditavelmente quando elas faziam amor. Quinn tinha certeza que todo aquele calor que parecia nascer no momento em que seus corpos se tocavam e que era capaz de deixar uma marca permanente em suas almas, um dia tornaria todas aquelas chamas imaginarias em labaredas reais, que marcariam sua pele tal qual um ferro em brasa. E talvez esse fosse o único jeito de expressar a maneira de como seu amor por Rachel a absorvia completamente, porque por mais que ela tentasse, não haviam palavras para definir a intensidade desse sentimento.

Quinn jogou a cabeça para trás em êxtase, sua única ligação com o mundo eram os braços de Rachel a segurando firmemente junto a si. Seu coração batia tão forte que o sangue fluía impetuosamente por seu corpo fazendo com que suas veias praticamente se transformassem em amplificadores, a incapacitando de ouvir nada além das batidas frenéticas que reverberavam em seu peito.

Quinn a sentiu se aninhando junto ao seu corpo a beijando docemente, e gemeu ao sentir seu gosto nos lábios da morena.

“Volte para mim...” Rachel sussurrou junto ao ouvido dela e essas foram as primeiras palavras que ela ouviu quando o mundo pareceu voltar a existir.

“Eu nunca te deixo...” respondeu a loira com um sorriso, fazendo Rachel sorri também.

“Isso é bom.” Disse Rachel a beijando novamente.

Nenhuma das duas se arrependia da decisão que tinham tomado há dois dias, e agora elas estavam completamente dispersas do mundo num dos refúgios preferidos da morena, uma ilha paradisíaca em Koh Ouen, no Camboja.

Quinn ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer nada além da magnifica suíte do bangalô onde elas pernoitaram, mas pela visão maravilhosa do mar que se estendia diante de seus olhos por além da varanda/lounge do quarto, ela podia imaginar o porquê de Rachel manter aquele pedacinho do mundo como seu tesouro particular.

Rachel distribuía beijos pelo pescoço dela, enquanto suas mãos percorriam o corpo da loira.

Era normal que ela já estivesse sentindo desejo novamente?

“Não acho que vou ser capaz de sair dessa cama...” As pernas de Quinn envolveram o corpo de sua amada num abraço erótico.

“Wow.” A risada de Rachel preencheu o ambiente. “Parece que eu criei um monstrinho...”

“Você criou?” a loira perguntou arqueando uma sobrancelha.

“Aparentemente...”

“Sei...” Quinn a encarou por alguns instantes absorvendo toda a essência daquele sorriso maroto que ela tinha estampado no rosto. Então, ela girou-se por cima de Rachel, invertendo suas posições e deixando evidente sobre o ventre da morena, o quanto ela ainda a desejava.

A visão de Quinn completamente nua sobre ela, e a umidade que agora se espalhava sobre seu ventre, fizeram os olhos de Rachel escurecerem de desejo. Quinn, fazendo o possível para esconder o próprio sorriso, se levantou da cama dispensando as cobertas e caminhou até a soleira da grande porta de vidro que dava acesso a varanda. O sol nascia no horizonte e os reflexos de luz incidiam no quarto lentamente rompendo a penumbra daquele início de manhã, e contornando as curvas do corpo de Quinn conforme ela caminhava.

“... Já que sou a única incapaz de me controlar... acho que só me resta um bom banho frio, hum?” Ela disse se virando na direção de uma Rachel completamente boquiaberta.

Escondendo mais uma vez o sorriso, Quinn se virou novamente ameaçando abrir as cortinas semi transparentes que cobriam as portas de vidro. O som dos passos apressados chegou aos seus ouvidos quase no mesmo instante em que as mãos de Rachel envolveram sua cintura a puxando para o sofá.

“Você é meu monstrinho, e eu sou o seu...” a morena cantarolou junto ao ouvido dela quando as duas caíram sobre as almofadas, e mais uma vez elas se perderam uma na outra.

...

“Então essa garota foi o grande amor da Rachel no passado?” quis saber Finn, servindo-se de mais um pouco de amendoins.

“Eu não diria que ela foi um grande amor. Rachel ainda era um pouco obcecada em reencontrar sua alma gêmea feia e obesa...” Jesse virou mais uma dose de whisky goela abaixo e fez uma careta, fazendo um sinal ao barman, que se apressou em servir-lhe mais uma dose. “...mas posso afirmar seguramente que Elise foi a primeira garota que ela realmente levou a sério.”

