Neko Café - Interativa escrita por Lady Blue


Capítulo 14
Herói


Notas iniciais do capítulo

Heey, pessoas, mais um capítulo o/
Queridos, agora tem mais Mey/Lee/Tohka, mas as coisas entre eles já vão acabar e vão surgir mais pessoas pra essa bagaça funcionar de vez, okay? Todos os personagens vão ter seus devidos capítulos especiais, então não fiquem chateados se seu personagem ficar de lado nessa primeira parte, eu odeio quando meu personagem fica de lado e não pretendo deixar os de vocês assim :3



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Terceiro dia de trabalho - 2hrs PM - Neko Café.

POV Tohka

Eu saí do clube de música e fui direto para o café, esperava chegar mais cedo, talvez até encontrar a Mey no caminho ou saindo, eu precisava falar com ela sobre o Lee-kun, mesmo que ela tivesse quebrado um dos códigos da amizade me tratando daquele jeito na casa dela, ela merece uma explicação decente.

Quando cheguei no café, vi que os clientes estavam realmente gostando do lugar, havia gente por toda parte e as conversas e risadas eram ouvidas de fora. Abri a porta e o sino dela tocou, fazendo Mushi se virar para mim. Ela acenou alegre e veio até mim.

– Ei, oi - ela cumprimentou. - Preciso te contar umas coisas!

– Que coisas? - me perguntei se já eramos íntimas para começar a "contar coisas".

– Sobre o café!

– Ah, sim!

Eu sorri sem jeito. Mushi foi me levando até a cozinha, onde tinha um armário para colocarmos nossos uniformes no final do expediente.

– Tem uma pessoa nova na cozinha...

– E o Lee? - eu quase gritei, percebi que Mushi ficou impressionada com a minha preocupação e tentei disfarçar: - Hm, ele estava me devendo uns bolos, não pode sair assim.

Mushi riu.

– Ele ainda não chegou, Reiko-san está pirando de raiva, não sabemos onde ele foi parar e ele não atende o celular.

– Ele vai escutar muito quando voltar.

– Verdade, mas não é sobre ele que eu quero falar - ela abriu a porta da cozinha de fininho e ao entrar eu pude ver um garoto loiro com um avental branco sujo de chocolate, ele parecia concentrado em fazer o glacê perfeito, mas não parecia ter dificuldade para isso, o garoto nem olhou para nós, que espiávamos pela porta. - É sobre ele...

– O que tem ele? É o novo cozinheiro? Nossa, a Reiko é rápida!

– Ele é irmão de uma neko nova aqui, a Luka, ele se chama Luke, veio hoje de manhã...

– Luka e Luke? Ah, é a menina nova que a Reiko falou?

– É! Ela mesmo! Ela é a coisa mais fofa do universo! Mas o irmão dela é estressadinho...

– Estressadinho?

– Estressadinho - repetiu Mushi, me fazendo rir. - Ele fica na cozinha e quase não fala com você, mas ele está fazendo ótimos doces e, se você ainda não viu, as pessoas estão mesmo gostando.

Ela olhou para o tanto de pessoas que estavam comendo lá.

– É horário de almoço, né? - eu disse sorrindo, tentando explicar a polulariedade do garoto. Fiquei com medo que Reiko dispensasse Lee-kun para deixar Luke fazer os doces.

– Pode ser - admitiu Mushi. - Mas quando eu comi um bolinho dele, nossa, eles são muito bons!

– Que ótimo - forcei um sorriso. - E então?

– Bem, Junko me mandou avisar sobre ele quando você chegasse, então... Já avisei, né?

– Já - sorri.

– Eba! Bem, acho que já posso ir agora.

– Hm, Mushi, você sabe se a Mey já foi?

– Ela deve estar rodando por ai, ela estava esperando alguém do turno da tarde chegar para ela ir embora.

– Eu vou falar com ela e já volto - avisei. Sorri para Mushi e ela pegou uma das bandejas com doces para começar a servir as pessoas.

Corri os olhos pelo lugar tentando achar Mey e a vi pegando um bolinho na vitrine do balcão para uma senhora. Fui até ela e esperei ela servir a clinte, que recebeu o bolinho e foi se sentar.

– Oi - cochichei para Mey. Ela se virou para mim com uma cara de surpresa que misturava tudo o que ela deveria estar sentindo naquela hora, e isso incluía o ódio eterno de mim.

– Oi.

