Um Anjo (quase) Caído escrita por Gaby Molina


Capítulo 37
Capítulo 37 - A garota dele


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, gente ;3 Esse é o penúltimo capítulo. Agora é oficial (ou quase isso. Enfim). O próximo não está pronto, porque eu quero caprichar, hue.
Sobre a continuação. Como eu disse, não vai ser completamente focada em Seath, mas isso não quer dizer que eles não vão ser importantes na história.
Vai mostrar um pouco da vida mortal deles, mas... Teremos uma nova Nefilim na cidade, pessoal. Cabe decidir se ela vai bagunçar a vida de todo mundo ou melhorar.
Até porque eu não quero que a história perca o quesito sobrenatural, não faz sentido.
A Nefilim não vai ser anjo da guarda, mas sim de outra classe... Quem arrisca? ;3
Hum, acho que depois desse capítulo não vai existir uma alma na Terra ou no Céu que resista ao charme do Seeler. Só acho.



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Heath

— Heath! — Patricia sorriu ao me ver. Estava usando um vestido azul-marinho formal bem bonito.

— Sra. Argent! Posso ver de quem Serena puxou a beleza dela.

A mulher enrubesceu de um jeito que me lembrou a filha.

— Sempre charmoso. Entre, Serena está acabando de se arrumar. Sabe como ela é.

Eu ri.

— É claro.

Sentei-me no sofá e Patricia voltou à cozinha para terminar de arruinar o jantar. Corri para o andar de cima, mas não bati na porta de Serena.

* * *

— Posso entrar? — fitei os olhos azuis de Thomas, que eram assustadoramente iguais aos de Serena.

O garoto franziu o cenho, desconfiado, mas me deu licença e eu entrei em seu quarto. Era igual ao de Serena no formato, porém as paredes eram completamente azuis. Havia uma guitarra vermelha num dos cantos, pôsteres de bandas de rock antigo (principalmente The Smiths), um telescópio, alguns livros numa prateleira e muitos discos de vinil. Em sua cama de solteiro com um edredom azul-marinho havia um notebook meio jogado, com os fones de ouvido conectados nele.

Sentei-me numa cadeira de plástico, que rangeu.

— Eu queria vir falar com você antes de fazer qualquer coisa porque prezo sua opinião. Sabe, como homem da casa e tal.

Thomas ergueu uma sobrancelha, parecendo interessado.

— Continue.

— Realmente gosto da sua irmã.

— Uhum.

— Na verdade, eu amo aquela sádica, infantil, irresponsável, inconsequente, desastrada, azarada, mentalmente instável, sentimental, grossa, orgulhosa, teimosa, egoísta e completamente propícia a acidentes — respirei fundo. Thomas possuía um sorriso entretido no rosto. — Eu a amo pra cacete. Então... Eu quero a sua permissão para pedi-la em namoro.

Thomas pareceu considerar a ideia. Ele ficou andando de um lado para o outro pelo quarto. Pude ver o quanto ele gostara do fato de eu ter pedido sua opinião. Por fim disse:

— Minha irmã — começou — não é uma garota qualquer, do tipo que você conhece no colegial e esquece daqui a cinco anos. Ela é o tipo de pessoa que você só conhece uma vez na vida. Entende isso? — Assenti. — Ótimo. Vá em frente. Você tem minha benção. E não faça pouco caso dela, porque eu não saio jogando água benta em todo mundo, não.

Ele se parecia tanto com Serena às vezes que tudo o que eu podia fazer era sorrir.

— Obrigado. — E não quebre o coração dela.

— Jamais.

— Estou falando sério — ele estreitou os olhos. — Eu acho você legal, Heath. Mas se a Serena chorar de novo por sua causa...

— Entendido.

— Não, não. Eu sei onde você mora, Seeler. Eu vou contratar alguém para quebrar os seus pulmões.

— Eu não acho que isso seja poss...

— Quer testar? — Thomas ergueu uma sobrancelha. Neguei com a cabeça. — Ótimo. Agora que tal irmos nos alimentar daquele pavê maravilhoso, vamos?

Abri um leve sorriso.

— Mal posso esperar.

* * *

Um fato sobre Serena Argent: ela fazia com que todas as outras pessoas na sala se sentissem mendigas. E tinha conhecimento absoluto desse fato.

