Um Anjo (quase) Caído escrita por Gaby Molina
Notas iniciais do capítulo
NÃO ME MATEEEEEM
É que não deu pra postar ontem ;---;
Hue
Um pouco mais sobre o Chad nesse capítulo... Hehe.
Heath
Algo estava muito errado com Chad Reynolds — ou Campbell, que seja — na Nottingham High. Demônios não apenas aparecem sem ter um plano diabólico em mente.
— Seeler, preste atenção. Siga o exemplo do seu colega — disse a sra. Willson, me encarando e apontando para Chad.
Certo, aquilo era demais.
— Ele está cortando as unhas com um canivete! — defendi.
Chad assoprou um pedaço de unha em mim.
— Relaxa, Seeler.
See-lah. Eu estava acostumado com o sotaque vindo de Serena — gostava dele, na verdade —, mas vindo de Chad apenas soava como um pedido para levar um soco na cara.
E eu não sabia por que desgostava tanto dele. Talvez fossem as naturezas opostas, ou... Ou a verdade.
Mas eu não queria pensar nisso.
— Dentre todos, você deveria saber bons modos — provocou Chad, sorrindo levemente.
— O que quer dizer com isso?
— Bem, considerando de onde você veio...
Ele não se referia aos Estados Unidos. Ambos sabíamos disso.
— E quanto a de onde você veio, Reynolds? — sorri.
— Eu não sei de o Seeler veio, mas sei para onde vai! — esbravejou a sra. Willson. — Detenção!
— Eu levo a Argent para casa — disse Chad.
— Não a chame assim — rosnei.
— O senhor não vai levar a srta. Argent para lugar nenhum, pois vai ficar na detenção também, sr. Campbell — disse a sra. Willson.
Bufei e deitei a cabeça na mesa.
Depois da aula, Chad veio até mim.
— Eu levo ela para casa — disse ele.
— Detenção, lembra?
Ele riu.
— Já deu uma olhada na minha ficha? "Fuga à detenção" seria o menor dos problemas.
Ele provavelmente estava certo, mas eu não estava a fim de ceder.
— Certo. Vai levá-la para casa, e depois o quê? Para a sua cama?
— Talvez para a sua — provocou ele. — Não é da sua conta, Seeler.
— Tente. Tente, e juro que vai se arrepender.
Chad se aproximou de mim, estreitando os olhos.
— Mas não é fofinho? O pequeno anjo está apaixonadinho por uma mortal — ele passou a língua ente os dentes, revelando um piercing. — Fico imaginando o que Caius diria se soubesse.
— Não estou apaixonado pela Argent — defendi, e depois completei: — Não que seja da sua conta.
— Eu adoraria ficar falando sobre a loira, mas por que não falamos sobre o problema real? — ele me encarou. — Sei que se lembra daquele dia, Seeler. Eu me lembro.
— Não sei do que está falando.
— Bem, deixe-me refrescar sua memória. Meu Dia da Liberdade, Seeler. Nossa pequena conversa.
Dia da Liberdade. Era como os demônios chamavam o dia em que caíram. Estremeci.
Tudo voltou como um caleidoscópio.
Eu olhava em volta desconcertado, mas tendia a voltar a focar os olhos no garoto sendo levado. Em como ele parecia extremamente satisfeito e superior. Como se olhasse e dissesse "Vocês não sabem o que estão perdendo".
O que ninguém sabe é que ele teve cinco minutos para se despedir. E veio falar comigo.
Não entendi por que, já que mal nos falávamos. Chad me encarou por um instante.
— Você é diferente, Seeler. Não se encaixa. Assim como eu.
— O que quer dizer?
— Quero dizer... Esse lugar não entende quem você é. Não aprecia você por isso. Eles vão tentar mudar você, e eventualmente vão conseguir. Ou vão te banir, e será como se você nunca tivesse existido. Será infeliz aqui, Heath Seeler. E não ganhará nada em troca — ele passou a língua (que ainda não possuía um piecing) entre os dentes.
