Give Me Love escrita por Izabell Hiddlesworth


Capítulo 2
Capítulo I - Atalho Para a Morte


Notas iniciais do capítulo

Oi, tudo bem?

Itálico: Citações, versos das músicas.

Músicas do cap.: "I Love It" - Icona Pop; "The Scientist" - Coldplay. Os links para as mesmas aparecerão ao longo do cap.

Imagem de capa do cap.: Retirada do site da Revista Luminus e editada por mim.

Boa leitura!~



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"O inferno está vazio e todos os demônios estão aqui."

William Shakespeare - A Tempestade

Todos os humanos foram criados por algo divino. Independentemente da sua crença, saiba que antes de vir ao mundo, você foi um anjo. A humanidade inteira precisou cair do Paraíso para receber o livre arbítrio. Porque os humanos podem escolher que caminho seguir, os anjos não.

Yhasmin e Logan certamente escolheram o caminho errado nesta noite. Os dois amigos saíram do café Cronos e ganharam a avenida movimentada do lado de fora. Conversavam animados, expondo os pontos que acharam mais interessante na apresentação de poemas amadores que terminara há pouco.

– Hum, não sei - Logan torceu o nariz, pensativo. - Acho que aquele segundo poema parecia ter versos copiados de outras composições.

– Ultimamente, é só o que eles têm mostrado. Mas hoje o mural ao lado do balcão tinha poemas novos, você viu? - Indagou Yhasmin, quase pulando em cima do amigo.

O rapaz riu, segurando a morena para que os dois não caíssem.

– Vi sim. Espero que coloquem o meu logo - comentou, dando um abraço rápido na moça.

– Aquele que você não me deixou ver? - Ela perguntou, fazendo beiço.

– Você vai vê-lo, assim que o gerente o expôr no mural - Logan apertou-lhe a bochecha.

O fluxo de carros na avenida era constante, formando borrões com os faróis e repetindo o som enjoante das buzinas. A calçada estava cheia de trabalhadores procurando uma condução para voltar para casa, grupos de amigos animados, casais e pessoas que pareciam perdidas em meio à corrente de gente.

– E agora, vamos por onde? - Perguntou Yhasmin, colocando as mãos nos bolsos laterais do sobretudo preto. - A praça está aglomerada, vamos demorar um século pra conseguir atravessar a multidão.

De fato, a praça que ficava na cruzada da avenida estava abarrotada. Um palco e equipamentos de som e de luz tinham sido instalados na plataforma ao centro do espaço para a realização de um show gratuito.

– Talvez pelo beco - sugeriu Logan, parando ao lado da amiga na beira da calçada e apontando para a passagem escura na virada do quarteirão. - É o caminho mais rápido para chegarmos lá.

A garota voltou-se para encarar a ruela oculta pelo breu da ausência de postes de luz próximos. Parecia transmitir uma assustadora insegurança. Ela engoliu em seco, afundando o queixo no cachecol.

– Tem certeza? - A morena encarou o rapaz.

Haviam outras ruas por onde os dois poderiam seguir. Porém, a pressa os privou da segurança. Seus anjos protetores tentaram, por meio de discretos avisos, impedi-los de passar pelo beco. A estreita rua era um dos pontos perigosos da cidade, principalmente à noite. Logan optou por ignorar este significativo detalhe.

Ora, na maioria das vezes, os humanos usam seu livre arbítrio de modo errado. Conhecem os riscos, sabem das chances de sucesso em suas pequenas aventuras. Então, por que se colocam em situações assim?

– Ah, qual é, Yha? - Logan riu-se. - Está com medo? Eu te protejo, baixinha.

– Ah, ah, muito engraçado - Yhasmin riu irônica.

O movimento começava a diminuir aos poucos, enquanto as pessoas encontravam seu caminho ou os lugares a que se dirigiam. Lojas estavam fechando, entregando a clientela para os bares, boates e outros entretenimentos noturnos.

– Vamos logo, medrosa - Logan puxou a garota para a rua que saía da avenida.

Viraram a esquina e entraram na rua que dava no quarteirão do beco. O show começava na praça mais a frente, o vocalista da banda estava cumprimentando a platéia. Alguém esbarrou o ombro com brutalidade em Yhasmin. Ela perdeu o equilíbrio, cambaleando para trás e encostando na parede suja.

