Um Anjo (quase) Caído escrita por Gaby Molina


Capítulo 15
Capítulo 15 - —A, Flertes e Tio Rick


Notas iniciais do capítulo

OLÁÁÁÁ :333 Primeiro: valeu mesmo por todo o suporte quanto a coisa da música, foi bem difí­cil para mim, decidir compartilhá-la com vocês, e saber que adoraram foi INCRÍVEL, sem mais *--------*
Algumas pessoas me perguntaram se ela tem ritmo, e SIM, ela tem. Só que a escritora querida aqui toca violão, e não sabe tocar nem Dó Ré Mi Fá Fá Fá no piano, então SIM, tem uma versão acústica no violão de Lost Cause o/ E, como eu disse nos reviews para quem perguntou, eu ainda não tinha terminado a cifra direito, mas agora estou praticamente satisfeita com ela. Hue.
E... Assim. Eu tinha pensado na possibilidade, mas não tinha levado muito a sério até perceber todo o apoio que vocês deram em relação à ideia, então TALVEZ eu poste um vídeo no Youtube de Lost Cause. Caso eu finalmente crie coragem e o faça, deixo o link aqui. HAUSHAUSHAUSH
Só que eu atualmente estou bem rouca, então nem rola (desejem melhoras para a pessoa linda que usa os privilégios da gripe para ter mais tempo para escrever a fic, obrigada).
Segundo... Pera. Me perdi. Qual era o segundo?
Aaaaaaaah! Lembrei! (Gripe, cof cof)
Eu amei ver o jeito que vocês todos disseram "o PRIMEIRO beijo deles", como se tivessem certeza de que outros vão acontecer. Mas... nunca se sabe quando alguém pode ser atropelado por um Nissan March (oi, HeyLuce) ou sei lá, não é mesmo?
Tá. Parei. HAUSHAUSHAUSH (maior nota inicial que eu já fiz, lol)



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Serena

Olhos dourados. Cabelos pretos bagunçados. Um leve sorriso descrente. E lábios um pouco inchados dos quais eu não conseguia desviar os olhos.

Era isso o que vinha em minha cabeça quando eu fechava os olhos.

— Tudo bem aí, macaca? — Thomas invadiu meu quarto e me viu deitada com a cara enfiada no travesseiro.

— Estou de luto — disse eu, num resmungo abafado.

— Por quem?

Tirei a cara do travesseiro.

— Pelo meu bom senso e pelo meu orgulho. O que você quer?

Ele mordeu o lábio.

— Eu... Hm... Aquele dia lá que você estava brigando com a mamãe...

— T., eu estou com muita coisa na cabeça agora, tá?

— Hum... Tá.

Quando ele estava saindo do quarto, uma dor no coração me invadiu. O que diabos eu estava fazendo?

— Thomas. Esquece, volta aqui. Você é mais importante.

Ele pareceu surpreso, mas sentou-se ao meu lado.

E, para a minha surpresa, foi ele quem começou a falar:

— Olha, eu entendo por que você não me contou.

— Entende?

— Você queria me proteger. Além do mais, deve estar sendo muito difícil para você aceitar tudo — ele me fitou por um momento. — Só queria que você soubesse... que eu vou ser sempre seu irmão.

Sem conseguir dizer nada, apenas o abracei com força, como não fazia há muito tempo. Eu passara toda a minha vida cuidando dele, mas naquele momento apenas deixei que ele cuidasse de mim.

— Eu sei. Você é o melhor irmão do mundo — beijei sua testa.

— Eu sei — ele abriu um meio sorriso.

Heath

Eu estava um caco. Não havia caído no sono no gramado. Muito pelo contrário, nem sequer havia conseguido dormir. Pensei por um minuto que beijar Serena fosse saciar a vontade, mas só a aumentou.

Principalmente quando ela veio sorrindo até mim, correndo graciosamente com seu sapato de salto (que era bem baixo, se comparado aos que eu já a havia visto usando. Diverti-me com o quão baixinha ela ficava). Estava fingindo que dormira, mas eu a conhecia um pouco melhor do que ela pensava. Dava para perceber os bocejos comprimidos e o corretivo escondendo as olheiras fundas. Além do raciocínio mais lento do que o normal. Mas isso não era só pelo sono.

— Eu estou ótima — ela resmungou.

