Um Anjo (quase) Caído escrita por Gaby Molina


Capítulo 20
Capítulo 20 - Choques


Notas iniciais do capítulo

Geeeente
Esqueci de avisar no último capítulo que, por algum motivo divino (ou não), minhas MPs tão meio travadas no Nyah quando eu entro pelo iPad (e como meu computador não liga mais, eu SÓ tô entrando pelo iPad), então eu não estou conseguindo ver todas as mensagens (se é que têm mensagens, mas em todo caso). Se eu conseguir resolver, aviso ;/ Alguém também tá com dificuldade pra ver as Mensagens Privadas?



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Serena

O dia seguinte pareceu arrastar-se eternamente. Depois da aula, Chad apareceu ao meu lado.

— Vai querer carona?

Fiz que não com a cabeça.

— Minha mãe vai viajar. Vou ter que morar...

Comigo — Heath sorriu, se aproximando.

— É mesmo? — Chad ergueu uma sobrancelha, encarando o outro garoto. — Deixe-me adivinhar, a ideia foi sua.

— O que importa é que a sem-noção da Patricia concordou — revirei os olhos.

— Isso aí. Vamos? — Heath me fitou com os olhos dourados. Assenti. — Tchau, Reynolds.

Chad ficou mais pálido do que já era.

— Campbell — ele corrigiu.

— Se assim desejar — Heath piscou e me arrastou até o carro.

Heath

Como era de se esperar, Serena não ajudou em nada a trazer suas malas para o carro. Passou a maior parte do tempo resmungando, assim como Damien, e eu estava dando meu máximo para não enforcar os dois.

Quando chegamos à casa dos Stewart, Damien e eu pegamos as malas mais pesadas enquanto Serena arrastava uma mala roxa com rodinhas onde tinha apenas sapatos.

Subimos com tudo rapidamente e eu voltei para mostrar a casa a ela. Deixei o quarto por último, porque ela certamente ia se trancar lá até a hora de ir à escola no dia seguinte.

Bati na primeira porta do segundo andar.

— Sadie! — chamei.

A menininha loura abriu a porta. Seus olhos focaram-se em Serena e ela sorriu:

— Oi!

— Hã... Olá.

— Sadie, essa é a minha amiga que vai morar com a gente, a Serena — sorri. — Argent, essa é Sadie Stewart.

— Oi! — Sadie repetiu. — Seja bem-vinda! Você gosta de cookies?

Serena, que parecia surpresa com a gentileza, assentiu.

— Ok! — a garotinha acenou e fechou a porta.

— Ela é uma ótima confeiteira — falei. — E aqui é seu quarto — abri a terceira porta. — Costumava ser do Damien, mas ele vai se mudar para o meu. Fazer o quê?

Serena sentou-se na cama, observando a vista da rua.

— Você pode sair agora — disse ela.

— Mas...

— Seeler.

Assenti e saí dali. Não a vi o dia inteiro. Damien também ficou trancado no quarto, então passei a tarde ajudando a Sadie com o dever de casa.

É, às vezes meu sangue angélico resolvia aparecer. Geralmente quando eu estava longe de Serena.

— Heath, pode avisar à Serena que o jantar está na mesa? — Wilma pediu.

Assenti e bati na porta da garota.

— Argent, jantar — falei.

Certo, me dê um minuto. Já vou descer.

Desci e repeti a informação para Wilma. Sentamo-nos à mesa, junto com George e Damien.

Serena desceu as escadas logo depois, usando um de seus moletons e shorts jeans.

— Gosta de macarrão, Serena? — Wilma sorriu.

Serena assentiu e sentou-se ao meu lado (ela não tinha opção). Quando terminou de comer, voltou para o quarto. Voltei para o meu também. Estava ouvindo Green Day.

Words get trapped in my mind

Sorry if I don't take the time to feel the way I do...

Because the first day you came into my life

My time ticks around you.

Porque desde o dia em que você entrou em minha vida, meu tempo gira em torno de você. Troquei de música.

Mas Serena fazia questão de que eu me lembrasse dela, porque bateu na porta do meu quarto no mesmo momento.

Achei que fosse Sadie, então me surpreendi ao ver Serena parada ali. Usava um conjunto verde de pijama: uma blusa regata e shorts curtíssimo. Não que eu estivesse reparando.

— Estou com frio — disse ela em voz baixa.

— Imagino.

— Eu não alcanço o cobertor no armário.

Sorri.

— Está falando sério?

