Anjo Esquecido escrita por Estressada Além da Conta


Capítulo 3
Seu mordomo, talentoso I




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– May Rin-san, tem certeza? Isso me parece um tanto... Constrangedor... – Camellia comentou olhando-se no espelho. O vestido que Maylene havia trago era de um preto azulado e chegava até os joelhos. Tinha um avental branco, as mangas eram cumpridas e cheias em cima. As botas negras ficaram um pouco grandes, mas nada grotesco. As meias eram negras. E, para a surpresa da empregada, a garota tinha o busto tão ou maior que seu próprio, mesmo aparentando ter 12 anos.

– Eu acho que você está ótima, Camellia-san! – A empregada disse animada. Finalmente teria outra mulher ali além dela! Mais um pouco e ela daria pulinhos de alegria.

– Se está dizendo... – Murmurou encabulada – Obrigada por me emprestar o vestido, May Rin-san.

– Já é a décima vez que diz isso, Camellia-san! Já disse que não deve se preocupar. – May Rin se sentia um pouco constrangida ante a educação exagerada da hóspede – Venha, vou te apresentar aos outros servos. – Pegou a mão dela, incrivelmente macia, e começou a puxa-la para fora do quarto. Camellia se deixou levar.

– Outros?

– Finny e Bard. – A moça continuou guiando-a pelos longos corredores pela mão.

A albina olhava para tudo deslumbrada. Até sentir uma tontura leve e mais uma pequenina dor de cabeça, e imagens de um lugar tão majestoso quanto aquele. Mas ao invés do sol do meio dia, os raios vinham do sol matutino. Havia camélias brancas, rosadas, vermelhas. Flores de todos os tipos espalhadas pelo caminho. Camellia tropeçou, não caindo no chão por pura força de vontade de continuar andando. A dor aumentou junto com a tontura. Apenas ouviu a voz de May Rin chamando-a. Sua visão estava turva. Sentiu seus joelhos enfraquecerem, embora lutasse para ficar de pé. Eles não resistiram muito mais. Cederam, e levaram junto certeza de logo voltar ao chão frio. Caía, e mesmo assim houve tempo o suficiente para dois braços finos a segurarem.

– Ei, a senhorita está bem? – Um menino loiro de olhos cor jade questionou preocupado. A garota em seus braços se remexeu e suspirou, piscando diversas vezes, até finalmente tudo ter seu foco de novo. Acontecido isso, simplesmente se separou dele e sorriu.

– Eu estou bem, obrigada por se preocupar.

– Finny! Que surpresa, você não a esmagou! – Outro loiro zombou, chegando perto. Parecia um chef de cozinha e estava com um cigarro na boca, mas sem acendê-lo. Ao lado dele, andava um homenzinho idoso com um copo de chá igual aos que eles usam no Japão. Ele simplesmente soltou um "Ho, ho", que não se podia saber se era um suspiro, uma fala ou uma risada.

– É que... – Finny ficou tímido – Ela parece tão frágil... Como se fosse de porcelana... – Murmurou, mas mesmo assim eles ouviram. Camellia sorriu de forma doce com a comparação.

– Obrigada, Finny-san.

– Olá, senhorita. Eu sou Bard, este é Finny, e este é Tanaka-san.

– Muito prazer, Bard-san, Finny-san, Tanaka-san. Meu nome é Camellia. Acho que Ciel já lhes explicou a situação.

– Não pode fazer isso, Camellia-san! – May Rin a corrigiu assustada – Deve chama-lo ou de Lord ou de Conde Phamtomhive.

– Mas Ciel não pareceu se importar quando eu o chamei pelo nome. – A albina replicou confusa.

Sua cabeça pendeu levemente para o lado, e o cenho se franziu. Os orbes negros olhavam os empregados num misto de curiosidade e confusão. Na verdade, Ciel não pareceu nem notar o fato, o que a deixara um tanto magoada, pois parecia que ele não dava a mínima para sua presença. Mas, bem, para um Conde, a presença de uma mera criança desconhecida como ela, entre todo o trabalho e burocracia, deveria não fazer muita diferença.

