Lost Scenes escrita por Quaeso


Capítulo 8
Eu aceito tudo!


Notas iniciais do capítulo

Oieee gente!! Finalmente o último capítulo de lost Scenes... Sei que muitos vão ficar tristes, mas ninguém vai ficar mais do que eu como escritora. Seria oportunista de minha parte prolongar o que não necessita de prolongamento. Cá entre nós já deu o que tinha que dar... Me esforcei ao máximo nessa despedida... Mas espero do fundo do coração que meus fiéis leitores não me abandonem :'(
Acompanhem minhas outras histórias!! Rum...
Só nesse capitulo resolvi colocar uma trilha sonora... E nada melhor do que Erik satie (Sou apaixonada por musica clássica) Escutem vai ajudar no clima ~.~
"http://www.youtube.com/watch?v=FyUNbrgLezI "- Gymnopedie 1,2,3.



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Em um instante tudo estava escuro e sem vida. A única luz que tinha e que necessitava mais do que tudo estava apagada. Meu Gus… Ele sempre foi uma pessoa importante para mim, mas quando ele morreu o que eu sentia foi triplicado e percebi ainda mais que não conseguiria viver sem ele. Quando se tem uma doença tão terrível assim como o câncer, você já é diagnosticado entre linhas de que pode morrer mais cedo do que se imagina, sem nenhum aviso antes. Dessa forma é fácil valorizar tudo que é importante na sua vida. Mas mesmo que eu soubesse que isso poderia acontecer, foi doloroso… Doeu tanto que é impossível explicar. Foi difícil aceitar e acreditar. Num momento estávamos em Amsterdã sendo mais felizes do que nunca e em outro as luzes tinham se acendido… O câncer tinha se espalhado nele. Entre nós dois, eu era quem estava mais propícia a morrer primeiro, o câncer dele estava “hibernando”… Sem sinais de uma morte repentina. De forma egoísta quando vi ele estendido no caixão como se estivesse dormindo, desejei ter morrido no lugar dele… Só para não ter que passar por aquela dor sem dimensões, de ver ele definhando em um estado que nem de longe parecia ser ele. Dia após dia… Vendo-o sofrer, e agir como se estivesse tudo bem. Fui egoísta de desejar algo como isso… Querer que ele passasse pelo o que eu passei. Nessas situações a pessoa consegue ser tudo, menos altruísta.

No meio de tantos devaneios me lembrei de como fiquei feliz em saber que iria para Amsterdã com o Augustus, e por mais que não parecesse certo não me importava. Um simples “amigo”, não pagaria uma viagem internacional com tudo pago, era isso o que os maliciosos falavam. Essa era a questão. Augustus, nunca havia sido apenas um simples “amigo”, desde a primeira vez que nossos olhos se encontraram, eu senti que ele não era um cara qualquer. E muito menos um desconhecido qualquer. Mal sabia do que poderia acontecer entre nós futuramente a partir daquele dia. Mal poderia saber que aquele homem que se apresentava como Augustus Waters, no coração de Cristo era o amor da minha vida. Afinal como poderia saber de algo tão abstrato? Essas são coisas imprevisíveis... São coisas sem aviso prévio. Sem data marcada. Sem compromisso.

Se eu soubesse de alguma forma em Amsterdã, que o Gus iria morrer, o que faria? A resposta é mais simples que a pergunta: Nada. Eu não poderia ter feito nada. Muito pelo ao contrário, invés de aproveitar aqueles preciosos momentos junto a ele, ficaria preocupada e chateada com algo inevitável. Independente de eu saber antes ou não, não iria fazer diferença. Ele ainda iria morrer. Só que com uma imagem na cabeça, de mim chorando, antes de seu enterro. E isso é deprimente ao extremo. Ou seja a morte é inevitável, e não adianta fugir e nem se esconder dela. A morte é absoluta.

