Paralelo T. escrita por Tom


Capítulo 2
Capítulo 2 - Ódio


Notas iniciais do capítulo

O ódio, às vezes, é o único sentimento que nos mantém em pé.



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– “You are the fugitive but you don't know what you're running from…” – Os lábios de Torie se moviam em um murmúrio, cantando uma das músicas de sua banda favorita. Seus passos eram rápidos na calçada, agora que ela traçava o tão esperado caminho de casa. Segundo ela, a escola era um saco. Outra coisa também fazia com que a sua vontade de estar debaixo de seu teto aumentasse. A história...

A noite estava silenciosa demais, naquele dia. E escura. Nem os postes de luz conseguiam iluminar toda a rua e aquilo chegava a ser meio sinistro. E por falar em sinistro, ela já tinha lido e visto muito Harry Potter para saber que o próprio Sirius Black poderia sair dali usando sua forma de metamorfomago... É. Com esse pensamento feliz, Torie começou a andar mais rápido em direção a sua casa.

[...]

– Mãe! – Chamou pela mulher enquanto ela tirava o celular de dentro da mochila e a jogava em cima da cama. Não havia nenhuma mensagem no aparelho, mas era a vez dela de mandar. Assim que terminou o rápido texto, saiu em busca de sua mãe. A mulher, não muito velha, estava na cozinha. – Mãe. – Falou Torie novamente. – Posso usar o computador? – Ela perguntou com a voz calma e baixa. Mary, sua progenitora, olhou para filha com as sobrancelhas erguidas e um olhar severo.

– Claro que não. Você sabe muito bem de suas responsabilidades amanhã cedo e já são... – A mãe começou a falar, desviando o olhar para o relógio de parede e voltando a olhar para filha. - ... quase onze horas. Vá dormir. – Ela disse simplesmente, voltando aos seus afazeres. Torie se irritou. Ela tinha que continuar com a vida de Amerie ainda hoje.

– Mas mãe... – Começou a insistir antes de ser cortada abruptamente pela mais velha. Ela não teria chance de utilizar o computador ainda hoje. Saiu então, marchando, em direção ao seu quarto. Pegou o celular que estava em seu bolso, agora com duas novas mensagens, e começou a responder.

[...]

Os sonhos de uma garota poderiam ser tão turbulentos assim? Pelo menos os de Torie eram...

“– NÃO! – Gritou Amerie com os seus dezenove anos de idade e uma raiva crescente no estômago. Antti, seu melhor amigo, estava prestes a beijar Agnes, sua maior inimiga. Como ele poderia estar fazendo aquilo? Além de nojento era irracional. Apenas o garoto de cabelos castanhos sabia do ódio que Ame nutria pela ruiva sardenta.

Mas já era tarde demais.

Os lábios dos dois se encostaram de forma violenta. O garoto movia suas mãos com agilidade pelas costas da outra. Agnes não hesitava em arranhar o pescoço do rapaz, aproveitando-se daquela situação. Abriu os olhos uma única vez, focalizando Ame, e lhe permitiu uma piscada sacana e um sorriso de desdém. Ela havia conseguido o garoto e a jovem Piktrius Virtanen tinha ficado para trás, como sempre.

Dor nenhuma poderia descrever o que Amerie sentia.

O ódio sim.

A garota de cabelo louro e curto nunca imaginaria que atingiria tal nível de ódio por Agnes e muito menos por Antti. Antti! Se ele soubesse que era amado por Amerie teria feito diferente? Era isso que ela se perguntava enquanto se virava para ir embora e...

Amerie, agora com os seus 37 anos, acordava em sua cama larga de dossel. Suava e respirava com dificuldade, se lembrando do sonho que teve com o seu passado. Ela havia jurado esquecê-lo, não havia?”

Torie, ainda com os seus 15 anos, acordava em sua cama de solteiro simples. Suava e respirava com dificuldade, se lembrando do sonho que teve com a sua própria história que estava sendo construída. Ela havia jurado terminá-la, não havia?

Sim. Ela havia.

Mas por que tal sonho se parecia tanto com o seu dia anterior enquanto ela usava a internet para um de seus jogos? Seu coração se apertou por um momento ao lembrar daquilo. Só que ela viu, no mostrador do celular, que ainda era uma e vinte da madrugada. Poderia ligar o computador e escrever um pouco... Esquecer um pouco também. Ele ficava longe o suficiente do quarto da mãe para que ela não ouvisse o barulho das teclas sendo pressionadas.

– Foda-se. – Disse simplesmente. A garota de cabelos louros, tão parecidos com o da sua personagem principal, se levantou da cama e começou a percorrer o caminho até a sala de estar. Verificou se não havia ninguém acordado e ligou a máquina. Uma parte de sua mente falava para ela não fazer isso, mas a garota realmente não se importava com as consequências. Na verdade, ela esqueceria tudo disso assim que começasse a escrever. – Se eu ficar sem celular, sei de alguém que vai me matar... – Murmurou consigo mesma, sorrindo. Ela decididamente sabia disso.

