Amiga Morte escrita por Quézia Martins


Capítulo 9
Guerra de Massa


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!



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 ...

— Poxa vida! - Clara soluçava deitada no colo de Babi, toda encolhida como um feto.

— Clara olha pra mim. - Babi pediu procurando se conter pra não chorar também. - Eu vou morrer. Claro que vou. Mas, todos vamos morrer um dia. Eu só... Vou antes. Agora me escute - Babi falou mais alto segurando o rosto da amiga. - Não pode deixar isso interferir na sua vida. Ainda estou aqui.

— E quando você não estiver?

— Mas ainda estou. Me dá um abraço. Enquanto eu estiver no seu coração, eu estarei com você. - elas se abraçaram.

— Eu te amo, Babi.

— Eu também te amo, Clara. Te amo muito irmã.

Os homens apareceram falando alto. Elas se colocaram em pé.

— Você é péssimo naquele jogo mano! - Ryan disse.

— Com certeza não era uma especialidade minha.

— Se divertiram muito? - Clara perguntou fungando.

— Demais. - Ryan respondeu animado.

— Nós já vamos? - Octávio perguntou para Babi.

— Sim.

— Fiquem pro jantar - Clara convidou.

— Seria ótimo, mas... Temos outros planos.

— Nós temos? - interpelou Octávio.

— Sim amor. - Babi concordou sorridente.

Eles se despediram e saíram. Babi seguiu no carro pensativa. Chegaram em frente a porta do apartamento deles.

— Amor, você está bem? - Octávio perguntou. - Não falou nada o caminho todo. – silêncio. – Amor?

— O que?

— Você está bem?

— Sim.

— Tem certeza?

— Tenho sim. Desculpe.

— Ok - ele falou meio desconfiado. - Vai pro seu apartamento?

— Na verdade eu estou esperando você abrir a porta do seu. - ela disse. Ele abriu a porta e ela entrou.

— Fique à vontade.

— Obrigada. - Ela tirou os sapatos, a blusa de frio e deitou parcialmente no sofá.

— Quer comer alguma coisa?

— Quero sim.

— Quer me ajudar a preparar?

— E você cozinha? - perguntou surpresa.

— Você não? - ele rebateu mais surpreso que ela.

— Não. Sou um desastre!

— Não vamos mexer com nada que te ofereça risco. Quer me ajudar?

— Com certeza. - Ela falou se pondo em pé - Devo começar por onde?

— Pique cebola. - Ela o olhou assustada.

— Tá falando sério?

— Sim.

— Cebola?

— Por que não?

— Cebola fede. - Ela falou. Ele segurou um risinho.

— Você supera.

— O que você vai fazer? - ela perguntou depilando a cebola.

— Macarrão ao molho.

— E precisa de cebola? - Babi retrucou já cortando a cebola contra a vontade.

— Claro que precisa. Nossa! - ele falou ao ver o jeito que ela cortava – Estou vendo que essa realmente não é a sua praia. Deixa que eu te ensino.

Octávio colocou água no fogo e depois abraçou Babi por trás, pegando na mão dela e fazendo suavemente todos os movimentos do corte com ela.

— Estou indo bem? - ela perguntou sorrindo quando ele se afastou.

— Claro que está!

— Você vai fazer sobremesa?

— Quando eu terminar o macarrão, preparo um pudim. Pode ser?

— Amo pudim. - Ela falou passando a língua nos lábios.

— Perfeito.

Ela terminou de picar e sentou numa banqueta. Estava com uma vontade louca de vomitar e sentiu uma dor muito forte.

— Amor?

— Oi, meu bem.

— Onde fica o banheiro?

— Por que? - ele falou arqueando a sobrancelha

— Porque quero usar, ué! - ele riu.

— Você está bem? Tá um pouco pálida.

— Sim. Eu estou bem. - Ela mentiu procurando não o preocupar.

— No final do corredor a esquerda.

— Ok. - ela assentiu indo até o local indicado.

Passaram alguns minutos. Octávio começou a se preocupar. Desligou o molho e foi ver Babi. Ela não estava no banheiro. A porta do seu quarto estava aberta, então ele supôs que ela estivesse lá.

— Babi?

— Oi - ela se limitou a dizer. Estava deitada na cama de Octávio.

— Tá tudo bem mesmo? Quer que eu te examine?

— Está tudo bem. Sério. Não precisa ser meu médico aqui. – ela percebeu que foi um pouco rude. – Desculpe, eu...

