Minha escrita por danaandme


Capítulo 13
Two Love Songs - Parte 01




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/423334/chapter/13

"Oh, ela é maravilhosa.", sussurrou Finn.

"É. Muito boooooa.", concordou Puck com um sorriso malicioso, e imediatamente Finn deu-lhe um cutucão nas costelas. "Foi com todo o respeito, cara."

"Ela me lembra a Rachel.", disse Sam apertando os olhos na direção do palco e os outros dois olharam para ele com expressões de incrédulas.

Puck olhou de volta para o palco e torceu a cabeça.

"Talvez seja o nariz.", ele concluiu e levou outra cutucada de Finn. "O quê?! Eu acho sexy!", outro cutucão. "Cara, para com isso!"

Jesse revirou os olhos, trincando os dentes e tapando o microfone com uma das mãos. Então, quase rosnando, ele se virou para os três rapazes sentados ao seu lado, numa das fileiras centrais da plateia.

"Pelo amor de Deus! A única coisa que ela fez até agora foi dizer o nome da música que ela vai cantar!"

Os três reagiram com um muxoxo e Jesse trincou os dentes mais forte.

Já haviam se passado três horas desde o início das primeiras audições para 'Sonhos', a primeira produção da Broadway, que ele, Jesse St. James, teria o prazer de protagonizar e dirigir.

A pequena morena que estava em pé no meio do palco mordeu o lábio inferior e olhou para os lados. Jesse suspirou e mais uma vez se arrependeu de ter se deixado levar por seu tão bondoso coração e ter convidado o infame Trio dos atuais BBF de Rachel Berry, para acompanhar aquela manhã de testes para elenco.

"Eu devia ter deixado eles virarem o apto daquela salva vidas de aquários ingrata de ponta cabeça! Eles iam acabar comendo todo o bacon da geladeira e Quinn iria esquarteja-los. Simples assim. Oh... eu odeio ter uma consciência.", pensou ele massageando as têmporas com os dedos.

"Desculpe.", pediu Jesse, agora se dirigindo a jovem visivelmente encabulada no palco. "É... eu não ouvi seu nome, querida.", ele catou a ficha com as anotações e o currículo da moça entre a papelada presa numa prancheta em seu colo.

"Michele Bergman."

"Ela tem um sorriso bonito.", sussurrou Finn, com um olhar bobo completamente perdido na pequena moça que agora sorria docemente para os quatro rapazes.

Jesse bufou impaciente e fez um sinal para que a garota continuasse.

Bem, naquela manhã tudo parecia estar bastante tranquilo, exceto que nada realmente estava tranquilo e tudo era culpa de Rachel Barbra Berry!

"Será que é muito pedir que ela pelo menos ligasse para avisar que estava tudo bem?"

Jesse franziu a testa e olhou para o relógio no seu pulso esquerdo: Duas horas da tarde... já completaram dezoito horas desde a última vez que ele havia tido notícias de Rachel Berry e Quinn Fabray!

'Calma. Isso quer dizer que a noite foi um sucesso', ele repetia mentalmente tentando não se preocupar ainda mais. Afinal de contas, ele preferia pensar que sua amiga estaria atrasada, para todos os seus compromissos de hoje, por ter perdido a noção do tempo nos braços de sua amada e exuberante loira. Melhor isso do que qualquer outro motivo.

"Foco St. James! Nada deu errado. Está tudo perfeitamente bem. Tony já disse que você está sendo dramático."

Mas só por via das dúvidas, assim que as audições terminassem ele procuraria saber notícias do casal, e Tony que aguentasse o drama! Ele aguentava todas as maluquices sem noção de Rachel Berry, pelo amor de Deus! Jesse St. James não podia, em hipótese alguma, ser mais dramático que Rachel Barbra Berry!

A garota no palco respirou fundo e acenou para os músicos e os primeiros acordes de 'Take me or leave Me' preencheram o ambiente.

Jesse desviou o olhar para as fichas no seu colo. Aquela manhã acabara de se provar um verdadeiro desperdício de tempo. Talvez fosse até bom que Rachel não estivesse presente... ela não ficaria nem um pouco satisfeita em ver que sua primeira produção executiva na Broadway não havia começado com 'o pé direito...'

Nenhuma das candidatas para uma das atrizes principais valia o esforço de estar ali.