Apesar de eu gostar mais de Serena quando ela estava com um moletom grande demais e sem maquiagem, eu tinha de admitir que aquele batom vermelho caía muito bem nela. Ela estava usando um vestido claro até um pouco acima do joelho e botas marrons do tipo que sempre usava. As cores da roupa eram pastéis, o que destacava bem mais seus olhos, cabelos e lábios. As três coisas que eu mais gostava na aparência dela (hm, depois das pernas).

E tudo o que eu tinha feito fora passar condicionador. Boa, Seeler. Boa. Mas o sorriso dela me deu a certeza de que ela não dava a mínima.

* * *

Estávamos sentados à mesa, sofrendo em silêncio com a comida, quando Patricia refez a pergunta que eu desviara da primeira vez que jantara naquela casa:

— E então, Heath, tem planos para a faculdade?

— Eu... vou tirar um semestre de folga. Sabe como é, estou mudando de casa, de país, preciso de algum tempo.

— Você teve um ano inteiro — replicou Thomas.

— E foi um ano bem complicado — retruquei, sorrindo. — A Argent já comentou que eu falo Latim?

Eu evitava chamar Serena de Argent na casa dela, mas às vezes escapava.

Ela riu.

— Estamos recriando o primeiro jantar ou o quê?

Segurei a mão dela por debaixo da mesa.

— Ou o quê.

Ela abriu um leve sorriso, afastando uma mecha do cabelo do rosto com a outra mão.

— Se estamos recriando o primeiro jantar, eu deveria chamá-lo de querido — notou Patricia.

— Nem pense nisso! — Serena deu seu ultimato.

— Por quê? Só você pode chamá-lo assim? — Thomas ergueu uma sobrancelha.

Ela enrubesceu.

— Não! Ninguém vai chamar ninguém assim. Nada de "querido" nessa casa.

— Você é doida, Argent — eu ri.

— Tarde demais para voltar atrás.

— Eu sei — suspirei, fingindo estar chateado, mas então apenas soltei uma risada.

Quando o jantar terminou, fitei Thomas.

— Thomas... Pode ir conversar com a sua irmã na sala? Sabe... Para que eu possa fazer você-sabe-o-quê.

Ele sorriu.

— Serena, venha dar uma volta com o seu irmãozinho, que tal? — ele a empurrou até a sala, mas não antes que ela me lançasse um olhar curioso.

Patricia ergueu uma sobrancelha, com um leve sorriso nos lábios.

— Se você vai me perguntar se tem minha permissão para pedir a Serena em namoro, a resposta é manda ver!

Fiquei feliz por Serena não estar ouvindo, do contrário ela já teria tido um treco por Patricia dizer "manda ver".

— Na verdade, eu só ia pedir a receita do pavê — sorri. — Mas já que você tocou no assunto...

— Ah, querido! — ela riu. Depois percebeu que havia dito a palavra proibida e tampou a boca com as mãos.

Eu ri, fitando-a.

— Vai ser nosso segredinho, sra. Argent.

— Não olhe assim para mim ou eu me apaixono por você também, Heath.

— Apesar de a senhora ser uma mulher encantadora, temo que uma Argent me dando dor de cabeça já seja mais do que suficiente.

— Tente conviver com ela por quase dezessete anos.

— Pretendo conviver com ela por pelo menos cinquenta, sra. Argent — sorri.

Serena

— Como você faz isso?! — fitei-o, rindo.

Estávamos na porta de casa, e suas mãos estavam na minha cintura. Minha mãe assistia à cena como eu assistiria a uma cena bonitinha do Freddie e da Effie em Skins.

Não que houvesse muitas. Principalmente na terceira temporada (maldito Cook!), mas na quarta o Freddie...

Deixa quieto.

— Faço o quê?

— Você basicamente vai me fazer competir com a minha mãe por você.

Heath sorriu.

— Acho que chamam isso de Charme Angélico. Além do mais, eu não gosto de mimar você nem nada... Mas eu diria que você tem uma pequena vantagem. Agora vamos.

— Aonde?

Ele sussurrou bem próximo ao meu ouvido:

— Vou sequestrar você.

* * *

Heath era um sequestrador de merda, mas eu o amava mesmo assim. Ele me arrastou até uma praça na esquina de minha rua.

— Lembra-se deste lugar? — ele abriu um leve sorriso. — Encontrei você aqui depois de uma briga com a Patricia.

Assenti.

— Por que me trouxe aqui?

