P.O.V. Luke

Os corpos ainda estavam sendo recuperados da tragédia, e o de Annie estava tentando voltar á Terra.

Ela teve que deixar a casa de Thalia e ir pra casa de uma tia, pois estava muito triste. Eu levei ela e depois fui pra casa.

- Pai - digo pro meu pai que está atirado na frente da TV assistindo Two And A Half Men.

- Luke - ele responde acenando com a cabeça.

- Soube o que aconteceu?

- Hum?

- O pai da Annabeth morreu - falo.

- Ah - ele olha pra mim. - Sinto muito.

- Pois é - digo com as mãos no bolso da calça enquanto fico na ponta dos pés -, eu também. Mas fazer o que né?

- É...

- Boa noite, pai.

- Boa noite.

Fui pro quarto, tomei um banho pra tentar aliviar os problemas, não deu certo. Me visto para dormir e, assim que deito, checo o celular e vejo uma mensagem:

Vem aqui. Sério, não tem problema. Eu abro a porta pra você.

Então, outra:

Estou triste demais pelo que aconteceu com a Annie.

E, por fim:

Ah, é a Thalia.

Me arrumo de novo e saio pela porta de entrada.

- Luke? - meu pai pergunta, acordando.

- Sim? - me viro pra ele. - Vou pra casa de Thalia. Ela me chamou.

- É? - ele pergunta. - Nem vai secar o cabelo?

Reviro os olhos e começo a rir um pouquinho, ele também.

Pego o meu carro e vou até a casa dela o mais rápido possível. Quando estaciono na frente da casa, ligo pra ela.

- Oi.

- Oi - ela responde.

- Tô aqui na frente.

Ela desliga e só vejo as luzes da casa sendo acesas conforme ela vai passando: Apenas uma sobra com os cabelos atados em um coque no topo da cabeça e um rastro de roupão enorme.

Ela abre a porta e me abraça, eu só retribuo. Quando nos soltamos, ela me olha e diz:

- Isso está me machucando.

Ela está chorando. Nunca achei que viveria para ver essa cena.

- Annie... O pai dela... Tudo!

Abraço ela de lado e entro na casa, sem convite dessa vez. Bato a porta que está agora atrás de nós. Ela me leva pro quarto dela. Sento na cama e logo depois, ela senta ao meu lado.

- O que está acontecendo? - pergunto.

- Eu também soube por terceira pessoa da morte da minha mãe.

Seco as lágimas dela. Depois abraço-a.

- Sinto muito, o.k.?

- O.k. e sentir muito não mudam meus sentimentos!

- Mas minhas palavras, sim! - falo brincando.

Ela liga a TV e se arrasta pra trás, ficando escorada na cabeceira. Estende a mão pra mim e eu ofereço a minha, mas como sei que ela não via conseguir me puxar pra lá, me arrasto ao lado dela. Passo o braço por trás do pescoço dela tocando seus ombros, ela está vidrada na TV.

- Que merda de programa é esse? - pergunto. 

Ela dá de ombros.

- Passa a noite aqui, comigo? - ela ainda está olhando pra TV.

- Claro.

Thalia se vira e me abraça. Puxo-a pra cima de mim. Dessa vez, é ela que me surpreende com um beijo. Ela se joga pro outro lado.

- Eu... - começa ela. - Só quero que esses problemas acabem logo.

- Eles não são seus - digo passando o dedo pela bochecha dela.

- Mas é como se fossem.

- Seriam mais meus do que seus - retruco.

Ela ri histericamente e depois, séria diz:

- Não.

Nos beijamos outra vez. Tentamos esquecer Annie, por um lado, dá certo.

...

Acordo com frio.

São cinco da manhã e estou com muitos cobertores, mas sinto uma pontada em minha perna. É só o pé gelado de Thalia.

Ela está destapada e tremendo, o roupão quase fugindo de seus ombros. Passo um pedaço do cobertor pra ela e volto a dormir.