– Me desculpa, okay? Eu só queria que você me escutasse, por favor!

– Eu estou trabalhando, Tohka - ela disse, arrumando os doces.

– Eu e Lee fizemos um trato há uns meses atrás e eu não queria que você soubesse disso por que iria ficar chateada - soltei, sem saber se ela queria ou não escutar. - Meu pai começou a chegar tarde em casa e eu não queria ficar comendo sanduíche de atum para o resto da vida, e quando eu soube que Lee cozinhava e precisava de ajuda nas matérias, eu fiz o trato com ele, ele me ensina a cozinhar e eu ensino o que ele precisa na escola.

Mey começou a me ignorar e foi para o outro lado do balcão, tentando arrumar alguma coisa para fazer para não ter que me ouvir mais. Mas ela teria que ouvir.

– É, nós nos encontramos toda quarta-feira, sim, mas não tem nada, Mey, só uma bagunça na cozinha que eu tenho que limpar depois, eu juro! Nós ficamos amigos e por isso que... Que eu estava tentando... Hm, ajudar o Lee com o glacê naquele dia...

Ontem– ela disse com raiva, se virando para mim. - Ontem, Tohka! Você sabe o que é "dar um tempo"? Eu adoraria dar um tempo! Não quero ouvir histórias e nem quero saber o que vocês estavam fazendo, okay? Eu quero dar um tempo longe de você e do Lee e de todos que tem a ver com isso.

– Mey, deixa de drama, está vendo? Por isso eu não te contei!

Ela olhou no relógio.

– Opa, duas horas, está na minha hora, te vejo amanhã, ou não - ela disse com a maior cara de raiva do planeta, esbarrando em mim quando passou, me deixando sozinha no balcão.

Eu suspirei e coloquei o cabelo para trás, tentando pensar em alguma coisa para fazer. Fui até a cozinha tentando achar a Mey lá e ela estava pegando seu casaco no armário.

– Me desculpa, ta? O que você quer mais? - falei, talvez um pouco alto demais. Luke me olhou com cara de confuso e eu percebi o show que eu estava dando. Mey me olhou como quem diz "sai do palco e para de dar showzinho".

– Nos falamos depois - ela disse, revirando os olhos.

– Vamos nos falar mesmo ou isso é só por falar?

– Só por falar - admitiu Mey, pegando seu casaco e saindo de lá.

A porta se fechou e só depois de minutos eu percebi que só estávamos Luke e eu na cozinha, e ele estava mega confuso. Olhei para ele, que até parou de fazer o glacê, e dei meu pior sorriso forçado de todos.

– Relaxa, eu não quero saber - ele disse, voltando a fazer seu glacê.

Suspirei e me sentei em um balcão perto do armário de uniformes, fazendo um coque no cabelo pelo calor.

– E você quem é? - ele perguntou, sem me dirigir o olhar.

– Tohka - falei sem vontade.

– Tohka? - Luke sorria. - E o nome da garota que saiu?

– Mey.

– Vocês brigaram?

– Ela brigou comigo - falei, com as mãos no rosto.

– Tem certeza?

Tirei as mãos do rosto e olhei para Luke, ele estava perto da porta agora, saindo com um bolo com o glacê de chocolate. Ele sorria e eu não entendi o que ele queria dizer, ele nem sabia o que estava acontecendo. Ele murmurou um "te vejo depois" e saiu da cozinha. E eu estava sozinha de novo.

Terceiro dia de trabalho - 2:15hrs PM - Neko Café.

POV Lee

Eu não entrei nem há dez minutos e Reiko já estava gritando comigo a vinte. Ela me explicou por todas as dificuldades ao qual ela passou desde quando o café se abriu por que eu não estava lá, coisas emergenciais como esquecer o nome do novo cozinheiro.

– Onde você estava? - ela perguntou pela milésima vez, me dando a primeira chance para explicar.

– Eu tive que ajudar meus pais com umas coisas – expliquei, sem explicar nada.

– E a responsabilidade? Deixou em casa?

– Eu estou aqui, ta? Quer que eu volte no tempo?

– Adoraria!

Eu ri, não tem como não rir da Reiko quando ela está com raiva, ela é a coisa mais fofa do mundo com raiva. Ela diz uma coisa e depois se contradiz e depois tenta concertar e se enrola toda, Rei fica toda vermelha e parece que vai explodir porque você está rindo do que ela faz, mas no fundo ela sabe que não consegue puxar a orelha de alguém sem fazer essa pessoa ter um ataque de risos.

