Aquela Errada Paixão. escrita por Iasmin Alves Pereira


Capítulo 5
Mais um dia para se apaixonar.


Notas iniciais do capítulo

Ela mal tinha acordado e já se apaixonara mil vezes por ele. E ele, bem, não tinha como ele a amar mais.



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O dia seguinte amanheceu nublado, o que era praticamente um desrespeito ao sol do dia anterior. Uma pequena névoa ocupava o chão, deixando um clima frio naquela manhã. Os pássaros cantavam freneticamente, como se fossem a última canção de suas almas. Algumas cigarras gritavam por ai. A casa estava silenciosa.

Ela costumava acordar cedo, então não se surpreendeu quando em plenas férias, estava de pé ás 8h00 da manhã. Andava de pijama pela casa, pisando com os pés nus no chão frio, em direção à cozinha. Estranhou o silêncio, já que os adultos já deveriam estar arrumando as coisas para irem embora.

A cozinha estava um caos. Xícaras sujas de café enchiam a mesa, algumas ainda cheias na metade. Migalhas de pão estavam espalhadas em todo lugar, desde o chão até a pia.

A menina achou tudo muito estranho, pois o café era novo e o pão ainda estava um pouco quente. Teria seus pais e seus tios acordado cedo e ido para o rio? E por que eles não a avisaram? Respirou profundamente, lamentando a bagunça e a falta de aviso dos pais. Com certeza ela teria que arrumar aquilo antes de sua mãe chegar.

Tomou seu café, desejando mais do que tudo ir para casa antes do almoço. Sua mente viajava de sua cama confortável até seu cachorro Fred, deixado sozinho em casa no dia anterior. Será que a comida que tinham colocado era o suficiente?

Naquele momento, um zumbi entrou na cozinha. Pálido como um fantasma, com o cabelo amassado de um lado só e olhos verdes. Seu rosto estava inchado.

– Ai! – Disse ele, ao bater o mindinho na quina da mesa. – Por que SEMPRE tem que ser o mindinho?

Ela soltou um leve sorriso. Mesmo naquele estado físico e cambaleando com sono ele ainda era perfeito.

– Eu acho que nossos pais saíram e como aviso nos deixaram essa linda cozinha. Eu não vou arrumar isso tudo sozinha, então pode ir se preparando pra ser o primeiro escravo albino da história.

– Bom dia pra você também. – Disse, sentando-se à mesa. – Você sabe onde eles foram?

– Não faço ideia. Talvez eles quisessem visitar o rio antes de irmos embora mais tarde.

Pegou um pão e passou para ele, que o olhou como se fosse uma granada e fosse explodir a qualquer momento.

– Você fica retardado de manhã né?

– O que? Ah sim, é, pode ser. – Pegou uma colher e tentou cortar o pão.

Ela sorriu e revirou os olhos, pegando o pão de sua mão e cortando-o. Ele ficou com os braços estendidos no ar por um momento, olhando para a mão vazia como se pensasse “Cara, acho que minha granada sumiu.”. Olhou para ela com um olhar de suplica e viu o pão em suas mãos, o que o fez baixar as próprias.

– Termina de comer que eu vou ver se os meninos tão dormindo ainda. – Levantou-se, dando-lhe um pão com manteiga e saindo da cozinha.

Ele a olhou sair e em seguida observou o pão.

– O que ela disse? – Perguntou, por certo esperando sua granada, que agora já tomara forma de pão, responder.
...

Foi para o quarto de seus primos menores, olhando cuidadosamente os colchões desarrumados e vazios na sala. Chegando lá, abriu a porta cuidadosamente apenas pra encontrar mais camas vazias. Ótimo. Eles saíram e a deixaram sozinha com um zumbi retardado e albino e uma cozinha que estava parecendo mais o inferno.

