Inocência Insana escrita por duuhalbuquerque


Capítulo 12
Capítulo Final: Insanidade




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         Shirou e Kaoru conversavam na varanda da casa de seu pai.

Ambos pareciam cansados com os últimos acontecimentos.

A noite estava fria, a neblina cobria parcialmente a lua cheia. Érika observava os convidados da porta de sua casa. Shirou, percebendo a presença da garota, a cumprimentou.

 

      – Érika... Também perdeu o sono?  – Brincou o rapaz.

      – Como vou conseguir dormir com dois intrusos dentro de minha casa? – Repudiou a garota.

      – Do que está falando? Nós não somos nenhum intruso, ele é seu irmão! – Kaoru retrucou.

      – Irmão? Da noite pro dia aparece dizendo ser filho do meu pai, e só por causa disso já se considera meu irmão? – Érika falou, junto de um sorriso debochado.

      – Deixe de ser idiota... – Kaoru novamente atacou.

      – Se vocês acham que vão roubar tudo que é meu e do meu irmão, estão enganado, muito enganado... – Logo em seguida a garota loira novamente entrou para sua casa.

 

         Kaoru e Shirou se entreolharam ainda assustados com a reação da meia irmã do rapaz.

      – Acho que devíamos ir embora desse lugar... Você já conheceu seu pai... – Disse Kaoru, abraçada ao braço de seu namorado.

 

Dois dias depois...

 

 

         Shirou terminava de conversar com seu pai.

 

      – Já vão? Mas por que tão cedo? – Indagou o homem.

      – O que tínhamos pra fazer aqui já fizemos, além do mais precisamos resolver algumas coisas no Japão...  Shirou disse, olhando Érika de longe.

      –... Tudo bem! Se prometerem voltar aqui mais vezes... – Sorriu o pai de Shirou.

 

 

 

...

 

         Misaki continuava deitado na cama olhando o teto. A noite era linda, e por isso, Yushiro e Kamui decidira sair para andar. Como era de se esperar, Misaki preferiu ficar no quarto. Não conseguir entender aquele sentimento que crescia a cada dia por Tenshin, talvez fosse um idiota em sentir aquilo. Havia mandado diversas mensagens para o rapaz, e nenhuma fora respondida. Era claro e evidente que Tenshin queria apenas sexo.

 

      – Sou um idiota! – Pensou em voz alta, mas logo foi interrompido pela porta.

      – Quem será? Yushiro esqueceu a chave? – Falou pra si mesmo, se levantando em seguida.

 

Ao abrir, se deparou com o menos provável. Um homem de cabelos negros bagunçados, lindos olhos verdes e trajando uma jaqueta preta o observava de pé.

 

      – Te... Tenshin san! – Surpreendeu-se, deixando evidente sua felicidade ao abrir um discreto e tímido sorriso.

      – Posso entrar? – Tenshin sorriu, entrando logo depois.

      – Como descobriu onde eu estava? – Perguntou Misaki, enquanto trancava a porta.

      – Perguntei ao homem que trabalha na portaria do hotel... – Comentou, sentando-se na cama a direita do quarto – Tem algo pra beber ai? Uma cervejinha?

      – Tenshin san... Isso aqui é um passeio de colégio... Não tem cerveja! Mas tem refresco, aceita? – Misaki disse.

      – Ah, sim... Claro que aceito – Kusanagi sorriu.

 

Misaki logo trouxe um copo de refresco de uva para Tenshin com dois cubos de gelo.

Tenshin agradeceu ao terminar a bebida.

 

      – Ah, gostei de suas mensagens... – Tenshin comentou, ao colocar o copo sobre uma mesinha ao lado da cama.

Misaki corou com o comentário – Desculpa, Tenshin san... Caso eu tenha sido inconveniente... – Desculpou-se, inclinando a cabeça para baixo envergonhado.

      – Você realmente gosta de mim, não é mesmo? – Kusanagi interrompeu o garoto.

      – Por quê? Não deveria?  – Misaki retrucou, ainda envergonhado.

 

         Tenshin puxou Misaki pela mão, o beijando assim que seus rostos encontraram-se.