Desviei o olhar.
— Você deveria ir.
Chad riu.
— Pense nisso. Voltaremos a nos falar. O Céu está cheio de talentos não-aproveitados, e nunca deixamos nenhum passar.
Assenti, sendo trazido com força de volta à realidade. Aquela conversa me assombrara por um longo tempo. A ideia de Chad com tanta certeza do que pregava, e eu confuso e assustado.
Mas as coisas haviam mudado. Não é?
— Você demorou — cuspi as palavras. — Não sou mais aquele garoto idiota que acreditava em tudo o que ouvia.
— É mesmo? Porque você parece ainda acreditar em tudo o que ouve, se a voz vier lá de cima.
Desviei o olhar.
— Aonde quer chegar, Chad?
— Simples, Seeler: meu superior precisa de recrutas. Eu fui encarregado da tarefa, e disse a ele que conhecia um anjinho muito talentoso e cujos sentimentos humanos tomam conta com facilidade.
Então era isso. Chad não queria meu sangue angélico.
Ele queria minha parte humana. Tudo o que eu tentara comprimir nos últimos onze anos. Tudo o que sempre me colocara em apuros.
— Isso não vai acontecer — falei, convicto.
Ele ergueu uma sobrancelha, parecendo achar a coisa toda divertida.
— É mesmo? Vamos ver então. Está aqui para uma missão de anjo da guarda, não é? A questão é... Quem você precisa proteger? — Chad olhou em volta, pensativo.
Ele não sabia.
— Por quê? Vai matar meu protegido?
— Eu não vou fazer nada. Poderia transformar sua vida em um inferno, sabe. Mas não quero fazer isso. Vou observar você fazer isso consigo mesmo. E então vai perceber que só quero ajudar, Seeler. Está perdendo tempo com isso tudo. Qual é? Anjo da guarda? — ele riu. — Nós dois somos melhores do que isso.
— Certo, tão melhor que seu trabalho é tentar convencer um adolescente a se jogar do Céu.
Chad sorriu.
— Você é esperto. Mas não tanto. Eu controlo um exército nos Confins, Seeler. E preciso de um co-capitão — ele me encarou. — Pense nisso. Esta é uma missão puramente diplomática. Apenas aceite. É o melhor para todos. Inclusive para o seu melhor amigo, Damien. Sabe disso.
— Hã... Vocês estão prestes a se beijar ou se bater? Não tenho certeza. — disse aquela voz feminina irritante atrás de mim.
— Argent, hora ruim — falei, fitando-a.
— Eu discordo — Chad sorriu para ela e colocou um braço em torno de seus ombros. — Você já leu Vale da Morte? Não sei se gosta muito de Tennyson, mas...
E então eles se afastaram.
Serena
Passei o intervalo com Chad. As teorias dele sobre Vale da Morte eram incríveis.
— Não acho que o importante seja o que você escolhe, sabe. Mas sim escolher. Enquanto você for capaz de fazer uma escolha, não acho que as coisas possam ficar tão ruins — ele sorriu.
Quando eu estava voltando para a sala de aula, Heath me segurou, os olhos vidrados.
— Sim? — fitei-o.
E então me beijou. Nunca havia me beijado em público. Pensei em afastá-lo, mas no fundo sabia que não queria. Ele acariciou minha face com os dedos e afastou meu cabelo do rosto.
— Pegue uma carona com a Audrey hoje — ele me fitou.
— Mas Chad já...
— Por favor — suplicou, os olhos dourados cravados em mim.
— Seeler, eu...
E então ele me beijou novamente.
— Promete?
Truque sujo.
Assenti lentamente.
— Obrigado — ele mordeu o lábio. Entrelaçou os dedos nos meus por alguns segundos, e então apenas beijou minha testa e foi para a aula.
