Aquela Errada Paixão. escrita por Iasmin Alves Pereira


Capítulo 1
O churrasco de família.




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Aquela tarde de domingo estava ensolarada, com o céu azul limpo e o ar fresco. Famílias se reuniam para conversar em um churrasco cheio de risos, e as deles não fizeram diferente. Desde manhã eles estavam na chácara, conversando, rindo, os homens bebendo moderadamente e as mulheres fofocando entre si. Os filhos? Bem, eles também tinham seu próprio grupo, mesmo sendo apenas dois.

Ela estava com uma camisa do Nirvana, sua banda preferida. Ele estava com uma camisa sem manga vermelha, perfeita para aquela tarde encalorada. Ele negava, mas gostava do estilo rebelde dela. Amava quando ela combinava as suas camisas de rock com shorts curtos e chinelo, que era exatamente como ela estava caracterizada agora.

E eles conversavam:

- Não! O Kurt não se suicidou, eu tenho certeza! – Falou ela, teimando, como sempre.

- Claro que sim, assassinado que ele não foi, baixinha. – Respondeu ele, rindo da cara dela, que estava começando a assumir uma expressão raivosa de acordo com que ele a irritava.

- Posso ser mais baixa, mas pelo menos sou a mais velha aqui.

- Não de maturidade.

Ele sentiu uma dor em seu ombro quando ela lhe acertou uma tapa com sua mão pequena, porém pesada.

- Ai! – Gritou, tentando lhe acertar.

- Ha-ha. – Respondeu ela, facilmente saindo do centro de sua mão. Ser baixa pelo menos servia para alguma coisa.

Ela saiu correndo em direção ao nada, enquanto ele corria atrás dela, ainda tentando lhe bater. Seus cabelos castanhos balançavam ao redor do seu ombro, combinando com o tom caramelo de sua pele e a cor castanha de seus olhos.

Poucos segundos depois de corrida, ele não aguentava mais. Ambos sempre foram um pouco sedentários, porém sempre que faziam alguma atividade juntos, ele sempre era o primeiro a desistir.

- Chega! Não aguento mais correr! – Respondeu, gritando o máximo que a respiração pausada e ofegante lhe proporcionava.

- Já? - Gritou de volta, também ofegante, mas com os olhos brilhando e o cabelo selvagem por causa do vento.

Ele amava quando ela lhe provocava. Ela amava lhe provocar.

Era fim de tarde, a cor laranja que o Sol assumia refletia em seus cabelos louros. Ele estava completamente vermelho, o que era fácil de notar pela brancura de sua pele. Seus olhos, de um tom verde, também brilhavam.

Ela observava o movimento que a respiração causava em seu peito. Sempre pra cima e pra baixo, desacelerando aos poucos.

Eles não voltaram para a casa. Continuaram andando, até acharem um lugar que julgavam bom o suficiente para sentar e observar o Sol se pôr no horizonte. Sentaram-se no topo de uma pequena colina, virados para o Sol. Uma mistura de vermelho, rosa e laranja assumiam o céu e a paisagem ao redor, deixando tudo com aparência de paz e tranquilidade, como se o mundo fosse sempre bom daquele jeito.

- Tudo bem com você? – Perguntou ela, pouco ofegante.

- Sim, acho que não me sentia melhor faz muito tempo. – Deitou na grama, olhando para o rosto dela e sorrindo, um sorriso quente e acolhedor.

O calor do fim da tarde batia em suas peles, manchando-as de diferentes tons e aquecendo-os de um jeito que os faziam sentir conforto, como uma cama quente em um dia frio.

Ela deitou ao seu lado, observando o céu cor de salmão. Ele ainda estava ofegante.

- Você se lembra de quando a gente era criança? – Falou, com o pensamento longe. – Sabe, não tinha nada disso que a gente vive hoje. Nenhuma preocupação, só brincadeiras e risos. Nossos pais nos tratavam melhor também. Pelo menos os meus.

Ele percebeu o tom amargurado de sua voz. Eles não se viam há tempos, então ele não fazia ideia de como a vida dela estava.

- Lembro. – Respondeu, finalmente. – Realmente, era tudo mais fácil. – Então com um sorriso e com um brilho nos olhos que ele jamais ficou antes, se levantou e puxou ela. – Vem aqui.

- Pra onde a gente vai? – Ela estava confusa.

- Só me segue.

Ela estava curiosa, mas amava quando ele fazia mistérios com ela. Seguiu-o sem reclamar, mas estava um pouco preocupada porque já estava anoitecendo.

- Mas... Já é quase de noite.

- E desde quando você tem medo do escuro, baixinha?

- Nossa, que engraçado. Aposto que sou mais corajosa que você. – Falou, fechando a cara. Odiava quando ele a confrontava.

- Vamos ver. – Disse ele, com um sorriso bobo no rosto.

Ele caminhou em direção a mata que cercava a residência, com a menina aos seus pés. Entrou lá sem hesitar, porém ela parou á um passo de distância.

- Eu não vou entrar ai.

- Por que não? – Ergueu as sobrancelhas. – Já se esqueceu desse lugar?

Ela havia se esquecido.

- Que lugar?

- Se você quer descobrir. – Disse, seguindo em frente, como um convite para ela continuar.

Ela respirou fundo e adentrou na mata, seguindo-o. Ela estava um pouco perturbada tentando se lembrar de que lugar ele estava falando. Provavelmente envolvia a infância que eles tiveram, onde sempre eram unidos. Ela era mais velha, como não se lembrava e ele sim?

Caminharam pouco tempo, mas foi o suficiente pra ela se perder em pensamentos. Só conseguiu parar de andar, pois esbarrou nas costas dele, que também havia parado. Sua cabeça estava erguida para trás, olhando para a escuridão.

- Pra onde você esta olhando? – Perguntou ela, olhando na mesma direção e tentando enxergar algo apesar da escuridão.


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