O garoto, mesmo assustado com a situação, retribui o beijo. Ambos deitaram-se sobre a cama. Kusanagi tirou sua blusa, e logo despiu Misaki. Logo iniciou seus beijos pelo pescoço e tórax do garoto. Acompanhado de leves mordiscadas em seus mamilos.

 Misaki soltava discretos gemidos. Logo Tenshin deixou Misaki completamente nu. O membro do garoto pulsava, tamanho era sua excitação. Kusanagi sorriu maliciosamente ao ver o estado do pênis do garoto.

Após segurar o membro de Misaki, passara de forma delicada sua língua sobre a glande do membro. Em seguida enfiara todo o pênis do garoto em sua boca, começando junto uma masturbação lenta e excitante.

Misaki apenas gemia com toda excitação que percorria seu corpo.

 

–         Tenshin... Tenshin san! Por favor... – Misaki falava entre gemidos – Agora é minha vez!

 

Misaki virou-se por cima de Tenshin. Começara então a passear com sua língua por todo o corpo definido de seu amante. Abrira o zíper da calça de Kusanagi lentamente, baixando-a de vez logo depois. Agora Tenshin estava apenas de cueca boxer vermelha. O volume de seu membro deixava claro que o mesmo estava extremamente excitado, deixando Misaki surpreso com o tamanho do pênis do rapaz.

O garoto deu o mesmo sorriso pervertido que Kusanagi, logo depois dera algumas leves mordidas sobre o membro de Tenshin, que ainda estava guardado sobre a cueca.

 

      – Quero sentir seu gosto, Tenshin san... – Logo após esse comentário, abaixou de vez a cueca do rapaz.

 

O pênis de Tenshin pulara pra fora, extremamente excitado. Era maior do que Misaki imaginava, e aquilo o deixava mais excitado. Sem hesitar, colocara todo o pênis de Kusanagi em sua boca, começando um processo de sucção. O chupava, enquanto com uma de suas mãos masturbava Tenshin.

Tenshin segurava os cabelos de Misaki, empurrando a cabeça do garoto contra seu membro.

Após alguns minutos, Misaki voltou até Tenshin, dando-lhe um beijo.

 

      – Agora quero você dentro de mim, Tenshin san... – Misaki pediu, deixando transparecer um sorriso tão malicioso quanto de Kusanagi.

 

O garoto encaixou com a mão o pênis de Tenshin dentro de si. E aos poucos, o membro de Kusanagi entrava por completo em Misaki. Lentamente Misaki começara a subir e descer, como se estivesse cavalgando por cima de Tenshin. Mexia seus quadris enquanto o pênis de Tenshin continuava dentro de seu ânus. Agora os gemidos de ambos se tornavam cada vez mais intenso. Suas roupas permaneciam largadas sobre o chão.

E o ritmo das cavalgadas de Misaki se tornavam mais fortes, o que enlouquecia Tenshin de prazer. Kusanagi, enquanto tinha seu pênis comprimido pelo ânus do jovem, o masturbava lentamente.

Até que Misaki deitou-se ao lado de Tenshin, ainda com o membro do mesmo encaixado dentro de si. Mudando agora de posição. Tenshin era quem comandava o sexo agora.

O mesmo começara as estocadas em Misaki, fazendo o mesmo gemer alto em quase seu ápice.

 

      – Vai, Tenshin san... Vai... Isso é muito bom! – Falava Misaki entre gemidos.

 

E depois de mais alguns minutos de sexo, Misaki gozou, espirrando sobre a parede a sua frente. Ao ver o garoto atingir seu orgasmo, Tenshin gozara dentro do mesmo. O liquido quente e branco aos poucos escorria entre as pernas de Misaki. Ambos jogaram suas cabeças sobre o travesseiro.

Misaki virou-se para Tenshin e soltou um sorriso satisfeito.

 

      – Eu amo você! – Disse Misaki, deitando sua cabeça sobre o peito de Tenshin.

 

Kusanagi sorriu, enquanto acariciava os cabelos castanhos do garoto.

 

      – Melhor eu me arrumar, Yushiro pode aparecer a qualquer momento... Não é mesmo? – Disse Tenshin.

