Safe And Sound escrita por GarotaDoValdez


Capítulo 12
Capítulo 12 - Pra dar sorte.


Notas iniciais do capítulo

Hey amorinhas, nesse capitulo Faith é levada para debaixo da arena, aonde tem seus ultimos momentos antes de adentrar no lugar aonde provavelmente ( eu disse provavelmente ) morrerá!
Boa leitura!



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Não vejo Aiden de manhã. Queria que não fosse assim.

Elsyn me acorda antes do sol nascer, me entrega uma muda simples de roupa e depois pede para eu esperar na sala do terceiro corredor. Sei que a roupa que estou colocando agora não será a roupa da arena. Isso e outros preparativos serão realizados nas catacumbas, pequenos compartimentos embaixo da arena na qual entrarei.

Quando chego na sala levo um grande susto: a parede de cristal não existe mais. Fora retirada completamente. O vento bate forte e abafado contra os climatizadores da sala. Logo avisto um aerodeslizador voando perto do espaço, e quando o veículo se aproxima percebo que uma escada de ferro é deslizada na minha frente. Superando todo o medo que tenho de altura, pulo e me seguro apenas pelas mãos enquanto sinto ser levada para cima. Não ouso abrir os olhos.

Quando finalmente piso em alguma coisa firme, abro os olhos. Uma mulher está na minha frente, uma agulha na sua mão.

– Fique paradinha agora, Meinerz. - ela diz, suas roupas brancas por um momento ofuscando minha visão. - Esse aqui é seu rastreador. Quanto mais imóvel você ficar, mais eficiente será.

Tento ao meu máximo me manter parada no lugar, mas quando sinto a picada dolorosa da agulha entrando em meu braço não posso evitar uma exclamação. Observo a agulha saindo de contato com minha pele e um ponto brilhante desaparecendo enquanto passa por uma veia saltada minha. Agora não posso mais fugir, nem me esconder. Pelo menos não dos Idealizadores dos Jogos.

Volto minha cabeça para cima, mas a mulher desapareceu. E a escada também.

Não tenho mais notícias da moça com a agulha, mas a escada logo aparece de volta, dessa vez carregando Elsyn, que parece uma prefeita com uma mão no “degrau” e outra na sua cintura, como se fosse treinada para isso.

Uma Avox de cabelos claros, quase brancos, aparece e nos leva para uma sala onde o café da manhã foi servido. Engulo um docinho pequeno e coloco rápido as mãos no colo, me impedindo de comer qualquer outra coisa. A Avox loira chega perto de mim com uma bandeja cheia de pedaços de bolo de laranja. Faço que não com a cabeça, mas ela insiste mais um pouco quando minha estilista não olha. Meus olhos encontram o da menina sem língua e imediatamente entendo a compaixão dela. Já que dificultaram ela de comer, ela não quer que isso não aconteça com mais ninguém. Pego dois pedaços pequenininhos da bandeja e agradeço formando a palavra “obrigada” sem nenhum som na minha boca. Como devagar, me reprimindo algumas vezes. Tenho que controlar meu nervosismo. Tenho que me controlar. Não posso perder o controle da situação.

Bebo um gole rápido do suco que me serviram e começo a olhar envolta. Tudo é escuro, exceto um pequeno quadrado de luz, uma janela. Observo o céu, a única “paisagem” permitida pela abertura. Vez ou outra vejo um pássaro. Posso ouvir alguns várias vezes, alguns repetindo o mesmo som de outros. Como minha mãe dissera que se chamavam? Ah, sim. Tordos.

Você vê, minha mãe é uma das 3 historiadoras mulheres do nosso distrito. Ela estudou todas as formas de energia ao longo do tempo. Formas de energia além do tempo em que Panem fora criada. Mas já que é historiadora, pode se considerar que ela sabe tudo que você perguntar. Por isso ela saber do pássaros, que foram usados no levante há 72 anos atrás. Os Tordos foram criados pela Capital para captar conversas de revoltados e assim mandá-las ao presidente para que soubessem de tudo. Foi uma ideia falha, uma vez que os revoltados começaram a passar informações falsas. Mas isso não quer dizer que os pássaros foram completamente extintos.

Subitamente a janela escurece, indicando que estamos nos aproximando da arena.

Estamos nos aproximando do lugar onde posso ser morta.

