Inimigos Coloridos escrita por Harry Jackson Everdeen


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada a todos que estão acompanhando a fic. Espero que gostem.



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O moreno nem percebeu que a aula havia se passado e todos já estavam levantando de suas carteiras. Percebeu que Thalia havia ido embora. Nico tinha que parar de pensar na punk. Já sei, pensou, vou chamar Drew para ir ao cinema hoje.

Correu para seu armário, tinha pego a chave junto com o horário, pegou os livros da próxima aula e foi procurar Drew. Procurou por todo o extenso corredor e nada. Estava prestes a desistir e partir para a aula de química quando duas mãos cobriram seus olhos.

- Adivinha. – perguntou o portador das mãos logo atrás. O portador tinha mãos macias e cheiravam à pêssego, sua voz era charmosa e doce, então provavelmente era uma menina.

- É você Tanaka? – perguntou dando um riso.

- Parabéns, você é muito esperto. – respondeu tirando as mãos dos olhos negros de Nico e dando um sorriso malicioso.

- Eu estava te procurando. – disse Nico e viu um sorriso satisfeito no rosto da morena à sua frente.

- Agora já achou. O que quer? – perguntou Drew com um duplo sentido na frase.

- Queria te chamar para sair hoje. Um cinema quem sabe. – disse colocando uma das mãos no bolso da calça, pois a outra se encontrava os livros.

- Eu adoraria, Niquito. – respondeu dando um beijo no canto da boca do moreno. – me pegue às 7. Você já sabe o endereço? – Nico respondeu que sim. Havia pego o endereço da casa de Drew um pouco antes do intervalo. – Então até lá.

- Até. – Nico deu tchau e foi para sua aula.

A aula era em dupla e Nico acabou indo com quem... não era Thalia, se quer saber, ela nem estava naquela aula. Nico foi com Grover, que normalmente ia com Júniper. Esta teve que ir embora por mal estar.

Até que Grover era um cara bacana. Ele era ruivo, usava um chapéu rastafári e dizia ser o melhor amigo de Percy. Eles fizeram vários experimentos até o sinal bater e todos saírem da sala. Sinceramente, Nico estava ansioso para sair com Drew, talvez parasse um pouco de pensar em Thalia, não que ele pensasse o tempo todo.

Teve mais uma aula, que foi muito chata por sinal, e logo depois foi para casa de metrô e de a pé. Chegou no apartamento e Bianca já havia chegado. Ela estava de costas, aparentemente fazendo um lanche, e Nico teve a ideia de assusta-la. Foi se esgueirando até chegar bem perto de Bianca e então gritou no seu ouvido Buuuu. Ela deu um pulo e gritou.

- Desgraçado. – disse Bianca enquanto dava tapas no braço do irmão, que ria sem parar.

- Foi mal. – falou Nico ainda rindo. – Você estava tão distraída que me veio à cabeça. – Bianca cessou a sessão de tapas e socos.

- Mas você ainda é um desgraçado. – disse se virando novamente para o lanche que fazia. – E também não merece o lanche que fiz para você.

- Para mim?! Nossa, eu tenho mesmo uma irmã muito boa. – Nico pegou o prato com o lanche das mãos de Bianca e se sentou em uma cadeira, colocando o prato na mesa.

- Como foi a escola? – perguntou Bianca logo depois que Nico terminou o lanche.

- Foi boa. Muitos amigos novos e hoje tenho até mesmo um encontro com uma menina que já tinha conhecido. – respondeu o moreno. Levantou-se e foi em direção ao banheiro do quarto para escovar os dentes. – Como foi lá na faculdade? Tá tudo certo com a matricula? – perguntou enquanto passava creme dental na escova.

- Tudo certo. – respondeu a di Angelo indiferente. – Você sabe por que está indo na escola agora no final do ano, não sabe? – Nico fez que sim com a cabeça, pois estava com a escova na boca. – Bom, o papai ligou e falou que é para você continuar indo. Mesmo sendo final do ano, ele quer que você continue com suas notas perfeitas, então uma pausa nos estudos seria ruim.