      – É verdade... Posso lhe pedir uma coisa, Tenshin san? – Falou Misaki, sentando-se sobre a cama ainda completamente nu.

      – Peça o que quiser... – Tenshin disse, dando um beijo carinhoso em Misaki.

      – Me leve embora daqui

      – Como assim? Não está gostando do passeio? – Perguntou Kusanagi, enquanto vestia-se.

      – Sinceramente? Estou odiando... Tirando essas ultimas horas que tivemos, não gostei de nada! – Brincou Misaki, ficando de pé na cama e abraçando Tenshin pelo pescoço.

      – Tudo bem... Então se veste logo, ou quer ir pelado? – Tenshin brincou, deixando um sorriso simpático em seu rosto.

      – Baka! – Misaki retribuiu o sorriso, descendo da cama em seguida e começando a pôr suas roupas.

 

 

         Alguns minutos se passaram, até que a porta do quarto se abre.

 

      – Maninho? – Se assustou Yushiro, ao ver Tenshin – O que faz aqui?

      – Yushiro... Eu? Err... Vim ver como estava o passeio de vocês, Misaki disse que está curtindo bastante! – Escapou Kusanagi.

 

Yushiro estava acompanhado de Kamui. O irmão de Tenshin ainda não entendia o motivo da visita. E logo percebera Misaki arrumado.

 

      – O que está fazendo, Misaki? Vai embora com meu irmão? – Indagou.

      – Sim... Não estou gostando desse passei, e tenho algumas coisas pra resolver lá em casa! – Misaki comentou, terminando de colocar suas blusas na mala – Espero que não fique chateado, Yu...

      – Estou entendendo nada, mas tudo bem... – Yushiro continuava olhando Tenshin e seu melhor amigo perplexo.

 

O celular de Misaki tocou, mas antes que pudesse dar seu segundo toque, o garoto desligou o aparelho.

 

 

...

 

Três dias depois...

 

 

          Poucos médicos faziam plantão àquela hora da noite no hospital.

Algumas salas estavam apagadas, e apenas alguns enfermeiros passavam pelos corredores. Uma sombra parecia observar um dos quartos do hospital.

Pela silhueta, era fácil perceber que se tratava de uma pessoa. O misterioso indivíduo se aproximou aos poucos do quarto, ao verificar que ninguém passava por ali, entrou no mesmo. Avistando a pouca distancia a empregada de Sayu, que permanecia com diversos aparelhos que a deixava ainda com vida.

 

 

...

 

         O detetive Seichiro acabara de chegar ao apartamento de Amily.

A irmã de Tenshin não ficara surpresa com a visita, pois o mesmo estava sempre por ali.

 

      – Qual o motivo de sua visita agora, senhor detetive? – Perguntou a mulher.

 

Amily vestia um ousado vestido preto. Deixando em contraste com seus cabelos ruivos.

Como sempre, seu apartamento continuava desorganizado.

 

      – Houve mais um assassinato... A empregada de Sayu foi morta na noite passada, acredito que o assassino esteja tranqüilo agora, pois não há nenhuma testemunha que o acuse! – Seichiro predisse.

      – Acho que novamente preciso de um álibi, não é mesmo? – Deduziu a irmã de Tenshin.

      – Sim...

      – Ontem foi um dia bem comum pra mim, eu e minha amiga Bella ficamos em casa assistindo um filme... Nada demais – Amily falou, enquanto ascendia um cigarro.

      – Pode perguntar a qualquer visinho, não saímos o dia todo de casa! – A amiga Amily acabara de sair da cozinha segurando uma xícara, que pela fumaça que deixava escapar, parecia ser café ou outra bebida quente.

Bella era uma jovem garota de cabelos loiros curtos. Era bonita, e tinha

      – Conversarei com os visinhos... – Seichiro avisou, levantando-se da poltrona em seguida, e logo depois saindo do apartamento.

 

         Depois de alguns minutos, Amily e sua amiga permaneceram em silêncio após a saída de Seichiro.

 

      – Acho que não dá mais pra esperar, não é mesmo? – Proferiu Amily, olhando sua amiga sentada.

      – Não... Precisamos fazer isso agora, antes que o cerco contra nós se feche de uma vez... – A loira disse – Ligue pra ele... – A mulher deu um celular para Amily.