Sorri.

— Eu não perguntei nada.

— Está estampado nessa sua cara de babaca.

Gostei de ouvi-la me xingar.

Nossa, que masoquismo. Volta a fita.

Foi até bom ouvi-la me xingar, porque eu não queria que as coisas ficassem estranhas, até porque me afastar não era uma opção.

Ela parecia tratar o que aconteceu no vestiário da mesma forma que eu: uma recaída.

Uma bela recaída. Merda, Seeler, pare de olhar para os lábios dela.

Desviei o olhar, que acidentalmente se focou em Leslie Hills. De onde ela brotava? Meu Deus, era pior que a Argent no quesito desaparecer e reaparecer do nada.

Leslie piscou para mim e eu senti o olhar assassino de Serena.

Serena, na verdade, parecia bem animada para se livrar de mim quando se lembrou de que havia uma palestra sobre bebida naquele dia.

Podia soar muito patético, mas eu a arrastei até lá. Não porque eu achasse que ela ia aprender alguma coisa — apesar de a esperança ser a última que morre —, mas porque, se ela não fosse, ia fugir para algum lugar imprevisível e seria bem mais difícil segui-la. Até porque, com exceção do dia após a Sessão Compaixão na praça, ela ainda se recusava a usar o maldito colar.

Ela bufou quando sentei-me ao lado dela, mas fingi não perceber.

Foi só o coordenador começar a falar — um homem de meia-idade com a língua presa e uma voz extremamente monótona — que Serena já desligou o cérebro. Estava cantarolando baixinho, e tinha os olhos fixos no relógio pregado na parede.

Apenas mais 1h45min.

— Quem aqui já consumiu bebida alcóolica? — perguntou o coordenador em determinado momento.

Pareceu-me sem lógica erguer a mão, mas a maioria dos alunos o fez. Inclusive Serena, a maior fã de coisas sem lógica (como me beijar no vestiário, por mais que eu negasse e por mais que não estivesse reclamando nem um pouco. Certo. Talvez um pouco. Estava reclamando por não querer reclamar. Por não conseguir não notar as coisas mais idiotas, como o jeito que ela mordia o lábio ou suas pernas. Especialmente suas pernas), que inclusive levantou minha mão junto.

— Quem aqui já consumiu bebida alcóolica sem supervisão?

Dessa vez, bem menos alunos ergueram a mão — a maioria dos que não ergueram estava mentindo, Serena os chamou de covardes baixinho por isso —, mas Serena não se abalou. Apenas continuou com uma das mãos estendida, enquanto notava a pequena falha no esmalte da outra mão.

— E o que seus pais diriam disso?

— Meu pai diria "Maiz uba garrafa pra vcê, querida" — Serena resmungou baixinho, fazendo voz de bêbada que não se parecia com a voz dela de quando estava bêbada. Não que ela tivesse como saber.

Eu podia sentir a mágoa na voz dela, mas seria suicídio dizer alguma coisa. Então apenas entrelacei os dedos da mão dela nos meus. Ela fitou nossas mãos por um momento, hesitante, mas não me censurou.

Depois de uma hora de palestra, ela inconscientemente — ou conscientemente, não tenho certeza do nível de sono — encostou a cabeça em meu ombro. Soltou um leve suspiro e, depois de algum tempo, adormeceu.

Fiquei brincando levemente com seus dedos, porque também estava plenamente entediado. O fato de ela ter encostado a cabeça no meu ombro para dormir era apenas mais uma comprovação de que não havia dormido nada naquela noite.

A bolsa dela vibrou. Ela acordou de sopetão, me encarou como se eu fosse o culpado (como sempre!) e leu a mensagem. Depois riu e me mostrou.

Tô vendo essa zoeira aí!

Manda oi pro Heath :3

— A

— Audrey assiste muito Pretty Little Liars — Serena deu de ombros.

— Muito o quê?

Ela revirou os olhos.

— Você tem muito a aprender.

Serena

Voluntariamente ou não, Heath me lançou um sorriso irritantemente sedutor.

Se bem que, ultimamente, qualquer sorriso de Heath era irritantemente sedutor.

— E você vai me ensinar? — sussurrou ele com sua voz meio rouca.

Maldito. Um arrepio percorreu minha espinha. Maldito!