– Cara, não olha por onde anda? - Logan aumentou o tom de voz, irritado. - Ao menos peça desculpas.

Um rapaz de cabelos loiros presos num coque, se virou para eles. Um sorriso de canto brincava em seus lábios. O olho esquerdo estava sob a longa franja, mas o direito encarava Logan com a íris azul interrogativa.

– E eu deveria? - O rapaz arqueou a sobrancelha.

Yhasmin massageou o braço atingido, sem fazer contato direto com o estranho. Ela puxou a manga da jaqueta do amigo discretamente, fazendo menção de continuar andando.

– Vem, Logan, nós vamos nos atrasar - ela formulou uma desculpa qualquer.

Aquele não era, nem de longe, o momento mais apropriado para se aventurar na escuridão do beco. Havia uma boate ao lado da ruela que acabava de abrir as portas para os primeiros clientes. Se o loiro resolvesse segui-los para tirar satisfações, a boate seria um bom local para despistá-lo.

E, talvez por coincidência do destino, o estranho realmente passou a acompanhar os passos dos dois até a boate. Logan fechou as mãos em punho, travando os dentes e olhando o loiro de esguelha.

– Acalme-se - Yhasmin murmurou.

No entanto, o pedido foi em vão.

– O que você quer? - Logan voltou-se ao rapaz.

– Eu? - O outro riu. - Quero ir àquela boate, e você?

A boate era a mesma escolhida por Yhasmin. A garota resolveu continuar com o plano, ponderando se deveria dar um beliscão em Logan para que ficasse quieto.

– Logan, deixa ele - a morena pediu.

– Está bem - o jovem respirou pesadamente.

O trio mal formado chegou à fila do lado de fora da boate, cercada por uma longa fita vermelha presa à pedestais dourados. Yhasmin encolheu-se dentro do sobretudo, com o olhar fixo nas pessoas que lentamente se moviam para serem revistadas pelos seguranças.

Logan bufou, claramente incomodado pela presença do loiro atrás deles. O rapaz mantinha-se indiferente, abrindo uma embalagem de chiclete e pondo a borracha na boca. Casualmente, balançava a cabeça para tirar a franja do olho.

– Logan - Yhasmin chamou, tentando desviar a atenção do amigo para si. - Dá para parar com essa perseguição? O cara está de boa, esqueça.

– Mas ele ainda não te pediu desculpas.

– E daí? Coisas assim acontecessem todos os dias - Yhasmin deu de ombros.

– Ah, aqui estão vocês! - O rapaz atrás deles exclamou.

Discretamente, Yhasmin virou o corpo para dar uma olhada no que ele estava fazendo. Um grupo de quatro garotos estava o cumprimentando. A morena pensou se deveria se sentir aliviada ou temer mais ainda pelo estranho agora estar fortemente acompanhado.

Chegara a vez deles serem revistados para adentrar a boate. Dois seguranças os checaram rapidamente, liberando sua entrada após o pagamento dos convites. Logan parou no batente das portas, encarando o grupo do alvo de sua irritação.

– Será que eles vão passar? - Ele sorriu maldoso.

– Se vão ou não, é problema deles - Yhasmin suspirou, arrastando o amigo consigo.

"I Love It" - Icona Pop

O ambiente estava praticamente lotado. Jovens transitavam com copos coloridos, celulares nas mãos e novas companhias. A pista de dança mantinha o som alto e os holofotes giratórios em sintonia. A música era animada, mas de certa forma contida. Braços e corpos se balançavam de um lado para o outro, em montinhos de pessoas curtindo a noite.

– Icona Pop - observou Logan, se desvencilhando de um casal. - Não é muito meu estilo, mas tá valendo.

Yhasmin sorriu, cantando o refrão para ele:

– I don't care. I love it. I don't care - ela ousava alguns passos de dança.

O amigo riu, a imitando. A música estava numa versão remixada pelo DJ, teria uma duração mais prolongada do que a original. Os dois caminharam para uma área mais calma da boate, onde haviam sofás e mesas. Logan sentou Yhasmin num sofá de dois lugares próximo a uma estante que exibia prêmios ganhos pelo estabelecimento.