 

 

 

Alguns dias depois...

 

 

         Yushiro conversava com sua amiga Kaoru no quarto de Shirou.

 

      – Deve ter sido emocionante ver seu pai verdadeiro, não é? – Comentou Yushiro.

      – É, mas vejo que meus pais mesmo são esses... Mesmo eles tendo mantido esse segredo por tanto tempo! – Shirou comentou.

      – Verdade... Mas vocês me disseram que tinha uma surpresa pra mim... Estou curioso! – Yushiro brincou.

      – Eu queria contar pra você e pro Misaki... Mas como ele não atendeu meus telefonemas, vou falar primeiro pra você! – Kaoru criou suspense.

      – Fala logo, está me deixando nervoso! – O moreno brincou novamente.

      – Estou grávida! – A oriental respondeu, acariciando logo em seguida sua barriga.

 

Yushiro surpreendeu-se com a noticia. Abraçou Kaoru e a parabenizou de forma afoita.

 

      – Meu Deus! Não acredito, vou ser titio! – Yushiro gritava comemorando.

      – Titio e padrinho! Você e Misaki – Shirou completou.

 

Yushiro deixou algumas lágrimas descerem de seu rosto. Logo em seguida sorriu, sentando-se na cama novamente.

 

      – Sua mãe brigou muito? – O garoto perguntou a Kaoru.

      – Como qualquer mãe... Sei que o que fizemos foi irresponsabilidade nossa, mas agora devemos arcar com as conseqüências... – Falou Kaoru, dando um beijo em seu namorado em seguida – Agora me fale de você, senhorzinho... Ficamos sabendo que você e Kamui estão se entendendo muito bem, não é? – Kaoru soltou um sorriso malicioso após o comentário.

      – Misaki fofoqueiro! – Reclamou envergonhado Yushiro, torcendo os lábios.

      – Deixa de ser bobo, a gente sabia que isso ia acontecer uma hora! – Relembrou Shirou, sentado sobre a cama junto de sua namorada.

      – Enfim, vou deixar os pombinhos a sós... Irei embora, nos falamos amanhã – Yushiro despediu-se logo em seguida.

 

...

 

         Yushiro caminhava pela calçada de uma das ruas mais movimentadas do local. Estava indo para casa de Kamui, havia combinado com o mesmo de passar por lá. O dia estava lindo, eram incomuns dias tão quentes como aquele. As nuvens estavam extintas no céu azul. Mas algo assustou o garoto próximo a casa de seu namorado. Havia diversas pessoas em frente, entre essas pessoas, policiais. Yushiro correu até o local, tentou passar entre os visinhos fofoqueiros, mas não conseguiu. Só pôde observar uma mulher sentada sobre a calçada chorando.

 

      – O que houve? – Perguntou ele a uma mulher enxerida que observava tudo.

      – Não soube? Um homem bêbado tentou agredir a esposa e o filho o matou com uma facada no peito! – A mulher respondeu.

      – KAMUI!  – Logo veio a mente de Yushiro – Isso não pode está acontecendo! – O garoto pôs suas mãos sobre a cabeça, acreditando que tudo aquilo podia ser apenas um pesadelo – E onde está o garoto que fez isso? – Novamente indagou.

      – Fugiu... – A mulher respondeu, voltando logo depois a conversar com outra fofoqueira ao lado.

 

Yushiro permanecera em choque, mas um toque em seu celular o trouxe de volta a realidade. Ao pegar o aparelho, viu uma mensagem.

 

Yushiro, a essa altura já deve saber o que aconteceu.

Precisei fugir, eles me fariam mal se eu continuasse ai.

Espero que me entenda e me perdoe, até um dia...

 

Kamui

 

         Algumas lágrimas desceram dos olhos de Yushiro após a mensagem. A imagem de Kamui vinha a sua mente. Olhou a mulher suja de sangue sentada sobre a calçada. Novamente mais algumas lágrimas escorreram sobre seu rosto.

 

 

         Alguns dias se passaram desde o acidente com Kamui. Yushiro não era o mesmo desde então. Apenas ficava em casa, entregue a escuridão de seu quarto.

