Riesen Goliath escrita por Zateno


Capítulo 2
Cal


Notas iniciais do capítulo

Uma história curta com acontecimentos simultaneos. Espero que agrade :3



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"Aquele que a espada levantar, o sopro da vida libertará. Tal feito no decorrer de cascatas do negro sangue, da obscura vida, da incognoscível alma."

Foi tudo o que Christ conseguiu pensar enquanto corria desesperadamente por entre as patas do ser. Seu braço queimava tanto quanto o seu sangue.

O solo liso da plataforma ficava marcado pelas pegadas da criatura colossal conforme tentava esmagar o pequeno ruivo. Na euforia da corrida ele pode observar sua aparência: aproximadamente 40 metros, parecido com um chacal, as pernas finas e a cauda repleta de pelos grossos. O corpo negro e rígido resistia a qualquer tentativa de corte de Christ, que percebendo tal superioridade resolveu recuar. Ou melhor, saltar.

Atravessou uma copa densa, saiu com cortes superficiais leves e deixou a lâmina cair por entre os escombros. - Merda, merda.. - Grita, agonizante. Sua roupa já possuía rasgos e a pele estava roxa quando rolou por uma pedra e tocou a grama. Ao olhar para cima, o colosso arfava em seu rosto. Os olhos cintilavam como dois rubis de sangue. A boca lentamente se abria, provocando o som de pedras se chocando com a finalidade de uma única e fatal mordida.

Christ arremessa a pedra mais próxima para dentro do sistema digestivo de seu carrasco, que engasga com a surpresa. Usando do elemento surpresa e de sua baixa estatura, o ruivo passa por entre as pseudo-cavernas feitas pelos troncos e destroços e recupera a espada roubada. Presa em um vão extremamente apertado, seu cabo reluzia pequenas inscrições que Christ pôde ler devido a sua cultura longínqua.

"Frieden", em Uppgard, paz.

No breve instante de seu sorriso, os escombros são destroçados pela pata do Krieg. A perfeita oposição da paz: a guerra, o medo e a violência. Os Kriege. Um pedaço de mármore passa pelo cabelo de Christ que corre em direção a cauda do falso chacal. Tropeça em uma cratera deixada por sua pata, salta por troncos e escombros, desvia de pegadas e agarra os pelos verdes enegrecidos de seu rabo.

A criatura, percebendo a investida, balança a cauda, mas o pequeno insiste na pegada e tenta escalar o primeiro Krieg. Numa bruta chacoalhada, é mandado aos ares e aterrisa no lombo da criatura. Sem mais pelos. Traços e pontos azuis projetam uma mandala na parte superior de seu torso. Se agarrando as imperfeições da epiderme, crava a lâmina negra no centro da imagem, e a pele é transpassada facilmente. A criatura repete o urro inicial, adicionando toda a sua dor à voz metálica dessa vez. O pequeno homem leva a espada por toda a pele de seu torso abrindo um corte profundo, jorrando o sangue negro sobre seu corpo magro.

Fita a nuca.

Com um grito em tom gutural, tropeçando conforme o ser se exprime de dor, alcança seu objetivo e o destrói com um sorriso anormal no rosto. A carne, ainda viva, pulsava, latejava, o sangue escorria como uma cachoeira, e Christ estava banhado de resíduos mortos.

O barulho se encerra.

O primeiro Krieg cai para a direita, levando assim o humano, que agarra nos pelos de sua orelha para resistir a queda. O corpo de um ser vivo fora dilacerado por suas mãos. Estava atônito de terror e horror a seu próprio feito.

A roupa pesava com o sangue já absorvido pelo tecido, assim como o cabelo já tão negro quanto a sua lâmina. Como Frieden. Como a paz?

Suas feridas começam a lhe incomodar conforme o sangue esfria e a cicatriz da maldição em seu braço se aquece, arde a ponto de interromper sua caminhada e o tirar o equilíbrio, levando-no ao chão. Seus olhos já não mais piscavam.

–Megan, eu não posso mais... - A fala é cortada por uma convulsão. Dos restos mortais do Krieg, uma sombra negra atravessa o peito de seu assassino.

***

–Ei filho, levanta! Megan está lá fora te esperando moleque, se você perder uma garota dessas quem te castra sou eu! - A mãe de Christ Bale berra.

Na fronteira entre o reino de Uppgard e o reino de Midgard, moravam os Bale. Conhecidos por arrumar encrencas onde fossem, não pertenciam a nenhum dos três reinos de Gondwana.

Sua casa era simples, de madeira reforçada, cômodos medianos, mas bem aconchegantes. Christ era o primogênito de Joan e Mike, seu irmão mais novo, Peter, morrera no reinado do primeiro rei de Midgard, anterior a Jord.

Esse período ficou marcado pelo grande avanço agrário e no investimento de pesquisas socio-econômicas em todo o continente do Sul do Mundo. Rei Jared, o Pioneiro. Destronado por Jord em um golpe de estado, julgado, injustiçado e decapitado por votação populacional, era primo de Mike.

–Christ, seu anão! Acorda! - Megan, usando um vestido azul claro rendado, chamava o namorado e sorria.

Usando um pijama de bolinhas azuis de manga longa, Christ cumprimenta a namorada. Rapidamente se troca, e troca também umas palavras com sua mãe - Ô coroa, e o rango? - De mãos dadas, sai para o centro de Midgard com sua amada.

Sua casa ficava sobre uma pequena montanha, o gramado levemente amarelado, os dias quase todos ensolarados, um córrego à poucos metros de seu jardim. Belo e simples, como a nova família Bale.

O centro do reino de Jord era enorme. No extremo centro, seu palácio que ocupava quase metade do terreno, com fontes termais, cozinhas particulares, haréns escondidos, área de proteção militar entre outros privilégios. Em volta, mercados, casas nobres, a população iludida.

O ruivo guardava certo rancor de seu rei, sendo assim, iria provocar. Megan, sua namorada, foi adotada por Jord, parte de seu plano de golpe de estado, em que ficou na desvantagem. Uma garota de mente aberta à seus cuidados.

–Megan, apenas observe - Disse Christ, animado, soltando a mão de sua amada e escalando o muro da zona militar.

As divisões eram como de colmeias, o que facilitava o trabalho do ruivo. Percorreu todo o palácio, enquanto Megan subiu em uma árvore mais ao norte para observá-lo. Ao chegar no muro de encontro com a sala do trono, desceu. Estava vazia. Rapidamente apagou todas as tochas da sala, e com cal pintou acima do trono: "Jord paga-pau pro Christ."

Deixou o pote de cal cair no chão, e um dos guardas o percebeu. Rindo louca e simultaneamente com Megan, correu de os pés baterem no traseiro para de encontro com sua namorada, pegou-a no colo e sumiu muro à fora.

Megan ainda rindo, comentou - Seu louco, vão te pegar por isso um dia!

– Um rei fraco desses? Por favor né. Pode vir quem for, eu enfrentaria o mundo inteiro com uma mão se você estivesse segurando a outra, Megan. - Diz sorridente, os olhos brilhando.

E após esse sorriso, a dor da atualidade retorna.

Pela primeira vez.


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Notas finais do capítulo

Até que nao esta tao ruim, Dattebayo!



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