A Mãe Perfeita escrita por Williane Silva


Capítulo 10
CHAMADAS


Notas iniciais do capítulo

gente foi mal a demora mais ai esta um novo capitulo para v6 espero que gostem.



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22 de julho

Para: Emmett Cullen

Correspondência da revista Wold News International

A/C Agência de Noticias de Casablanca

Minicassete nº 3

Ei, tio Emmett! Desculpa por ter passado tanto tempo sem enviar uma fita, mas é que tenho andado muuuuuuito ocupado. Conseguir uma mãe é uma tarefa trabalhosa que requer muito, muito planejamento. Mas não reclamo porque o papai realmente está apreciando minha ajuda. Ele diz que, se não fosse por mim, a vida dele seria um marasmo total.

Sei que vai ficar feliz em saber que a operação mamãe está indo muito bem. Com minha ajuda, papai e Bella têm estado juntos todos os dias e estou certo de que gostam um do outro pelas coisas legais que eles dizem. Ontem o papai disse a Bella que, para uma mulher sem filhos, ela sabia dar muitos palpites! E Bella disse a papai que ele não precisava gastar energia fazendo-se de perfeito o tempo todo.

Espero que eles decidam casar-se logo, porque papai não está se saindo muito bem como babá. E quando ficamos sem roupas limpas, diz que tudo bem se nós usarmos nossas cuecas pelo avesso, porque, afinal, ninguém iria ficar sabendo! Ele até mesmo esqueceu o Mike na farmácia ontem. Nós já estávamos chegando à lanchonete quando papai percebeu que ele não estava no carro.

Mas no final nós saímos lucrando porque ele deu cinco mangos para mim e para Erik, para não contarmos a Bella. Portanto, já dá para pagar um daqueles enormes, com cascata e tudo? Espero que sim.

O-Oh! Tenho que desligar. Estou ouvindo papai no corredor. Já deveria estar deitado, apesar de estar sem sono. Por que é que quando os adultos estão cansados as crianças é que têm que ir para a cama? Preciso perguntar a Bella. Ela certamente deve saber. Ela sabe de tudo! Tchau, então. Benjamin.

P.S.: Não se esqueça! O grande dia é daqui a dez dias!

PV Bella

O telefone da cabana estava tocando.

Eu ouvi a campainha insistente assim que cheguei de meu jogging. Apressando-me, abri a porta e corre para o aparelho.

- Alô?- eu atendi, ofegando.

A voz de Ben encheu meus ouvidos.

- Bella? Onde você andou? Estou ligando há hooooras. Pensei que não fosse atender nunca.- ele falava rápido que eu precisei de alguns segundos para entende-lo.

- Fui correr um pouco.- uma gota de suor escorreu pela testa. Olhei em volta, peguei o aparelho e sentei no sofá, enxugando a testa com a barra da camisa.

- Você pode vir até aqui?

- O que é, desta vez?

- É Mike. Papai o fez tirar uma sonequinha e parece que ele também levou tic e tac para a cama, e agora eles não querem acordar.

Isso não era surpresa nenhuma, já que tic e tac eram ou foram, peixinhos dourados.

- Ben, meu doce, sinto muito. Eu não creio que seria...

- Por favor...- ele implorou.- Venha pelo pobre Mike. Ele realmente adora tic e tac e, agora, que Brutus sumiu...- Ben calou-se novamente, dando a mim bastante tempo para visualizar os pobres defuntos dourados.- Por favor! Nós precisamos muuuito de você.

Eu suspirei. Como posso dizer não?

- Está bem. Já estou indo.

- Ótimo.

O garoto desligou antes que eu tivesse tempo de reconsiderar minha decisão.

Me lembrei do que ocorreu havia poucos dias, decidi me apressar. Recebi uma ligação de Erik, me convidando a presenciar o voo pilotado do balão de ar quente dos garotos. Eu corri para a casa alertei Edward, que correu escada acima a tempo de garantir a segurança antes do balão ser jogado da balaustrada, no alto da escada, por Erik e Ben.

Uma inspeção mais detalhada da engenhoca mostrava que se tratava de um lençol de casal atado a uma caixa plástica, movido por um ventilador operado a pilha. Edward e eu olhamos para a engenhoca, para os garotos, nos olhamos e nesse momento entendemos do que era capaz o gênio de um pré-adolescente.