Na sala, Tenshin assistia televisão enquanto degustava de um vinho tinto. Um toque de seu celular o interrompeu, ao pegar o aparelho, percebera que era um numero bloqueado. Mesmo achando estranho, decidira atender.

 

      – Alô?

      – Kusanagi... – Uma voz feminina começara a falar.

      – Amily... O que você quer agora? – Disse Tenshin logo ao reconhecer a voz de sua irmã.

      – Eu quero apenas que me ouça... Venha ao galpão Dark Box com quinze mil dólares! Essa noite, e agora! – Amily falou.

      – Está brincando comigo, não está? – Tenshin falou, logo após gargalhar.

      – Quando vier, e vê o que tenho aqui comigo, verá que não é uma brincadeira... Acho melhor você vir, caso contrário pode se arrepender pelo resto de sua vida... – Amily ameaçou.

      – Do que está falando? – Tenshin nunca ouvira Amily tão ameaçadora como naquele dia, não sabia por que, mas sentia que ela não estava blefando.

 

Logo depois a mesma desligou. Kusanagi saiu, e após meia hora voltara com uma maleta preta em mãos. Pegou a chave de seu carro sobre a mesa e caminhou até a saída de sua mansão.

 

      – Tenshin? Aonde vai essa hora? – Perguntou Yushiro descendo as escadas.

      – Resolver algumas coisas... Não se preocupe!

      – Eu vi você falando no celular... Era a Amily, não era? – Yushiro conhecia bem seu irmão, alguma coisa atormentava Tenshin.

      – É, não tem como mentir pra você... Vou me encontrar com ela, ela parece ter algo muito importante a me dizer! – Tenshin abrira a porta de seu conversível preto que se encontrava na garagem, mas logo foi interrompido por Yushiro, que o seguia.

      – Por que vai se encontrar com ela? Ela é perigosa... Além do mais, toda a vida ela só sabe blefar, e tentar o máximo nos atingir e destruir nossas vidas! – Retrucou o garoto.

      – Esse é o problema... Ela não parece blefar agora, parece decidida! Se eu não fizer o que ela quer agora, não sei do que será capaz... Tenho medo que tente algo contra você!

      – Tenshin? Nunca te vi com medo dela... O que está me escondendo? Tem algo a ver com a morte daquela mulher, não tem? – Yushiro começara a se assustar.

      – Yushiro, por favor, me deixe ir resolver isso logo!

      – Tudo bem... Mas eu vou com você! – Contestou Yushiro.

      – Não. Você não vai! Não quero que corra perigo... Isso é assunto meu e dela – Kusanagi retrucou.

      – Assunto seu e dela? Ela também é minha irmã, e você agora é tudo o que tenho! Não adianta, EU VOU! – Yushiro se exaltou, deixando seus olhos a lacrimejarem.

 

Tenshin colocou a mão sobre a cabeça. Parecia relutante, mas não via outra saída.

 

      – Tudo bem... – Respondeu Tenshin, entrando no carro em seguida com seu irmão.

 

...

 

 

         A noite estava chuvosa. Relâmpagos iluminavam o crepúsculo de Tóquio.

As avenidas da cidade mais movimentada do País estavam entregue a tempestade. Poucos carros se viam passando, e por esse motivo, poucos respeitavam os semáforos.

         Após alguns minutos, chegaram até o galpão Dark Box.

Era um enorme depósito desativado há mais de três anos. Estava entregue aos ratos e lixos jogados por mendigos, que faziam daquele lugar sua moradia. Os vidros das janelas estavam quebrados e cobertos por teias de aranha. As paredes deixavam transparecer enormes rachaduras, demonstrando que aquele lugar tinha seus dias contados.

         Tenshin trajava um sobretudo de couro preto, uma calça da mesma cor e blusa branca. Ele e seu irmão saíram do carro em seguida. Com um leve movimento da roupa de Tenshin, pôde-se perceber uma pistola prateada presa a sua cintura.

 

      – Por que está carregando essa arma, Tenshin? – Yushiro assustou-se, ao ver a arma de fogo.

 

Longe dali, em uma esquina escura, Seichiro, que havia seguido Kusanagi, observava tudo de seu carro.