– Camellia-san, aposto que sua flor preferida é a camélia! – Finny declarou de repente.

– Sim, camélias brancas são minhas favoritas, apesar de eu amar toda e qualquer flor! Finny-san, você sabia que o significado de camélias brancas é "beleza perfeita"? – Camellia suspirou mentalmente, agradecida pela mudança de assunto. Ficar remoendo coisas não era algo bom de fazer, de acordo com sua filosofia.

– É?

– Sim! E camélias vermelhas significam "reconhecimento". As camélias rosadas... "Grandeza da alma", se não me engano...

– Uau! A senhorita sabe muito sobre as flores. – Bard observou.

– Posso não me lembrar de muita coisa, mas ao menos isso eu sei.

– No jardim há algumas rosas brancas... – A jovem de cabelo vinho comentou, admirada.

– "Pureza, silêncio, paz" é o que significam. Deixe-me adivinhar... Finny-san, você é o jardineiro!

– Sim! Apesar de Sebastian-san cuidar das plantas mais delicadas como as flores do Jovem Mestre.

– Então você é meu herói, Finny-san! Ser capaz de cuidar de toda a vida do lugar... Que trabalho lindo! – Camellia exclamou com os olhos brilhando, inflando o ego do jardineiro.

– Seria mais lindo se estivesse feito. – Sebastian replicou, saindo de Deus sabe lá onde. Ele estava com uma sobrancelha erguida, o que fez Camellia sentir um pouquinho de inveja, pois sempre tivera vontade de fazer isso, mas nunca conseguira.

– Sebastian, de onde você surgiu? – O cozinheiro questionou assombrado. Como podia uma pessoa tão alta sumir e aparecer tão rápido, parecendo assombração?

– Da cozinha, que é, aliás, onde você também deveria estar. May Rin, acho que agora Camellia-san pode se arranjar sem tanto auxilio. Finny, não se esqueça das ervas daninhas. Se vocês têm tempo para conversar, têm tempo para trabalhar. – Lançou para eles um olhar cortante.

– S... Sim, senhor! – Os três berraram e saíram correndo. Já Tanaka simplesmente começou a andar, ainda tomando o seu chá.

– Perdoe-me pelo incômodo. Eles parecem siameses, estão sempre juntos.

– Não é incômodo algum. Pelo contrário, é divertido. – Ela mordeu o lábio inferior e começou a acariciar o anel. Sebastian já havia percebido que ela fazia isso quando estava nervosa. Mas por qual motivo estaria nervosa? – Sebastian-san... Você pode me levar até... As rosas? Finny-san disse que são lindas.

– Claro, Camellia-san. Por aqui.

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– Então... Como no mundo as coisas acabaram assim? – Sebastian questionou olhando para o estrago que Finny, May Rin e Bard haviam feito. Falando nos três, eles estavam desesperados tentando se desculpar.

– Achei que daria mais resultado se eu usasse os herbicidas diretamente no jardim... – Finny explicou, com medo.

– Achei que deveríamos usar o conjunto de chá que preparamos para os convidados, mas caí e todos se quebraram... – May Rin revelou.

– Tinha carne crua sobrando e achei que devia prepara-la. Então, com meu lança-chamas... – Bard esclareceu. Seu cabelo loiro parecia uma bola.

Eles ficaram em silêncio por algum tempo. Camellia observava tudo com divertimento óbvio. Seu olhar de dirigiu ao senhor que tomava chá. Uma ideia lhe veio à mente. Ouviu May Rin e Finny pedirem perdão para Michaelis, e Bard reclamar, mas não prestou atenção. Estava concentrada em ver Sebastian olhar o relógio e, pelas feições dele, a notícia não era muito boa. Uma das mãos enluvadas apoiava o queixo, e o cenho estava franzido, completando a imagem. A menina se adiantou e tocou o braço dele com suavidade. Ele a fitou com os olhos escarlates, fazendo uma pergunta muda. A albina foi até Tanaka e pediu o copo dele emprestado. Conseguiu. Então deu o copo para o mordomo Ele fitou o objeto por alguns segundos, até entender todo o plano.