Ele viu os outros três rapazes sorrindo feito bobos, os três pares de olhos brilhando em direção ao palco, e sacudiu a cabeça. Não que ele não tivesse achado que aquela moça não fosse realmente bonita. Quer dizer, ela tinha belos olhos grandes, com belas íris cor de mel, cabelos castanhos lisos e compridos com algumas mechas douradas que ressaltavam suas feições delicadas, a pele levemente bronzeada e, bem... ela até podia ser pequena, mas tinha um corpo muito, muito bonito.

E ela também parecia ser talentosa.

Durante seu monologo, Jesse até ficou um pouco impressionado com a escolha da garota de recitar um dos trechos de 'A Megera Domada', e o desempenho dela foi maravilhoso, apesar da escolha um tanto fora do contexto para um musical da Broadway.

Ela realmente fora uma das melhores que ele vira naquela manhã, mas ela não fora feliz na escolha da música.

Infelizmente para ela, 'Take me or Leave Me' era uma das músicas prediletas dele, e só haviam duas pessoas no mundo que Jesse havia admitido que mereciam sua atenção ao cantar aquela música. Uma delas era Idina Menzel, lógico. E a outra, a muito contra gosto, ele tinha que admitir; era sua irritante melhor amiga, Rachel Berry.

"Se Rachel não fosse tão ridiculamente teimosa, talvez eu conseguisse convence-la a protagonizar a peça...", pensou o rapaz. "Talvez se eu apelar para Quinn..."

Ele ainda estava 'ruminando' sua trama maligna para chantagear Rachel quando a voz da jovem finalmente se fez notar.

Every single day
I walk down the street
I hear people say
"baby's so sweet"
Ever since puberty
Everybody stares at me
Boys - girls
I can't help it baby

O queixo de Jesse caiu. Ao seu lado Sam abriu um sorriso tão grande que quase alcançou suas orelhas.

So be kind and don't lose your mind

Just remember that I'm your baby

Take me for what I am
who I was meant to be
and if you give a damn
take me baby
or leave me
Take me or leave me

Puck e Finn também tinham sorrisos enormes no rosto e Jesse sentiu um sorriso igual brotar em seu rosto.

Ele não conseguia acreditar. A voz de Michele podia rivalizar com a voz da própria Idina Menzel! Finalmente! Finalmente ele havia encontrado sua Kathleen! Oh, ele mal podia esperar para contar para Rachel.

...

Quinn se aconchegou ao corpo de Rachel. O lençol que cobria uma pequena parte de seu corpo escorregou um pouco mais, deixando visível sua coxa direita. A loira enfiou o rosto no pescoço de sua amada, e Rachel sorriu, deslizando os dedos pelas costas nuas da mulher em seus braços. Ela não havia dormido. Nada no mundo iria priva-la de admirar o corpo nu de Quinn Fabray sobre o seu.

Quinn gemeu baixinho e se aninhou ainda mais junto a ela. Rachel beijou-lhe levemente a testa a envolvendo num abraço protetor, e um sorriso de satisfação brotou nos lábios da bela loira adormecida.

As lembranças da noite anterior apesar de tão nítidas, pareciam fazer parte de um sonho maravilhoso, e talvez senão fosse pelo corpo de Quinn estar pressionado tão junto ao seu, Rachel não acreditasse que elas fossem realmente reais.

Quinn gemeu mais uma vez e roçou o nariz no pescoço da morena, um arrepio percorreu o seu corpo e ela tremeu involuntariamente.

Rachel estava ciente de que já se passavam das duas da tarde, mas ela pouco se importou. Tony estava mais do que capacitado para lidar com todos os compromissos e reuniões. Na verdade, há algum tempo, isso já vinha ocorrendo. Durante a recuperação de Quinn, Rachel precisou delegar praticamente boa parte de suas funções nos negócios da família, e a maioria dessas funções ficou nas mãos de Tony. E como sempre, o rapaz a surpreendeu com suas aptidões. Por isso ela tinha total confiança que em sua ausência, ele manteria tudo sobre controle. Ela também lembrou-se de que hoje se iniciavam as audições para sua primeira produção na Broadway, e isso sim, a preocupava um pouco. A Broadway era como um sonho distante, de uma outra Rachel, que parecia ter voltado para remexer com lembranças que há muito tempo estavam enterradas no fundo de sua alma... e sinceramente, ela ainda não conseguia entender o porquê dela ter se deixado levar, aceitando embarcar nessa loucura com Jesse, mas por enquanto, ela não pensaria nisso.

Por enquanto seu mundo se resumia a ter Quinn em seus braços, finalmente.