– Fique aqui, eu vou buscar algo pra gente beber - o rapaz apressou-se em direção ao bar.

Os sofás e mesas vagos eram poucos, sendo gradualmente ocupados por jovens aos pares. Yhasmin mordeu o lábio inferior ao encontrar um casal de garotos agarrados em um canto.

Você está numa estrada diferente, estou na Via Láctea. Você me quer na Terra, mas eu estou no espaço. Você é tão difícil de agradar, temos que desligar esse botão. Você é dos anos 70, mas eu sou uma garota dos anos 90, a música parecia se dirigir diretamente à Logan.

– Posso me sentar aqui? - Alguém se jogou na almofada ao seu lado.

Ela virou-se, já reconhecendo a voz. O loiro que tinha esbarrado nela alguns minutos atrás estava sentado com o braço na cabeceira do sofá, sorrindo para ela de forma pretensiosa.

– Já sentou - a garota deu de ombros. - Não deveria estar com seus amigos?

– Hm, eles estão com companhias mais interessantes - ele apontou para a mesa onde os amigos estavam sentados com várias garotas ao redor.

– Entendo - Yhasmin riu baixinho. - E como você não conseguiu nenhuma delas, resolveu vir falar com a garota estranha na qual deu encontrão, certo?

– Errado - o loiro riu-se também. - Estou aqui para conseguir sossego. Sabe, elas não conseguem ficar longe de mim.

– Elas parecem muito bem sem você - a morena observou.

– Elas sabem fingir muito bem - riu-se o loiro.

Nas arestas do teto, haviam adornos de pequenos anjos se protuberando para quem quer que os olhasse. Yhasmin perdeu-se nesses pequenos detalhes, quase imperceptíveis pela iluminação reduzida.

– Gosta? - O rapaz ao seu lado perguntou.

– Ah, daquilo? - Ela apontou para o ornamento. - É interessante.

– Diferente do seu amiguinho marrento, não é?

A moça suspirou, colocando as mãos entre os joelhos.

– O Logan só é - ela procurou o adjetivo certo - estouradinho.

– Então o nome dele é Logan? E o seu, cara dama?

Um riso divertido por parte da garota não pôde ser evitado.

– Me chamo Yhasmin, nobre cavalheiro - a morena revirou os olhos.

– Eu sou Dunkan. Mas pode me chamar de amor.

– Nossa, que cantada tosca - Yhasmin gargalhou.

– Eu pelo menos tentei - Dunkan levantou os ombros, acompanhando-a nas risadas.

Era estranho estar ali, num lugar diferente com alguém que ela mal conhecia. De repente, toda a preocupação em voltar logo para casa e ainda ter de passar por uma área perigosa tinha evaporado. Dunkan apresentara-se amigável, arrancando alguns risos de Yhasmin.

– Yha - Logan a chamou, voltando com dois copos verdes nas mãos.

O garoto apresentava uma expressão de poucos amigos, fitando diretamente Dunkan com os olhos semicerrados.

– Venha, vamos embora.

– Já? Ainda nem curtimos a balada - Yhasmin choramingou.

– Está tarde, as ruas devem estar quase vazias - Logan colocou os copos sobre uma mesa aleatória.

Meio que contra sua vontade, Yhasmin se levantou, caminhando até o amigo.

– Eu vou com vocês - Dunkan a imitou.

– Você nem sabe para onde vamos - Logan protestou entredentes.

– Cara, eu sou um espírito livre. Vou para qualquer lugar - o loiro ergueu os braços, enfiando as mãos nos bolsos traseiros do jeans em seguida.

Apesar da reclamação de Logan, Dunkan se juntou a eles. Cruzaram a frente da pista de dança e entraram no corredor que dava na saída. Ainda haviam algumas pessoas esperando para entrar na boate, enquanto eles abriam mão da clara sorte de terem entrado minutos antes da fila aumentar mais.

– Beco? - Logan aprontou para a ruela com o polegar.

– Não tem outro caminho? - Yhasmin tentou fazer o amigo mudar de ideia.

