Edward POV

            Ness estava num estado insuportável. E pra mim, como pai da linda Ness vê-la sofrer fazia-me pior. Eu não podia fazer nada por ela, porque ao mesmo tempo em que ela sofria sem ele, se Jacob voltasse eles ficariam juntos, por causa daquele maldito impriting!  E o que eu poderia fazer? Ela não sabe nada sobre isso, e pedi segredo absoluto entre os lobos e as meninas dos lobos, porque elas adoravam Ness e confiavam nela.

            Era normal escutar os gritos dela, a cada dois minutos. Não aguentava mais aquilo, ela estava duas semanas trancada no maldito quarto dele. Ness não se alimentava, não andava, nem falava apenas tinha forças para gritar o nome dele. Sentia-me vazio pela dor dela, sabia o quanto ela estava sofrendo, mesmo que agora ela tinha os pensamentos permanentemente bloqueados.

            Ness estava morta.

            Podia sentir o cheiro de cada lágrima que corria pelo seu rosto, pela pele de seda, molhando os cachos acobreados, agora opacos e sem vida como ela. Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar, sua pele não era mais rosada, embaixo dos seus olhos tinham grandes ‘hematomas’ roxos, seus cabelos não tinham o mesmo brilho, sua boca era pálida, seu corpo não era o mesmo. Ness não era mais a mesma.

            Nossa família estava sempre a chorar, não como ela, mas sim por soluços. Sempre havia soluços, Carlisle parou de trabalhar até que Ness melhorasse. Se um dia ela melhorasse.

            Todas as noites, quando ela dormia por um pequeno tempo, antes de ter algum pesadelo, Carlisle cuidadosamente injetava sangue animal em sua pele agora frágil. Ness estava tão mal, me doía apenas de olhar seu estado horrível abraçada ao grande lobo de pelúcia apertando-o junto ao coração. Seu coração batia fraco e lento, seus gritos agora eram somente sussurros, sua respiração era um sopro, seus braços mal mexiam, seus olhos não mais abriam e ela não tinha mais forças para segurar o lobo de pelúcia perto de si.

            Não saiamos de casa, por mais de duas semanas, nossos olhos agora eram rubis, mas apenas me importava agora estar ao lado de Ness. Meu pequeno tesouro, a tão preciosa menina que sempre foi tão alegre estava como um vegetal, vazia, oca, morta. Jhonnie não tinha coragem de vê-la, apenas a olhava rapidamente e logo saia da nossa casa, ele sentia culpa pelo que fez, mas eu sabia que ele a amava.

            A cada dia seu corpo piorava, ela não se movia, não abria os olhos e o lobo de pelúcia não conseguia mais ficar entre seus braços tão fracos que não conseguia segurá-lo. Ela não gritava, sua respiração estava cada vez mais lenta e seu coraçãozinho também, e a minha surpresa ao tocar seu braço, estava tão gélido para ela, frágil.

            Bella e eu soluçávamos o tempo todo, estávamos evitando vê-la porque não suportávamos, mas ao mesmo tempo queríamos estar ao lado dela a apoiando. Quando estava sentada na cama de Ness, enquanto passava a mão nos cabelos opacos e sem vida, senti algo: um pedaço de papel. No papel que logo reconheci a letra de Jacob:             Parabéns minha pequena detetive! Você mostrou que é uma fuxiqueira de primeira! Como uma recompensa pela descoberta, tem um pequeno pingente de lobinho para você colocar na coleirinha da sua pelúcia! Parabéns senhora inteligência, eu te amo muito minha monstrinha detetive!

PS: ah, cuidado para não estragar o pingente, você é forte!

Jacob.

            Num pequeno espaço vazio, enxerguei uma escrita feita com a ponta da unha de Ness, que nenhum humano seria capaz de ver aquela pequena marca de unha, eram poucas palavras numa letra tremida, mas de Ness: Eu sempre te amei Jake, não sou forte o suficiente, me desculpe por tudo, adeus.

            O desespero me encobriu, ela realmente estava aceitando que iria morrer! Ela não se importava mais com nada, ela percebeu que ela estava num poço, e mesmo assim deixou-se chegar ao fim dele. Não poderia deixar minha Ness morrer! Peguei o papel, desci as escadas cheguei até Bella e mostrei o bilhete e a pequena escrita com a unha que Ness fez.

            Devo ter me arrependido pelo que fiz, Bella como eu ficou em estado de choque, caiu no chão paralisada, enquanto seus soluços eram possíveis de escutar a uma enorme distância da casa. Carlisle tinha acabado de sair do quarto de Ness, após injetar sangue nela, e num impulso Bella levantou-se e numa velocidade vampiresca subiu as escadas até o quarto dela e hesitou na porta, mas abriu. A pouca luz foi suficiente para ver, e nunca me esquecerei daquela cena.

            Bella cambaleou para traz em choque. Cheguei perto de Ness ainda sem olhar no seu rosto, mas ao olhar me espantei.

            Seu rosto estava coberto de vermelho vivo, perto da boca e dos olhos. Ness estava tão mal que agora repulsava o sangue injetado e mal respirava.

            Seus olhos transbordavam de lágrimas.

            Lágrimas de sangue.