“E elas se separaram assim de repente?” Finn enfiou mais amendoins na boca e olhou discretamente as horas em seu relógio de pulso.

“Na verdade, eu nunca entendi muito bem porque ela foi embora sem dizer adeus a Rachel...”

Jesse levou um momento para organizar os pensamentos.

Aquela época da vida de sua amiga foi um tanto difícil para todos que eram próximos a ela. Depois que Elise e sua família repentinamente se mudaram para o outro lado do país, Rachel lentamente se afundou em festas, álcool e garotas. Ele se recordava bem das várias intervenções que ele e os pais de Rachel fizeram junto a morena, tentando aconselha-la a tomar um rumo diferente e largar aquele estilo de vida destrutivo, com todos aqueles vícios e relacionamentos sem futuro. Não é preciso dizer que todas as tentativas foram um completo fracasso. Só o acidente foi capaz de faze-la parar. E mesmo assim, ele só voltou a ver um brilho, que no passado sempre fora tão presente no olhar dela, quando a morena conheceu Quinn.

“Você acha que Rachel ainda tem sentimentos por essa Elise?”

Jesse espalhou algumas cascas de amendoins sobre o balcão do bar. O barman franziu o cenho para o rapaz enquanto apanhava um pano para limpar a bagunça.

“Não sei...Elise foi importante no passado, mas hoje, Rachel não enxerga ninguém mais além de Quinn Fabray... O que me preocupa é que Elise Scott conhece muito bem os pontos fracos de Rachel...”

No passado as duas garotas foram de arqui-inimigas à amantes, e isso rendeu a elas a capacidade de conhecer muito bem todos os pontos fortes e fraquezas de ambas.

“Hummm... Acho que vai ser um problema quando Rachel descobrir que Elise é uma das protagonistas da peça, hein?”

Jesse só suspirou. Lembrar disso, fazia com que a certeza de que ele seria aquele que mais sofreria com toda essa situação ficasse ainda mais real. Mas afinal de contas, o que raios ele podia fazer? Elise Scott era uma celebridade, e seu agente entrou em contato com os executivos responsáveis pela divulgação da peça, dizendo o quanto ela estava interessada no papel e o quanto isso ajudaria a promover a peça.

No final, ele teve que enfrentar os lobos sozinho, porque apesar de Rachel Barbra Berry está financiando a produção, ele sabia que sem o apoio da corja de executivos e produtores renomados, que também estavam investindo – seus nomes e influência – na peça, o show não duraria uma noite na Broadway.

O resultado foi simples; Elise Scott seria a grande estrela que brilharia ao seu lado em Sonhos, que também apresentaria um novo talento, a desconhecida, Michele Bergman. A receita para o sucesso, como frisaram os malditos publicistas. E o pior que Jesse St. James sabia que eles estavam certos.

Jesse virou outra dose de whisky goela abaixo. Elise não costumava investir em nada sem motivos... então ele tinha certeza que isso tudo fazia parte de seus planos para ganhar ‘sua estrela’ de volta.

De repente, Finn pulou da sua cadeira obrigando Jesse a voltar a realidade.

“Michele! Aqui! Oi”

O garoto agitava as mãos acima da cabeça, sinalizando para a morena que acabara de entrar no bar, com um sorriso bobo no rosto. Ah, Jesse lembrou do motivo pelo qual ele estava ali, no final da tarde num bar esportivo, comendo amendoins e enchendo a cara com Finn Hudson. Um belo motivo diga-se de passagem, com pele morena e olhos cor de mel, que se aproximava sorrindo timidamente.

“Desculpem o atraso.” Disse a morena sentando-se na cadeira alta onde Finn estava sentado anteriormente. Jesse não conteve a vontade de revirar os olhos quando o rapaz pulou de seu lugar e o ofereceu a garota, depois de espanar o acento com uma das mãos, jogando no chão algumas cascas de amendoins.

“Sem problemas, minha querida. Nós ainda estamos esperando outra pessoa...” informou Jesse a uma agora confusa Michele.