Tenshin abriu o enorme portão de ferro do depósito, deixando se expandir um som metálico por todo o local. Logo em seguida, adentrou com Yushiro.

Assim como o lado de fora, o galpão por dentro estava completamente abandonado, entregue aos ratos e insetos.

 

      – Que lugar horrível... – Comentou Yushiro, ao ver um enorme rato correndo entre alguns papéis.

      – Não imaginei que fosse trazer meu outro irmãozinho junto... – Uma voz ecoou detrás das sombras do galpão.

 

Tenshin e Yushiro logo se exaltaram.

 

      – O que você quer, Amily? Qual o motivo de tanto mistério? – Tenshin disse, tendo sua voz ecoada pelo recinto.

      – Pela primeira vez acreditou em mim... Fez bem... Muito bem! – Amily saiu detrás das sombras.

 

A ruiva usava um lindo vestido preto logo com um decote extremamente ousado. Seus cabelos vermelhos estavam soltos sobre seu ombro direito.

 

      – Vejo que trouxe o dinheiro... – Ela disse, ao observar a maleta que Tenshin segurava.

      – Chega de conversa... Diz-me logo o que tem pra me mostrar, caso contrário, acabo com você aqui mesmo! – Kusanagi ameaçou, assustando Yushiro.

 

Perto do enorme portão, Seichiro ouvia toda a conversa, já com sua arma em mãos.

 

      – Você é um homem muito perspicaz... De modo sutil, me influenciou a matar Sayu... Disse-me que eu era uma mulher mais forte que ela e que eu não deveria temê-la... Deixando em evidência sua arma, que no caso, seria a arma que eu tiraria a vida dela! Tu não és um homem burro... Queria matá-la, tira-la do seu caminho... Ela estava te importunando, trazendo todo seu passado podre à tona... Ela era um inseto inconveniente em seu caminho... Não era? Afinal, é assim que você trata todos... Como insetos! Após torna-se um dos homens mais ricos do Japão à custa da morte de seu avô... Não gosta de se lembrar disso, não é mesmo? Mas Sayu era astuta, e, com a minha ajuda, atingiu sua ferida... Que nunca irá se cicatrizar! E você deve ter pensado... Como vou tirar Sayu do meu caminho? Lógico, matando-a! Era a saída mais inteligente e eficaz... Mas não poderia fazer isso... Afinal, se descobrissem... Você teria muito a perder, ou melhor... Teria TUDO a perder! Então... Entrava em ação um dos planos de Kusanagi... Manipular alguém para matar Sayu! Não poderia dar errado... Passou toda sua vida manipulando as pessoas, até mesmo Sayu foi manipulada por você. Todos ao seu redor são manipulados por você, são apenas bonecos sobre seu controle... Mas você se esqueceu de uma coisa... Somos irmãos, seu sangue também corre sobre minhas veias! Eu sou tão esperta, ou mais que você!

 

Tenshin e Yushiro observavam tudo.

 

      – Verdade... Conseguiu expor todo meu plano, devo lhe dar os parabéns – Tenshin respondeu, com seu sorriso irônico de sempre – Foi pra isso que me chamou aqui, afinal?

      – Não, Kusanagi... Como eu disse, fui além dos seus planos! – Amily olhou para seu lado, e detrás das sombras, saiu sua amiga Bella.

 

A mulher de cabelos loiros usava um vestido vermelho.

 

      – Bella? A nossa empregada que pediu demissão há algumas semanas atrás! – Relembrou-se Yushiro.

      – O que significa tudo isso, Amily? – Tenshin indagou.

      – Precisa tomar cuidado com as atitudes que tem em sua casa... Não é só porque está em sua mansão, que está livre dos meus olhos! – Amily iniciara suas palavras – Bella é uma amiga que conseguir colocar em sua casa, ela viu coisas que até eu me surpreendi... Como pode abusar de um garoto, Kusanagi? Que vergonha! – A ruiva sorriu.

 

Tenshin logo se lembrou de Misaki. Era verdade, Bella ainda trabalhava em sua casa quando ele e Misaki haviam se relacionado.

 

      – O que fez com Misaki, Amily? – Tenshin perguntou, tentando manter a calma.