Nico cuspiu a espuma na pia e lavou a boca com água.

- Tudo bem. Até que a escola é legal. – o moreno deu beijo na testa da irmã. – Agora eu vou descansar, porque tenho um encontro à noite.

- Quem é a sortuda? – Bianca perguntou com um sorriso sacana no rosto.

- Drew, e ela é maravilhosa. – Nico pegou nos ombros de Bianca e foi empurrando ela para fora do quarto. – Agora tchau, maninha. – bateu a porta e caiu na cama.

Nico dormiu até às 5 da tarde. Olhou o relógio e levantou depressa para tomar um banho. Quando terminou, colocou uma calça jeans clara, uma camiseta de mangas compridas gola v preta, esta que ele subiu as mangas até os cotovelos, e colocou um tênis preto e branco. Bagunçou os cabelos e saiu.

O moreno encontrou Bianca na sala assistindo o filme O Lado Bom da Vida e comendo pipoca. Quando a morena percebeu a presença do irmão, o olhou de cima a baixo e vez um joia com o polegar.

- Me empresta o carro, mana? – perguntou o di Angelo fazendo cara de pidão.

- Sabia que iria pedir. – Bianca respondeu negando com a cabeça e jogando a Nico uma chave. – Cuide bem do meu bebe.

- Relaxa. Tchau. – o moreno saiu e foi até a garagem pegar o carro.

O caminho era um pouco longo até a casa da Tanaka, mas nada que um bom rock não o encurtava. Nico chegou e se deparou com uma mansão lindíssima, meio enjoada, mas linda. Ele saiu do carro hipnotizado com a mansão e foi em direção à porta, tocando a campainha. Quando a porta se abriu, esperava ver Drew, mas era outra pessoa.

- Nico? O que faz aqui? – Silena perguntou olhando confusa para o moreno.

- Eu é que pergunto. – disse Nico.

- Eu moro aqui. Agora é sua vez de responder a minha pergunta. – respondeu Silena cruzando os braços e esperando a resposta.

- Eu chamei Drew para sair. – ele falou indiferente.

- Ah tá. – pareceu compreender, mas logo se tocou de alguma coisa. – Mas por que você chamou a minha irmã para sair? Ela é insuportável!

- Porque ela me pareceu bacana, Silena. – o di Angelo respondeu. Não era toda a verdade, mas era parte dela.

Silena até poderia ficar lá falando a Nico o quanto sua irmã era chata, piranha e muito mais, porém, alguém pigarreou atrás dela. Silena, que já sabia quem era, deu tchau a Nico e entrou em uma porta dentro da casa. Silena poderia até falar o quão insuportável Drew fosse, mas que ela era linda, era.

- Boa noite, Niquito. – falou Drew , tirando Nico do transe.

- Boa noite. Você está linda. – disse e Drew deu um sorriso e passou seu braço pelo o de Nico.

Foram até o carro, Nico abriu a porta à Drew e depois foi até o banco do motorista. Foram até o melhor shopping da cidade, ordem de Drew, e andaram até o balcão para comprar os ingressos. Compraram para um filme de comédia romântica e logo seguiram, com a pipoca já em mãos, para a sala.

Nico não estava nem ai para o filme, queria era dar uns amassos em Drew até perder o fôlego, e parecia que ela queria o mesmo. Chegaram em seus lugares e esperaram o filme começar. Quando apareceu o logo da Warner Bros, Drew disse com falsa ingenuidade.

- Estou com frio. – olhou para Nico com malicia escondida em seus olhos.

- Pode deixar comigo. – Nico passou o braço pelo ombro dela e se aproximou, levantando o braço da poltrona.

Não demorou nem dois minutos para ela se aproximar mais e encostar os lábios de ambos. Nico não estava surpreso com o ato dela, então a puxou para sua poltrona, onde Drew ficou em cima dele. O beijo era cheio de desejo e luxuria, sem sentimento, e as línguas travavam uma batalha viciante. Não demorou para perderem o fôlego, mas Nico não queria perder o pique então começou a distribuir selinhos no pescoço da Tanaka. Ela gemia baixinho, para que as outras pessoas no resinto não percebesse nada. Nem preciso dizer que a tentativa falhou.