Nesse instante, a porta do bar se abriu novamente e uma ruiva estonteante adentrou o ambiente como se fosse a dona do lugar. Não houve uma pessoa que não virasse o pescoço para vê-la passar. Jesse notou quando Finn colocou a mão no ombro de Michele de uma forma protetora, no momento que a garota arregalou os olhos, suprimindo um gritinho baixo. Finn havia insistido em vir quando soube que Jesse se reuniria com as duas para ‘tentar criar um bom ambiente de trabalho’. O garoto não gostou nada do jeito de como Elise havia destratado Michele da última vez que elas se encontraram... e aparentemente, o comportamento de Elise havia deixado Michele um tanto apreensiva.

“Não que minhas expectativas fossem muito altas, mas um bar esportivo? Sério, St. James? Que lugarzinho estranho para trabalhar o vínculo entre seus futuros colegas de cena!” Elise tirou o cachecol e jogou sem cerimônia na cara de Michele. “Oh, desculpe querida...eu não vi você...”

Michele franziu o cenho, puxando a peça do rosto e atirando o cachecol em cima do balcão. Depois lançou um olhar desafiador na direção da ruiva e cruzou os braços, visivelmente irritada. Elise a observou por um momento e ergueu uma sobrancelha, com uma expressão de quem se diverte.

“Você costumava ser mais agradável no passado, Elise...” disse Jesse se levantando na cadeira e se dirigindo a uma área repleta de mesas de sinuca.

“E você costumava ser mais refinado, St. James.” Ela encarou Finn por um momento e um sorriso zombeteiro adornou suas feições. “Vejam só, nossa nova estrelinha senhorita ‘eu-sou-caipira-e-não-sei-me-vestir-de-acordo-com-minha-idade’, mal conseguiu uma chance na Broadway e já arrumou um guarda-costas? Você deve ser o orgulho de sua insignificante e prosaica cidadezinha, não é? Aposto que sua foto já saiu na capa do jornal local.”

Michele se soltou do meio abraço de Finn e deu dois passos na direção de Elise, que sorria sarcasticamente para ela.

“Em primeiro lugar, eu nasci aqui e só me mudei para Tenafly aos oito anos, okay?! Enquanto ao Finn, ele é meu amigo e Jesse foi gentil o bastante em convida-lo, já que eu não conheço muitas pessoas na cidade. E qual o problema em sair na capa do jornal local? Ou de vestir um moleton?! Está frio!”

“Sério? Você não tem espelho em casa? Moleton com personagens Disney por cima de um vestidinho? Você está parecendo uma adolescente fantasiada de uma menininha de jardim de infância! Hello garota, você está em New York City... um pouco de estilo não faz mal, sabia?”

Michele deu um passo para trás, corando furiosamente e puxando as pontas do moleton. Finn passou a mão pelo braço da garota, sussurrando que ele gostava de moletons. Elise revirou os olhos e disparou na direção de Jesse.

“Não me diga que ela é a garota que eu vou ter que beijar todas as noites da semana e em duas sessões aos domingos?”

Michele e Finn arregalaram os olhos. “O quê?” berraram os dois em uníssono. Jesse espalmou o rosto com uma das mãos.

“Quer dizer que você nem ao menos sabe do que se trata a peça, garota?”

“Elise... já chega.” Pediu Jesse.

“Como alguém faz um teste sem saber nem ao menos do que se trata a peça?”

Michele deu de ombros desviando o olhar e murmurando baixinho “Eu vi um cartaz sobre os testes num painel informativo na universidade... só memorizei o endereço e a hora...”

Elise deu as costas para o grupo em direção a saída.

“Acho que essa reunião já rendeu os vínculos que podia. Vejo vocês amanhã para a primeira leitura do texto.” Ela agarrou seu cachecol das mãos do barman. “Vê se você arruma uma cópia do roteiro para ela, St. James... ou você prefere que nossa caipira aqui faça você passar vergonha diante de alguém como Stephen Schwartz?”

Jesse fechou os olhos e respirou profundamente, esticando sua mão para o copo de whisky que jazia esquecido em cima do balcão do bar. Só que antes que ele pudesse levar o líquido a boca, mãos delicadas tomaram o copo dele. Michele virou de uma vez todo o conteúdo do copo goela abaixo e fez uma careta, batendo o copo vazio em cima do balcão.