Heath
Eu estava sozinho com Chad na detenção. Que legal. Uma hora trancado ali, com o sociopata demoníaco.
— Ele tem um canivete — queixei-me com a Górgona. — Pode me matar a qualquer momento.
— Está sem ponta — mentiu Chad, abrindo um sorriso gentil.
A Górgona — encantada pelo charme dele ou sei lá — assentiu e saiu da sala.
Chad estava inquieto. Eu perguntei se ele estava bem umas doze vezes antes de ele finalmente se virar para mim e disparar:
— Certo, que merda você tem na cabeça?
— Do que está falando?!
— Sabe do que estou falando. Quero dizer, eu sabia que a Argent sentia algo por você, mas não achei que fosse estúpido ou sádico o suficiente para beijá-la — ele cerrou os dentes. — Não foi a primeira vez, foi? — Hesitei. — Foi?!
— Você mesmo me acusou de estar apaixonado por ela mais cedo, não é?
Chad suspirou, desviando o olhar.
— É, mas eu não estava falando sério. Você não pode tê-la.
Eu não ligava que Chad dissesse isso. Mas ligava para o fato de ele estar certo.
—... Ainda há tempo de afastá-la, antes que se envolvam demais. Antes que as consequências venham.
— Por que está preocupado? Se alguém descobrir, eu caio e, bem, ponto para você.
Chad franziu o cenho.
— Você não entende mesmo, não é? Pelo Inferno, Seeler, só sabe pensar em si mesmo? Se as coisas apertarem, eu sei que você vai correr de volta para o seu pequeno Paraíso/Ditadura Militar Celestial e Serena vai ficar aqui. Com um coração partido. E acredite em mim, eu não vou deixar isso acontecer. Ela merece alguém que possa ficar com ela, Seeler.
— Reynolds, você não está entendendo o quão especial é essa garota.
Chad sorriu, e pela primeira vez, sua mente pareceu estar bem longe dali.
— Acha que eu não entendo? Conheço a Argent há mais tempo do que você. Finalmente encontrei meu caminho de volta para ela, Seeler. E não vou a lugar algum tão cedo. Isso não é um jogo.
— Eu vou lutar por ela.
— Pense no que diz. Não pode entrar em uma guerra sem estar disposto a perder o que já possui.
— Refere-se ao Céu?
— Refiro-me a tudo o que você conhece. Essa é a verdadeira troca, Seeler: tudo o que você tem, apenas para ser mortal. Seja racional. Você só está machucando-a. Sabe disso.
— E você é o Senhor Sensível agora?
— Vamos colocar de outro modo: — ele me encarou, sério. — Eu gosto dessa garota. E quer ela queira algo comigo ou não, eu não vou deixar você quebrar o coração dela e depois ir embora. Então, se eu fosse você, seria homem o suficiente para fazer o que é melhor para ela. Ou eles passam tanto tento ensinando sobre paixão que sequer demonstram compaixão? O amor é um sacrifício, Seeler.
— E também é egoísta.
— Por isso nunca dura — ele suspirou e levantou-se quando a Górgona entrou na sala. — Algumas pessoas estão destinadas a se apaixonar, Heath Seeler. Mas não estão destinadas a ficar juntas.
— Não sabia que demônios sabiam tanto sobre amor e sacrifício — provoquei.
— Há muito que você não sabe — e então Chad saiu da sala.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
LEITORES GATOS QUE EU AMO
Eu queria aproveitar essa linda nota final para recomendar-lhes uma fic.
Eis que eu estava procurando algo bom para ler quando me deparei com Fitas da Retaliação. Enchi tanto o saco da autora que ela me deu alguns spoilers e... Cara, essa história promete. É muito divertida, além de bem escrita, e os personagens são incríveis.
http://fanfiction.com.br/historia/434534/As_Fitas_da_Retaliacao/
LEIAM! E deixem um review bonitinho porque a autora é uma linda s2