— Você está tornando essa coisa de ficar perto de você muito difícil — confessei, mas tentei soar casual.

— Eu?! Você se olha no espelho, por acaso?

Aquilo era um elogio? Soava como um elogio. Merda, Seeler. Golpe baixo.

O que diabos estávamos fazendo?!

Encostei minha cabeça no ombro dele.

— Você é meu travesseiro agora.

— Argent, eu...

— Travesseiros não falam.

Ele sorriu.

—... Travesseiros não sorriem. Boa noite.

— Boa noite. Sonhe comigo — ele piscou. Maldito!

— Seeler, travesseiros calam a boca.

— Mas eu não sou um travesseiro qualquer. Eu sou o seu travesseiro.

Quer jogar, Seeler? Então vamos jogar.

— O Chad seria um travesseiro bem melhor.

Ele se mexeu quase imperceptivelmente.

— E eu com isso?

— Só estou dizendo.

— Então vai lá com o bonitão de olhos verdes, eu não vou sentir sua falta.

— Então por que ainda está segurando minha mão?

Heath não a soltou.

— O que quero dizer é — fitei-o, com um sorriso travesso nos lábios. — Não faça joguinhos com uma garota que sabe jogar melhor. Boa noite, Seeler.

Heath

Flertar. Está aí algo que era parte de mim. Eu flertava com garotas aleatórias o tempo todo, apenas pelo simples prazer de receber aquele risinho afetado ou um sorriso acanhado.

Eu nunca havia flertado acidentalmente com Serena porque estava muito ocupado respondendo aos xingamentos dela ou convencendo a mim mesmo de que a odiava, mas agora já não era exatamente assim.

E também não queria apanhar. Mas flertes sempre pulavam para fora de minha boca, o que já me trazia bastante problema no Céu. Eu apenas não controlava o quanto um sorriso ou uma palavra gentil eram vistos como algo mais.

Parece uma explicação razoável para o que acabara de acontecer com a Serena? Porque para mim não parecia. Não parecia nem um pouco.

— Ei — sussurrei para ela depois de um tempo. — Acabou, já podemos dar o fora.

Eu tinha quase certeza de que ela havia acordado, mas continuava fingindo estar dormindo.

— Argent. Acorda.

Nada.

— Serena... — tentei, e percebi o leve arrepio que ela havia sentido. Beijei sua testa. — Vamos, vai.

Quase todo mundo já havia saído do auditório. Beijei sua bochecha. Quando ela virou a cabeça, tirei o ombro e ela quase bateu com a cabeça no banco.

— Filho da puta! — berrou.

Não consegui conter uma crise de risos, e ela apenas me encarava com um biquinho irritado.

— Que fofa — provoquei.

Chamar Serena Argent de fofa era pedir para ter a cara arrastada no asfalto.

— Afinal, por que você levantou a mão naquelas perguntas? Eles podem ligar para a sua mãe, sabe — perguntei, genuinamente curioso.

Ela soltou um riso.

— Bem, primeiro que eles precisam ir a um centro espírita para ligar para a minha mãe. E outra, eu não fico fingindo ser algo que eu não sou, Seeler. Bebi, bebi mesmo. Não vou mentir. E daí? As pessoas vão me julgar de qualquer jeito. E elas têm motivos bem melhores do que cerveja, pelo amor de Deus — ela revirou os olhos. — Além do mais, os corajosos movem montanhas.

Sorri.

— E os espertos encontram alguém para fazer isso em nome deles — repliquei.

Ela acenou levemente com a cabeça, como se não quisesse me dar aquele ponto, mas tivesse de reconhecer.

— Argent! — berrou o coordenador, que eu nem percebera que ainda estava lá. Ele se aproximou de nós, e por um momento achei que fosse nos censurar, mas ao invés disso apenas abriu sua pasta e entregou um papel à Serena. — Parabéns, srta. Argent, mas isso não quer dizer que possa perder aulas. E você, sr...

— Seeler — completei.

— Seeler. Eu deveria decorar esse nome? Vai me causar problemas?

— Qual é, Rick. Andando comigo? — ela abriu um sorriso angelical. — É claro que não.

— Argent, eu já disse para não me chamar de Rick.

— Ah, beleza então, Rick — ela sorriu mais uma vez e me puxou quase alegremente para fora do auditório.


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