“Acho que eu vou precisar de mais algumas doses disso.” Disse a garota.

...

“Rachel! Como você pode?!”

Quinn andava de um lado a outro do bangalô, jogando peças de roupa para cima.

“Quinn... são só os meus pais...”

A loira parou no meio do quarto, vestida somente numa lingerie de renda branca, com um vestido amarelo em uma das mãos e uma escova de cabelos na outra. Seria uma visão adorável, senão fosse o olhar gélido e a expressão feroz no rosto dela.

“Amor...Eles já me cobram isso há meses e dessa vez eu não tive como negar...” Rachel se apressou a dizer se aproximando dela e a puxando pela cintura. Quinn amoleceu um pouco e reclamou fazendo beicinho.

“Como você só me fala isso agora, Rach? Nós vamos jantar com seus pais! E como é que seus pais estão no Camboja?”

Rachel suspirou e a puxou mais uma vez para junto de si.

“Lembra que eu te disse que papai estava filmando um documentário na Tailândia?” Quinn fez que sim. “Pois então, meu pai resolveu transferir temporariamente seu escritório para um de nossos resorts na Indonésia, assim ele ficaria mais próximo de papai durante o tempo que ele estivesse gravando... Eu enviei uma mensagem quando chegamos ontem à noite e eles resolveram voar até o Camboja para serem apresentados formalmente.”

Na verdade Rachel tinha outros planos para esse jantar, mas isso não vinha ao caso no momento. Quinn já parecia ansiosa demais por conhecer seus pais.

“Não gosto desse resort na Indonésia...” disse a loira batendo o pé.

Vendo o olhar confuso dela, Quinn revirou os olhos.

“Megan Fox e sete dias de lua de mel na Indonésia?” esclareceu ela irritada.

“Sério?” Perguntou a morena. “Ciúmes e ataques de ansiedade?”

Quinn estreitou os olhos.

“Okay. A Indonésia está definitivamente fora de qualquer planejamento futuro. Satisfeita?” Quinn bufou e voltou a caminhar pelo quarto catando uma roupa que lhe agradasse.

“Bem que... sua simples presença naquele resort seria capaz de incinerar qualquer outra lembrança de minha mente.”

A loira largou um vestido azul dentro da bolsa e se virou de uma vez caminhando na direção da morena com um olhar possessivo.

“Faça as reservas. Nós voamos amanhã para Indonésia...” exigiu a loira puxando Rachel pela camisa e unindo seus lábios bruscamente. Rachel mal conseguiu conter um sorriso. Quinn Fabray era adoravelmente sexy até mesmo quando estava furiosa.

...

Duas Semanas Depois

“Kathleen...” a ruiva se curvou sobre a pequena morena que dormia sobre um colchão no chão de seu apartamento. Nesse momento, a jovem abriu os olhos e se deparando com a outra garota na sua frente, seus lábios a centímetros de distância uma da outra.

“Lana?” sussurrou a garota quase sem folego. A ruiva parece não ligar ou não perceber que a outra chamara por seu nome, porque diminui a distância entre elas unindo seus lábios.

“Ainda não está bom.” Jesse interrompe a cena, insatisfeito.

Elise se afasta bruscamente de sua colega de cena, e Michele cai sobre o colchão.

“O quê você quer que eu faça? A culpa é dela!”

Jesse levou as mãos a cabeça.

“Por favor... de novo não...”

Michele recobra os sentidos e pula do colchão de uma vez.

“Minha culpa?! Você que é tão fria e insensível que é incapaz de ser convincente o suficiente!!!”

“Com licença, senhorita quase-anônima, EU sou a atriz prestigiada aqui.”

“O que você quer dizer com isso?”

“Eu quis dizer que se tem alguém aqui incapaz de atuar, esse alguém não sou eu...”

Jesse se meteu entre as duas, mais uma vez. Já estava virando rotina separa-las durantes os ensaios.

“Vocês duas precisam parar com isso! Como o público vai acreditar que Kathleen está dividida entre seu amor por Jonas e Lana, se vocês duas não conseguem nem ao menos dividir o mesmo espaço?” Pelo canto dos olhos Jesse avistou Tony e Finn se aproximando do palco pela plateia. “Quer saber? Michele vamos terminar por hoje, okay? Pode ir.”