Rachel sentia que podia passar o resto de sua vida assim, com Quinn aninhada junto a seu corpo dormindo tranquilamente enquanto os pequenos feixes de luz, que atravessavam as cortinas, iluminavam sua pele de porcelana. Era inacreditável como o simples fato de ter Quinn em seus braços, podia faze-la sentir como se tudo finalmente estivesse bem. Observar a maneira de como ela, mesmo dormindo, se segurava ao seu corpo como se quisesse ter a certeza de que Rachel não iria a lugar nenhum; ou mesmo ver como, as vezes, o beicinho adorável que Quinn fazia, ficava ainda mais evidente quando ela estava prestes a acordar; ou então, os breves instantes que ela franzia um pouco a testa num gesto de irritação enquanto sonhava; o que sempre havia deixado a morena um tanto curiosa para saber com quem Quinn estaria sonhando.

Rachel a amava tanto...

Ela a amou desde o primeiro momento. Ela ainda se surpreendia por ter sido capaz de encontrá-la, mesmo depois de todas as escolhas erradas que ela havia tomado na vida. Rachel nunca realmente acreditou que depois de tudo, ela fosse capaz de encontrar alguém que preenchesse todo aquele vazio. Ela chegou a pensar que o amor nunca seria algo que ela mereceria.

"Eu pensei que tinha perdido todas as minhas chances de ser feliz...até você entrar na minha vida...", ela murmurou para ainda adormecida loira.

Raven Hill Hotel – NYC – Dezoito horas antes.

Rachel caminhava de um lado para o outro pelo corredor. Jesse estava atrasado e ela estava beirando um ataque de nervos.

A morena mordeu o lábio e olhou mais uma vez para a caixinha em suas mãos que continha uma corsage adornada com uma gardênia, seus pensamentos se perdendo num check list imaginário de todos os preparativos para aquela noite.

Então, ela sentiu aquela presença.

Uma presença que sempre fazia com que seu coração pulasse uma batida. Rachel levantou o olhar, e seus olhos castanhos encontraram o mais belo par de íris castanhas esverdeadas que ela já vira na vida. Quinn caminhava em sua direção, e como sempre acontecia quando elas estavam juntas, o mundo além delas parou de existir.

"Oi."

'Oh, esse sorriso pode derreter toda a calota polar...e pouco me importa se essa é uma analogia extremamente patética se considerarmos o quão versada gramaticalmente eu sou.', e Rachel realmente não estava se importando nem um pouco em parecer patética. Um sorriso bobo adornou seu rosto e esse sorriso só aumentou quando ela viu a bela loira que caminhava em sua direção completamente enrubescida.

Rachel estendeu a caixinha com a corsage para ela e Quinn sorriu timidamente, corando ainda mais.

"Combinam com seus olhos." Disse a morena sorrindo.

Quinn mordeu o lábio e ergueu uma sobrancelha.

"Eu não vou facilitar as coisas para você hoje à noite."

"Eu não esperaria que fosse diferente." A morena ofereceu-lhe o braço, e a conduziu até o hall dos elevadores.

"Então..." começou Quinn casualmente com um sorriso no canto dos lábios. "...você planeja me seduzir com um jantar romântico numa das melhores suítes do Hotel, senhorita Berry?"

Rachel gargalhou.

"Seria uma boa ideia, mas não." Quinn franziu o cenho curiosa. "E a proposito... para você seria sempre a suíte presidencial."

Rachel fez uma pausa enquanto as portas do elevador se abriam.

"Hoje eu quero que você voe comigo para a lua, meu amor."

Na mesma hora 'Fly me to the Moon' começou a tocar dentro do elevador. Quinn sacudiu a cabeça tentando conter um sorriso, mas Rachel gargalhou e fazendo coro com a música enquanto puxava Quinn para dentro, para depois apertar o botão que levava a cobertura.

"Fly me to the moon,

And let me play among the stars.

Let me see what spring is like on Jupiter and Mars.

In other words, hold my hand!

In other words, darling, kiss me."

Quinn envolveu a morena em seus braços e uniu seus lábios com um beijo. As portas do elevador se fecharam e durante alguns instantes somente a voz de Frank Sinatra preencheu o ambiente.

"Eu pensei que você não ia facilitar as coisas para mim hoje." Perguntou Rachel se afastando lentamente.

Quinn abriu os olhos e escondeu o rosto no pescoço da morena.

"Você trapaceou... Frank Sinatra e gardênias são como Kryptonita para mim..."

"É bom saber disso..."

Rachel a beijou novamente e dessa vez, foi ainda mais fácil para elas esquecerem aonde estavam e em poucos segundos, o beijo ficou mais urgente.