Embora lhes fossem atiradas pipocas e bolinhas de papel, ficaram assim até o filme acabar, trocando caricias. Saíram do cinema de mãos dadas e ficaram se agarrando em um canto qualquer. Desculpe a sinceridade, mas se não estivessem em local publico, poderia ter esquentado muito mais. Como já estava ficando tarde, eles tiveram que ir embora, não sem quase se comerem no vestiário de uma loja feminina. Eles foram expulsos por dois seguranças, na verdade, primeiro veio a vendedora, que estava escutando coisas estranhas vinda de dentro do vestiário. Ela havia pedido educadamente, mas os dois somente trocaram de vestiário. Ai, sim, vieram os seguranças. Mas antes de irem embora, passaram no McDonalds, Nico adora o Mc.

Comeram, Nico pagou como um bom cavalheiro, e depois foram até a mansão da Tanaka. Acho que a menina tinha problema, porque ficava beijando Nico sem parar. Assim ele iria bater o carro! Mas eles ficaram vivos, pois o moreno achou uma posição confortável em que ele dirigia e ela o beijava no canto da boca. Quando chegaram, Drew deu mais um longo beijo, quente e avassalador, em Nico.

- Até amanhã, gato. – disse saindo do carro, dando uma piscadela ao di Angelo. Saiu rebolando muito até a porta da mansão.

- Até. – esperou ela entrar para dar partida no carro e seguir para o apartamento. Cara, ela é muito perfeita, o moreno pensou. Um pouco pegajosa demais, mas perfeita.

Foi listando cada qualidade de Drew até perceber que havia chegado no edifício onde morava. Desejou a César uma boa noite e subiu até o décimo terceiro andar, o último andar. Chegou à entrada, apanhou as chaves e abriu a porta, logo, se deparando com Bianca. Que não estava sozinha.

Ruivo, alto, de longe tinha olhos claros, talvez verdes, e muito, muito forte. Tipo, parecia um jogador de futebol americano profissional de tão grande que era, ou talvez um armário havia criado pernas. Bianca olhou surpresa, e tenho que dizer, com muita vergonha, para irmão que se perguntava Quem é esse?

- Nico, já chegou? – Bianca estava nervosa, além de que parecia um tomate de tão vermelha. Quase tanto quanto o cabelo do sujeito ao lado dela, que sorria para Nico.

- Claro que cheguei. – respondeu o moreno sem desviar o olhar nenhuma vez do ruivo. – E quem é esse? – perguntou autoritário para irmã, cruzando os braços na frente do peito. Ele estava brincando com ela. Nunca que ficaria zangado por ela levar um cara para o apartamento, principalmente quando o cara era o dobro de seu tamanho.

- Esse é Austin, o nosso vizinho. – disse Bianca com cabeça baixa e apresentando o tal Austin ao irmão. Nico ria por dentro com o estado da morena, que, obviamente, estava envergonhada.

- É um prazer conhecer você, Nicholas. – o ruivo estendeu a mão para Nico, que aceitou. Aperto de mão forte, pensou o moreno, forte demais. Tá doendo.

- O prazer é meu, e me chame de Nico, por favor. – respondeu o moreno com falsa arrogância na voz. – Muito bem, vou para o meu quarto, descansar um pouco. Não vou dormir, só descansar. – apontou para Bianca e foi saindo.

O moreno mostrou dois dedos e ficou revezando, hora para os olhos, hora para os dois. Foi andando de costas pelo corredor, mantendo o olhar para eles. Nico ria sozinho no quarto, mas baixo para que os dois não ouvissem.

- Então, quer dizer que eu não posso trazer mulheres para cá, mas ela pode trazer ruivos saradões?! – o moreno ainda ria muito, e falou aquilo para si mesmo. – Ai, ai maninha. Você e suas regras de araque. – ele ria sem parar mesmo.