— Tá tudo bem. Eu terminei o macarrão. Não quer vir me ajudar na sobremesa?

— Já estou indo.

— Ok.

Ele saiu. Alguns instantes depois e ela se levantou. Sua tontura havia passado. Já ia sair quando alguém a chamou.

— Lua? - ela se virou já sabendo quem era.

— Oi Babi.

— Por que está aqui?

— Você pensou em mim. - Lua afirmou com convicção.

— Agora?

— Há um tempo atrás.

— E por que apareceu agora?

— Esperei você ficar sozinha. - a velha falou.

— Por que não me falou que só eu posso te ver?

— Não posso te contar as coisas, Bárbara. Você precisa as descobrir sozinha.

— Que maravilha. - a voz de Babi saiu carregada de sarcasmo. - Essa com certeza não é uma boa hora pra conversarmos!

E Babi saiu. Octávio a esperava.

— Estava falando com alguém? - ele perguntou tirando uns ingredientes do armário.

— Minha mãe ligou. - Mentiu.

— Ah. Vamos preparar o pudim?

— Claro. - Babi viu Lua sair do quarto e passar pela porta de entrada sem abrir a porta. Arrepiou-se.

— Viu algo? - Octávio indagou percebendo.

— Não. O que eu tenho que fazer?

— Misturar esses ingredientes dentro dessa vasilha e mexer tudo.

— E você vai fazer o quê? - ela quis saber.

— Te comandar. - ele falou sentando.

— E você não tem uma batedeira? Sabe, eu posso não entender muito de cozinha, mas sei que uma batedeira ia misturar essas coisas todas.

— Você precisa aprender a fazer alguma coisa. – ela fez uma careta de magoada.

— Seu folgado! – resmungou fazendo bico.

Octávio desistiu de ficar sem fazer nada e foi lavar a louça que se acumulava na pia. Babi era péssima na cozinha. Ao quebrar um ovo, um pedaço de casca caiu dentro, ela tirou rapidamente torcendo pra que Octávio não tivesse visto. Ele não tinha. Quando mexia aquela massa dura, fez respingar um pouco em Octávio.

— Foi mal. - se desculpou sentindo as bochechas ganharem cor.

— Fez de propósito, né?

— Não. Foi totalmente sem querer. - ela falou séria.

— Tudo bem.

Ele terminou a louça e começou a secar pra guardar. Babi deixou outra vez a massa respingar em Octávio. Ele olhou pra ela, foi até o armário e pegou uma lata de chantilly. Colocou um pouco na mão e depois passou no rosto de Babi.

— Por que você fez isso? - ela colocou a mão na massa, literalmente, e depois jogou nele.

— É guerra? - ele perguntou vendo a lambança que ela tinha feito nele.

— Agora é.

Eles começaram a atirar massa um no outro. Quando a massa chegou ao fim, ambos pareciam fantasmas e estavam exaustos.

— A sobremesa já era. - Babi falou olhando pra ele

— Ela já não ia ficar boa mesmo. - Octávio resmungou levando um tapa logo após.

— Estou precisando de um banho - ela falou manhosa, abraçando ele.

— Tem umas roupas da minha irmã aqui que devem servir em você. Se quiser pode tomar banho.

— Ótimo

— Venha. Vou pega-las pra você.

— Ok.

— Fique à vontade. - ele disse entregando a ela uma toalha limpa e roupas.

Octávio foi limpar a bagunça. Quando terminou, voltou ao quarto para separar a roupa que usaria após ao banho e, quando abriu a porta Babi se trocava.

— Octávio?!

— Babi... Meu Deus! Desculpa... Desculpa... Eu... Ai minha nossa! Pensei que ainda estava no banheiro. Foi mal.

— Pode abrir os olhos. Eu já.... Já terminei. - ela falou dando um sorriso torto.

— Me desculpa?

— Tá tudo bem Octávio. - ela falou dando um selinho rápido nele - Vou ir limpar a bagunça.

— Já limpei lá.

— Nem me esperou? Queria ter ajudado.

— Não se preocupe com isso. Vou ir tomar um banho...

— Quer ajuda? - ele fuzilou ela. - Estou brincando, calma. - e os dois caíram na risada.

— Quem sabe outra hora? - ele deu mais um selinho nela e saiu, entrando no banheiro.

Ela havia adorado a sugestão implícita na resposta dele.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Comentem! Não gostaram? Comentem também. Estou aqui louca pra ouvir (ler) qualquer crítica.
~Keel