Bateu o pé no chão, tentando controlar a frustração. Foi para seu quarto, pisando firmemente. Abriu a porta e viu a mesma coisa dos outros quartos: cama desarrumada e vazia, só que pelo menos os donos daquela estavam em casa. Trocou de roupa, vestindo um short jeans folgado e uma camisa do Avenged Sevenfold. Em seus pés, colocou pantufas.

Se ia arrumar a casa, era melhor fazer o pacote completo. Começou arrumando seu quarto, em seguida passando para o de seus primos e depois para os colchões da sala. Depois de devolvê-los a garagem, partiu para a cozinha. Quando chegou lá, não acreditou no que viu.

Se um dia você ver um homem arrumando tão bem assim, você pode falar que já viu muito. A cozinha estava brilhando. As xícaras? Lavadas. Os farelos de pão? Desaparecidos. A mesa, chão e pia? Limpos. O menino não se encontrava mais lá.

– Não pode ser. – Sussurrou ela, admirando-o por um momento. Sinceramente, ele tinha arrumado melhor do que ela faria. Escutou um barulho vindo de fora, e seguiu para lá.
...

Ele estava sentado na varanda, observando ao redor. O vendo matutino bagunçava mais ainda seu cabelo. Estava nublado, mas de um jeito agradável. Ainda claro e um pouco frio. Na opinião dele, o clima perfeito. Sentiu uma mão roçar levemente em seu ombro, e olhou para trás.

– Então, você sempre foi um bom dono de casa? – Falou ela, com um sorriso travesso na cara.

– Ah, não enche vai. – Essa era a segunda fase de seu estado matinal. A primeira? Retardamento. A segunda? Estresse. Se bem que, naquela manhã, ele confessava que a segunda fase estava um pouco maior que o normal.

Ela contraiu as sobrancelhas. Aquilo tinha doído um pouco em seu peito.

– Desculpa. – E sentou no chão, ao seu lado.

A manhã estava realmente agradável. Fria, o sol no céu, mesmo que estivesse mesclado de umas nuvens carregadas aqui e ali. O vento era gelado, correndo livremente por entre o céu e árvores. Ela invejava o vento. Ele podia voar para onde quisesse. Podia transformar uma leve brisa em uma tempestade devastadora. Ela queria ter esse poder.

– Tudo bem. Eu só estou estressado. Quero ir logo pra casa, voltar com minha vida normal. Sair logo do meio do nada, me divertir com meus amigos. Não aguento mais a família.

Ela abaixou a cabeça, tentando não deixar transparecer o quanto aquelas palavras a tinham machucado. Ela era família. Sua vontade era correr para o telhado e pular de lá. Só uma retardada como ela se machucaria tão fácil com palavras de uma pessoa.

Mas ele não era só uma pessoa. Não para ela.

– Ah, a gente não é tão ruim. – Ela disse, tentando parecer descontraída.

A gente. Ela fez questão de falar isso. Ele percebeu.

– Não tem nada a ver com você. Você é da família, mas acima de tudo é minha amiga. E, além disso, é a única que tem a minha idade por aqui. – Ele tentou desesperadamente consertar o que havia dito. Ele sentiu a mágoa quando ela falou. E ela não era só uma amiga.

– Tudo b... – Nesse instante, uma coisa do tamanho de um coelho pulou na sua cara. Ela sentiu algo a lambidas e arranhões. Era impressão ou um coelho banguela e muito raivoso a estava atacando? – QUE PORRA É ESSA? – Deitou no chão, tentando se livrar do que é que fosse aquilo.

Finalmente conseguiu segurar o animal. O olhou e ficou mais confusa ainda ao perceber que segurava um cachorro estrábico e dentuço. Mais precisamente, seu cachorro, Fred.


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Notas finais do capítulo

Bem, sim, esse capítulo demorou bastante para sair porque eu confesso que abandonei a história por uns meses. Porém, julgo que apesar da demora, ele está bem escrito e foi feito com carinho para vocês.