“O quê?” Elise se levantou de uma vez, cruzando os braços. “Quer dizer que enquanto eu vou passar o resto do dia ralando meu talento, ela vai tirar a tarde de folga para passear com a patética desculpa de namorado que ela arrumou?”

Michele revirou os olhos se afastando da ruiva e caminhando na direção de Finn que já a esperava com um sorriso bobo no canto do palco.

Jesse passou a mão pelo rosto.

“Cinco minutos Elise. Tire cinco minutos e já retomamos o ensaio com seu primeiro número.”

Elise lançou um olhar furioso na direção de Michele e Finn e saiu do palco praticamente espumando de raiva.

“Ela realmente me lembra a scary Quinn as vezes...” disse Finn finalmente dando um selinho em Michele.

A morena acena para Jesse e cumprimenta rapidamente Tony, antes de puxar Finn pela camisa e seguir na direção dos camarins para trocar de roupas e sair.

“Dia difícil?” perguntou Tony se aproximando de Jesse.

“Você nem imagina... Essas duas são como cão e gato...” disse o rapaz se servindo de um copo com água da jarra que estava numa mesinha no canto esquerdo do palco.

Tony deu com os ombros.

“Acho que eu posso ajudar a alegrar seu dia...”

Jesse quase engasgou na pressa de falar. “Por favor, me diga que aquela ingrata telefonou dos confins dos infernos de onde ela se meteu!”

Tony franziu o cenho e sacudiu a cabeça.

“Sim, ela telefonou há algumas horas do aeroporto em Los Angeles...” Tony viu Jesse arregalar os olhos e continuou. “Ela já estava embarcando para New York, Jesse... Ela chega hoje à noite e me pediu para fazer reservas para ela e a senhorita Fabray no restaurante do Hotel.”

O sorriso no rosto do ator não podia ser maior.

“Ah, meu querido Tony! Eu poderia beija-lo!”

Tony fechou a cara.

“Mesmo que esse fosse o caso, Jesse... Você não faz meu tipo. Além do quê, Rachel sempre comenta o quanto beijar você foi uma experiência desagradável.” E ele deu as costas rapidamente se dirigindo a saída.

“Aquela salva-vidas de aquário! Eu sou um exímio galã, entendeu? Meus lábios são como a mais pura seda! Meu beijo é irresistível, Tony!” berrou o ator antes de seguir Tony pelos bastidores. Ainda se pode ouvir Tony berrar ‘Eu não estou interessado em saber, Jesse! Me largue agora St. James, ou não respondo por mim!’

Atrás de uma das cortinas da coxia do palco, Elise sorria satisfeita com a tão preciosa informação que ela havia tido acesso.

“Então, você vai jantar esta noite no Raven, minha estrela?”

...

Elas passaram um dia maravilhoso em Los Angeles e na manhã seguinte já estavam voando para New York. Por algum milagre elas não haviam encontrado nem sequer a sombra de um paparazzo durante todo o tempo que ficaram em LA, e se não fosse por Quinn ter decidido publicar uma foto delas duas em seu profile no twitter, talvez ninguém nem imaginasse que elas haviam estado lá. Bem, quase ninguém, já que um dos motivos pelos quais elas fizeram uma escala na cidade fora justamente para que Quinn assinasse alguns papeis para oficializar sua participação em um novo filme e analisar outros pedidos em alguns outros projetos.

Enquanto a loira conversava com seus assessores e empresário, Rachel se lembrava dos momentos inesquecíveis de sua viagem. A morena sorriu com a lembrança de seus pais literalmente babando a loira, que por sua vez, estava tão nervosa, que por várias vezes durante a noite quase tropeçou na barra do vestido que usava. Mas seu sorriso praticamente dobrou de tamanho quanto ela se lembrou do momento em que seu pai lhe puxou num canto e sussurrou ‘É melhor você me prometer que vai se casar com ela, Rachel Barbra Berry.’, um pedido que foi repetido menos de dez minutos mais tarde por seu outro pai, só que dessa vez bem na frente da loira, a fazendo se engasgar com o gole do vinho que ela tinha acabado de tomar.