– Ótima ideia, Camellia-san. – Voltou-se para o trio que ainda pedia desculpas/reclamava – Pessoal, por favor, ouçam o que digo e ajam imediatamente como eu instruir. – Mostrou o copo de chá – Vamos contornar isso de alguma forma.

– Tem algo em que eu possa ajudar?

– Não se preocupe, Camellia-san. Nós podemos dar conta. – Ele respondeu.

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– Conde, seu convidado vai chegar a qualquer momento. – Camellia alertou para o garoto que a fitava por detrás da mesa do escritório.

– Isso pode esperar um pouco. Quero saber o que a senhorita fará agora, Lady Camellia. – A menina ruborizou e acariciou o anel rubro. Ciel ergueu uma sobrancelha. Ótimo, mais um que conseguia fazer isso.

– Não sei... Talvez arrumar um trabalho...

– Onde?

– Não sei. Eu preciso ir para algum lugar onde não me encontrem.

– Não pretende se vender, não é mesmo?

– Eu não vou me tornar uma prostituta, se é isso que passou na sua cabeça. – Respondeu indignada – Não me importa o quanto elas recebam.

– Há outra opção... – Declarou, e ela entendeu de imediato.

– Não, Conde. Isso pode trazer problemas para vocês. Eu nem sei direto quem ou porque estão me perseguindo. O senhor já foi bom demais para mim... – Ciel abriu a boca para replicar, porém foi interrompido pelas batidas na porta e o chamado de Sebastian, dizendo que o convidado estava chegando.

– Eu já estou cheio de problemas. Três deles, ou melhor, quatro trabalham para mim agora mesmo. E a senhorita não será um problema, Lady Camellia.

– M... Mas... – Gaguejou, procurando argumentos para convencer o Conde a deixa-la ir, porém o próprio interrompeu sua busca. Ele se levantou e andou calmamente até a albina, parando em frente a ela.

– Está decidido, agora a senhorita é minha hóspede até resolvermos essa situação. E eu não aceito "não" como resposta.

– Mas... – Camellia tentou argumentar, no entanto o olhar firme e a certeza nas palavras dele fizeram-na mudar de ideia – Se não for incômodo para o Conde... – Disse. Nunca iria admitir que Ciel houvesse conseguido lhe convencer por completo. Ainda era orgulhosa, apesar de tudo.

– Ótimo. Pedirei a Sebastian para cuidar de seus aposentos mais tarde. – Comentou se dirigindo para a saída.

– Fico agradecida por sua gentileza, Conde. – Agradeceu cordialmente. Phamtomhive se virou assim que chegou ao seu destino, encarando bem os olhos negros.

– Incômodo é o modo como você me chama. – A garota congelou. Ele acabara de se dirigir a ela sem usar "senhorita".

– M... Mas você é o Conde!

– E não quero ser lembrado disso a cada minuto da minha vida. Eu já sei que sou o Conde, ninguém precisa repetir. Muito menos você, Camellia. – O próprio Conde se assustara pelo fato do nome dela ter saído de forma serena e... Afável. Porém não ia voltar atrás em sua decisão. Notou, com diversão, sua hóspede corar. O tom rosado era intensamente ressaltado graças à pele clara – Melhor eu ir. – Dito isso, foi-se embora. Se ficasse muito tempo ali, tinha certeza de que acabaria perdendo a pose de "mestre do jogo". Perto de Camellia, até mesmo um leão ficaria manso.

– Obrigada, Ciel.


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Notas finais do capítulo

(30/08/15, 12:30)



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