Era de tarde. O sol ainda estava forte quando ele chegou ao parque. Crianças e mais crianças brincavam com seus pais ali, no escorregador e em outros brinquedos. Mas ele não queria saber, simplesmente passou por eles sem nem sequer olhá-los. Ele vestia-se com uma camisa azul, um casaco preto, calça jeans azul-marinho e tênis Adidas branco, carregava uma mochila preta. Seus cabelos eram negros como o escuro, caiam em uma franja do lado esquerdo, seus olhos eram azuis feito o céu, sua pele era branca como as nuvens. Ele possuía um colar com o formato de um Dragão.

Foi caminhando, passando entre as pessoas. O parque não era tão grande assim, ele tinha mais ou menos uns 2 km², mas havia um local nele, que ele queria ver. Então ele continuou, seguiu em direção ao norte do parque, onde havia apenas uma grade de ferro com vista para o mar, e um banco. Ele se sentou no banco, e lá ficou.

Depois de um tempo, quando o começou o entardecer, ele olhava para os lados, como se esperasse alguém. Alguém diferente, das crianças, ou dos adultos que brincavam ali, alguém diferente, alguém especial. Mas ninguém vinha, ninguém chegava ali e se sentava ao seu lado.

Quando a noite caiu, ele se deitou no banco, as crianças todas e seus pais já haviam ido embora, ele era o único presente naquele parque. Mas ele não ligava, ainda esperava por alguém, então começou a olhar as estrelas. A lua não estava no céu naquela noite.

Depois de um tempo, ele se sentou novamente e observou o oceano, as ondas a quebrarem no mar, seus olhos azuis não tiravam os olhos daquela cena, eles pareciam tristes ao ver aquilo.

Então ele olhou em seu relógio, os dois ponteiros estavam apontados para o numero doze. Já era meia noite. Foi quando ele pegou suas coisas e se levantou. Foi até a grade, e fez uma leve oração silenciosa para as águas do mar, que levemente desapareciam com o quebrar das ondas. E, com lágrimas nos olhos, ele foi embora.

Ícaro

Ícaro acordou com um sobressalto, ele tinha esse pesadelo quase todas as noites há dois anos, já nem sabia o que fazer.

— Mãe... -Ele falou, mas logo lembrou-se de que sua mãe não estava ali.

Tanto sua mãe como seu pai eram empresários, eles viajam mundo a fora a traz de negócios. A maioria das vezes levavam Ícaro junto, mas dessa vez, acreditaram que ele já era grande o suficiente para cuidar da casa sozinho.

Ícaro se levantou de sua cama e olhou seu quarto, bom, se dá para chamar aquilo de quarto. Suas roupas estavam todas no chão, a porta de seu guarda-roupa estava aberta, e todas coisas que estavam lá dentro como perfumes e revistas estavam caídas. A televisão estava ligada e vários salgadinhos estavam espalhados pelo quarto. Ícaro nunca foi organizado, não por preguiça, mas ele meio que se sentia bem estando daquele jeito, por mais estranho que fosse. Seu quarto era meio grande, as paredes eram verdes, com vários poster de games. Havia uma janela, que dava vista direta para a cidade de Miami. Ele foi até lá e olhou. Ainda era de madrugada e as luzes da cidade brilhavam muito forte lá longe. Ele abaixou a cabeça triste, mais tarde seria o primeiro dia de aula em um novo colégio e ele não queria ir. Até por que era um colégio internato, ele só poderia ficar lá o tempo inteiro es só sairia no fim de semana. Segundo a mãe dele, era a melhor maneira de ele não se sentir sozinho.

Ícaro foi tomar uma água e lavar o rosto, seu pensamento estava distorcido. Em que mundo uma mãe acha que estar com outras pessoas substitui a falta de seus pais? Mas Ícaro não ligava, ele só queria ficar sozinho, estar com pessoas era chato para ele. Ele olhou no espelho. Seu cabelo preto caído em franja estava todo assanhado, seus olhos azuis estavam cheios de olheiras, e sua boca estava seca feito o deserto. Ele lavou seu rosto e se deitou novamente, não conseguiu dormir mais.

Eram 6 da manhã quando Ícaro começou a se arrumar para o colégio, tomou seu café da manhã e vestiu suas roupas. Uma blusa preta com listras azuis, uma calça jeans meio cortada, e sapatos vermelhos. Ele foi até o correio, onde naturalmente seus pais colocavam o dinheiro para ele poder fazer o que quisesse. Lá estava uma carta, que dentro havia 400 dólares para a semana. Ícaro pegou e foi até seu colégio.

Ele pensava consigo mesmo: "Esse será o pior dia da minha vida"

O colégio não era tão longe, ficava há umas oito quadras de sua rua, então Ícaro se dirigiu até lá a pé mesmo.

Quando chegou, o colégio era muito maior do que el imaginava, era uma construção enorme, com gigantescos portões de aço abertos. Várias pessoas entravam ali. Crianças acompanhada de seus pais, alguns adolescentes conversando, Muitas mulheres e homens com roupa de professores.

Ícaro atravessou os portões e viu o que havia lá dentro. Três prédios enormes de seis andares cada, piscinas, campos de atletismo, futebol, tênis, quadra de vólei, basquete e outras coisas que ele não conseguiu reconhecer. Andando um pouco, ele avistou uma fonte de água enorme, era linda. O chão era todo coberto de grama e vários estudantes sentavam ali e compartilhavam seu café da manhã.

Ícaro não tinha a menor ideia do que fazer, ele estava em um mundo diferente, não sabia nem aonde ir. Não havia ninguém conhecido ali.

— É... Realmente esse ano vai ser... - Antes que Ícaro pudesse terminar sua frase, ele sentiu uma mão em seu ombro e logo se virou para ver quem era

Ele viu um garoto com roupas vermelhas, e sapatos pretos, tinha cabelos assanhado e encaracolados, seus olhos eram castanho escuro. Ele tinha uma bolsa aonde parecia estar carregando livros. Ícaro sorriu, sabia muito bem quem era aquele garoto, era seu antigo melhor amigo de infância, Richard.

— Se perdeu no caminho de casa Ícaro? - Falou Richard, com um sorriso no rosto. Ícaro logo sorriu também.

— Richard! Há quanto tempo! - Ele estendeu a mão e Richard a apertou.

Richard sorriu mas logo voltou ao normal.

—Então, o que faz aqui?

—Eu estudo aqui agora seu idiota.

— No meio de março? Por...- Richard ia perguntar, mas logo sabia a resposta, ele conhecia os pais de Ícaro, e não queria que ele ficasse triste com ele. - Bem... Quer conhecer o colégio?

Ícaro assentiu e os dois foram andando, mas enquanto Richard explicava para Ícaro as coisas, ele percebeu algo, alguém parecia estar olhando para ele. Ele olhou para trás, mas quando olhou... Viu a mais bela garota que já havia visto em toda sua vida. Ela possuía longos cabelos loiros, um vestido branco com detalhes e laços, sua pele era branca feito neve, havia lindos olhos verdes brilhantes como as ondas do mar. Ícaro ficou ali, parado a encarando um pouco, ela não olhava para ele como ele imaginou, estava conversando com outras pessoas. Naquele momento ele pensou: "Talvez esse ano, não seja tão ruim quanto eu imaginei" e sorriu.