Aos poucos os flashbacks na minha cabeça foram se esvaindo e formas com cores foram tomando conta de coisas ao meu redor. Tentei abrir os olhos, mas parecia que os cílios tinham se colado uns nos outros com as lágrimas que se solidificaram. Uma claridade intensa e fosca estava acima de mim. Minhas pupilas diminuíram à medida que tentava abrir os olhos. Estava em um quarto de hospital. Saberia reconhecer um mesmo estrábica, pelo tanto de vezes que estive nele. Pisquei mais algumas vezes e não restou dúvida. Um tubo fino saía do meu peito e ia de encontro a uma máquina, onde uma água cancerosa e escura pingava do meu peito. Novamente tive que me submeter a esse martírio, pensei. Um profundo reconhecimento me preencheu, e lembrei que estava tendo um ataque, o que me pareceu uma eternidade comparado ao maravilhoso encontro que tive com o Gus a poucos instantes. Foi somente um sonho? Perguntei-me em pensamento. Não, me recuso a pensar dessa forma. Olhei para o lado, e senti uma lágrima rolar pelo rosto, quando vi meus pais dormindo abraçados no pequeno sofá ao lado da cama. Senti um aperto no coração quando vi, pendendo da mão da minha mãe um crucifixo. Pior do que uma granada, eu era um peso morto para meus pais. Por mais que eles fossem sofrer quando morresse, pelo menos não teriam que passar por intermináveis vindas ao hospital ás pressas. Era tão doloroso. Tanto para mim quanto para eles. Naquele momento só consegui sentir um vazio enorme no peito. Não conseguia aceitar aquele destino, só conseguia pensar nas palavras que Divina tinha sussurrado na minha mente antes de tudo acabar.

“Não desperdice sua vida, lamentando. Vocês ainda podem se encontrar futuramente.”

Aquelas eram palavras que me davam forças para seguir em frente, apesar de eu não saber como isso poderia acontecer novamente. Será que ela quis dizer, só depois da morte?

Segundo o médico eles tiveram que drenar um pouco de líquido dos pulmões, já que isso me impedia de respirar normalmente. Mesmo depois de já ter tido alta no hospital, o médico me indicou consultas com um psicólogo, só para evitar transtornos futuros. Minha mãe infelizmente levou isso muito a sério e me obrigou a ir, para ser mais especifica. Na verdade eu só queria que ela pensasse que tudo estava indo bem, e que eu não tentaria me matar, após ter comentado a minha experiência pós-morte, e com todos achando que eu era mais uma maluca no pedaço. Felizmente aquela era a última consulta que eu teria que ir.

— Você está bem?— Perguntou minha mãe, assim que parou o carro em frente ao hospital.

— Essa é uma daquelas perguntas retóricas? — pergunto.

— Hazel... Você sabe que eu e seu pai só queremos o melhor para você não é?

— Sim. Eu sei.

— Eu sabia que você odiaria ter que se consultar com um psicólogo, mas se talvez você conseguir se abrir para a Dra. Ellen, tenho certeza que se sentiria melhor.

Aquela era a nossa quinta consulta, e confesso que não houve muito progresso nas outras.

— Essa é a última consulta... — Continuou. — não pretendemos te obrigar a fazer nada, mas se por acaso sentir que deve isso a ele... — Hesitou. Com a morte do Gus, falar sobre ele se tornou algo muito complicado para meus pais, eles sentiam que sequer pronunciar sua existência me faria começar a gritar e pular do viaduto mais próximo. Pousei a mão esquerda na mão dela, e lancei o melhor sorriso que eu consegui reproduzir. Não queria preocupar mais ninguém.

— Mãe, não se preocupe. Prometo que vou tentar dessa vez, ok?

Ela apenas confirmou, e assim que saí do carro com o cilindro de oxigênio, ela falou:

— Eu te amo.

— Eu também. — Respondi com certa nostalgia. — Te vejo ás seis.

Enquanto o carro se afastava, olhei para o hospital e me perguntei se realmente seria capaz de me abrir para a médica. Assim que entrei na sala, ela me recebeu afetuosamente.

— Boa tarde Hazel! — Sorriu — Como está hoje?

— Bem. Obrigada! — Respondi sentando na confortável poltrona reclinável, que me fazia sentir muito bem.

A Dra. Ellen era amigável, seus óculos estilo retrô, a faziam parecer uma colegial, junto com seus ondulados cabelos castanhos.

— Sobre o quer conversar hoje?— Perguntou se sentando na poltrona ao lado.