Quando recuperou o fôlego, foi até o banheiro e tomou um belo banho quente. Saiu, secou-se e vestiu seu pijama, que por um acaso era uma bela cueca vermelha. “Abriu” as janelas que lhe proporcionava uma ótima visão e ficou lá, de cueca olhando a cidade que nunca dorme pensando em uma morena.

Você quer saber qual morena? Não era a Drew, por incrível que pareça (ou não). Embora tivesse passado uma noite muito boa com Drew, na verdade uma noite maravilhosa, Nico só pensava em uma outra morena. Aquela de olhos azuis elétricos. Aquela que o xingava, e que ficava extremamente sexy quando estava com raiva.

O moreno parou de pensar nas curvas que Thalia possuía, e forçou seus pensamentos a pensarem em outra pessoa, Drew. Tentou focar-se nas curvas da Tanaka, nos cabelos sedosos, na voz sensual dela, mas parecia que nada dava certo.

Thalia podia até ser uma punk louca pra caramba, mas ela era extremamente linda, extremamente gostosa, extremamente sensual... se a boca dela ( que para Nico era extremamente beijável também ) fosse menos suja no requisito palavrões, ela seria extremamente perfeita para Nico.

- Foco, Nico. FOCO. – falou a si mesmo. Queria pensar em Drew, mas era difícil demais com uma distração como Thalia. Ficou pensando nisso por muito tempo.

O moreno resolveu dormir, já que eram onze e meia da noite e tinha aula de manhã cedo, e também deixou a janela descoberta. Queria ficar vendo a cidade até pegar no sono.

...

O moreno de olhos negros teve insônia. Não tinha dormido bem por conta de duas morenas. Ele levantou às seis da manhã e foi direto tomar um banho gelado, tinha que ficar disposto no período da manhã. Se enxugou e colocou uma roupa diferente. Uma camiseta do Red Hot preta, com uma blusa vermelha por cima e calça jeans clara rasgada, que ele mesmo havia rasgado. Para quem não sabe, Nico tocava guitarra e adorava fazer graça se jogando de joelho. Na calça havia duas correntes penduradas que iam até um pouco antes do joelho, uma maior que a outra.

Saiu do quarto, não sem antes de arruma-lo, e foi para a cozinha, onde sua irmã já se encontrava fritando, como sempre (que seria desde que chegaram), os ovos para o café da manhã. Nico deu um beijo estalado na bochecha da irmã e sentou-se na bancada.

- Nossa, maninho. Nunca que você me deu um beijo de bom dia. – Bianca disse, dando uma risadinha.

- Não se acostume. – o moreno disse, com cara de sério, que logo atribuiu um sorriso sincero.

Ficaram em silencio por um bom tempo. A morena terminou de fritar os ovos e os di Angelo foram comer. Nico já estava quase terminando quando se lembrou de uma coisa. Cruzou os braços na frente do peito e olhou para Bianca furioso.

- O que foi, Nicholas? – perguntou Bianca um pouco receosa com a atitude do irmão.

- O quê que o Austin estava fazendo aqui ontem a noite com a senhorita? – perguntou autoritário. Lógico que ria muito por dentro. Riu mais ainda com o tom vermelho que Bianca possuiu.

- Nada de mais. – respondeu dando de ombros e olhando fixamente para o seu ovo quase terminado.

- Não vou admitir você com rapazes em meu apartamento! – disse o moreno muito sério, que fez até Bianca se assustar e fazer uma careta muito engraçada. Não se aguentou, riu até cair, literalmente. – Estou brincando. – disse recuperando o fôlego e sentando-se na cadeira e terminando de comer seu ovo. – Mas, se você pode trazer caras aqui, eu também posso trazer mulheres. Fechado?

Não esperou pela resposta. Deu um beijo na bochecha dela, de novo, e saiu pela porta quase correndo. Ele tinha que se acostumar com o fato de não ter mais carro, tinha que pegar o metrô mesmo.

