Hana Kotoba escrita por Stefany01


Capítulo 5
Epílogo




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Epílogo

Primeira carta

Boa tarde, Mary. Sinto muito por não ter vindo visitá-la recentemente. Mas, sabe, algumas coisas se complicaram – necessitamos de algum tempo para nos ajeitarmos na nova casa, e muitas pessoas insistiam em ocupar nosso tempo.

Mas, de qualquer forma, eu tenho uma notícia: eu estou grávida! De uma garota! E, espero que não se irrite, eu resolvi dar seu nome a ela. Será que você se importa? Eu queria que nossa filha pudesse lhe visitar...

Ah, eu senti sua falta em nossos aniversários nesses últimos três anos. Eu gostava muito de comemorá-lo com você.

Obrigada por ter sido nossa amiga.

Até mais,

Ib.

-

Segunda carta

Nossa filha nasceu há pouco tempo. Agora, são duas Mary em nossa vida. E ambas são incrivelmente importante para nós dois. A Ib está um pouco cansada do parto, mas continua maravilhosa – só um pouco irritada de não dormir direito.

A Mary-bebê se parece um pouco com você. Ela é tão linda quanto. Os olhos são roxos, e escuros. Mas o cabelo é bem claro – acho que depois vai ficar mais escuro, mas por enquanto é quase loiro.

Espero que não se sinta muito solitária. Ainda não tem ninguém lhe visitando? Espero que logo vá alguém...

Obrigado por ter sido nossa amiga. Espero que possa ser amiga de nossa filha igualmente.

– Garry.

-

Terceira carta

Logo vai ser o aniversário de sete anos da Mary – daqui. Nós iremos levá-la à galeria. Talvez ela possa lhe visitar. Espero que não surte... Será que poderia encontrá-la na entrada? Não quero dar-lhe falsas esperanças, mas tenho a sensação de que será bem sucedida; que, sim, vocês poderão se encontrar.

– Garry.

Boa tarde, Mary. Esses dias eu estive pesquisando sobre as rosas – porque elas me lembram de você. Espero que não fique triste, mas acho que rosa amarela combina bem com você.

“Rosas Amarelas: amor platônico, ou amor entre amigos, felicidade”. Não que eu ache que você só merece um amor platônico. Mas porque você é o amor de amigos e a própria felicidade. Só um pouco solitária. Mas, com certeza, isso irá passar algum dia.

Caso tenha curiosidade, a rosa vermelha é “paixão, amor ardente, respeito, coragem, admiração”. Não sei se combina muito – mas eu com certeza amo o Garry ardentemente (e te respeito, admiro e amo – como irmã).

O Garry, também, é muito parecido com sua rosa. “Rosas Azuis: significa verdadeiro amor eterno, forte e raro, mistério, conquista daquilo que é impossível”. Foi uma raridade encontrá-lo, pois jamais vi um amor tão forte (e misterioso; como pode me amar tão devotamente? Espero que nunca se arrependa...).

Ah, pergunto-me qual será a rosa da Mary (nossa filha dessa vez). Espero que seja algo bom. Não quero que ela se mostre muito difícil de lidar, por sinal. Ah, bem, só preciso esperar. Um dia irei saber.

Até,

Ib.

-

Quarta carta

Quanto tempo se passou? Geralmente a Mary lhe leva os recados, mas ela está resfriada e a fizemos ficar em casa. Desculpa. Por mais que seja entusiasmada (ficamos deveras surpresos quando descobrimos que era a rosa coral), ela ainda pode adoecer. Acho que devemos nos lembrar disso da próxima vez que chover.

Obrigado por ter se afeiçoado à Mary. Você é uma de suas únicas amigas – pois ela fica em pânico no meio de muita gente, e acaba não conseguindo falar com ninguém. Mas acho que já sabe disso.

Obrigado.

– Garry.

-

Quinta carta

Boa tarde...

Garry se foi. Creio que meu tempo não está muito longe. Não sei se meu corpo ainda aguentará muito – a doença me tomou com mais força do que imaginei ser possível.

Sinto muito, Mary, por não ter sido capaz de ficar ao seu lado por tanto tempo. Por favor, se eu morrer, ofereça à Mary uma chance de ficar com você. Não quero que nenhuma das duas fique só. Eu desejo ver ambas felizes uma última vez.

Quando eu me for, por favor, não fique triste por muito tempo. Não irei pedir que não chore – eu não poderia me impedir de chorar caso fosse você –, mas não quero que sofra muito. Mesmo que queira se lembrar de nós, não pense só que já nos fomos. Tente sorrir ao se lembrar do que fomos ao seu lado.

Por favor.

Um último pedido: continue sendo amiga da Mary.

Adeus,

Ib.

-

(Mary’s POV)

Sentia lágrimas escorrerem por meu rosto enquanto relia todas as cartas que recebi durante esses anos. Nem mesmo a Mary continuava aqui. Não mais. Não depois de ter se casado com o outro garoto que veio aqui – um transeunte que foi pego no labirinto.

A rosa coral e a rosa laranja. Ela era o desejo e o entusiasmo; ele, o deslumbramento e o encanto. Ambos eram incrivelmente vívidos, e não viveram tanto tempo longe um do outro. Ib e Garry se foram cedo. A outra Mary só tinha 20 anos quando eles morreram.

Ib se foi com 42, quando Garry já tinha morrido há dois meses (recém-feito 48 anos). E Mary viveu comigo, por anos, com seu tempo parado devido à minha presença aqui, e só saiu após se apaixonar pelo jovem Harold que nos fez companhia por muito tempo.

E eu voltei a ficar sozinha.

Porque eles ainda não tinham um filho, e mais ninguém caiu aqui. Quase ninguém visitava a antiga galeria – de onde meu quadro não saía de jeito nenhum, preso enigmaticamente à parede.

Então, minha única companhia eram as cartas. O meio de conversa que Ib e Garry desenvolveram comigo – uma conversa unilateral, onde eu podia ouvi-los e eles não sabiam minhas respostas. Porque, não importa o quanto eu escrevesse ou desenhasse, eles nunca recebiam minhas folhas.

E nesse tempo, a dor voltou. Eu só queria poder realizar os desejos de minha querida Ib. Eu já havia aberto as portas para a Mary. Eu já havia sido sua amiga pelo tempo nos permitido. Agora, só faltava superar a perda dos meus dois primeiros amigos.

Outra coisa que aconteceu nesse tempo: aprendi sobre o significado das rosas.

Ib era vermelha. Garry era azul. Eles juntos eram a rosa roxa – e um pouco da lilás, se me é permitido imaginar. Eles eram “amor de mãe” (incrivelmente, combina para ambos...) e eram “amor à primeira vista”. Eles seriam todos os tipos de amores possíveis, se fosse eu a escolher. Porque ninguém jamais amaria tanto quanto eles.

Talvez ainda demore muito tempo para que eu supere as perdas, mas, enquanto isso, eu choro. Porque eles se foram. E eu os amei – como meus amigos e minha família.

Por isso que, todo ano, desde que eles perderam a permissão de entrada, eu montava um buquê. Rosas vermelhas, azuis e amarelas. Eu montava o buquê e o deixava no quarto que Ib criou. O pequeno quarto que encontrei escondido, onde tinham quadros e mais quadros do Garry. E meus. Quadros que representavam suas memórias.

E nesse quarto, cheio de memórias da Ib, eu deixava meus sentimentos. Com a viva esperança de que, um dia, poderia voltar a vê-los.

E com a grande felicidade de poder dizer que eles foram meus amigos.


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