Assim que acordei, ouvi meu celular tocar, estiquei meu braço e o peguei.

- O que é? – perguntei, com a voz cansada e irritada.

- Maman? – ouvi Joseph.

- Mon amour. Bom dia.

- Bom dia. A estrelinha disse que não era para ligar, mas eu queria falar com você antes de sairmos. Vamos até a Broadway e voltaremos tarde, por isso não sei se poderei ligar para você depois. Sarah disse que a Broadway é chata, mas a estrelinha disse que Sarah não gosta de nada, apenas de você, de mim e dela mesma. Quero ver a tia Britt depois, ela disse que vai me ensinar a dançar. Até parece que não sei dançar...

- Joseph, respira. – eu o cortei de um de seus monólogos. Incrível como ele era igualzinho a Rachel, mesmo não sendo filho biológico dela.

- Podemos tomar sorvete hoje? Eu, você e a estrelinha?

- Podemos sim, Joseph. Agora deixe-me dormir mais um pouco.

- Está bem.

Desliguei, coloquei o celular de lado e fechei meus olhos.

- Sant, está acordada? – ouvi Britt perguntar.

- Não! – quase gritei.

- Está bem.

Abri meus olhos e vi Britt se virando.

- Hey! Estou acordada sim. – eu disse, com um sorriso divertido.

- Mas você disse... – ela ficou pensativa. – Bem, Sarah está na cozinha. Disse que quer falar com você.

- Está bem, já estou descendo.

Depois que tomei banho, coloquei uma roupa leve, um short verde e uma regata branca, sequei meus cabelos e os deixei soltos, em seguida fui até a cozinha. Sarah estava com Nick em frente ao fogão e Britt arrumava a mesa.

- Sant, você ainda come cereal? – Nick perguntou.

- Sim, mas aceito o que você estiver fazendo. – respondi, me sentando à mesa.

Britt colocou um prato em minha frente e Nick serviu ovos mexidos com bacons, elas se sentaram e Sarah pegou um dos meus bacons.

- Sarah! – eu gritei.

- Só peguei um. – ela disse, dando de ombros.

- Será que você nunca vai crescer?

- Eu já cresci.

- Parece que ainda tem 16 anos.

Ela revirou os olhos, se levantou e pegou um copo de suco.

- Eu quero conversar com você. – ela disse, sentando novamente.

- Comece.

- Quero sua ajuda para conseguir conversar com a Ash.

Eu afirmei com a cabeça enquanto dava um gole no suco, Nick olhou para ela surpresa e Britt sorriu.

- Que bom, Sarah! – Britt disse.

- Como você conseguiu isso, Santana?

- Apenas conversei com ela, Nick.

Nick bufou, eu ri e olhei para Sarah.

- Quer apenas conversar com ela? – perguntei.

- Sim. Vou pedir desculpas, prometer que não acontecerá mais e dizer a ela que, se ela quiser voltar, estarei de braços abertos.

- Está bem. Vamos terminar o café da manhã, passamos na casa da Ashley, você conversa com ela e, dependendo do que acontecer, vamos até a Broadway depois.

- Como assim, “dependendo”?

- Se você se resolver com ela rápido, irei sozinha.

- Entendi.

***

Ao chegarmos na casa da Ashley, Sarah começou a ficar nervosa, segurei sua mão e sorri.

- Quer que eu fale com ela?

- Faria isso por mim?

- Claro. Sei como é difícil pedir desculpas.

Lhe dei um beijo na bochecha, sai do carro e caminhei até a porta. Toquei a campainha duas vezes, ninguém atendeu, olhei para o carro, achei que não tinha ninguém em casa, até uma linda mulher morena abrir a porta.

- Em que posso ajudar? – ela perguntou, me virei e um sorriso apareceu em seu rosto. – Santana?

- Sim... Ashley? – perguntei confusa.

- Sim.

Ela me abraçou, nos afastamos e ela ficou séria.

- O que está fazendo aqui?

- Como assim? Não posso vir te visitar?

- Fala sério! Você nunca foi minha amiga.

- Que judiação! – eu gritei.

- Fala logo.

- Está bem. Vim com a Sarah e...

- Eu sabia! Além de ligar para mim todas as noites, ainda tem que trazer você para me convencer.

- Hey! Que história é essa?

- O que você ouviu. Sarah me liga todas as noites, e em todas essas noites ela está bêbada.

Olhei para o carro séria, Ashley seguiu meu olhar e segurou minha mão.

- Ela está ali?

- Sim.

- Santana!

- Escuta, ela só quer conversar com você. Não precisa dizer nada, apenas escute, está bem?

- Está bem. – ela respondeu, revirando os olhos.

Eu sorri, me virei e fui até o carro.