Chegou na escola uns dez minutos antes. Procurou seus amigos e os encontrou em um canto, perto de uma árvore, todos em roda na grama. Foi naquela direção e percebeu que faltava Travis, Connor e Thalia, mas os irmãos Stoll chegaram logo depois. Percy estava sentado se apoiando com os braços e Annabeth estava em seu colo. Charles no colo de Silena e os demais, um do lado do outro.

- E aí, pessoal? – perguntou Nico. Todos deram oi para ele e abriram a roda para que ele pudesse se sentar.

- Nico, é verdade que você saiu com a Drew ontem? – perguntou Charles, direto e olhando profundamente nos olhos negros do moreno. Aquele cara assustava muito o di Angelo. Ele era moreno, alto e forte, mas era gente boa. Mesmo assim, Nico o temia um pouco.

- Como você sabe? – perguntou Nico a Charles, que apontou para Silena. – Ah.

- Cara, você não aprendeu nada com a gente ontem? – perguntou Chris, que era passível. Nem muito grande nem muito pequeno, então não tinha medo dele. Mas da namorada dele era outra história.

- Olha, ela foi super legal comigo ontem. Ela não fez nada de ruim pra mim, então não vou julga-la. – Nico disse na defensiva. Era muito desconfortável ouvir todos dizendo barbaridades sobre Drew.

- O.k. – se pronunciou Annabeth, que para Nico, era a mais sensata que todos. – Se o Nico quer mesmo tentar alguma coisa com a Tanaka, não vamos impedi-lo. – o moreno gostou ainda mais dela depois disso, mas logo ela continuou. – Só que eu acho que você vai quebrar a cara, Nico.

- Vamos mudar de assunto. – disse Thalia. Todos assustaram. Como ela foi parar do lado deles? Que menina esquisita.

- De onde você veio, filhote de cruz credo? – perguntou Nico, com a mão no coração e arfando.

- Da minha casa. E, filhote de cruz credo é a sua vovózinha. – disse Thalia, grossa.

- Minha avó não tem nada a ver com isso, lunática. – reclamou Nico. Parecia que ia ter uma discussão das longas... ou nem tanto.

- Vai parar de me xingar ou não, seu galinha! – sim. Ela falou para ele para de xingar, e ela continuava xingando.

- Para inicio de conversa, foi você quem começou com a sessão de xingamentos. – lançou Nico. Tá. Talvez ele tenha começado chamando ela de filhote de cruz credo.

- Eu que comecei? – perguntou Thalia, atônica. – Claro que não, seu insuportável.

O pessoal não parava de olhar de um lado para. Olhando para Thalia, depois Nico, Thalia, Nico, Thalia, Nico... sério, teve uma hora que Percy colocou a mão no pescoço para passar a dor de tanto virar a cabeça.

- Ah, falou a menina que todo mundo aguenta. Se olha no espelho, criatura. Você é tão irritante quanto eu. – Nico já estava falando um pouco mais alto, porém, ainda estava sentado olhando para cima, onde Thalia se encontrava de pé.

- Retire o que você disse, energúmeno. – a Grace apontava furtivamente para a cara do di Angelo. – Não me igualo a você nem no inferno. Você é mil vezes pior.

- Você não aguenta quando os outros jogam a verdade na sua cara. – Nico se mantinha o mais calmo possível, mas quando se tratava de Thalia, era quase impossível.

- Você que é não aguenta, di Angelo. – a morena tinha chegado mais perto de Nico e apontava freneticamente o dedo para ele. – Por que você não volta pro colo da mamãezinha, hein?

Thalia havia jogado sal na ferida dessa vez. Nico fez uma cara de... não sei nem explicar a expressão. Era repleta de dó, culpa, saudade, raiva de Thalia e mais um monte de emoções juntas.

- Já chega dis... – Nico foi dizendo bem mais baixo, quase sussurrando. Mas foi interronpido.

- Ah, por que não assume que quer voltar para o colinho da mamãe. – Thalia fez uma biquinho e falou em tom infantil. – Se agarra ao colo da mamãezinha, Nico.