Antes do aerodeslizador pousar, roubo mais uma mini-torta da última bandeja servida pelos Avox, a engulo rápido e sigo Elsyn. A escada aparece de novo, exceto que agora ela nos conduz por túneis subterrâneos, que nos levarão às catacumbas.

Quando chego na Sala de Lançamento (“Curral” para os distritos, por ser um local onde animais são mantidos antes de serem abatidos) vejo que tudo é novo em folha. Serei a primeira a usar essa sala, que mais tarde ficaria de ponto turístico. Posso até ver o slogan: “Visite o último lugar em que Faith Meinerz teve fé em si mesma, antes de morrer na cornucópia após 5 minutos do início dos Jogos.”

Me recuso a pensar assim. Me recuso.

Não vou morrer na cornucópia, não vou.

Não posso.

No curral tomo banho e escovo os dentes. Depois disso deixo Elsyn trabalhar livre no meu cabelo e acabo com duas tranças douradas, caindo pelo meu peito.

Então chegam as roupas, iguais para todos os tributos. Minha estilista me entrega o pacote e pede para me vestir. Estou usando um maiô preto simples, uma calça apertada vermelha cobrindo a parte debaixo do maiô e por fim sapatos de cadarço. Mamãe dizia que costumavam se chamar “coturnos”, esses sapatos, usados nas Guerras antes de Panem ser formada. São bem confortáveis.

– Não terão casacos? - pergunto. - Nem mangas compridas?

– Não há mais nada no pacote, Faith, sinto muito. - Elsyn checa mais três vezes antes de atirar o pacote para o lado de novo. - Acho que teremos de aguardar por casacos.

Me mexo um pouquinho no lugar. Dá para se esticar, correr, saltar.

– A roupa deve propor bastante flexibilidade e movimentos, além de aerodinâmica. - diz a estilista. - Perigosa nas mãos de pessoas pequenas e magras.

Ela está se referindo a mim. Acha que a roupa pode me ajudar a ganhar. Sorrio.

Ando um pouco pela sala, depois corro, salto. Em seguida aceito um copo de água, que bebo calmamente enquanto aguardo sentada em um sofá, de mãos dadas com Elsyn.

– Você consegue Faith. Sei que pode. Sei que vai. - A estilista treme as mãos. Me viro para ela.

– Elsyn, você está chorando? - olho para as lágrimas escorrendo por sua bochecha, borrando a maquiagem. - Elsyn, não chore! Ficarei bem, prometo!

– Me prometa também que não vai se meter em encrenca. Que não vai matar alguém por uma razão inútil.

– Eu... - Eu não estava pensando. - Prometo. Eu prometo.

Nos abraçamos no sofá, assim como noite passada com Aiden. Tremo ao pensar no que aconteceu depois.

Ficamos naquela posição até uma “agradável” voz feminina anunciar que devo me preparar para o lançamento. E perco o controle como na Colheita.

– Elsyn, eu, eu não sei o que eu faço! - falo cada vez mais alto. - Elsyn, quero voltar para casa, quero...

Minhas palavras são perdidas num abraço apertado.

– Muito tarde para voltar agora, flor. - A estilista diz. - O jeito é passar lá em cima. O mais rápido que puder. O mais forte que puder.

Antes de uma lágrima escorrer do meu olho, caminho até o círculo de metal na sala, que me levará para a arena.

– Vem aqui. - Elsyn puxa meu rosto para perto dela, e coloca as 4 bolinhas brilhantes no lugar de sempre, ao lado do meu olho esquerdo. - Pra dar sorte.

Faço que sim com a cabeça e me inclino mais para ela me dar um beijo na bochecha.

– Se lembre do que você me prometeu. Se lembre do que você prometeu a Terie. - a mulher continua. - Você pode ganhar isso, Faith. Tem tantas chances quanto os carreiristas. Eu acredito...

Não sei no que ela acredita. Um vidro começa a se fechar em volta do círculo de metal me impedindo de ouvir qualquer outra coisa.

Agora até eu não sei no que eu acredito.

Sou levada para cima e para cima, numa escuridão que me dá pavor. Fecho os olhos.

Respiro fundo uma, duas, três vezes. Na terceira sinto cheiro de terra molhada.
Abro os olhos a tempo de ouvir a voz retumbante de Claudius Templesmith, o lendário locutor.

" Senhoras e senhores, está aberta a septuagésima segunda edição dos Jogos Vorazes! "

Ergo o queixo. Estou pronta.


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Notas finais do capítulo

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