– Rei, você é o meu motivo para estar aqui, okay? - falei, na tentativa de falar algo bonito para ver se ela para de falar.

– Espero que eu seja mesmo! - ela disse, me arrancando risadas. - Está rindo do que, menino, respeito com os mais velhos!

– Ui, e a senhora é muito mais velha, né?!

Reiko não se aguentou e riu também.

– Olha, não chega atrasado de novo, está bem? O nome daquele garoto não entra na minha cabeça e eu fico confusa...

– Tá bom, eu não vou chegar atrasado de novo, mas sabe, como você já tem um novo cozinheiro, eu poderia ficar só com o turno da tarde e...

– Vai trabalhar, Lee!

Eu saí rindo de perto da Reiko. Eu vi que ela também estava rindo quando eu saí. Ela é genial, mas com um toque de confusão.

Fui para a cozinha e vi Tohka sentada em um balcão com cara de desanimada.

– Epa, o que aconteceu? - falei, parando na frente dela e levantando o queixo da garota.

– Lee? - ela parecia animada em me ver, mas depois voltou a ficar triste. - Arg, eu queria tanto a sua ajuda, mas eu não sei se posso contar para você o que eu sei.

– Pode me contar as coisas, sabia? - coloquei as mãos nos joelhos da Tohka e esperei até que ela dissesse alguma coisa.

– É a Mey... Eu e ela brigamos... Bem, eu tentei pedir desculpas, mas ela não quis e me fez... Me fez gritar com ela...?

Ela parecia estar se lembrando de alguma coisa incrível.

– É! Você pode me ajudar! Eu preciso que você fale com a Mey sobre o que aconteceu...

– E o que aconteceu?

– Nada, é só... Bem, nós brigamos por que... Porque ela queria ver um filme e eu disse que ela nem gostava do filme e que eu queria ver outro e ela começou a dizer que eu nunca fazia as coisas para ela e eu levantei o tom de voz e ela ficou chateada... É, foi isso!

– Foi isso?

Foi! E sabe, ela não quer falar comigo, então você poderia falar com ela por mim? É muito importante, ela precisa saber que eu me desculpo por tudo!

– Quer que eu fale com ela que você pediu desculpas?

– É pedir demais? - ela perguntou apreensiva.

– Não, eu achei que fosse alguma coisa mais grave - sorri.

Tohka abriu o melhor sorriso que eu já vi e pulou do balcão para me abraçar, nós giramos duas vezes em um abraço apertado até que alguém abriu a porta e Tohka encostou os pés no chão.

Ela olhou para o garoto loiro de avental que apareceu na porta e esperou dois segundos antes de abraçar ele também. O garoto pareceu surpreso e sem fala diante do abraço da garota e não retribuiu o abraço, apenas segurou a cintura de Tohka, que estava na ponta dos pés para abraçá-lo.

Ela sussurrou alguma coisa para o garoto e desfez o abraço. Tohka pegou o uniforme dela e saiu correndo da cozinha ainda feliz. Eu não sabia o que dizer naquela hora.

– Agora eu sei o que aconteceu - sussurrou o garoto consigo mesmo.

– Hm, você deve ser o cozinheiro novo, né? - perguntei.

– E você deve ser o cozinheiro velho - retrucou o garoto sorrindo irônico. - Sou Luke.

– Lysander, mas as pessoas me chamam de Lee - falei.

– Legal, só não atrapalha, okay?

Luke saiu de perto de mim e foi fazer alguma coisa no canto dele da cozinha. Reparei que ele foi fazer mousse de morango e vi que ele estava fazendo errado, e eu, que não estava fazendo nada na hora fui falar com ele sobre o mousse. Eu disse o que estava errado e Luke se virou para mim com cara de raiva.

– Olha, eu não faço as coisas como você faz, ta legal? Eu tenho as minhas receitas e parece que o povo gosta, então, de novo, não atrapalha.

– Eu só queria ajudar!

– Então, não ajuda - disse ele. Seus olhos me diziam para ficar longe e eu tive que aceitar a regra dele.

No outro canto da cozinha eu comecei a fazer meu próprio mousse de morango para ver se ficava melhor que o dele, e naquele momento estava decretada a guerra dos doces.

Terceiro dia de trabalho - 2:30hrs PM - Neko Café.