      – Misaki? Desgraçada, acabo contigo se tiver feito algo de ruim para meu amigo! – Yushiro tentou avançar contra Amily, mas Tenshin o segurou pela blusa.

      – Eu? Sou incapaz de fazer mal contra um adolescente...  –

 

         De repente, uma sombra começara a se deslocar das sombras. Aos poucos, um rosto familiar surgia. Era Misaki. O garoto segurava em sua mão direita uma arma, seus olhos de desespero e tormento lacrimejavam.

 

      – MISAKI! – Tenshin assustou-se.

      – Eu realmente matei Sayu... Mas não teria conseguido sem a ajuda de Misaki! – Amily disse, com um sorriso em seus lábios vermelhos.

      – Do que está falando? – Perguntou Yushiro, deixando algumas lágrimas escorrerem em seu rosto.

      – Ele ama muito você, Kusanagi... Sabia disso? Eu disse pra ele que sabia de toda a verdade... Sobre o caso que vocês tinham... Ele entrou em desespero quando falei que você poderia ser preso caso eu o denunciasse! Prometi não fazer nada, caso ele me ajudasse... – Lembrou-se a irmã de Kusanagi.

      – Chantagem! Bem a sua cara mesmo... – Retrucou o moreno, ainda com seu olhar frio.

      – Ele conhece cada parte de sua casa... O fiz ir lá e pegar sua arma, que por sinal, ainda tem suas digitais... O detetive Seichiro vai adorar saber disso... E não é só isso! Misaki me fez o favor de matar a empregada de Sayu... Ela era um grande problema pra mim, e pra Misaki... Está vendo como ele é um menino prendado? – Debochou Amily.

 

         Os relâmpagos invadiam o depósito, expulsando toda a escuridão proporcionada pela noite. A tempestade deixava tudo mais sombrio. O vento violento espalhava os lixos por todos os lados, e expulsavam os ratos e outros animais carniceiros do local.

 

      – Usar um garoto para seus planos... Você consegue ser pior do que eu! – Retrucou Tenshin.

      – Não venha dar um de bom samaritano, Kusanagi... Você toda sua vida manipulou as pessoas ao seu redor, é um assassino, assim como eu e Misaki!

      – Misaki não é um assassino, apenas foi manipulado por você e fez o que mandou! E eu? Assassino...? Quem sabe? Não me envergonho de falar que sou um manipulador... Sabe por que, Amily? Por que EU posso! Eu manipulo porque me deixam manipular... Todos sentem prazer em ser manipulado por mim, eu nasci pra ser assim, eu quero, eu gosto, eu TENHO poder! – Kusanagi deixou um sorriso sarcástico e ao mesmo tempo cruel surgir em seu rosto lívido – Talvez realmente sejamos parecidos... Ambos não hesitam quando alguém entra em nosso caminho, mesma que a saída seja manipular uma pessoa! Mesmo que a melhor saída seja... MATAR! – Novamente um sorriso cruel nasceu do rosto de Tenshin, enquanto um relâmpago clareou seus olhos verdes.

      – Tenshin... Do que está falando? – Assustou-se Yushiro.

      – Me perdoe, Tenshin san... Eu tinha que fazer isso, foi por amor! – Misaki ajoelhou-se ao chão em prantos.

      – Você não tinha o direito de acabar com a vida desse menino, Amily... – Tenshin retrucou.

      – Chega de conversa... Dê-me essa maleta! Caso contrário, não hesitarei entregar vocês dois!

      – Pegue – Tenshin ergueu a maleta, Bella se aproximou de Kusanagi e tirou o objeto de sua mão.

 

Logo depois voltou a se aproximar de Amily.

 

      – Não preciso mais de você... – Após Amily dizer isso, sacou a arma que guardava em sua perna e atirou contra o peito da loira.

 

Bella fora atingida em cheio. Logo o sangue se espalhou por todo seu vestido, e a mesma caiu morta ao chão. Yushiro, Tenshin e Misaki se surpreenderam com tanta crueldade.

Assim que a mesma pegou a mala, Misaki correu até Tenshin e Yushiro, ainda muito abalado.