O elevador parou e as portas se abriram, revelando um Tony um tanto encabulado.

"Eu realmente estou imensamente feliz em ver que a senhorita Fabray resolveu tirar você da casinha do cachorro, Rachel... Mas, agora eu devo lembrar que é o momento perfeito para vocês duas me agradecerem por eu ter mandado a segurança desligar as câmeras desse elevador..."

As duas mulheres, que ainda estavam abraçadas, começaram a rir.

"Obrigada, Tony." Respondeu a morena.

Tony entregou a Rachel um casaco branco, e a morena se virou para Quinn e ofereceu a peça para a loira, a ajudando a vestir-se.

"Está tudo pronto para a partida, Rachel."

"Partida?" Perguntou a loira, só então notando que elas haviam parado num andar com um simples corredor que dava a uma escadas de metal.

Rachel a conduziu até as escadas.

"Eu disse que queria levar você para ver a lua hoje, não falei?"

"Você tem uma espaçonave no telhado?" Perguntou ela gargalhando.

Tony abriu a porta que dava acesso a um heliporto particular, instalado na cobertura do Hotel. Quinn arregalou os olhos.

"Wow."

Rachel estendeu a mão para ela e a loira a segurou prontamente. As duas subiram a bordo do helicóptero e Quinn ainda não podia acreditar no que mais Rachel estaria planejando. Quer dizer, quem mais planejaria um passeio de helicóptero no céu estrelado de New York City num encontro?

O helicóptero decolou e logo elas estavam junto as estrelas. New York se estendia abaixo delas como um tapete iluminado com diversas formiguinhas incansáveis trafegando pra lá e pra cá, num ritmo desordenado.

"Rachel, a sua esquerda em trinta segundos." Falou o piloto, que só nesse instante Quinn percebeu tratar-se de um de seus guarda-costas do grupo B; o Joseph. A loira notou como ele olhou brevemente para ela e piscou como quem pede para guardar um segredo. Quinn revirou os olhos sorrindo.

"O que tem a esquerda?" perguntou a loira curiosa olhando para a direção indicada.

Como se estivesse esperando por sua deixa, luzes vermelhas iluminaram todo o Empire State Building, e de repente New York pareceu está comemorando um Dia dos Namorados antecipado.

"Oh... Meu Deus..." disse a loira quando um coração se formou nas laterais do prédio. "Como você?"

Rachel sorriu um pouco encabulada.

"Bem... esse era o momento que eu tinha planejado pedir desculpas e de jurar meu eterno amor... e bem... de beijar você e de finalmente sair do castigo..."

"Você ainda pode me beijar..."

"É eu posso..."

Joseph deu a volta no prédio mais uma vez e mudou a frequência dos fones de ouvidos de suas passageiras, para dar mais privacidade ao casal. O piloto seguiu com seu roteiro e alguns minutos depois, eles desembarcaram numa área privativa para os jatinhos no aeroporto JFK. Depois disso, elas embarcaram num jatinho particular, sob os protestos de Quinn, que já estava morrendo de curiosidade para saber aonde elas estavam indo.

Rachel não cedeu aos encantos dela e conseguiu manter segredo do destino do voo e, antes de desembarcar conseguiu amarrar uma faixa cobrindo os olhos da loira.

"Isso não é justo." Reclamou a loira pela milésima vez e fez um biquinho.

"Você já burlou uma parte dos meus planos para essa noite, senhorita Fabray. Esse biquinho não vai funcionar hoje." E depois de uma pausa ela acrescentou. "Cuidado com o degrau."

Instantes mais tarde, Quinn ouviu seus passos ecoarem, enquanto ela caminhava sendo guiada por Rachel.

"Sente-se aqui. Mas só tire a venda quando eu disser."

A voz da morena parecia ecoar pelo ambiente e Quinn deduziu que elas estariam num salão amplo com acústica suficiente para causar esse tipo de efeito. O cheiro também não era estranho, lembrou a ela o cheiro dos teatros da Broadway. Quinn pode ouvi alguns pequenos ruídos, mas não conseguiu identificar exatamente o que seria. Rachel a ajudou a sentar e as mãos da loira vagaram pelo assento. Era confortável e lembrava realmente uma cadeira de teatro.

Então ela ouviu os primeiros acordes e puxou a venda dos olhos.

"Oh. Meu. Deus."

Ela já vira inúmeras fotos daquele lugar e um de seus colegas de elenco de um de seus filmes a havia convidado inúmeras vezes para vir a um concerto ali. Ela não conseguiu acreditar.