E aquilo foi um principio de algo.

Algo que poderia começar a ser descrito como cumplicidade, como na ocasião em que tivemos que lidar com uma nova visita dos bombeiros, que vieram apagar o resultado de uma malsucedida experiência dos garotos com mato seco, sol e verão e uma grande lente.

Com todas essas lembranças, eu sorri. Provavelmente a nova crise não seria pior do que as demais. Mas não seria menos perigosa, porque me colocaria novamente lado a lado som aquele viúvo ranzinza, porque atiçou ainda mais aquela tensão sensual que crescia entre nos dois.

Ao chegar a casa, Ben já estava esperando impaciente na porta.

- Entre.- ele disse, sussurrando alto e gesticulando para que eu me apressasse.

No momento em que eu me aproximei mais, ele me agarrou pela mão e me levou pelo vestíbulo ensombreado.

- Ben?

- O que foi?- ele subiu as escadas, na minha frente.

- Porque você está sussurrando?

- Porque Mike e Erik estão dormindo.

- Mas pensei que você quisesse que eu conversasse com Mike, que tentasse consola-lo.

- Nããão.- ele balançou a cabeça e pegou novamente a minha mão.

Eu o segui obediente.

- Então o que você quer?

- Eu quero que converse com papai.

Eu fiquei parada e puxei o garoto, fazendo ele se virar para mim.

- Quer repetir, por favor?

- Shhhh!- ele fez, erguendo o dedo na frente dos lábios.

Eu franzi as sobrancelhas, mas baixei a voz.

- Do que você está falando?

- Papai vai contar a Mike que tic e tac morreram. Você tem que impedir.

- Ben, não posso fazer isso.

- Por que não?

- Porque não posso ficar dizendo a seu pai o que ele deve fazer, ora!

- Mas você precisa fazer isso! De outra forma, Mike vai pensar que ele é um assassino!

- Vá com calma, Ben. Você não acha que está exagerando um pouco? Seu pai jamais...

- Jamais...- era Edward, que assomava no alto da escada.

Eu senti o pulso acelerar e uma sensação gelada no estômago.

- Oi!- eu disse, com um sorriso amarelo.

- Oi para você também.

Ele estava magnifico como sempre, com uma camiseta polo verde e short branco. Os cabelos impecáveis estavam um pouco mais longos, mas os olhos cor de âmbar continuavam hipnóticos. E o rosto estava bem barbeado como sempre. Até mesmo o perfume era inebriante, um misto da xampu e suave loção pós-barba.

- Quer me dizer o que esta acontecendo?

- Nada em especial.- eu responde, não querendo ferir seus sentimentos com os planos de Ben.

- Convenhamos que “nada em especial” não é uma resposta aceitável.

- Foi Ben que me chamou.

- Ora, por que não estou surpreso?- ele conduziu nos dois escada abaixo.- Podemos conversar em meu escritório? Lá vocês poderão me contar o que está acontecendo.

A voz de Edward tinha aquele tom polido que me deixava preocupada.

- Ben não fez nada de errado, Edward. Ele só está preocupado com Mike.

- Então quer me contar por que você está aqui?

- É verdade que os peixinhos de Mike... faleceram?

- Sim é verdade.

- Bem, sabe, Ben pensou que talvez... isto é... o que você está planejando fazer a respeito.

- É simples.- ele não fez questão de disfarçar sua impaciência.- Vou dizer a ele que sinto muito, mas por um lamentável acidente os peixinhos dourados morreram.

Ben olhou triunfante para mim.

- Eu não disse?

Eu me mostrei fracamente decepcionada.

- Mas, Edward, você não pode fazer isso!

- Por que não?- Edward inquiriu, visivelmente contrariado.- Estarei contando a verdade.

- Mas... mas...- eu gaguejei, incapaz de lidar com aquele tipo de lógica.- Mas ele ainda é um garotinho.

- Nada dura para sempre.- ele respondeu secamente.- Quanto mais cedo os garotos aprenderem isso, mais cedo perceberão por que é melhor não se apegar a nada.

O impacto daquelas palavras duras foi forte demais para a minha sensibilidade. Elas não pareciam combinar com o homem que eu vinha conhecendo nos últimos dias. No entanto, eu senti como uma mensagem indireta. Edward, por sua vez, percebeu e me senti corar ante seu olhar especulativo.