Ela assentiu de má vontade e me levou até o quarto dela. Apontou para os cobertores no topo do armário. Estiquei-me um pouco, mas peguei dois para ela.

— Acha que agora vai ficar bem? — fitei-a.

Ela assentiu.

— Obrigada — disse, ainda em voz baixa.

Serena nunca falava baixo. E nunca dizia "obrigada" para mim.

— Você está bem? — perguntei, sincero.

Ela assentiu.

— Tchau, Heath

— Estou falando sério. Por favor, diga algo sarcástico para eu ter certeza de que não substituíram você por uma versão robô educada.

— Não sou um robô — ela encostou a mão em meu rosto para provar que não parecia um robô. — Sou só... eu. E eu estou pedindo que você volte para a sua droga de quarto.

Fitei-a.

— Está bem mesmo?

— Eu não preciso de você aqui. Nem quero você aqui — soava cansada e hesitante. — Posso ficar sozinha? — aproximei-me para segurar a mão dela, mas ela adiantou: — Não faça isso.

— Serena...

— Não me chame assim.

— É o seu nome.

— Mas é diferente quando você diz — ela desviou o olhar. — Quer saber, eu não deveria ter chamado você. Deveria ter subido nessa droga eu mesma.

— Boa noite — ainda a fitava à procura de respostas, mas não as encontrei.

Ela apenas assentiu e eu saí do quarto.

Serena

— Acorda, seu merda, estamos atrasados! — espanquei a porta de Heath no dia seguinte.

Heath abriu a porta, vestindo apenas uma cueca branca. Seus cabelos pretos estavam bagunçados e os olhos dourados me fitavam. Ele me analisou de cima a baixo, o que me irritou.

— Você ainda está de pijama — observou ele.

— É, mas me visto mais rápido do que você. Afinal, Damien tem que ficar vendo você de cueca?

— Na verdade, ele está dormindo no sofá — Heath deu de ombros.

Heath

— Por quê? — perguntou Serena.

Está brincando? Você e Serena na mesma casa... Humpf. Eu é que não quero vocês se agarrando na minha cama enquanto eu fico cantando Highway To Hell, a voz de Damien retumbou na minha cabeça.

Mas se eu gostava das minhas partes baixas, era melhor não dizer aquilo a Serena, mesmo que eu não tivesse culpa nenhuma.

— Ele ainda está meio revoltado — dei de ombros. — Vai me dar licença para eu me vestir? Se quiser ficar, tudo bem também.

Serena revirou os olhos e bateu a porta.

Cinco minutos depois, abriu a porta de meu quarto. Seus cabelos dourados caíam sobre a blusa vermelha. Também vestia uma calça escura e botas marrons.

Xingou-me umas três vezes no caminho até a porta, e foi como se a fragilidade da noite anterior nunca houvesse existido.

— Não passou mais frio? — perguntei casualmente.

Ela desviou o olhar e eu soube que não conseguiria arrancar mais nada dela sobre seu comportamento.

— Está falando com alguém? — apontei para o celular dela, no qual ela mexia freneticamente.

— Chad — respondeu.

Ela podia estar apenas blefando, tentando me deixar com ciúme. Mas no fim eu sabia que isso era apenas o que eu queria acreditar. Serena não era esse tipo de garota, não fazia joguinhos.

Serena

— Ainda é virgem? — foi meu cumprimento matinal ao chegar à escola.

— Bom dia para você também, Audrey. Sai dessa, não aconteceu nada ontem — revirei os olhos e bati a porta do armário. — E nem vai.

— Por que não? Tipo, vocês estão morando juntos.

— Certo, mas não grite isso para a escola toda, por favor.

— Por quê?

— Porque tudo o que eu quero do Seeler é distância!

— É mesmo? — aquele perfume conhecido invadiu minhas narinas e ele me envolveu, falando bem perto de meu ouvido. Arrepios. Merda.

— Seeler. Não.

— Calma, Argent, estou falando sobre os biscoitos — ele me soltou e entregou um saquinho com biscoitos.

— Eu disse que não quero nada que venha de você.

— Mas não veio de mim, veio da Sadie. E são ótimos.

Fiquei em silêncio, fitando-o por um momento.

— Ah, me dê essa merda — Audrey pegou o pacote de minhas mãos e começou a comer os biscoitos. — São bons mesmo, sabe.

Comecei a andar rápido.

— Ei! Espere! Você ainda não respondeu minhas perguntas direito! — Audrey correu atrás de mim, com a boca meio cheia de biscoitos.

