Um Anjo (quase) Caído escrita por Gaby Molina


Capítulo 1
Capítulo 1 - Uma tarefa para não cair


Notas iniciais do capítulo

Olá :3 Espero que gostem e acompanhem... É sempre bom saber o que vocês estão achando, e o que acham que poderia melhorar... Enfim.



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Heath

Cair do céu deve doer para caralho, porque qualquer erro é motivo para um sermão de "Vamos te jogar lá embaixo, seu otário".

Certo. Anjos não falam "seu otário". Geralmente usam alguma gíria impronunciável em latim, mas duvido que signifique alguma coisa muito diferente.

Existe um corredor nos Céus chamado de Corredor das Indulgências, ou, como meu amigo Damien gosta de chamar, Corredor Você Se Fodeu.

Ou apenas Corredor do Heath. Enfim. Quando um anjo teoricamente desobedece alguma das zilhões de leis angélicas escritas há milhares de anos, ele vai parar nesse corredor, e fica esperando sentado em uma cadeira de plástico miserável até ser chamado.

Cair do céu deve deixar o traseiro menos dolorido do que essa droga de cadeira. Devia ser um treino, já que aquele corredor era o aviso final antes da queda.

— Heath Seeler — chamou Caius, meu supervisor. Caius era um anjo completo, mas um dos únicos que não faziam questão de sair exibindo suas grandes asas por aí. Sempre as mantia invisíveis.

Anjos tinham esse poder. Tinham vários poderes, na verdade, desde que não fossem contra nenhuma das zilhões de leis. Pensando bem, não sobravam tantos poderes assim.

Mas ouvi falar que eles podiam convocar queijo. Então devia valer a pena.

Sentei-me na cadeira em frente a Caius. Havia uma mesa entre nós, o que fazia com que eu me sentisse como um aluno delinquente na sala do diretor.

A função de Caius era cuidar dos Nefilim em treinamento. Ne-fi-lim. 1. Fruto do amor de um anjo caído e um mortal; 2. Eu.

Basicamente, um Nefilim tem duas escolhas: viver como mortal, ou servir aos Céus (se o seu parente celestial não tiver se ligado aos Infernos, obviamente. Nesse caso, sinto muito, problema seu).

Bem, escolha o escambau. Minha mãe me jogou aqui e aqui estou.

Quero dizer, é claro que gosto do Céu. Afinal, é chamado de Paraíso por um motivo.

— Heath — Caius começou, apoiando o queixo nos cotovelos. Ele simpatizava comigo. Bastante. Era uma das únicas pessoas que acreditava que eu tinha jeito (não que eu facilitasse muito). — Chegou aos meus ouvidos que você deliberadamente "deu em cima" de um anjo.

— Foi ela que deu em cima de mim — murmurei.

— Essa seria uma ótima desculpa, exceto pelo fato de que anjos não tem desejo sexual.

— Eu só falei que ela era bonita! Isso é crime agora?

— Talvez não, mas com a sua ficha... Quer que eu leia para você? — me encarou, apesar de não esperar uma resposta. Pigarreou e começou: — Assédio...

— O escambau!

— Estou lendo o que está escrito, Seeler, não fui eu que pus isso aqui! Assédio, fuga, desrespeito à autoridade, piadas de mau gosto sobre o Céu... Preciso continuar?

— Não — resmunguei.

— Não tenho escolha, senão punir você. E acredite quando digo que estou sendo generoso. O senhor se lembra de qual é a única coisa que anjos anciãos têm mais prazer em fazer do que chutar Nefilins para fora do Céu?

— Chutar Nefilins adolescentes para fora do Céu.

— Exatamente.

— Bando de velhos.

Ele franziu o cenho.

— Percebe que está falando com um?

— Mas, Caius, o senhor não é... velho. Tem quantos anos? 5000? Está apenas no começo da vida! — tentei consertar, sorrindo. — Pense em quantos anos Deus tem! E Ele ainda não se aposentou!

— Heath, o senhor fica bem mais seguro quanto está calado. Enfim. Vamos falar sobre a sua Redenção. Vou lhe passar uma tarefa. Como anjo da guarda.

Bati com a testa na mesa.

— Não! Isso não! Me chute logo!

Anjos da guarda eram como os mortais que fazem serviço voluntário. Você poderia gastar esse tempo fazendo uma coisa que traz muito mais benefícios, mas os verdadeiramente altruístas insistem em ser voluntários/anjos da guarda.

— Sem reclamar. É uma mortal em Nottingham, Inglaterra.

— Bleh, Europa.

— Seeler, o senhor está realmente acabando com a minha divina paciência.

— Desculpe.

— Obrigado. Serena Argent é o nome dela.

Ouvimos uma batida na porta.

— Pode entrar.

Damien Gull apareceu na porta. Ele nunca se metia em encrenca. A única coisa irresponsável que já fizera na vida fora... Bem, se tornar meu melhor amigo.

— Mandou me chamar, senhor Caius? — seus olhos verde-escuros encararam o supervisor. Os cabelos dourados estavam molhados e penteados para trás.

— Mandei, Damien. Queira sentar-se.

O rapaz o fez, visivelmente nervoso.

— Damien será seu supervisor nessa tarefa, Heath. Ele se certificará de que o senhor não quebre nenhuma regra e que execute seu trabalho com divina perfeição.

— E se falharmos? — Heath ergueu uma sobrancelha.

— Bem, então não terei escolha, senão derrubar os dois.


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