- Ok, dona bêbada. – eu disse, entrando no carro. – Te darei cinco minutos, depois baterei na porta e vamos embora.

- Está bem. – ela respondeu sorrindo.

Assim que ela saiu do carro, liguei o rádio, tocava Without You, fechei meus olhos e me lembrei de Rachel. Quando percebi, Sarah já voltava para o carro, os minutos haviam voado.

- Então? – perguntei, desligando o rádio.

- Não sei. Ela disse que vai pensar.

***

Quando entramos na Broadway, vimos Joseph correndo de um lado para o outro, Rachel tentando segurá-lo e os outros atores e atrizes nervosos.

- Maman! – ele gritou, ao me ver.

Joseph correu até mim, Rachel sorriu aliviada e se virou para os outros atores, dizendo algo. Ela se aproximou, Sarah pegou Joseph nos braços e eles olharam para nós duas.

- Como está indo? – perguntei.

- Difícil. Não sei como conseguiu aguentar Joe por todos esses oito anos, sozinha. – ela suspirou.

- Ele é desobediente, não é?

- Nem me fale. Joe não me ouve, ainda fica gritando, dizendo que quer tomar sorvete.

Eu soltei uma pequena risada, Rachel se aproximou mais e sorriu.

- O que veio fazer aqui?

- Eu... na verdade não sei.

- Não sabe?

Olhei para sua boca, estava convidativa demais. Olhei em seus olhos, brilhavam por terem me visto, olhei para sua boca novamente.

- Sim, eu não sei.

Ficamos em silêncio, eu olhava para sua boca, e tinha certeza que ela olhava para a minha.

- Beijem-se logo! – ouvimos Joseph gritar.

Sarah tampou sua boca, Rachel sorriu e com a maior consciência, eu a beijei.

***

Estava sentada no sofá da casa da Nick, passaria a noite ali, Rachel estava ao meu lado com um suéter vermelho com duas renas no meio. Sarah e Ashley penduravam os enfeites na árvore com Joseph, Britt escolhia uma música no rádio e Nick estava na cozinha preparando a ceia. Exatamente, já era natal. Ou véspera de natal.

Rachel olhou para mim sorrindo, acariciou meu rosto e eu olhei para ela.

- Um beijo por seu pensamento. – ela disse, me fazendo sorrir.

- Nada de mais.

- Me diga, por favor.

Olhei para Joseph, ele estava bastante feliz, voltei a olhar para Rachel, que esperava minha resposta.

- Joseph.

- O que tem ele?

- Passou por tantas coisas. Quase morreu comigo no acidente, cresceu boa parte da infância longe da verdadeira família dele, longe de você. Mas mesmo assim, está feliz como se nada tivesse acontecido.

- Santana, ele é apenas uma criança, se alegra com qualquer coisa. O importante é que ele está aqui, que você está aqui, e nada vai mudar isso.

Eu sorri, nos beijamos e olhamos para ele. Depois da ceia, Joseph, Sarah, Ashley e Britt foram se deitar, Nick me ajudou a colocar os presentes debaixo da árvore e Rachel fez chocolate quente para ela. No meio da noite, ouvi um barulho vindo da sala, olhei para Rachel, ela dormia tranquilamente, ouvi o barulho novamente, então me levantei. Parei perto da grade da escada, olhei para baixo e vi Joseph mexendo nos presentes, sorri e senti dois braços me abraçarem por trás.

- Ele aprendeu isso com você. – Rachel sussurrou.

- Tem certeza? – perguntei, me virando de frente para ela.

Beijei sua testa, olhei em seus olhos, sabia que tinha algo de estranho nela.

- Me diz.

- O que? – ela perguntou confusa.

- Você está me escondendo algo.

- O que? Como você sabe? – ela ficou surpresa.

- Com o tempo eu estudo as pessoas, sabe?

Ela sorriu, suspirou e segurou minha mão.

- Eu andei conversando com o Kurt, já que ele é pai do Joseph e meu melhor amigo.

- Conversando sobre o que?

- Sobre seu presente de natal.

- Meu presente de natal?

Ela afirmou com a cabeça, levou minha mão até sua barriga e sorriu. No inicio fiquei confusa, mas depois sorri e a abracei.

- Rachel! Tem certeza?

- Sim. Fiz o processo todo sem você saber, ontem o médico me ligou e confirmou. Eu estou grávida, Santana! – ela gritou, chamando a atenção do Joseph e acordando as outras.

Meus olhos se encheram de lágrimas, eu a rodei no ar, mas logo a coloquei no chão. A família estava crescendo cada vez mais, e agora eu tinha certeza, nada de ruim ia acontecer, pois eu estava ali, sem preocupações nenhuma e cuidando de todos.

FIM