Ele sentou-se no mesmo banco onde nos sentáramos naquela noite há quase um ano e eu fiz o mesmo.

— Porque foi aqui que tudo começou de verdade. Foi a primeira vez em que eu acreditei.

— Em quê?

— Que eu poderia mantê-la segura. Que as coisas poderiam dar certo. E foi a primeira vez em que você confiou em mim. Que precisou de mim. Então não consigo pensar em um lugar melhor.

— Para...? — indaguei, curiosa.

— Tudo bem — ele se levantou. Depois se ajoelhou. Depois se levantou de novo. — Não, vou guardar aquela para quando te pedir em casamento.

— Não me enlouqueça.

Ele riu.

— Relaxa. Ainda vou fazer muitas coisas estúpidas, mas essa estou guardando para mais tarde.

— Fez com que eu me sentisse ótima agora, Seeler.

— Eu sei — ele beijou minha bochecha. — Agora pare de falar porque está estragando o que eu ensaiei.

— Você ensaiou?

Ele torceu o nariz.

— Na verdade, não. Merda, não faço ideia de o que estou fazendo. Quieta! — ele me fitou, esperando que eu interrompesse, mas não o fiz. — Serena Victoria Argent. Depois de tudo o que passamos, me concederia a honra de ser oficialmente minha namorada?

— Você não precisa fazer isso.

— E você não precisa questionar. Sabe que vou tornar isto grande coisa, não importa o quanto você tente evitar.

Abri um sorriso travesso.

— Espere um minuto. Ainda tenho que avaliar os prós e contras, fazer uma tabela comparativa e...

Ele me fez calar a boca com um beijo. O que, devo admitir, foi uma excelente maneira de me fazer calar a boca.

— Sim — sussurrei e voltamos ao beijo.

Depois de alguns minutos, nos afastamos. Heath me fitou por um minuto, e foi então que percebi.

— Seus olhos — falei.

— Estão escuros?

— Não — constatei, surpresa. — Continuam dourados. Tão brilhantes quanto antes. Fico me perguntando.

— O quê?

— Se a cor deles mudaria se você desistisse de mim.

Ele riu.

— Então acho que jamais saberemos, não é mesmo?

Ergui uma sobrancelha.

— Seeler, você está gentil demais hoje.

— É o efeito que você causa em mim — disse ele. Encarei-o. — Não se preocupe, você terá seu babaca de volta amanhã.

— Ótimo.

— Agora vamos voltar antes que sua mãe pense que eu realmente sequestrei você.

— Ela sabe que eu chutaria suas bolas se tentasse.

Ele riu, colocando seu braço em volta de meus ombros e caminhando comigo pela calçada.

— Essa é a minha garota.

Se alguém me dissesse isso há um ano, eu entraria em uma guerra dizendo que aquela frase tratava a mulher como objeto, era machista e tudo isso em que eu ainda acreditava fielmente. Mas percebi que de fato eu não me importava. Por que lutar? Eu era dele. Ele era meu. E isso era fato, e não ficção, pela primeira vez desde... sempre.

Eu não conseguia encontrar o lado racional que deveria levar em conta, ou talvez apenas já tivesse tido mais do que suficiente do lado amargo do amor.

Fitei-o por um momento. Eu lutara contra o título por muito tempo, mas percebi que gostava de ser a garota de Heath.

— Mais algum truque na manga, sr. Seeler? — abri um leve sorriso.

— Bem, ainda temos Sábado.

— O que tem Sábado?

O queixo dele caiu e ele fingiu estar sentindo ultraje.

— Que bela diretora você é, Argent, se esquecendo do próprio musical.

— Meu Deus, eu me esqueci completamente! Falando nisso, como diabos você sabe disso?

— Roubei seu cargo.

Foi a vez do meu queixo de cair.

— Você... está dirigindo o musical?

— Liam ajudou. Mas sim. Mudei algumas coisas, espero que não se importe.

— Tipo...?

— Sabe como é. Deixei mais fabuloso. Menos maçante.

— E o babaca está de volta! — sorri, satisfeita.

— Não achou que a coisa de cavalheiro ia durar muito, achou?

Eu ri.

— Achei que durou demais.

Ele abriu um leve sorriso malicioso.

— Bom saber — e me beijou com mais paixão do que em qualquer outro beijo, colando nossos corpos com uma naturalidade que me fez sentir como se o conhecesse minha vida toda.


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