Doce Tormenta escrita por Beatriz Dionysio


Capítulo 9
Maldito Nathan, Maldita escada.


Notas iniciais do capítulo

Ei gente, espero que gostem do capitulo, obrigado pelos comentários.
Indicações :
Sob a pele - Jullie Clark
Alice - Brih Monteiro
Leiam, rs , são perfeitas.



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– Melanie

Hoje era sábado 3 dias após o ocorrido no apartamento de Nathan. Decidi levantar da cama hoje, ficar aqui lamentando não ajudaria. Eu havia ligado para Pamela e dito que tinha pegado uma gripe e que não iria trabalhar o resto da semana. James não parava de ligar. Ainda nenhuma palavra de Nathan. Ficava cada vez mais difícil saber que ele não se importava. Todas as noites desde aquele maldito dia, eu acordava frustrada, pelo menos os pesadelos se foram por algum tempo, mas sonhar com Nathan não ajudava a fechar o buraco cada vez maior em meu peito.

Havia cogitado durante esse tempo pedir demissão, mas não acho que seria inteligente da minha parte, odeio depender do dinheiro de Charles. Sim, eu comprei essa casa grande demais, mas precisava dela e da segurança que o condomínio onde a comprei me fornecia. Enquanto ia até ao banheiro decidi ligar para Jordan e marcar uma aula extra de Muay thai antes do almoço.

–-------------

Quando cheguei em casa já passava das 1h, eu estava exausta e não tinha comido nada ainda. Pensei em fazer algo pratico e rápido, não estava animada com a ideia de cozinhar. Quando se vive sozinha, cozinhar torna-se solitário e deprimente. Decidi que um pouco de macarrão e salada me satisfariam até o jantar. Enquanto comia peguei meu celular, mais ligações de James, nada de Nathan, Pamela também tinha ligado algumas vezes. Resolvi retornar as ligações dela, eu precisava de alguém para conversar, e ela é o mais próximo que tenho de uma amiga depois de Jenna.

Ela atendeu no segundo toque.

– Mel? Melhorou? Estou preocupada.

– Precisava de um tempo sozinha Pamela. – Parei, não sabia ao certo se devia confiar meus sentimentos e pensamentos a alguém, sempre que o fazia acabava sozinha e com um buraco cada vez maior no peito. Eu era uma droga de mulher. – O que acha de jantarmos hoje? – Foda-se eu precisava de uma amiga, talvez Pamela possa ser essa pessoa.

– Claro, tem um restaurante no centro, não é muito longe, posso passar ai se você quiser. – Acho que seria difícil explicar como moro em uma casa como essa a ela.

– Me mande o endereço, encontro você lá, ok? Ás 7:30.

– Sim, até lá. – Disse ela antes de desligar.

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O lugar era adorável, algo me dizia que era preciso de uma reserva para jantar aqui. Parei na recepção e um homem vestido formalmente me indicou a mesa onde Pamela me esperava.

Ela estava radiante em um vestido verde. O homem puxou a cadeira em frente a dela para que eu me sentasse.

– Você esta fabulosa Mel. – Não sei se concordava com ela. Eu havia apenas posto um vestido azul com um corte elegante, ele era aberto nas costas e o decote na frente era assim digamos, adequado. Seu comprimento ia até o meio das minhas pernas, quase tocando meus joelhos. Usava meu scarpin da Coco Chanel, não usava muita maquiagem e meu cabelo parcialmente preso completava o look. Sentia-me adequada ao ambiente.

– Você também esta ótima. – Disse sinceramente a ela.

– Obrigado!

O jantar estava divino, falávamos sobre assuntos aleatórios com um bom vinho em nossas taças. Pedimos as sobremesas que eram de outro mundo. Quase engasguei com o mousse de chocolate suíço quando vi Nathan entrar, lindo como sempre em um terno. Seus olhos encontraram os meus e neles vi magoa. Notei a bela mulher loura ao lado dele, sua mão encontrava-se na parte inferior das costas dela enquanto a guiava a uma mesa próxima a minha.

Pamela seguiu meu olhar, quando se voltou para mim pude ver algo como pena em seu olhar.

– Vamos.

Eu queria sair dali o mais rápido possível, mas iria parecer que eu estava fugindo.

– Preciso de um drink. – Ela continuou a me olhar com certa preocupação durante os 20 minutos que se passaram. Depois de mais drinks do que posso contar, levantei e Pamela me seguiu, ela estava muito quieta desde que Nathan havia chegado.

– Tenham uma boa noite senhoritas. - Disse o manobrista me entregando às chaves da minha SUV.

– Melanie, não acho que esteja em condições de dirigir. Vim de táxi, posso leva-la até sua casa e pegar um táxi de lá. – Ela estava certa.

– Ok, lhe mostro o caminho. – Disse lhe entregando as chaves e caminhando até o lado do passageiro.

Ninguém disse uma palavra durante o trajeto até minha casa. Eu estava ocupada demais pensando no que diria a ela quando descobrisse onde eu vivia. “Ei gostou? Comprei com a herança que o bastardo do meu pai me deixou, é como um bônus sabe, por matar a minha mãe, gostaria de uma xicara de chá?”