Rachel sacudiu a cabeça rindo baixinho. A imagem de Quinn com o rosto completamente vermelho de vergonha, enquanto Rachel e seus pais correram em seu auxilio, no momento que ela cuspiu todo o vinho na mesa era inesquecível... Ela estava tão adoravelmente encabulada, e tão linda enquanto gaguejava pedindo desculpas... que Rachel teve a certeza que se fosse possível ela se apaixonaria ainda mais por ela.

“Rachel, amor, seu celular está quase surtando! Você não vai atender?”

Quinn saiu do banheiro enrolada em uma toalha, enxugando vagarosamente seus cabelos. Atrás dela podia-se ver as luzes brilhantes da noite de New York.

Elas mal pisaram em casa e já estavam se arrumando para jantar fora.

Rachel inclinou a cabeça para o lado a observando atentamente. Quinn arqueou uma sobrancelha.

“Rachel Barbra Berry, nós temos reservas para o jantar...” disse a loira quando percebeu o jeito que ela a olhava. “Rachel...” Ela chamou novamente quando Rachel começou a caminhar na direção dela sorrindo daquele jeito. “Você precisa tomar um banho e se arrumar...você está me ouvindo?”

O sorriso dobrou de tamanho.

“Oh sim... eu vou para o chuveiro, meu amor...” E ela agarrou a loira pela cintura. “Mas vou levar você junto comigo.”

Quinn não conseguiu resistir e cedeu aos caprichos dela, depois que Rachel a tomou em seus braços e uniu seus lábios com um beijo apaixonado.

...

Finn jogou a mochila sobre o ombro, depois de checar mais uma vez em qual plataforma ele deveria embarcar.

“Não conseguiu falar com ela ainda?” perguntou o rapaz.

“Ainda não.” Jesse respondeu mau humorado. “O celular chama, mas ela não atende...”

“Talvez elas já estejam se arrumando para jantar, não é? Sei lá, ou ainda estejam tomando banho...” ofereceu Michele, dando um beijinho na bochecha de Finn depois de ajeitar a gola da camisa dele.

“...Ela está é satisfazendo todas as taras faberrianas... aquela ninfomaníaca anã.” Resmungou Jesse entredentes.

Michele e Finn desviaram o olhar, ambos corados. Jesse já estava novamente grudado ao celular.

“Tony? É sou eu... Não ainda não estou no restaurante... Estou com Michele e Finn na Estação. É, ele está finalmente voltando para Lima.” Finn olhou para ele com uma cara de cachorro abandonado, e Michele o beijou mais uma vez e riu. Jesse revirou os olhos. “É, mas infelizmente creio que ele tem motivos para voltar em breve...”

Finn agora sorria para ele e Jesse revirou os olhos mais uma vez.

“Não... Eu só quero saber se você pode me fazer um favor e mudar minha reserva no restaurante do hotel... é, de uma pessoa para duas... Minha adorável colega de elenco irá me acompanhar hoje...Afinal de contas eu estou precisando aparecer mais na mídia... nem que seja com insinuações de um possível romance nos bastidores...”

Michele abriu a boca em choque e Finn arregalou os olhos para ele.

O sorriso maquiavélico adornou as feições do ator, ele desligou o celular e suspirou alegremente dando as costas para o casal, enquanto caminhava até a saída da Estação.

“Ah, como eu sentia falta de ser cruel.”

...

Milagrosamente, Rachel e Quinn conseguiram chegar ao restaurante do hotel a tempo do horário da reserva. Ronald Brooks, o maître do restaurante do hotel, as aguardava ansioso caminhando de um lado para o outro tentando alinhar toda sua equipe de maneira que o serviço nesta noite fosse impecável. Afinal de contas Rachel Berry, a herdeira de todo aquele patrimônio, não costumava frequentar o restaurante com muita frequência. Geralmente, ela só ia ao hotel para resolver algum problema ou para uma reunião, então seus pedidos iam diretamente para copa, e essa a servia no escritório.

Por isso desde o momento em que o secretário pessoal da senhorita Berry, o Sr. Tony Akshay ligou fazendo reservas para ela e a senhorita Fabray, Ronald quase entrou em pânico. Ele tinha que garantir que tudo transcorresse perfeitamente... sem paparazzos, sem problemas na cozinha, sem hospedes inconvenientes, sem imprevistos.