- O que você esperava que eu dissesse?- ele perguntou, seguindo na frente no corredor.- Que eu mentisse? Que dissesse que os peixinhos acordaram mais cedo e foram passar as férias no Sea World?

Ora, isso significava que ele não desejava dizer a verdade dolorosa para o filho. O problema era que ele não tinha alternativa. Bem, desse assunto eu podia tomar conta.

- Se houvesse uma solução que eliminasse a necessidade de dizê-lo, você a aceitaria?

Ele se voltou para mim. E eu precisei conter o impulso louco de o abraçar ali mesmo.

- O que mais pode ser feito?- Edward retrucou.- Só faltou eu fazer respiração boca a boca para ressuscitar os bichinhos.

- Eu não vou tentar ressuscita-los.- eu argumentei.- Só vou substitui-los. Isto é, se você me emprestar Ben e seu carro. Se eu sair agora, poderei correr até a loja de animaizinhos de estimação e voltar antes que Mike acorde.

Ele me fitou, estreitando os olhos. Por um milésimo de segundo eu poderia jurar ter visto algo quente e intenso queimando naquelas profundezas douradas. E algo mais: uma ponta de admiração, um toque de afeto talvez.

- Droga!- ele respondeu, balançando a cabeça.- Por que não pensei nisso antes?

- Está vendo, papai?- Ben interveio, olhando orgulhosamente para mim.- É por isso que precisamos ter Bella sempre perto de nós.

Era o telefone da cabana, tocando novamente.

Eu resmunguei, abri um olho e pisquei às primeiras luzes da manhã que entravam pela grande janela. Em seguida, senti um frio no estômago ao imaginar qual nova catástrofe mundial terei que cobrir nesse dia. Porém, respirei aliviada, lembrei de que aquela etapa maluca de minha vida já se encerrou.

Já era manhã, porém ainda cedo demais para eu sair da cama, principalmente depois de ter passado boa parte da noite em claro, pensando, pensando, até finalmente atinar que Ben estava fazendo as vezes de casamenteiro.

Era tão claro, tão óbvio, tão gritante que não consegui entender como eu ainda não tinha percebido.

Ora, é claro que senti o tempo todo que ele, Erik e Mike gostavam muito de mim, e o sentimento era recíproco. E também soube, pelas longas conversas que tive com os garotos na ausência da Sra. Kent, que os três estavam cansados de babás e ficavam infelizes com a ausência quase permanente do pai. Mas não suspeitei que era mais do que coincidência o fato de que toda vez que os garotos me chamavam por algum motivo, eu sempre acabava frente a frente com Edward.

Sim. Mas por que levei tanto tempo para juntar as peças?

Me espreguiçando na cama, tive pena dos garotos por estarem fazendo tanto esforço por nada. A não ser por alguns momentos em que imaginei ver um brilho diferente nos olhos de Edward, o pai dos garotos parecia não se abalar ao me ver. Matinha sempre uma atitude cordial, mas nada que recordasse aquele episódio tórrido na cozinha.

Quanto à mim, já não posso mais esconder de mim que desejei muito que ele começasse a me ver com outros olhos. Quero ser vista como mulher. Não só pela questão sexual, o que, não tiraria nenhum pedaço, para começar. Mas que queria que ele olhasse para dentro de mim, que se interessasse por eu como um todo. Céus, a coisa esta ficando séria. Mas para que alimentar fantasia Swan? O homem parece inacessível.

O telefone voltou a tocar. Bocejando, sentei na cama e passei a mão pelos cabelos.

- Já vai! Já estou indo!- eu murmurei.

Ignorando o degrau da cama, eu tropecei e quase rolei no chão. Me aprumando ajeitei a camiseta curta e corre para o aparelho.

- Alô?

- Bella?

Eu estreitei os olhos na direção do relógio do videocassete.

- Faltam dez para as sete, Ben.- eu precisava desesperadamente de um gole de café.

- Eu sei, mas... dá para você vir até aqui?

Tomada de coragem, falei com firmeza:

- Não, eu não posso. Desta vez você foi longe demais, garoto.

- Mas você tem que vir até aqui!

Eu me empertiguei ao notar que havia algo de diferente na voz de Ben. Ele estava agitado, ofegante.

