Pov’s Violetta

–Porque sei que cedo ou tarde, vou acabar perdendo você. –Eu disse.

–De onde você tirou essa besteira? –Perguntou Leon assustado.

–Apenas conclui isso, após muito refletir. –Eu disse cabisbaixa e me encolhendo ainda mais no peito dele.

–Foi a carta da Lara, não foi? –Leon respondeu.

–Não, quer dizer, também. A carta da Lara está certa, eu só faço você sofrer.

–Não, a carta dela não está certa. Aquela carta fala apenas sobre coisas ruins que passamos no nosso relacionamento, mas e as coisas boas? –Leon indagou.

–Não parei para pensar “nas coisas boas”. –Respondi.

–Claro que não parou, você ficou tão “encanada” com a carta da Lara, que acabou esquecendo-se da coisa mais importante do nosso relacionamento, algo tão forte que é capaz de vencer todas as coisas ruins que nos cercam. –Leon disse.

–O quê?

–Amor. Vilu temos amor, e isso é o mais importante. Nunca percebeu? Nós já tivemos muitos problemas, mas graças a nossa “linda” capacidade de amar um ao outro, sempre ficamos juntos. –Leon disse risonho.

–Sempre tem uma resposta na ponta da língua não é? Principalmente quando se trata do amor. –Eu disse ainda deitada sobre seu peito.

–Francamente. Eu enfrentei Tomás, enfrentei Diego, e também dei um “chega pra lá” no Federico e no Broduey. Fiquei meses tentando te conquistar. –Leon disse risonho. –Sem contar que eu tinha que ficar de olho no Brako, para que aquele garoto não desce em cima de você.

–Brako? –Perguntei confusa.

–Sim, nunca percebeu que ela era afim de você?

–Nunca! Coitado....-Leon me interrompeu.

–Coitado nada! –Ele disse rindo. –Violetta Castillo, faz quatro anos desde de que nos conhecemos, você não me escapa mais mulher, lutei pelo seu amor, e te garanto que o meu amor será sempre seu.

–Você sempre foi o meu amor Leon. –Eu disse mexendo em seu cabelo.

–Nem sempre, não vamos esquecer daquela época do Tomás. –Leon disse com desgosto.

–Tomás foi meu primeiro amor...-Leon me interrompeu.

–Desnecessário você ressaltar isso. –Leon disse.

–Me deixa terminar? Obrigada. –Eu disse e Leon fez uma careta. - Tomás foi meu primeiro amor, mas você é o verdadeiro. Diego foi um empecilho, e você foi quem tirou esse empecilho da minha vida. Consegue entender? –Perguntei.

–Não. –Leon respondeu (Lerdeza).

–Sempre foi você, Leon. E sempre será. –Eu disse.

–Se você me dissesse isso há uns três anos atrás, com certeza eu não acreditaria. Sempre desejei ouvir que eu era o cara, o seu cara. O cara que você amava, somente eu.

–Demorou, mas valeu a pena? –Perguntei.

–Com certeza. Acredite, sofri muito para ter você para mim, mas valeu a pena, pois eu sempre soube que no final ficaríamos juntos, e eu sabia que não podia te perder, pois você é única. Uma baixinha irritada, porém única. –Leon disse rindo.

–Obrigada por não desistir. –Eu disse em um sussurro.

–Jamais desistiria. –Leon respondeu no mesmo tom que eu.

Foi um momento bom, um momento esclarecedor, eu tinha que entender que o fato de nos querermos, de nos amarmos, era capaz de superar qualquer coisa. Como eu estava deitada sobre seu peito, apenas me impulsionei um pouco para cima para poder ficar cara a cara com Leon, deixando nossos lábios tentadoramente perto.

–Quer me matar? –Perguntou ele rindo.

–Não, ás vezes sinto vontade de te matar, ou te dar uns belos tapas, mas agora não é o caso. –Eu disse, senti Leon apertar minha cintura, mas foi bem fraco, pois ele sequer tinha forças. Ele levantou um pouco a cabeça e aproximou a boca perto de meu ouvido.

–E como foi com a Lara? –Ele perguntou em um sussurro, eu arregalei os olhos e fiquei dura. –Sim, eu sei que você foi vê-la.

–Foi bom, quer dizer, apenas conversamos. –Respondi com tanta pressa que não sabia se ele havia entendido.

–Que bom, eu fiquei preocupado, pensei “Vai que elas se pegam nos tapas”. –Leon respondeu.

–Não, claro que não. –Respondi nervosa, Leon apenas sorriu.

Ele afastou a boca da minha orelha, e passou os lábios pela minha bochecha, logo tratou de direcionar a boca até meus lábios, fazendo assim que nos beijássemos pela primeira vez depois de longos meses. Não foi um beijo duradouro, Leon estava com problemas na respiração, então logo me separei.

