Na segunda fomos para a escola, chegamos de mãos dadas, algumas vadias olharam, momentaneamente respirei um ar de pura inveja, eu via aquelas vadias com veneno de naja escorrendo no canto da boca. Eu previa que, este relacionamento não seria nada fácil. Ah, e inclusive, a ex de Bryan, estuda na mesma escola que a gente, ela é um ano mais velha do que eu, ela é loira (falsificada), olhos azuis, da cor do céu (isso é lente), um tipo físico atlético, ela é líder de torcida, típico de pessoas populares, ela é nojentinha. O-D-E-I-O ela!

–Amor, boa aula!- ele disse, e me deu um beijo, e foi em direção ao outro prédio, tinha que atravessar um "jardim" lindo para chegar lá.

–Obrigada, boa aula pra você também.- e nos distanciamos.

A história, de ele não ser meu primo, não saía da minha cabeça, por mais que eu não comente. Eu acho que ele não sabe, porque sei lá, ele não tem cara de saber que é adotado, às vezes eu tento tocar no assunto, mas é muito difícil chegar ao que interessa, e olha que ele não é burro. Hoje, a Rebecca ia lá pra casa, fazer um trabalho, sobre um livro.

–Eai becca, animada para mais tarde?- falei e dei um sorriso de canto de boca.

–Claro, ainda mais para ver aquele gostoso do Bryan!- ela disse, e riu.

–Wow, Wow, mais respeito, não sei se você sabe, mas ele agora é o meu "namorado"- falei e fiz as aspas com os dedos.

–Hãm?- ela perguntou, parecendo que veio de outro mundo.-Como assim?

–Ué... Ah becca se liga!- comecei a rir.

–Mas até ontem...- ela fez uma pausa, parecendo que estava raciocinando o que era até ontem.- Até ontem, você estava com o Diego, não é?- ela me perguntou arqueando uma das sobrancelhas.

–Sim. Até ontem!- detalhe, ressaltei o "ontem".

–Quer dizer, você está namorando os caras mais gatos da escola.

–Talvez.- ajeitei-me na cadeira quando o professor de química adentrou a sala. Fiquei em silêncio a aula toda. Até dar o sinal do intervalo, saltei da minha cadeira, e corri para o tal "jardim" lindo, ali ficavam amigas fofoqueiras, casal de namorados fofinhos, pessoas lendo livros, etc. Bryan já estava sentado à minha espera.

–Oi!- apareci, ele olhou para o alto, enrugando um pouco a testa para conseguir me ver no meio daquele sol.

–Oi!- ele respondeu, enquanto eu sentava-me, e deu um sorriso.

–Como foi a sua aula?- perguntei depois de um tempo.

–Ocorreu tudo bem, na medida do possível.- ele me respondeu, enquanto olhava para a puta que pariu.

–Está tudo bem?- perguntei, expressando preocupação.

–Mais ou menos. Tá ligada na Evelyn, minha ex?- ele me perguntou, com uma cara de nojo notável. Bem, eu lembrava, do dia da confusão com Diego, o que me dava arrepios.

–Lembro sim, uma loira falsificada.- dei um riso fraco, para quebrar a tensão.

–Sim, sim. Então, ela me enviou uma mensagem hoje. Uma mensagem estranha, que eu acho que você pode... Talvez, tirar suas próprias conclusões.- disse, enquanto entregava-me o celular.

"Quanto tempo né, mas ainda tenho o seu número. A sua, atual, ex, me disse que você trocou ela, pela a sua prima! Bem, eu sei algumas coisinhas suas que pode estragar a sua vida! E sei dela também! Então toma cuidado! Beijos :)."

–COMO ASSIM?- gritei.

–É isso ai!

–Que "coisinhas" são essas?

–Isso eu só posso te falar em casa. É muito complicado... Complexo. Fiquei olhando para o nada, pensando em o que pensar.

–Hm, tá bom. Você poderia levar eu e a Rebecca hoje?- perguntei, ele começou a gargalhar alto.

–Rebecca? Da sua sala?- ele perguntou, ainda gargalhando.