Chad passou ao meu lado e abriu um leve sorriso, acenando com a cabeça. Sorri de volta e ele se encaminhou para o próprio armário em outro corredor.

— Ah, certo... — Audrey abriu um sorriso malicioso. — Você julga garotos pelo tamanho da ficha criminal deles, é isso?

— Não tem nada entre eu e Chad.

— Mas você queria que tivesse.

— Bem... Às vezes.

— Uou, não achei que fosse admitir. E Heath?

— O que tem o Seeler?

— Certo. Vou reformular. E a sua queda óbvia pelo Heath?

— Vá se foder. Leslie pode te dar uma carona até a esquina.

— Alguém entrou na defensivaa... — Audrey cantarolou.

Pretende fazer alguma coisa na aula de Artes? — disse Chad atrás de mim.

Fiz que não com a cabeça e ele me entregou um CD.

— Kelly Clarkson? — ergui uma sobrancelha.

Ele sorriu com a minha reação.

— Ela escreveu o CD todo sobre o ex-namorado dela. Depois da sua música que cantamos no campo, achei que pudesse te fazer algum bem — ele tentou parecer inocente, fitando-me com seus olhos verdes.

Abri um sorriso desconfiado.

— O CD é todo sobre ela dizendo o quanto o cara era idiota, não é?

Ele sorriu.

— Não exatamente. Bem, a sala de música está vazia, e tem um CD player lá. Depois me diga o que achou — ele piscou e se afastou.

E eu fiquei segurando Stronger, lendo rapidamente os nomes das músicas.

Eu podia sentir o olhar de Audrey em mim, mas ignorei-o.

* * *

No segundo período, corri para a sala de música e coloquei o CD para tocar, conectando o fone de ouvido ao CD player.

Mr. know it all

Well ya think you know it all

But ya don't know a thing at all

Ain't it something y'all

When somebody tells you something about you

Think that they know you more than you do

So you take it down another pill to swallow

Certo. Música raivosa para começar. Mas, na verdade, elas não eram todas assim. Havia até uma chamada, literalmente, "Eu Perdoo Você". Gostei do fato de o CD mostrar várias perspectivas e vários momentos do relacionamento da Clarkson.

E gostei do fato de Chad ter me dito para ouvir porque queria mesmo que eu melhorasse.

* * *

Um fato sobre Chad Campbell: você não o encontra. Ele encontra você.

Ele me encontrou no intervalo, e sentou-se ao meu lado numa mesa no pátio (sim, eu estava sentada na mesa. Sintam a rebeldia).

Chad tinha um arquivo escolar em mãos.

— É fino demais para ser o seu arquivo — notei. — De quem é?

— Seu — ele sorriu. — Sabia que é proibido roubar os arquivos de outros alunos? Faz você acabar na detenção.

Ignorei a última parte.

— MEU?!

— Vamos ver... Desacato à autoridade. Vandalismo. Motim. Cabulou aula...

— Decepcionado?

— Não — ele sorriu. — Vandalismo. Não quero nem imaginar.

— Afinal — tirei o CD do bolso. — Valeu.

— Pode ficar com ele. O que eu vou fazer com um CD da Kelly Clarkson?

Sorri.

— Certo.

Ficamos em silêncio por um minuto, o que foi tempo suficiente para minha mente ir parar bem longe dali.

Chad não havia encostado um dedo em mim desde que chegara. Tipo, literalmente. Nem sem querer, nem um mindinho no meu braço ou sei lá.

Talvez fosse uma compensação pelo fato de todas as nossas conversas antes de ele se matricular na Nottinhgham terem sido acompanhadas por tentativas dele de encostar em mim.

Mas eu meio que queria que ele encostasse.

E por quê? Porque...

Porque eu queria sentir alguma coisa. Um calor. Um arrepio. Um choque.

Precisamente, o que eu sentia toda vez que Heath me tocava, fosse no pulso, no rosto ou nos lábios.

Levei a mão direita ao meu lábio meio rachado involuntariamente. Mesmo que fizesse quase dois meses desde que eu beijara Heath pela última vez, ainda sentia o gosto dele em minha boca.

Será que se eu passasse Bombril saía? Tá aí a dúvida.

— Tudo bem? — Chad me fitou.

Eu não ia sobreviver se não fizesse aquilo, então entrelacei os dedos da mão dele nos meus.

E, adivinhe? Nada.


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Notas finais do capítulo

Faz tempo que eu não ganho uma recomendação, né?
Tá, parei. HAUSHAUSH (mas são bem-vindas, sério)