Aquela era a sala principal do Symphony Hall, em Boston.

E bem na sua frente, no palco, estava a Orquestra Sinfônica de Boston. Quinn olhou ao seu redor; a plateia estava vazia. Rachel havia planejado um concerto exclusivo? Rachel? Aonde ela estava...

Então ela viu a morena caminhando para o centro do palco, olhando diretamente para ela, e Quinn sentiu seu coração bater mais forte, porque Rachel tinha tanto amor nos olhos...e aquela música era uma das mais românticas que ela já havia escutado na vida, e Rachel iria canta-la para ela.

Quinn não conteve as lágrimas quando a voz da morena ressoou pelos quatro cantos do teatro.

Laugh and cry, live and die

Life is a dream we are dreaming

Day by day I find my way

Look for the soul and the meaning

Rachel fechou os olhos perdida em lembranças, muitas das quais não a faziam muito feliz. Então ela sorriu quando percebeu que nada mais seria como era antes, porque agora ela tinha Quinn ao seu lado. E nesse instante, algo que ela havia perdido há muito tempo, pareceu preencher todo seu coração e ela teve a certeza que todas as escolhas que ela fez a levaram até esse instante, nesse palco, para cantar essas palavras para sua Quinn. E finalmente ela teve a certeza de ter encontrado seu lugar no mundo.

Then you look at me

And I always see

What I have been searching for

I'm lost as can be

Then you look at me

And I am not lost anymore

A imagem de Rachel caminhando na direção dela, por entre os convidados do GLAAD pareceram saltar na memória da loira, e ela sorriu entre as lágrimas. Seria possível que o destino estivesse escolhido o momento certo para que ela finalmente fosse feliz? Será que todo o abandono e desprezo de sua família; todas as noites chorando naquela quitinete no centro de Lima; todo aquele desespero e madrugadas trabalhando, limpando vestiários e grelhas de lanchonetes para conseguir se sustentar e pagar o aluguel, haviam sido necessárias para que ela, hoje, estivesse ali?

Quinn notou que uma das musicistas com um violino havia dado um passo a frente e imediatamente reconheceu a pequena figura, agora à esquerda de Rachel: era Carmem! A pequena estava completamente recuperada de sua cirurgia e agora acompanhava a Orquestra tocando violino. Mas espere... a loira olhou ao redor quando um pequeno coral se posicionou nas cadeiras dos camarotes nas laterais do palco. E no verso seguinte a voz de aproximadamente cinquenta crianças juntou-se a de Rachel, numa harmonia sublime.

People run, sun to sun,

Caught in their lives ever flowing

Once begun, life goes till it's gone

We have to go where it's going

Um calor estranho tomou conta do coração da loira. Ela não poderia estar mais surpresa. Como Rachel conseguira organizar tudo aquilo em tão pouco tempo? Eram tantas sensações que Quinn mal conseguia traduzir tudo aquilo que ela estava sentindo no momento.

E a letra da música parecia despertar nela um sentimento que trazia consigo um misto de alivio, certeza e realização. Como quando você sente que dali para frente tudo vai dar certo. O curioso é que ela tinha a leve impressão de já ter se sentido assim antes. Oh, foi exatamente assim que ela se sentiu quando viu Rachel pela primeira vez no GLAAD. Mas ver Rachel sempre fazia com que ela se sentisse assim, como se tivesse finalmente encontrado alguém, como se tivesse encontrado seu lugar no mundo.

Then you look at me

And I always see

What I have been searching for

Quinn mordeu o lábio inferior, ela sempre se sentira como se estivesse esperando que algo especial fosse acontecer. E em certos momentos de sua vida, seu coração bateu um pouquinho mais forte, e era como se aquele momento especial estivesse perto demais, quase ao seu alcance, só que no instante seguinte a sensação ia embora e ela se sentia como se tivesse perdido algo importante. Mas no momento em que Rachel olhou para ela, naquele momento ela não fazia ideia do por que ela só soube que tudo finalmente estaria bem.

I'm lost as can be

Then you look at me

And I am not lost anymore

Por sua vez, Rachel se lembrou de todos aqueles momentos em que ela mal parecia viver, todos aqueles instantes que ela não sabia o porquê ela havia sobrevivido. E essa música parecia traduzir exatamente o que ela sempre sentiu dentro de si. E nada mais importava porque Quinn era muito mais do que ela jamais esperou. Quinn era como uma parte dela que havia se perdido e que finalmente estava de volta, trazendo a felicidade de um beijo roubado numa tarde de verão; um beijo tão doce quanto o gosto de uma bola de sorvete de baunilha e raspas de morango. Era como uma travessura de há muito tempo atrás, uma lembrança de infância que ela parecia ter esquecido.