POV Tohka

Eu estava feliz por não ter mais que brigar com a Mey. O que o Luke disse me ajudou muito, eu estava fazendo tudo errado desde o início e tinha que concertar as coisas agora que eu tinha a chance, precisava aceitar que a Mey estava certa em ficar chateada por ter me encontrado com Lee, eu comecei toda aquela briga e tinha que deixar a Mey pensar antes de ir falar com ela, e quem melhor para fazê-la pensar do que a pessoa que começou isso tudo? Eu sou um gênio! Depois que o Lee falar com a Mey ela vai me agradecer por ter o feito falar com ela!

– Tohka! - chamou Junko, ela parecia estar nervosa. - Está surda?

– Desculpa, eu não ouvi.

– Pensando em alguém especial?

– Não, hm...

– Problemas com os pais?

– Eu...

– Aha! Está olhando o chão para ver se está limpo?

– Quê?

– Deixa - disse ela, rápido demais até para me deixar raciocinar a primeira pergunta -, sabe o que eu quero você faça?

– Quer que eu leia sua mente para descobrir?

– Não! Está vendo aquele garoto ali? - ela apontou para um garoto sentado na mesa 13. Eu o reconheci instantaneamente. - O nome dele é Noah, ele veio aqui hoje de manhã e eu servi ele, agora é sua vez! Vai lá, eu tenho que falar com a Luka que a Kitt já chegou.

Junko me empurrou na direção do garoto e meus pés foram andando na direção dele, mesmo que eu não desse o comando para isso. Eu queria ficar longe dele e nem sabia o porquê disso. O garoto estava mexendo com um canudo ainda no plástico e parecia entediado.

Eu não entendia por que era tão difícil para mim servir aquele garoto, mas eu não conseguia, realmente não tinha como servir ele. Uma garota com o uniforme do café passou por mim e eu a segurei como a minha única chance de fazer algo.

– Preciso da sua ajuda! - falei.

A garota loira de pele incrivelmente branca e macia se virou para mim assustada. Ela era tão fofa, parecia uma criança de tão meiga e bonitinha.

– D-da minha ajuda?

– Sim! - eu sorri para deixar a garota à vontade. - Você é a Kitt, não?

– Sou, você me conhece?

A garota parecia estar mais feliz por eu não ter comido ela viva. Eu estava conquistando a confiança da Kitt.

– Mushi me falou de você, disse que você é muito fofa, isso é verdade, sabia?

Ela corou e abriu um sorriso lindo.

– Obrigada.

– Considerando ele seu primeiro cliente - comecei -, está vendo aquele garoto ali?

Apontei para o garoto e mesmo assim Kitt parecia estar tendo dificuldade para achá-lo.

– Aquele de óculos? - ela perguntou.

– É, esse mesmo! Ele é seu primeiro cliente, boa sorte!

Antes que Kitt pudesse se virar e me dizer que estava fazendo outra coisa, eu corri até o outro lado do lugar e atendi alguns clientes que acabavam de chegar.

Terceiro dia de trabalho - 2:32hrs PM - Neko Café.

POV Kitt

Eu tinha acabado de chegar e uma das nekos já tinha me mandado servir um cliente. Ele me parecia estar morrendo de tédio e olhava as pessoas passando na rua. Ele parecia estar olhando em especial para uma garotinha com a mãe do outro lado da calçada.

– Oi – chamei-o.

– Ah, sim, oi.

– Eu sou nova aqui, então...

– Ah, esse lugar é inteiro novo, não é? É de se espantar que tenha tanta gente, eu espero que isso aumente a popularidade da biblioteca aqui do lado.

– Uau, tem uma biblioteca aqui? – eu disse, olhando pela vitrine para ver algum lugar imenso com um livro na porta, qualquer coisa que se assemelhasse a uma biblioteca.

– É, mas eu não se se você vai conseguir vê-la daqui, já que ela fica do outro lado – o garoto sorriu para não me deixar completamente morrendo de vergonha. – Bem, eu vou querer um pedaço de bolo de chocolate e um suco de laranja.

– Pedaço de bolo de chocolate e um suco de laranja – repeti, sem perceber que aquele já era o pedido. Era o meu primeiro pedido. Sem notar eu já estava sorrindo como uma boba, era o meu primeiro trabalho de verdade, isso era espetacular. Eu peguei o bloquinho que estava dentro do meu uniforme e comecei a anotar o pedido, embora ele vá ficar por um bom tempo na minha mente e eu não precise daquilo.


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