–Sim, ela mesmo. Algum problema?- perguntei, já me irritando pelo fato dele não estar parando de rir, e também não me dizer porra nenhuma.

–Aquela garota...- ele fez uma pausa suficientemente grande para eu gritar com ele.

–PORRA, FALA LOGO!- todos olharam pra mim.

–Calma, é só que eu já fiquei com ela, e...

–E MAIS O QUE?- continuei gritando.

–Ela perdeu a virgindade dela, comigo.- ele falou baixinho em meu ouvido.

–Você o que?

–Sim, sim. Mas já passou! Relaxa princesa.- ele me abraçou e me deu um beijo.

Ficamos juntos mais um pouco, e depois voltei para a minha sala. Fui perguntar para a becca se isso era verdade. Mas claro que eu não iria perguntar tudo isso...

–Becca!

–Fala gata!

–Você já "ficou" com o Bryan?- quando perguntei isso, ela parou, e ficou olhando o nada, pensando no nada, tentando caçar uma resposta para me dar.

–Talvez.- por fim saiu isso. Ela tentou sair do assunto, como eu percebi, não forcei a barra. Na aula ocorreu tudo bem, depois que tocou o sino, representando a hora de sair, nos dirigimos ao estacionamento. Bryan já estava à nossa espera.

–Oi meu amor!- passei dei um beijo nele e coloquei a minha mochila no banco de carona.

–Oi.- a Rebecca cumprimentou ele, e ficou toda vermelha. Ela juntou-se comigo no banco de trás do carro. Ficamos em silêncio... Durante dois minutos.

–E ai Rebecca, quanto tempo né!- eu só estava esperando uma piadinha.

–Verdade.- ela respondeu, sem querer muito contato.

–Qual foi a última vez que nos vimos? Acho que foi da primeira vez.- ele soltou uma risada inconveniente, e a piada foi a mesma coisa... Inconveniente.

–BRYAN!- gritei com ele.- Não seja inconveniente!- chamei a atenção dele.

–Desculpa bebê! Te amo.- ele fez biquinho, fiquei encarando-o pelo retrovisor interno do carro, com uma cara que... Melhor nem comentar. Logo depois, chegamos em casa, almoçamos e eu fui para o meu quarto com a Rebecca.

–Quer fazer o que primeiro: o trabalho, conversar? Ou qualquer outra coisa.

–Vamos fazer o trabalho depois matamos-nos de conversar.- e rimos.

–Okay.- ela concordou, e prosseguimos com a ideia, fizemos o tal trabalho, e depois conversamos.

–E como vai o seu namoro com o Luccas?- perguntei. Luccas, era também, um dos melhores amigos de Bryan, eles estavam sempre juntos.

–Bem, mas ele é muito egocêntrico.

–Entendo!

–Avy, posso te contar uma coisa que poucas pessoas sabem?- ela me perguntou, olhando-me fixamente.

–Claro, você sabe que pode sempre contar comigo né.

–Então.- ela parou de falar, buscando as palavras certas.- Eu sou lésbica.- ela confessou, depois de um certo tempo.

–Você é o que?- eu fiquei literalmente boquiaberta.

–Espero que você não tenha nenhum tipo de preconceito quanto a isso. Mas eu também tenho, ainda, outra coisa para te contar.- ela respirou fundo.- Eu tenho um caso com a Annie.- concluiu.

–Você o que?- perguntei a mesma coisa de novo.

–É.- notei que ela ficou um pouco sem graça, comigo olhando fixamente para ela.

–Meu Deus! Nem acredito.- ela se aproximou de mim, aproximou a sua boca, quando ela estava prestes a me beijar, coloquei o meu indicador no meio de nossas bocas.

–Melhor não! Eu não torço para esse time.- nos distanciamos, ela ficou mais sem graça ainda. Nessa hora bateram na porta.- Quem é?- perguntei, mas não obtive reposta, levantei-me e abri.

–Bryan o que você está fazendo?- ele estava completamente nu, só com um arranjo enorme de flores cobrindo o pênis dele, mostrando cada parte de seu corpo.