And you say you see

When you look at me

The reason you love life so

Though lost I have been

I find love again

And life just keeps on running

And life just keeps on running

You look at me and life comes from you

Rachel desceu do palco e Quinn correu para ela, se atirando em seus braços. A morena quase perde o equilíbrio, mas não deixa de corresponder o abraço com a mesma intensidade.

"Isso foi lindo, Rach."

"Isso tudo foi só para você, Quinn."

A morena fez um sinal para que elas retornassem para as cadeiras.

"Tem mais?" perguntou Quinn com os olhos brilhando.

Rachel fez que sim e elas se sentaram.

Foram momentos mágicos. Quinn sentia seu coração inchar de orgulho ao ver Carmem tocar seu violino tão concentrada junto com a Orquestra, enquanto vários outros pequenos rostos conhecidos da Fundação e do grupo New Directions se apresentavam, interpretando músicas diversas.

Como Quinn suspeitou, Rachel havia lhe organizado um pequeno concerto. Só que ela nunca iria imaginar que a morena conseguisse montar um espetáculo tão emocionante como aquele.

Quarenta minutos depois, Carmem desceu do palco sob os aplausos exagerados de Quinn e entregou-lhe um buquet de rosas vermelhas. Quinn a abraçou forte e agradeceu a todos os pequeninhos presentes.

Ela e Rachel saíram do teatro e uma BMW preta as aguardava.

"Você vai vendar meus olhos de novo?"

Rachel riu e fez que sim com a cabeça.

"Algumas pessoas podem pensar que esse é um fetiche seu, sabia?"

Quinze minutos depois o carro estacionou em outro lugar desconhecido e Quinn franziu o cenho quando sentiu o cheiro da maresia. No momento seguinte a venda foi removida e Quinn encarou um belíssimo e luxuoso iate a poucos passos de distância delas com uma pequena equipe de tripulantes que aguardava no cais.

"Você realmente sabe como impressionar uma garota, não é mesmo?"

Rachel sorriu e se apressou a explicar.

"Eu queria um lugar aonde pudéssemos ter um jantar agradável e sem interrupções..." Justificou a morena. "Então eu pedi que trouxessem um dos iates de minha família para cá... Era um dos lugares mais próximo ao teatro e o dono do clube é um conhecido."

Elas subiram a bordo e após uma breve apresentação da equipe de bordo, a tripulação sumiu e elas estavam a sós, finalmente. "Bem vinda ao Leo, o mais recente membro da família. Um de meus pais as vezes gosta de fingir que é um 'velho lobo do mar' e eu meio que herdei a loucura dele por barcos, então, essa é uma das poucas extravagancias que eu tenho, um dos modelos da Azimut; o 100 Leonardo... Eu achei o nome bonito, então resolvi manter como apelido."

Rachel levou Quinn um breve tour pelo iate, e a loira se surpreendeu quando viu a mesa elegantemente posta no deck principal, a decoração com pequenos arranjos de gardênias em todos os cômodos do iate e a música. Quinn sorriu, a voz de Frank Sinatra parecia invadir cada ambiente.

Rachel terminou o tour na cabine principal. Quinn olhou ao redor.

"Diga que você nunca fez isso para ninguém mais."

"Nunca ninguém foi tão importante. Eu nunca amei ninguém do jeito que eu amo você. É como se eu tivesse esperado minha vida toda só para estar com você, Quinn... e eu não sei como explicar, mas desde o primeiro instante que eu vi você naquele palco...Eu senti como se..."

"...eu pertencesse a você." Quinn completou.

Elas se olharam e Rachel a beijou.

"Eu quero fazer amor com você, Quinn."

As duas caíram juntas sobre o colchão e pouco depois as peças de roupa começaram a cair pelo chão da cabine.

"Quando você teve tempo de comprar um outro conjunto da Victoria Secret's?"

Quinn sorriu maliciosamente, se aproveitando da distração da morena para vira-la sobre o colchão, se posicionando sobre ela.

"Eles me enviaram essa peça de presente hoje a tarde... acho que eu tenho sido uma cliente muito generosa..."

Quinn mordeu o lábio e brincou com as alças do soutien.

"Você gostou?" a voz dela soou tão inocente, o que era quase criminoso da parte dela porque seu olhar denunciava o quanto ela sabia que estava sendo provocante.