[...]

A janela do seu programa já estava aberta no local onde a história havia parado. Torie, sem perder muito mais tempo, fechou os olhos uma vez e começou a digitar o que havia sido proibida antes pela mãe e pelo fato de ainda estar na escola. “O poder ainda não lhe subia a cabeça...”

““... e ele era o seu melhor amigo. Haviam se conhecido pouco tempo atrás quando os pais de ambos os haviam levado no mercado mais próximo. Ele com quatorze e ela também. Não tinham muita coisa em comum, mas o menino sempre fazia a outra rir e aquilo era incrível. Na verdade, Amerie sempre havia sido uma pessoa que gostava de rir.

Novamente em baixo da árvore que era deles a garota loura se perguntava o que o amigo queria lhe falar tanto assim. Era possível que ele escondesse algo dela? Bem provável. Principalmente pela forma como sua face estava contorcida em certo remorso.

– Amerie... – Ele começou falando em um sussurro. A loura havia percebido que as coisas já estavam preocupantes quando o jovem não a chamou pelo apelido vergonhoso que ele havia dado para ela a partir do seu segundo sobrenome. Com uma sensação ruim, a menina fixou o seu olhar no garoto. – Eu... Antes de a gente se conhecer, eu já namorava com a Agnes. – Ele disse simplesmente e o mundo ao redor de Ame parecia que iria desabar. Mas por que ela se sentia assim? Eles eram apenas amigos.

– Ah... Ahn... Legal. – Disse, desviando o olhar para longe. Ela queria sair dali correndo. Correr para o seu esconderijo que ninguém sabia da existência. Ela queria fazer isso, mas mostraria o quanto aquela atitude revelaria os seus sentimentos para o amigo. – Bom para você, Antti. – A garota continuou, permitindo que a sua voz ficasse ríspida e também não usou o apelido que dera para o rapaz a partir de seu sobrenome. O jovem Charlisle abriu um sorriso, com certeza, aliviado, e apertou as bochechas d e Ame.

– Sabia que você não ficaria brava por eu estar namorando uma das garotas que você não gosta. – Suas palavras foram sinceras e isso foi “o basta” para que Amarie se soltasse dele e iniciasse uma corrida em direção ao lugar mais distante dali. Como ele poderia ser tão idiota e imbecil ao ponto de não perceber o quanto a sua melhor amiga havia ficado mal com a notícia?

E as coisas só tendiam a piorar.

Perdendo totalmente o efeito do drama, Ame tropeçou em um galho seco que havia caído da árvore e sido levado pelo vento. Bateu com a cara no chão, mas aquilo não impediu que sua ira desaparecesse. Ao contrário, ela só aumentou. Agarrou o pedaço solto com a mão direita e reiniciou sua corrida. Aquele ali, aquele galho velho, seria o início de suas mudanças.”

Amarie foi tirada de seus devaneios enquanto ainda fitava o galho no túnel escuro. Ela o havia colocado ali de propósito para marcar onde iniciava a passagem secreta para casa do prefeito e para lhe lembrar de nunca desistir de sua vingança. Por mais demorada que ela fosse. Chutou o objeto da natureza para longe e seguiu caminho. Por um breve momento seu coração se apertou.

– Controle-se Amerie. Não existe nada mais que lhe seja importante. – Sussurrou brevemente para si mesma. Quando ela chegou perto da entrada da passagem – ela levava para o porão da mansão do prefeito – conseguiu ouvir os primeiros ruídos da festa, mas nenhum deles foi alto o suficiente para não ouvir o tema do brinde que os participantes estavam fazendo.

– UM VIVA AO ANTTI E SUA MARAVILHOSA MULHER, AGNES! – Gritou um homem qualquer. A raiva se intensificou dentro da assassina. Os dois estavam ali, felizes. Os dois... Aqueles dois que acabaram com a vida de Amerie. Ela fechou as duas mãos com força em forma de punho, respirando para se acalmar, mas ela não conseguiu.

O ódio que lhe cegava era maior do que qualquer outra coisa.”

Os olhos de Torie ardiam enquanto ela se recostava na cadeira. Já eram duas e meia da madrugada e por um momento ela se esqueceu de que teria de acordar daqui a pouco, às 05h30min da manhã. Suspirou enquanto fazia o processo de desligar o computador. Por mais que ela quisesse continuar aquela história, era necessário que a loura também dormisse.

Vamos lá, Amerie. Torço por você. – A menina falou para si mesma enquanto andava feito um zumbi para o seu quarto. Se sua mãe descobrisse... Aiai. Isso seria triste. Mas ela mal começou a pensar nas consequências e já estava entrando em um sono pesado sem qualquer tipo de sonho.


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Notas finais do capítulo

Uia, que loucura. -q Tomara que vocês consigam não ficar confusos. kk E tomara também que tenham gostado da leitura :3