Quando chegamos ao condomínio vi sua expressão passar de surpresa a adoração quando viu minha casa. Ela era de fato magnifica, eu mesma a havia mobilhado. Esperei que ela fosse perguntar algo como “ Como você consegui essa casa?” ou “ Puta merda Mel você é rica ou algo do tipo?”, porém ela nada disse, eu também não estava a fim de explicar.

Depois de um pequeno tour pela casa, nos sentamos na sala para assistir um filme. Pamela parecia tensa ao meu lado.

– Mel? Quem era aquele cara na frente do escritório outro dia?

James, droga ela estava perguntando sobre James. Eu precisava de uma amiga, e a melhor forma de fazer isso era mostrar que confiava nela.

– James, o nome dele é James. – Continuei contando tudo a ela, detalhe por detalhe, dessa vez eu não chorei, não derramei uma lagrima se quer. James não as merecia.

Quando acabei ela apenas me fitava tentando entender tudo o que tinha ouvido. Em seguida ela me abraçou, o que foi muito bom, a muito tempo não tinha alguém para consolar-me, claro tive alguns momentos desses com Nathan, mas já não os compreendia mais.

O telefone tocou despertando-me de meu devaneio.

– Sim?

– Melanie querida, sou eu Susan. Peter e eu faremos um almoço amanhã e gostaríamos que viesse. Antigamente você adorava vir aos nossos almoços de domingo, lembra?

As lembranças daquela época eram muito vagas, me recordava de muito pouco.

– Claro, eu adoraria. Obrigado Suzzie.

– Vejo você amanhã. – Disse ela desligando.

Alguns minutos depois Pamela chamara um taxi e partiu, deixando-me sozinha naquela casa imensa. Tomei uma ducha, deitei na cama fitando o teto, as lagrimas que me embalavam todas as noites até o esquecimento, não vieram hoje.

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Uma noite sem pesadelos, sem sonhos, era tudo o que eu precisava para me sentir bem na manhã seguinte. Acordei bem cedo, decidi que um café com panquecas iria bem.

Cheguei ao Nani’s e sentei-me em minha mesa de sempre. Carlie aproximou-se de mim, pronta para anotar meu pedido.

– Oi Mel, o mesmo de sempre? – Eu passava uma boa parte do meu tempo vago aqui, era aconchegante eu podia ler, e a comida era divina.

– Sim. Por favor.

– Ei Mel, lembra aquele cara que estava com você outros dia? – Cara? – Um alto, cabelos castanhos, olhos azuis. – Nathan, ela estava falando dele.

Assenti. – Sim, aquele era meu chefe, Nathan.

– Ele esteve aqui outro dia, ficou sentado aí um tempão olhando para o nada. Achei que estava esperando você. – Disse ela toda sorridente.

Nathan esteve aqui? Estranho, porque ele ficaria aqui como quem espera me ver? Deus eu realmente não entendia esse homem.

Depois do café voltei para casa, tomei um banho de banheira, em seguida comecei a me arrumar para o almoço de Susan. Escolhi um vestido amarelo de alcinhas, bem solto que ia ate um pouco acima de meus joelhos, um par de Anabela e pouco de maquiagem. Decidi deixar o cabelo solto. Peguei minha bolsa e sai.

–--------------

Estacionei em frente a casa de Susan, que era magnifica por sinal. Com seus dois andares e uma entrada de carros linda. Perguntei-me se lá dentro haveria uma biblioteca. Desci do carro, andei até a porta e toquei a campainha. Peter abriu a porta com um sorriso muito branco no rosto, me envolvendo em um abraço de urso, não pude evitar sorrir também. Ele devia ser mais velho do que aparentava, acredito que ele tinha uns 45 anos.

– Querida, Melanie chegou.

Susan apareceu, linda e sofisticada como sempre, seu sorriso era tão lindo quanto o do marido.

– Fico feliz que tenha vindo Melanie. – Disse ela também me dando um abraço.

– Obrigado pelo convite Susan. – Queria perguntar, mas também não queria parecer rude. – Ahn, Susan, vocês têm uma biblioteca aqui?

– Sim querida, Peter mostre a ela onde fica a biblioteca. Você chegou cedo Mel, vá dar uma olhada lá.

Segui Peter por um corredor até uma grande porta de madeira. Peter a abriu e fiquei maravilhada com o que vi. A sala era imensa e as paredes eram cobertas por prateleiras cheias de livros que iam até o teto.

– Fique a vontade Mel, se quiser algum livro pode pegar, acredito que Susan não ira se importar. Aquele computador – Disse apontando um computador que eu nem havia notado no canto da sala - ,possui um sistema de busca para qualquer livro que existe aqui, faça bom aproveito. – Com isso ele se retirou da sala, deixando-me lá, babando em todos aqueles livros.

Eu tinha um livro em mente, fui até o computador que indicou a prateleira onde ele se encontrava. O problema era que a tal prateleira era muito alta, não me sentia confortável com alturas. Corri a escada na direção correta e subi nela, com cuidado. Não era tão alto, mas mesmo assim minhas mãos suavam.

Achei o livro, absorta admirando a velha edição, não ouvi a porta se abrir.

– Melanie?

A voz dele despertou-me de meu devaneio, tão inesperadamente que perdi o equilíbrio, caindo da droga da escada.


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Notas finais do capítulo

Beijo beijo gente, até a próxima.