Rachel literalmente rosnou, impaciente, tentando retomar sua posição de controle sobre a loira, mas Quinn tinha outros planos.

Lentamente ela começou a se despir.

"Você me torturou durante meses, Rachel... Você me fez enlouquecer pelo seu toque... me fez ficar desesperada para sentir sua pele, seus lábios, suas mãos... e agora eu também quero torturar você nem que seja um pouquinho..."

O queixo de Rachel caiu, assim como o soutien de Quinn. A morena levou alguns segundos para recobrar os sentidos e perceber o sorriso malicioso no rosto de sua amada.

"Perdeu a fala? Oh, que proeza a minha..." Quinn continuou provocando.

"Você é uma garota muito, muito, muito perversa, sabia?"

A loira arqueou a sobrancelha e Rachel perdeu o juízo. De uma só vez a morena conseguiu se livrar e jogar sua amada sobre o colchão, prendendo seus braços sobre a cabeça e se encaixando entre suas pernas.

"A tortura acabou..."

Rachel uniu seus lábios, tomando posse de Quinn de todas as formas que a loira podia ter desejado.

...

"Um Salted Caramel Mocha Frappuccino, com creme extra!" os três rapazes gritaram em coro para o atendente da cafeteria.

"...e um cookie." Uma voz doce e suave ressoou logo atrás deles.

"E UM COOKIE!" berraram os três novamente em coro para o atendente, que os encarava pasmo.

Jesse estapeou o próprio rosto, ao seu lado Michele sorria gentilmente. Ele até que havia tentado impedir que os três patetas de Ohio aprontassem mais uma confusão, mas aparentemente Deus não havia escutado suas preces. Logo depois que a moça terminou de cantar, Finn, Sam e Puck já estavam de pé, aplaudindo e ovacionando a garota. Jesse tentou manter uma postura profissional, mas falhou completamente quando viu os rapazes praticamente arrastando Michele para a Starbucks mais próxima.

"Pode deixar que eu pago, Michele!", disse Finn estendendo uma nota de vinte dólares.

"Não, eu cuido disso, Michele!" Sam se intrometeu na frente de Finn, estendendo uma nota de vinte.

Puck agarrou as duas notas de vinte das mãos dos garotos e chutou os dois para fora do caminho e piscando para Michele. "Deixe o Puckassaurus cuidar disso para você, minha morena top de linha."

Sam e Finn puxam Puck pelos ombros fazendo uma confusão em um dos cantos do balcão. O atendente, já irritado, observa a cena de braços cruzados. Jesse tomou a frente da situação, pedindo desculpas e pagando pelos pedidos, indo depois se sentar com Michele na mesa mais próxima e abandonando os outros três, que ainda discutiam.

"Eu gostaria de me desculpar, em minha defesa posso dizer que essa é última vez que eu banco a babá..."

Michele tomou um gole de seu Frappuccino e olhou os rapazes que ainda discutiam num dos cantos do balcão.

"Eu achei eles adoráveis."

Jesse arqueou as sobrancelhas impressionado.

"Oh... você realmente não faz ideia do que você está falando..." Jesse não conseguiu deixar de sorrir para ela. Michele exalava uma inocência surreal, e aqueles olhos... Oh droga... Jesse St. James isso é algo que não deveria acontecer com você...

Finn, Puck e Sam se juntaram a eles na mesa, quase atropelando uns aos outros no processo.

Finn sorriu vitorioso quando conseguiu o lugar ao lado da morena. Jesse revirou os olhos, quando o rapaz ofereceu outro cookie a garota, a olhando com um sorriso bobo no rosto.

"Obrigada Finn, você é muito gentil."

Oh, essa garota realmente é perigosamente adorável, pensou Jesse ao encarar os três rapazes literalmente babando por ela. Ele olhou de relance para o seu relógio de pulso; se em uma hora a ingrata da Rachel não desse notícias, ele mandaria a guarda costeira atrás dela.

...

Quinn fez um beicinho e Rachel soube que em breve ela veria o brilho de um novo dia nascer naqueles olhos castanhos esverdeados.

"Bom dia, princesa. Apesar de boa tarde ser mais apropriado no momento..."

Quinn esticou o corpo e enfiou o rosto no pescoço de Rachel, murmurando um bom dia tímido, com a voz rouca por causa do sono.