Todos se surpreenderam quando Seichiro entrou sobre o enorme portão com sua arma em direção de Amily.

 

      – Você está presa, Amily! – Seichiro comunicou.

 

Mesmo fora dos planos da garota, a mesma não se surpreendeu quando o detetive surgiu. Ao abrir a maleta, uma pequena serpente colorida estava sobre algumas notas de cem dólares. Antes que Amily pudesse reagir, o réptil avançou contra seu pescoço, dando-lhe uma mordida. A ruiva puxou o animal e o jogou ao chão, em seguida pisou sobre a cabeça do rastejante.

 

      – Gostou da surpresinha, Amily? – Tenshin sorriu, ao ver a garota se ajoelhando no chão sentindo fortes dores sobre a ferida – Em algumas horas vai estar morta, nem irá sofrer tanto...

 

Logo depois Amily caiu inconsciente. Seichiro se aproximou para verificar. Vendo que a assassina estava desmaiada, abaixou sua arma e pegou a que estava na mão da mulher. Aproximou-se de Tenshin e os outros.

 

      – Terei que leva-los para delegacia comigo... – Disse Seichiro, quando diversas sirenes começaram a emergir sobre a rua.

 

Mas um disparo ecoou sobre o depósito, interrompendo o som da chuva que caia sobre as telhas velhas. Seichiro fora atingido nas costas, e logo depois caiu ao chão.

 

      – Ele não devia dar as costas para mim... Não mesmo – Falou Amily, levantando-se do chão com uma de suas mãos sobre o pescoço.

      – Seichiro! – Tenshin abaixou-se, na tentativa de ajudar o detetive.

      – Eu deveria matar você agora, Kusanagi... Mas deixarei isso pra depois! – Amily correu para os fundos do galpão, e sumiu nas sombras. Provavelmente escapando por alguma outra saída.

 

 

Três semanas depois...

 

 

         Tenshin conseguira omitir da mídia tudo que houve no dia do galpão. Seu dinheiro e todo poder que o deixava tão influenciável no País, o ajudou a esconder tudo sobre a morte de Sayu. Seichiro, por sua vez, decidiu não acusar Misaki das mortes.

Kusanagi, mesmo sabendo que Misaki iria sofrer, se distanciou um pouco de todos, indo passar alguns dias nos Estados Unidos.

Havia feito um acordo com Seichiro para esquecer de tudo que havia acontecido no dia do galpão, inclusive a presença de Misaki e Yushiro no local.

 

         Yushiro terminava de almoçar. Estava sozinho na cozinha.

Seu celular tocou, o fazendo pegar o mesmo. Achou estranho ao ver que o numero era bloqueado.

 

      – Alô?

      –... – Apenas permaneceu o silêncio.

 

         Yushiro repetiu, esperando que alguém respondesse. Mas nenhuma voz era emitida. Só se podia ouvir de fundo alguns carros e pessoas falando.

 

      – Eu... Eu amo você! – A voz repentina falou, desligando em seguida.

 

Logo Yushiro identificou. Era Kamui. Ele tentou responder, mas o som de que a ligação fora encerrada logo chegou até seu ouvido.

Algumas lágrimas desceram de seus olhos.

 

      – Kamui... – Pensou.

 

 

 

...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Feridas de um passado cruel.

Uma mente perturbadora, em conseqüência de cicatrizes da vida.

Tudo entrelaçado em apenas uma pessoa.

Tenshin, Tenshin Kusanagi.

Apenas um garoto, apenas alguém que queria ser como qualquer outro.

Mas tanto poder e agonia corrompem e deixam vestígios de insanidade.

Deixando seu lado mais cruel revelado.

Perdendo toda sua inocência.

 

Cicatrizes

EM BREVE!


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Notas finais do capítulo

         Pronto. Depois de mais de um mes o ultimo capitulo está feito.
Peço desculpas a todo, por motivo de virus no pc, fiquei esse tempo todo sem usar o mesmo. Tive até que refazer o ultimo capitulo.
 
Espero que tenha valido a pena e que todos gostem desse capitulo final.
Sobre segunda temoparada, nada é confirmado ainda. Vai depender da quantidade de leitores.
 
COMUNIDADE: http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=94069707



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