– Yha, aqui é um atalho - Logan suspirou. - E nos livramos mais rápido dele.

Dunkan virou-se, como se procurasse alguém atrás de si. Apontou para o próprio peito, fazendo uma indagação muda para o outro.

– Como você é delicado, meu caro - o loiro ironizou brincalhão, passando a frente. - Obrigado pela parte que me toca.

Logan revirou os olhos, tentando manter o controle.

– Esse beco é perigoso. Mas é só a gente passar rapidinho - Dunkan assegurou.

Provavelmente, Yhasmin não tinha se dado conta. No entanto, o plano de usar a boate para escapar de Dunkan tinha falhado completamente e ela ainda teria de enfrentar o breu do beco.

– Ah, qual é? Vão amarelar? - Dunkan deu o primeiro passo dentro dos limites da ruela.

Temorosa, Yhasmin engoliu em seco e avançou para o beco. Logan foi junto, expressando a vitória de ter a convencido de ir por ali. Canos soltos tilintavam contra os tijolos da boate e do prédio do lado oposto. A saída parecia estar longe, ainda que estivessem caminhando apressadamente para lá.

O som da sola dos calçados se chocando contra o chão mal acabado de cimento ecoava para as janelas fechadas. Yhasmin tinha certeza de que não eram apenas os passos dos três ali. Outras respirações, mais pesadas e contidas, também cortavam o ar vagamente.

– Está ouvindo isso? - Yhasmin sussurrou para Logan.

– É só sua imaginação - o rapaz respondeu com indiferença.

Algumas caçambas de lixo privavam a ampliação do campo de visão do trio. Uma lata de refrigerante rolou para um dos poucos pontos iluminados no chão. Yhasmin se arrepiou, escondendo-se atrás de Logan. O rapaz parou de supetão. Dunkan fez sinal para que ficassem em silêncio.

– Ei, Hugo chega mais - uma voz rompeu a atmosfera tensa, surgindo atrás das caçambas.

Já tinham transposto metade do percurso do beco. Se corressem agora, provavelmente seriam pegos antes de chegar na calçada da boate. As probabilidades de alguém usar de solidariedade para com eles e ajudá-los contra os indivíduos que se aproximavam eram mínimas. E, por outro lado, o medo já havia paralisado Yhasmin no lugar onde estava.

– Ora, ora - o cara que deveria ser o tal Hugo se aproximou do colega. - Eu achava que ninguém era idiota o suficiente pra passar por aqui. Mas olha só, vocês vão alegrar nossa noite. Passem os celulares pro Caolho.

O homem encardido que atendia pelo apelido de Caolho esticou a mão, andando para o trio. Yhasmin agarrou o celular dentro do bolso do sobretudo, se recusando mentalmente a obedecer o marginal.

– Ah, ah! Agora outra piada, essa foi ótima - Dunkan foi sarcástico.

Logan apertou a amiga atrás de si, mentalizando como sair dali sem danos físicos para os dois. Estava pouco se importando com Dunkan, ele que se virasse. Com certeza já estava acostumado a passar por situações semelhantes ou piores.

– Hugo, acho que esse cara tá te zoando - Caolho sorriu de canto, soltando um hálito potencialmente fétido.

Yhasmin percebeu quando o que estava mais próximo da caçamba sacou um estilete afiado. Ela cerrou as pálpebras com força, ouvindo os passos do sujeito chegarem mais perto.

– Sabe que eu também acho, Caolho - Hugo arregaçou as mangas do casaco velho e remendado. - Vou mostrar pro pivete o que acontece com os engraçadinhos.

– Ei, vai com calma aí - Dunkan colocou as mãos a frente do corpo.

Caolho deu um passo para o lado, tentando ver o que fazia a jaqueta de Logan mexer-se nervosamente. Notou alguns fios longos de cabelo açoitados pelo mormaço noturno, alargando um sorriso malicioso nos lábios.

– Olha só, eles têm uma garota - o marginal desvencilhou-se de Dunkan para aproximar-se de Logan.

Como um reflexo, o rapaz estirou o braço ao lado, impedindo que o homem tocasse em Yhasmin.

– Entendi cara, a vadia aí é só sua - Caolho riu perverso.