–Avy, uma surpresa, já que ainda não te pedi em namoro oficialmente, estou aqui para te fazer esse pedido.- ele se ajoelhou, e inclusive tirou o arranjo de flores de frente do seu pênis e me deu, ajoelhado, com a Rebecca assistindo a tudo.

–Meu Deus Bryan!- exclamou Rebecca.

–Avery Medeline, estou aqui pedindo formalmente, para você ser a minha namorada oficial! Aceita?- por mais que eu estivesse atordoada, eu estava gostando daquilo tudo.

–Claro que aceito meu amor!- agarrei a cintura dele com as minha pernas e enchi ele de beijo.

–Bem, melhor eu ir.- disse Rebecca, já se retirando do quarto.

–Pode ir, a porta está aberta.- Bryan falou só para provocar.

–Não fala assim!- falei entre o beijo, e dei um tapa nas costas dele.

–Não faz assim senão eu "gamo". Ah, ainda tenho uma surpresa para você no jardim, mandei preparar. Mais tarde estará pronto.

–Hm, nem gosto!- dei um sorriso.- Agora vai se trocar garoto.

–Tá bom, mamãe!- ele me sacaneou e foi trocar-se.

Coloquei o meu arranjo em um lindo vaso que encontrei, deitei um pouco e fui pensar na vida, era o meu passatempo predileto! Eu estou tão animada e ansiosa para a próxima surpresa! Já eram quase sete da noite, logo Bryan chegou, para me levar para a tal surpresa.

–Vamos gatinha!- eu levantei, e ele me vendou, o que me fez lembrar do dia que Diego me pediu em namoro, escorreu uma lágrima do meu rosto, eu não gostava de lembrar dele.

–Partiu!- falei, animada.

–Tá chorando?- ele perguntou limpando uma lágrima.

–Não, não.- respondi, eu abracei ele e desabei-me em lágrimas.

–Por que você está chorando meu amor?- ele perguntou, com uma voz chorosa também.

–Você promete que nunca vai me trair, e que nunca vai me deixar sozinha?- perguntei olhando em seus lindos olhos verdes.

–Prometo, eu não quero te fazer sofrer. E nem vou fazer.- ele me olhou com um ar de confiança.

–Eu nunca vou esquecer isso, e por favor, não descumpra.

–Eu não irei descumprir! Minha pequena.- ele me olhou e sorriu, um sorriso sincero.- Vamos descer!

–Vamos, vamos.- ele me guiou até a escada, me segurou no colo, e desceu, me levou até o jardim.

–Pronto!- disse, desvendando-me. Era um lugar lindo, à luz de velas, ele tinha arrumado outros arranjos da estufa. Tinha várias coisas de comer e vários tipos de bebidas (alcoólicas).

–Você quer me embebedar, para me levar pra cama, para se aproveitar da situação?- perguntei, e ele riu.

–Já que você deu ideia, pode ser!- rimos, e nos sentamos na toalha forrada no chão e ficamos ali durante horas bebendo, comendo e conversando. Até eu lembrar do que a Rebecca havia feito mais cedo.

–Bryan, eu preciso muito te contar uma coisa.

–Fala, minha gatinha.

–Tá ligado pra quê que a Rebecca veio aqui em casa né.

–Sim, acho que sim, para fazer trabalho.

–Então, quando acabamos, ficamos conversando, até...- passou o filme todo da situação na minha cabeça, e eu parei de falar.

–Até...- ele fez com que desse um "restart" na minha cabeça.

–Até, eu perguntar sobre o namorado dela, se estava tudo bem e tal, ai ela falou que, precisava me contar uma coisa muito importante, e que poucas pessoas sabem.- fui abaixando a minha voz gradativamente.- Ela é lésbica.- murmurei.

–Ela é o que?- ele perguntou, pois a minha fala foi inaudível.

–Sim, ela é lésbica!- aumentei o meu tom de voz.

–Meu Deus!- ele tampou a boca com a mão.

–Fiquei no mesmo estado.- arqueei as duas sobrancelhas.

Ficamos até quase três da manhã, conversando sobre coisas da nossa vida. Ele cantou algumas músicas para mim e logo depois fomos dormir.