Ele reservou o melhor lugar do restaurante, um canto reservado, porém com uma boa vista para o pequeno palco, onde alguns músicos se apresentavam todas as noites. O menu preparado também seria especial, Ronald teve o cuidado de buscar com o assistente pessoal da senhorita Fabray as preferências da atriz, já que toda a equipe já conhecia as preferências de Rachel. Ele até fez com que um de seus garçons ligasse para um outro restaurante fazendo reservas em nome de Rachel e Quinn e passou a dica a alguns paparazzos, só para garantir que não haveriam fotógrafos perambulando pela região.

Quando finalmente ele avistou o casal chegar, ele respirou fundo e foi recebe-las tentando o máximo esconder sua ansiedade.

“É um prazer tê-la conosco hoje, Rachel.” disse Ronald se dirigindo a morena. Todos no hotel já sabiam que ela preferia ser tratada pelo primeiro nome. Depois ele se voltou para cumprimentar Quinn.

“Senhorita Fabray, bem vinda ao Raven Star.”

Ronald as conduziu até a mesa que ele havia reservado, e relaxou ao notar que ambas ficaram satisfeitas com o ambiente. Imediatamente ele as apresentou a Michael, que seria o garçom que as atenderia durante a noite e se retirou para deixa-las a vontade.

Do outro lado do salão, Elise observava a cena tomando um gole de vinho. Ela sabia que não tinha muito tempo até que Jesse aparecesse e revelasse a Rachel que ela havia retornado. Só que Elise não estava muito inclinada a simplesmente ir até sua estrela e se fazer presente... Definitivamente ela não queria ter que aturar Quinn Fabray. Na verdade tudo na loira estava começando a irritar Elise... aquele cabelo que caia como cascatas douradas sobre os ombros dela... aquele sorriso ridiculamente terno que contrastava com o olhar envolvente... Ela era incontestavelmente bela e era irritante o quanto sua Rachel parecia cega para o mundo ao seu redor.

Elise tomou mais um gole de vinho.

“Ela não merece você... Ela é só mais uma bonequinha de Hollywood, Rachel...” a ruiva murmurou entredentes.

Os músicos escolheram essa hora para começar a sua apresentação, e de repente Elise sabia exatamente o que fazer para ter sua estrela de volta.

...

Rachel tocou a mão de Quinn, entrelaçando seus dedos e conectando seus olhares. Seria essa noite. ‘Hoje, e nem mais um dia...’, pensou a morena. A pequena caixa de veludo azul Tiffany parecia querer pular de dentro de sua bolsa. Na verdade essa caixa já estava desejando ser aberta há semanas, desde aquela manhã em que ela e Quinn acordaram uma nos braços da outra, depois da noite que finalmente se entregaram uma a outra.

Oh, é lógico que Rachel estava esperando por um momento perfeito para finalmente pedir a Quinn que elas fossem uma da outra pelo resto de suas vidas... e é mais lógico ainda que nas últimas semanas vários momentos perfeitos haviam acontecido, mas por alguma razão a morena acabava deixando a oportunidade passar.

‘Grrrr Rachel Barbra Berry, seja sincera! Pare com esse nervosismo idiota e tome uma atitude! Quinn Fabray, você me daria a honra de ser minha esposa? Viu? É fácil!’

“Rachel?” a voz de Quinn a trouxe de volta a realidade. “Você praticamente virou toda a taça de vinho de uma vez só... Tem algo de errado?”

“Não... é...” o que há de errado com você, sua maluca? Ela é o amor da sua vida!

Quinn aproximou-se dela e Rachel engoliu seco.

“Oh Deus, eu podia viver somente para olhar para você...” Rachel murmurou sem nem ao menos saber que seus pensamentos acabaram sendo ditos em voz alta. Quinn desviou o olhar sorrindo sem jeito e completamente corada. Só então Rachel percebeu que havia falado em voz alta, e talvez por causa disso, ela tomou coragem e enfiou a mão na bolsa.

Ela já se preparava para tirar a caixinha que guardava aquilo que se tornaria o símbolo de seu amor por Quinn, quando aquela voz chegou aos seus ouvidos.

Take me, back into the arms I love

Need me, like you did before

Touch me once again

And remember when

There was no one that you wanted more

Rachel virou de uma vez na direção do palco e a viu.