— Você é a doutora.

— Sim... Mas como hoje é a nossa última consulta gostaria que ela fosse um pouco mais “aberta”.

Estava tendo uma ideia há tempos... Então perguntei para Ellen.

— Por acaso... — Hesitei, não querendo parecer paranóica — Você acredita em... Reencarnação?

— Hum... Esse é um assunto pouco abordado entre os médicos, devido a sua alta divisão de opiniões e nenhum comprovamento cientifico. Diria que é algo religioso, e não medicinal.

— Mas você acredita? — Perguntei quase exigindo uma resposta à altura das minhas expectativas.

— Bem... Não sei muito sobre o assunto. Mas quem sabe, né?

Assenti desanimada com sua resposta nada promissora.

— Que tal se você me contar novamente sobre o sonho? — Incentivou.

— Não foi um sonho! — Corrigi-a rispidamente.

— Sim, sim... Desculpe-me. Sua experiência pós-morte.

A encarei como se falar novamente sobre aquilo doesse muito, mas no fim acabei recontando a história, o mais breve possível.

— Incrível como sempre parece real, quando você conta.

Só de relembrar o momento que ele me disse adeus, sinto uma dor sem dimensões acompanhada da saudade.

— Mas... Já pensou alguma vez que talvez essa é uma nova chance dada para você?

— Estava a um passo de finalmente conseguir ser feliz, e você esta me dizendo que ganhei uma chance de viver novamente? Isso é tão sem sentido. — Disse.

— Não fale isso. Se você ganhou uma nova chance deve aproveitá-la, não o contrário.

— Já sei o que vai dizer... Vai falar para mim esquecer que ele sequer existiu, e seguir em frente, não é mesmo? — Disse enquanto me preparava para ir embora.

— Não iria dizer isso. Ao contrário.

Desinteressada em bater papo com a médica, fui saindo. Bati a porta atrás de mim com ela dizendo:

— Não o esqueça.

Me senti uma idiota quando percebi que teria de esperar vinte minutos até que minha mãe chegasse. Sentei no banco de concreto e fiquei vendo uma enfermeira deslizar a cadeira de rodas de uma doce velhinha.

Fiquei somente imaginando se algum dia encontraria o Gus novamente.

********

— Rápido Hazel, ou você vai se atrasar. — Disse minha mãe ás pressas, enquanto era ela quem estava realmente demorando.

— Que irônico. — Respondo, rindo junto ao papai. — Que tal? — Pergunto dando uma volta, e mostrando meu charmoso vestido curto de manga comprida. Ele é rendado da cintura para cima, e um tecido leve acompanha até pouco acima do joelho.

— Você devia ter pegado o modelo vermelho Hazel, para chamar atenção. — Diz minha mãe alheia ao seu verdadeiro significado.

— Não se preocupe Hazel... Você está linda. O azul fica ótimo em você. — Responde papai me encorajando.

— Não quis dizer que não ficou bom... Ao contrário está linda filha. — Chora, enquanto me abraça.

Rio dando tapinhas nas suas costas.

— Mãe, é impressão minha ou você está mais nervosa que eu?

— Impressão sua. Aliás você sabe que dia é hoje? — Pergunta, ajeitando seu vestido cor de turquesa, enquanto entra no carro.

— Além do dia do lançamento do meu livro, não faço ideia.

— Hoje é o dia mundial da água. Com pode se esquecer de algo tão importante?

Eu e meu pai tivemos que ouvir o maior apelo sobre a importância da conservação da água durante todo o caminho. Enquanto passava pelas ruas de Indiana, vi quanto o tempo tinha passado. Fazia dois anos e meio que Augustus tinha morrido. Nenhum sinal. Nenhum reencontro. Nada. Mas também não poderia dizer que estava remoendo o passado e me enchendo de drogas/álcool ou qualquer outro meio para me afundar na angústia da saudade. Já era maior de idade, infelizmente ainda tinha câncer, mas um médico tinha me dado esperanças assim que ele marcou uma cirurgia (com grande taxa de sucesso) para o próximo mês. Comecei uma faculdade de história (por mais estranho que parecesse, descobri que gostava de estudar fatos históricos), e finalmente tinha terminado meu livro. Ele não falava sobre morte, nem era de auto-ajuda sobre: Como superar a morte de seu namorado em 30 dias. Era apenas um livro de romance, baseado em fatos reais. Ou melhor dizendo, meus fatos reais. Assim que o carro é estacionado, me livro das lembranças tristes e coloco um sorriso no rosto. O lançamento ocorreu em uma livraria famosa em Indianópolis. Muitas pessoas compareceram, até mais do que pensei que viria. A noite passou tão rápido, que quase passo despercebido quando vejo Peter Van Houten e Lidewij Vliegenthart.