– Vadia? - Logan repetiu com os dentes travados. - Vadia é a tua irmã.

Num ato impensado, ele acertou em cheio a face de Caolho, que foi ao chão. A dor do impacto atingiu-lhe os dedos, sendo sacudidos freneticamente no ar para o alívio.

– Filho da puta, olha como você fala - o bandido levantou-se, tirando uma faca da botina surrada.

Ao que Caolho avançou para Logan, Dunkan segurou-lhe o pulso com firmeza. No entanto, estando desprevenido do segundo bandido, o loiro foi esfaqueado a dois dedos de seu umbigo. O tronco se contraiu quando os joelhos bateram no chão, desencadeando uma dor excruciante que apenas arrancou um grunhido rouco do rapaz.

Enquanto Hugo e Caolho desviavam sua atenção para o loiro caído no chão imundo do beco, Logan viu ali a oportunidade perfeita para salvar a si e à Yhasmin. Puxou a morena pelo pulso, quase tropeçando nos próprios pés e correu de volta para a calçada da boate.

– Caolho, aquele retardado tá fugindo - gritou Hugo.

A adrenalina liberou-se de maneira exorbitante pelas veias de Logan. Ele ouvia o marginal correr desesperado atrás deles. Se deu ao luxo de suspirar por uma falsa ilusão de segurança ao pisar fora do beco.

– Logan! - Yhasmin berrou ao ser tirada do amigo.

Caolho a tinha agarrado pelos cabelos, já erguendo a faca no alto e a fincando, sem dó nem piedade, nas costas da garota. O grito estridente da alma que lutava em vão para sobreviver se perdeu nos agudos sons da madrugada que começava. Metros atrás do bandido, seu colega tirava os últimos resquícios de vida de Dunkan.

"The Scientist" - Coldplay

O queixo de Yhasmin atingiu o cimento repleto de falhas, sua visão tornou-se turva e seu coração deu uma última batida abafada. A voz de Logan morreu na garganta seca. Sua melhor amiga acabara de morrer na sua frente, algo que poderia ter sido evitado por ele mesmo.

Um dos seguranças da boate percebeu o jovem estático na entrada do beco, aproximando-se de forma desconfiada.

– Alguma coisa errada? - O grandalhão perguntou.

Os bandidos ergueram as cabeças ao ouvirem a ribombante voz de trovão. Correram, sem culpa alguma de terem tirado a vida de dois jovens. O coração de Logan se apertou, não havia mais nada que ele pudesse fazer. O segurança arregalou os olhos pelos corpos largados no chão frio, chamando os colegas pelo walk-talk.

Os anjos-da-guarda de Dunkan e Yhasmin ocuparam-se em carregar suas almas para o Purgatório, enquanto o de Logan continuava ali, absorvendo partículas de sua inconformável dor.

Era complicado, era angustiante. E pensar que Logan poderia ter evitado tudo aquilo se tivesse escolhido o caminho mais longo para casa, se tivesse relevado o esbarrão de Dunkan. Tudo estava perdido. O poder de mudar o rumo das coisas tinha se esvaído de suas mãos de forma tão rápida e esguia quanto água.

Livre arbítrio, parecia uma coisa tão irônica. Ele se encolheu no chão em frente ao beco, com vergonha de proferir desculpas ao cadáver de Yhasmin. Mais e mais pessoas se juntavam ali, curiosas pelo ocorrido. Os paramédicos e a polícia ainda demorariam um pouco a chegar, porém, a vida já havia deixado os corpos dos dois jovens e os ordinários marginas tinham fugido.

Os humanos tendem a escolher o caminho mais difícil, o mais tortuoso. Acabam quase sempre culpando entidades divinas por seus atos irresponsáveis. Acham que não precisam pensar, que nunca acontecerá com eles e então, na calada de um coração vazio, a vida lhes rouba a opção de salvar o que têm de precioso.

Ninguém disse que seria fácil,

É uma pena nós nos separarmos

Ninguém disse que seria fácil,

Ninguém jamais disse que seria tão difícil assim

Todos querem recomeçar.

Oh, me leve de volta ao começo...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Nos vemos nos reviews. o/

Bjs.