Rachel puxou o corpo dela ainda mais junto de si, e viu o rosto de Quinn emergir diante dela com um sorriso adorável e um olhar maroto, os cabelos loiros assanhados e as bochechas rosadas. A loira roubou-lhe um beijo e praticamente ronronou um 'estou faminta' com a voz ainda um tanto rouca. Foi o suficiente para Rachel girar por cima dela – Quinn deu um gritinho fino e gargalhou – enquanto a morena posicionava seu corpo sobre ela.

"Eu também estou faminta." Respondeu Rachel.

"Oh, eu conheço esse olhar..."

"Conhece?"

"Oh sim... eu conheço."

"Então você já sabe o que esperar..."

"Oh sim... eu sei...", disse Quinn entrelaçando seus braços ao pescoço da morena e unindo seus lábios.

...

"Foi uma tarde adorável, rapazes. Eu realmente me diverti muito." Michele apertava uma versão de pelúcia da estátua da liberdade contra o peito com uma das mãos, enquanto a outra segurava uma casquinha de sorvete de chocolate, seus olhos cor de mel estavam radiantes. "Ser nova na cidade e não conhecer ninguém é um tanto triste... e eu nunca teria vindo fazer esse city tour sozinha."

"Se você quiser, posso fazer companhia a você durante todo o tempo em que eu estiver na cidade...", Finn se apressou em dizer, caminhando ao lado dela em direção a saída do ferry.

"Obrigada, Finn..." disse a garota corando um pouco.

Sam e Puck trocaram olhares e deram de ombros, dando um passo para trás, deixando Finn seguir sozinho ao lado da garota.

"Cara a técnica do 'olhar Finnocence' sempre faz as garotas caírem na rede dele." resmungou Puck e Sam concordou veementemente com a cabeça.

Jesse caminhava ao lado deles digitando em seu celular, sem realmente prestar atenção no que estava acontecendo. O que se provou ser um erro enorme, porque se ele estivesse prestando atenção aonde eles estavam indo, provavelmente ele poderia ter evitado o que aconteceria em seguida.

Michele caminhava tão distraída que acabou trombando de frente com uma mulher que seguia na frente de um grande grupo do que parecia ser uma equipe de fotógrafos, assistentes e seguranças, que provavelmente estariam ali realizando algum tipo de ensaio fotográfico para algum editorial.

A ruiva tirou os óculos escuros do rosto lentamente, revelando seus olhos verdes e seu rosto extremamente encantador. Ela encarou a mancha gigantesca de sorvete que literalmente havia destruído sua blusa.

"Oh, meu Deus... me desculpe." A pequena morena tentou remover o sorvete que ainda estava grudado na blusa da ruiva visivelmente irritada a sua frente, com um dos guardanapos de papel que ela segurava.

"Não. Toque. Em. Mim." A mulher afastou Michele de uma vez, tentando desgrudar o tecido gosmento de sua pele. Um segurança e dois assistentes se aproximaram rapidamente dela.

"Hey moça, ela não teve a intenção!" Finn deu um passo a frente, colocando o braço sobre os ombros de Michele, que encarava a ruiva com um olhar de cortar o coração.

"É moça... não pode ser assim tão mal... é só lavar..." Disse Sam.

A ruiva ergueu uma sobrancelha para ele. "Oh, e você sugere que eu fotografe para Versace usando uma camiseta da C&A igual a essa que você está vestindo?"

Puck franziu o cenho, aquela atitude era familiar...

"O que diabos aconteceu aqui?" Jesse se aproximou deles no momento que percebeu o que havia acontecido.

Ao vê-lo, a ruiva dispensou os seguranças e empurrou Michele para o lado, ignorando o gritinho que a garota deu ao ser praticamente lançada para o nada, e os protestos de Finn, que conseguiu ampara-la, evitando que a morena caísse no chão.

"Jesse St. James, mas que surpresa agradável. Eu não esperava encontra-lo assim tão rápido", e ela lançou um olhar irônico a Michele. "...Principalmente acompanhado por um grupo tão excepcional..."

Michele desviou o olhar e a ruiva sorriu ardilosamente na direção da garota. Sam cutucou Puck, enquanto Finn puxava a morena para junto de si. Jesse parecia ter perdido toda a cor do rosto, ele encarava a ruiva como se estivesse vendo um fantasma.

"E-Elise Scott?" Ele conseguiu dizer finalmente.

Ela sorriu ainda mais.

"Você continua tão adorável e tão articulado, Jesse. Nós temos realmente muito o que conversar depois de tanto tempo, não é mesmo querido?"

Oh Deus... O que Rachel vai fazer agora?, pensou Jesse desesperado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!