— Então vocês vieram. — Falo com um enorme sorriso no rosto. Enquanto abraço os dois.

— Como não vir Hazel? — diz Lidewiji — Fiquei muito feliz quando recebi seu convite, e me senti na obrigação de trazer ele.

— Também enviei um convite para ele. — Ri, enquanto falávamos como se o Van Houten não estivesse ali. — Muito obrigada pela presença de vocês.

— Não fiquei surpreso quando descobri que tinha feito um livro. — Fala Peter, com a cara fechada tentando parecer o mais cordial que consegue. — Deveria seguir a carreira de escritora.

— Quem sabe? — Respondo, dando de ombros. — Se divirtam, ok?

Virei-me pegando uma taça de champanhe, e vejo os pais do Augustus. Vou em direção a eles tão contente e me relembro automaticamente dos velhos tempos.

— Hazel, parabéns... — Interrompo-os com um enorme abraço de urso, daqueles que se aperta bem apertado.

— Obrigado, por virem. Sério isso é muito importante para mim.

— Ficamos muito felizes em saber que você está bem e... seguindo sua vida. — Fala a mãe.

Quase me senti triste quando ouvi ela dizer isso. Mas percebi suas intenções sinceras e me consolidei.

— Eu também... — Respondo sentindo uma paz no coração.

— Agradecemos por você dedicar o livro ao Gus.

Assenti, lembrando que na dedicatória coloquei:

Em homenagem á Augustus Waters.

Não só o cara que conseguiu ser o amor da minha vida, mas também o primeiro dela... Espero que onde quer que esteja escute,veja, ou sinta minhas palavras e saiba que o guardo humildemente no coração.

Ps. Eu aceito tudo Gus, por mais doloroso que seja.

Eu aceito.

Na mesa de autógrafos, tirei algumas fotos e dediquei livros para quem indicavam. Quando achei que mais ninguém iria aparecer, e já estava me levantando apareceu um homem. Ele era alto, magro, possuía cabelos pretos e olhos profundamente azuis, que eram completamente idênticos ao do... Parei meu pensamento, me recusando a acreditar que finalmente... Ele usava uma camisa bordada com ideogramas indianos, e uma calça preta. Tinha pulseiras de pano nos braços, e um óculos de grau vermelho. Estiloso, pensei.

— Oi. — Cumprimentei.

— Olá. Me chamo Jay Petter. — Fala, enquanto estende o livro para mim autografar.

— Já deve saber mas para ser educada, me chamo Hazel Grace. — Sorrio — O que quer que eu escreva? — Pergunto.

— Algo como: “Para o cara mais sortudo do mundo”.

Escrevo, mesmo sem entender.

— Hmm... Não é da minha conta, mas porque pediu isso?

— Não é óbvio? — Sorri, mostrando um alinhamento perfeito de dentes lustrosos. — Acabei de conhecer a versão upgrade da Natalie Portman que consegue ser ainda mais bonita e mais cheia de personalidade, não é muita sorte?


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Notas finais do capítulo

Acabou!! :(
Sei que muitos leitores não gostam de comentar mas, que tal fazerem uma trégua hein?! Quero que me falem o que acharam de todo o desfecho, e se tiverem duvidas em algo que não foi esclarecido, não hesitem em perguntar... Só nesse último capitulo, seria pedir demais que todoss comentassem?
~~Sei que sou carente~~
Muito obrigado à todos os que se comprometeram a ler minha humilde fic... Sério fico imensamente feliz.
Um Beijo tamanho GG xx



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