- O que está acontecendo? Algum problema com os peixinhos do Mike, outra vez?

- Não, é o papai! Você pode vir! Agora!

- Ben...

- Por favor, Bella! Não consigo faze-lo acordar!

Eu senti um aperto no coração.

- Ah, meu Deus!... Ben, ouça: ligue para novecentos e onze, meu bem; então desça e destranque a porta da frente para mim, está bem? Já estou indo.

Eu desliguei o telefone e olhei em volta, desesperada. Assim que vi o tênis de corrida, enfiei-os abri a porta e sai correndo pelo gramado, imaginando o que pode ter ocorrido.

Teria sido um ataque cardíaco? Um derrame? Mas como era possível? Ele parecia tão sadio. Sadio demais, alias, eu pensei, me lembrando daquele corpo perfeito.

Apressando a corrida, eu subi pela escada e ganhei a porta, que já estava destrancada. Sem diminuir o passo, entrei e subi as escadas, meus pés mal tocando os degraus.

Em seguida, eu estava na balaustrada , já ultrapassando a ala dos garotos. Onde esta Ben? E os menores?

Parei na soleira da porta do quarto escurecido de Edward. A ama estava bem à frente de mim. Era larga e baixa, coberta com um edredom azul-marinho. Uma silhueta grande e imóvel ocupava o centro.

Por favor, Deus, faça com que ele não esteja morto. Orei baixinho.

Eu respirei fundo e me aproximei. Edward estava deitado de costas, os braços ligeiramente flexionados, as cobertas o cobrindo até a cintura. Como eu já tive oportunidade de reparar, o peito era largo e bem definido. Um suave emaranhado de pelos escuros estendiam-se de mamilo a mamilo, para então apontar para baixo como uma linha estreita que desaparecia sob as cobertas.

Os ombros e o torso movam-se suavemente. Com um suspiro aliviado eu percebi que Edward estava respirando.

Mas isso não queria dizer muita coisa. Ele poderia estar inconsciente. Poderia estar em coma.

Me aproximei e toquei timidamente seu ombro.

- Edward?- sussurrei.

Tocar aquela pele quente gerou uma sensação elétrica que percorreu a minha espinha. Tentando ignorar a reação o chacoalhei levemente.

- Edward?

Um canto dos lábios dele moveu-se com um sorriso malicioso.

- Bella?- ele murmurou com a voz enrouquecida.

Meu coração deu um pulo. Era porque ele esta reagindo, tentei me convencer. Não é pelo modo como ele disse meu nome. Eu o toquei novamente no ombro.

- Acorde, Edward, por favor.

Por um segundo, nada aconteceu. Mas em seguida ele arregalou os olhos e me fitou completamente espantado, para então puxar as cobertas e se cobri até o pescoço.

- Que inferno! O que você está fazendo aqui?- ele vociferou.

Eu me assustei e sufoquei um grito.

- Surpresa!!!- os garotos gritaram da porta.

Sorrindo de orelha a orelha, eles estraram no quarto, aproximando-se de nos dois.

- Nós fizemos café da manhã para vocês tomarem na cama.- Ben anunciou, indiferente à tensão que pairava no ar. Uma bandeja sobrecarregada oscilava perigosamente em suas mãos.

- Para os nossos adultos favoritos!- Erik disse com orgulho.

- Por que papai é o nosso papai e Bella é nossa amiga mais querida.- acrescentou timidamente o pequeno Mike.

- Aposto como vocês estão surpresos, não estão?- perguntou Erik, gargalhando.- Aposto como nunca imaginou que faríamos algo tão legal.

- É isso aí.- Ben concordou alegremente.- Mas nós fizemos. Assim, todos nós ficaremos.- ele depositou a bandeja sobre a cama.- Como uma verdadeira família.

Edward fitou Ben. O sangue subiu por seu rosto, fazendo eu temer por um ataque cardíaco de verdade.

- Eu não posso... eu não...- ele não conseguiu dizer mais nada, perplexo demais para elaborar um pensamento completo imaginei.

- Tudo bem, papai- disse Ben. Sorrindo, ele aproximou-se e deu um tapinha amigável nas costas do pai. – Você não precisa agradecer. É para coisas legais como estas que as crianças servem.


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Notas finais do capítulo

recomendem por favor. amo v6