–Vi...Vilu. –Leon disse ofegante.

–Leon? Leon? –O chamei e ele permaneceu ofegante. –Alguém me ajud...-Fui interrompida por risadas. Vi que era Leon que gargalhava.

–Por que fez isso? –Perguntei.

–Desculpe, não resisti, desculpe. Precisava ver sua cara. –Leon disse rindo ainda.

–Agora sim eu estou com vontade de te matar. –Respondi.

–Que tal, se ao invés de me matar, você saísse comigo hoje à noite?

–Sair? Leon você está impossibilitado nesse momento. –Respondi óbvia.

–Bom, como sou um cara muito inteligente, já preparei tudo, apenas venha aqui no hospital as 19h00 em ponto, iremos jantar fora.

–Mas...-Leon me interrompeu.

–Castillo, não seja teimosa. Apenas venha. –Pediu Leon.

–Não gosto que me chame assim. –Eu disse e Leon gargalhou.

–Vingança do Vargas.

–Vingança do Vargas. –O imitei debochada, ele riu. –Vou para casa, assim me arrumo paro o encontro.

–Tudo bem. E só para você saber, irei usar gravata. –Leon disse.

–Para você usar gravata, a situação deve ser especial. -Eu disse rindo.

–E é.

–Agora tenho que ir, tenho unha, cabelo, maquiagem....-Leon me interrompeu.

–Eu sei. Se acalme, por mim você não precisava fazer nada disso. –Leon disse.

–Claro que preciso. Olha o estado das pontas do meu cabelo. –Eu disse indignada.

–Para mim tá tudo perfeito no seu cabelo.

–Vocês homens não reparam em nada. –Eu disse e Leon riu. –Agora preciso ir. –Fui até ele e lhe dei um selinho.

–Tchau Leon.

–Tchau Vilu.

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–Eu estou horrível! –Exclamei assim que me olhei no espelho.

–Você está linda, pare de se rebaixar. –Fran disse, ela e as meninas estavam me ajudando.

–Como foi com a Lara hoje? –Fran perguntou meio hesitante.

–Digamos que, se eu tivesse ficado lá por mais 10 segundos, eu que estaria no hospital.

–Que horror! –Ludmila disse.

–Sim, mas não quero falar sobre isso. Eu tive uma conversa com o Leon, e resolvemos as coisas.

–E depois de esclarecer as coisas, vocês ficaram se agarrando. –Naty disse rindo.

–Como sabem? –Perguntei assustada e só ouvi gargalhadas das meninas.

–Você e o Leon vivem se agarrando, era de se esperar que não fosse diferente dessa vez. –Fran disse.

–Mas a Vilu não tem culpa, o Leon beija bem. –Ludmila disse sem pensar, eu a encarei brava. –Que foi? Nós fomos namorados.

–Você não precisava me lembrar disso. –Eu disse.

–Foi mau.

–Vamos esquecer o passado, porque hoje a Vilu vai ter uma grande noite. –Cami disse.

–Assim espero. –Eu disse enquanto Fran fazia os últimos ajustes no meu cabelo.

–Pronto. –Fran disse animadamente.

–O Vargas vai ter um ataque quando te ver. –Naty disse rindo.

–Nem brinque com isso. Eu estou curiosa para saber como é que ele vai sair daquela cama de hospital. –Eu disse.

–É o Leon, Leon consegue tudo. –Fran disse.

–Isso você tem razão, só espero que ele não se prejudique. Agora tenho que ir, já estou atrasada. –Eu disse, as meninas foram embora e logo depois eu desci.

Só espero que tudo dê certo, é o primeiro encontro desde a volta de Leon. Pareço uma adolescente, estou com os nervos a mil, como se fosse o meu primeiro encontro.

Tenho preocupações de adolescente, estou agindo como uma. Esse é o efeito Vargas, aquele que te deixa bamba após a cada beijo, a cada toque, aquele efeito que te deixa nervosa só de saber que ele te espera.

Eu sentia, eu queria, eu desejava. Essa noite tinha que ser “a melhor de todos os tempos”, somente eu e Leon, nós merecíamos, ou melhor, ele merecia. Leon que organizou tudo, mas eu me sentia na obrigação de tornar essa noite tão importante para ele.

Eu estava saindo pelos fundos, mas pude ouvir a campainha tocando, bufei e me direcionei até a porta de entrada. Assim que abri a porta, vi uma figura conhecida, fechei os olhos, torcendo para que fosse uma indesejada alucinação.

–Você está linda, como há três anos atrás. –A pessoa disse, abri os olhos e pude constatar que realmente era ele, o mesmo garoto agora homem, com o violão pendurado no ombro, engoli em seco e tomei coragem.

–Tomás?