O moreno de olhos negros não aguentou. Queria chorar, e muito. Mas não podia se dar ao luxo de fraquejar, ainda mais na frente dos amigos, e de Thalia. Ele não considerava ela uma amiga. Estava mais para arqui-inimiga. Então fez a coisa mais sensata que uma pessoa faria em tal situação. Fugiu.

- Tá. Tanto faz. – Nico respondeu. Pegou sua mochila e levantou-se, foi procurar alguém com mais compaixão. Precisa ficar longe daquela peste de olhos azuis. Thalia podia mexer um pouco com ele, mas ela era MUITO irritante, e MUITO cruel.

Todos ficaram com cara de WTF? Quando Nico se levantou e saiu. Todos começaram a murmurar Por que ele saiu? O que ele vai fazer? Até que Percy decidiu que iria contar a todos o porquê da saída de Nico. O moreno de olhos verdes ficou mal pelo amigo, sabia a história dele.

- Pessoal. – o moreno de olhos verdes chamou a atenção dos amigos. – O Nico só saiu porque o comentário da Thalia o afetou. A mãe dele morreu em um incêndio uns três anos atrás. – Percy e Annabeth, que sabia já a história de Nico, olharam para Thalia com reprovação. Percy não era muito de pensar duas vezes, então disse. – Olha o que você fez.

Alguns abaixaram a cabeça, outros fizeram cara de pena. E Thalia, então? Ficou horrorizada com os próprios atos e sentiu a culpa ocupar um lugar em seus ombros. Ficou pensando se pediria desculpas ou se ficava por lá mesmo, afinal, não gostava do di Angelo. Escolheu a primeira opção. Era um gesto singelo e não arrancaria pedaço dela. Levantou-se e foi atrás de Nico, e escutou alguém gritando:

- Aonde vai? – provavelmente Luke.

- Consertar uma coisa. – respondeu baixo, para si mesma.

A morena procurou, procurou e nada do moreno italiano. Olhou em tudo. No auditório, em todas as salas, no banheiro (esta ela pediu a um amigo que passava pelo corredor), no pátio, no refeitório... em tudo, mas nenhum sinal de Nico. Procurou, então, em um ultimo lugar. Pouco provável, mas nunca se sabe, né? Abriu a porta do armário do zelador.

Não foi o que Thalia esperava encontrar. Tinha duas opções: (a) estava sujo como sempre, com todos os esfregões, vassouras e baldes amontoados, ou (b) o di Ângelo estava lá, aos prantos, pensando no comentário ridículo dela. Digamos que, o que acontecia de fato lá dentro, não se encaixou em nenhuma das duas opções.

Um moreno, de camiseta negra e calça rasgada, atracado com uma morena vestida de rosa por completo. Cara, era uma comilança tão devastadora, que Thalia sentiu ânsia de vomito. Sério, era língua para todo o lado e mãos bobas também. Ela teria vomitado se o moreno, que por sinal era Nico (ah vá), não tivesse notado a presença de uma terceira pessoa e interrompido o beijo. A morena com olhos negros, a que beijava o moreno freneticamente, logo viu o motivo de Nico ter parado.

- O que faz aqui, punk maldita? – perguntou Drew, com muita arrogância na voz. Como aquela menina irritava a Grace... Parecia um pato aquela menina, com voz de taquara rachada. Mas só para Thalia, porque os meninos morriam de amores por ela.

- Por que a pergunta? – devolveu no mesmo tom de arrogância. – Por um acaso esse armário é de vocês? – Thalia olhou pra cima, onde havia uma plaquinha. – Não. Aqui está escrito zelador.

- Mas ele está ocupado, se você não percebeu. – o di Angelo se pronunciou, e ele falava em tom agressivo. Obviamente, ainda estava abalado com o comentário da Thalia.

- Olha, eu fiquei procurando você por toda a escola... – ela estava começando a se explicar, mas o moreno a interrompeu. Odiava ser interrompida, mas deixou passar dessa vez.