Depois de tantos anos.

Por um segundo, Rachel pensou ter quinze anos mais uma vez, e não pode impedir seu coração de pular uma batida.

Don't go, you know you will break my heart

She won't, love you like I will

I'm the one who'll stay

When she walks away

And you know I'll be standing here still

Elise sorria na direção dela, e Rachel soube que ela havia planejado aquele encontro.

Quinn seguiu o olhar de sua amada até a bela ruiva de profundos olhos esverdeados, que cantava olhando fixamente na direção delas, e de repente, foi como se o chão sumisse.

I'll be waiting for you

Here inside my heart

I'm the one who wants to love you more

You will see I can give you

Everything you need

Let me be the one to love you more

O coração de Elise batia tão forte, que parecia querer romper seu corpo ao meio. Finalmente sua estrela a olhava nos olhos. E ela sabia que seus os olhos estavam brilhando com a força dos sentimentos que ela estava colocando na melodia. Não havia como esconder ou negar. Rachel saberia que aquela música era para ela.

“Ela... Ela está cantando para você?” constatou Quinn, buscando a atenção de sua amada. Ela não conseguia compreender o que estava acontecendo... a única coisa que ela queria agora era quebrar aquele feitiço que parecia ter lhe roubado seu amor. “Rachel?”

A morena pareceu sair do transe em que se encontrava e buscou os olhos de Quinn, só para sentir seu coração se partir em pedaços ao notar a dor nos olhos dela.

“Quem é ela, Rachel?

Rachel abriu e fechou a boca sem conseguir pronunciar palavra alguma. Aquilo realmente não podia estar acontecendo. Aquela noite deveria ser diferente. A morena apertou mão em volta da caixinha que ela havia escondido no colo.

See me, as if you never knew

Hold me, so you can't let go

Just believe in me

I will make you see

All the things that your heart needs to know

Rachel desviou o olhar para o palco. Como ela podia explicar o que estava acontecendo? Ela havia omitido essa informação de Quinn… Ela nunca mencionou o nome da única pessoa que chegou a ser importante para ela... Ela nunca contou a Quinn sobre Elise…

I'll be waiting for you

Here inside my heart

I'm the one who wants to love you more

You will see I can give you

Everything you need

Let me be the one to love you more

Quinn encarava a morena mortificada. Era como se a mulher naquele palco tivesse o poder de levar Rachel para longe dali, para longe dela.

“Rach?”, a loira chamou com um sussurro.

Rachel olhou na direção dela, completamente atordoada, e Quinn sentiu seu coração apertar e seus olhos começaram a lacrimejar. No palco, Elise esticou o braço na direção delas.

And some way, all the love that we had can be saved

Whatever it takes, we'll find a way

“Eu não aguento mais...” Quinn se levantou de uma vez e se dirigindo a saída do restaurante. Rachel a assistiu a mulher que ela iria propor casamento se levantar e ir embora, sem conseguir mexer um musculo sequer. O mundo parecia se mover em câmera lenta por alguns segundos, até que...

“Quinn...”

Believe me

I will make you see

All the things that your heart needs to know

“Merda.”, a morena xingou baixinho, se levantando imediatamente. Ela não deveria deixar nenhum fantasma do passado intervir em sua vida. ‘Oh Deus, o que eu fiz?’.

Foi então que possibilidade de ter arruinado seu relacionamento caiu sobre ela com força total.

Quinn. ‘Eu não vou permitir que você me faça perder minha Quinn.’

I'll be...

Rachel olhou diretamente para Elise. A ruiva pareceu estremecer, mas sustentou o olhar. E por um instante só se ouviu o eco da voz dela preenchendo o lugar. Foi como se ela quisesse deixar marcado no coração da morena, aquelas últimas palavras.

…waiting for you...

Rachel virou de costas para ela e caminhou em direção a saída.

Here inside my heart

I'm the one who wants to love you more

Can't you see I can give you

Everything you need

Let me be the one to love you more

Rachel se retirou do restaurante o mais rápido que pode, e saiu pela porta ao mesmo tempo em que Elise entoava os acordes finais da canção. A morena não olhou para trás em nenhum momento.

Ela só pensava em encontrar Quinn.


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