- Me procurar para quê? – Nico já estava começando a ser muito grosso. Até deixou Drew de lado e ficou na frente de Thalia, tipo, a uns 10 centímetros de distância.

- Para me desculpar, seu imbecil. – gritou Thalia. As palavras que saíram de boca da Grace surpreenderam Nico. – Eu vim me desculpar. Eu não sabia que sua mãe tinha morrido. – gritou de novo. Se acalmou (ou nem tanto), olhou para a Tanaka, que boiava legal na conversa, e continuou. – Mas, pelo menos é o que parece, você já tem seu prêmio de consolo.

A morena de olhos azuis saiu batendo a porta e depois seguindo para seu armário, pegar seus livros. Ela não sabia o porquê, mas não gostava de ver Drew com Nico. O engraçado era que a Grace não ligava com quem a Tanaka ficava, não antes de ver aquilo. Nem percebeu quando chegou em frente de seu armário.

- Para de pensar nisso, Thalia. – repreendeu-se. Ela estava estourando seus miolos pensando qual era a probabilidade de Nico namorar a Drew, ou até algo mais. Se é que já não tinham feito, porque, do jeito que aquela garota era e como era a fama de Nico (Percy contou a ela que o di Angelo tinha fama de conquistador), nunca se sabe do que se é capaz.

Alguém a tirou de seus devaneios. Alguém que a garota adorava tinha chegado e abraçado a sua cintura por trás. Ela tinha uma quedinha por essa pessoa a alguns anos e ele sabia disso.

- O que foi que deu em você para sair daquele jeito? E ainda sem me responder. – falou o garoto atrás da morena.

Thalia se arrepiou por inteira. A respiração do garoto batia diretamente em seu pescoço desprotegido. Se desfez de tal sensação rapidamente e respondeu, sem se virar.

- Eu fui resolver uma coisa, tá. – falou enquanto pegava seu livro de matemática. – Por que todo esse seu interesse, hein? – perguntou, com um sorrisinho no canto da boca.

- Ah, eu me importo com você, Lia. – ele era perfeito aos olhos de Thalia, só que ODIAVA ser chamada de Lia. Nunca falou a ele, aliás, a ninguém (só a Annabeth), mas não gostava nem um pouco do apelido.

A morena se virou e deparou-se com quem esperava. Um rapaz um pouco mais alto, cabelos cor de areia e olhos azuis, não como os dela que eram elétricos, mas um azul claro como o céu. Também tinha uma cicatriz no rosto, que ia do olho até o queixo, e o deixava sexy.

- Se importa comigo? – perguntou a morena, retórica. – Que bom saber disso. – ela disse se afastando. Não queria que Luke percebesse que sua respiração estava apressada, por conta da aproximação dos dois.

- Eu vim te perguntar, na verdade, outra coisa. – Luke se interrompeu e Thalia o olhou incentivando a continuar. – Você quer fazer alguma coisa hoje? – perguntou por fim.

A morena havia ficado surpresa com o pedido. Normalmente era ela a festeira que o chamava para sair a noite, e tal pedido realmente não era comum.

- Com você? – perguntou com incredulidade.

- É, né. Por quê? Esperava que fosse com o Bradley Cooper? Ou com o di Angelo? – tá. A Grace tinha gostado da possibilidade se sair com Bradley Cooper, mas O DI ANGELO? Que pergunta mais tosca.

- Poderia ser com o Bradley. – respondeu, tentando fazer com que o Castellan se esquecesse da ultima pergunta. – Mas você dá pro gasto. – falou sorrindo.

O loiro deu um sorrisinho enquanto negava com a cabeça. Olhou para a morena, esta que dava um sorriso meio que malicioso, e então disse:

- Tchau, Grace. – depositando, assim, um selinho no canto de sua boca.

Thalia, chocada, colocou a mão na boca, onde a pouco, havia sido ‘beijada”. Ficou assim, enquanto olhava Luke dar as costas e ir para sua aula.


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