Zettai Kareshi No Sandman. escrita por Oribu san


Capítulo 6
Capítulo 6: Luta do século. Sandman Vs Jack Cutelo


Notas iniciais do capítulo

é demorei mais uns dias esperando e nada aconteceu. Mesmo se vc ler anos depois dessa historias estar pronta. deixe seu comentario nos captulos. eu ainda estarei aqui o_o



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– Como assim, droga, Jack está em casa?! Onde estão seus modos?! Diga, bem vindo de volta irmãozão!

– Primeiro, você é mais velho, lógico que é maior. Segundo, eu não tenho mais cinco aninhos, Jack.

– Vejo que não perdeu a mania de enumerar as coisas.–Ele larga as sacolas e corre para me prender o pescoço numa chave de braço.

– Droga! Me larga, Jack, seu maldito bastardo!

– Vejo que também não perdeu a mania de xingar. Diga, desculpa por tudo Nii-chan*

(Como as crianças chamam os irmãos mais velhos)

– Melhor quebrar logo o meu pescoço!

Desde que me conheço por ser intendido que é assim. Jack é mais velho, mais alto, mais rápido, forte e o orgulho da família. Só que por incrível que pareça, ele não liga pra nada disso e apesar de tudo sempre gostou de mim. Mesmo que eu não goste.

Quando saí do nosso país pra viver a minha vida, ele não entendeu que era porque eu queria que tivessem orgulho de mim também. O que ele entendeu foi que, eu estava me afastando, daí prometeu que nunca me livraria assim tão fácil dele. Sendo assim, aqui está ele de novo, rindo e me apertando por eu não ser um lutador como ele. Seu sobrenome é o mesmo que o meu, mas nos ringues de luta pelo mundo o chamam de Jack Cutelo, por causa de sua capacidade para partir ossos.

– Você tem três segundos pra me soltar, Jack!

– Eu já disse que você perde toda a fofura quando grita? Peça descul...

Trancou a voz por notar o bilhete em minhas mãos, o tomando para si com uma das suas mãos enquanto ainda me prendia facilmente o pescoço sob o braço.

– Isso é meu!

– Com amor... Ren? Lenny, não me diga que você arranjou uma namorada o tempo que estive fora?!

– Não. E não é da sua conta.

– Você é mesmo malcriado, não é? Assim vai acabar ferindo os sentimentos do seu Nii-chan.

Sempre odiei esse seu jeito idiota de me tratar como seu bicho de pelúcia. Não conseguia acreditar que o terrível Jack Cutelo, que estava presente nos pesadelos de muitos lutadores, e, meu meloso irmão mais velho, eram a mesma pessoa.

Ainda estava preso quando escuto passos correrem o seu som no corredor e mais uma vez a porta que estava escorada, cair com um novo chute.

– Anjinho!

Disse o sandman que voltara pra casa meio que pressentindo o perigo. Por algum motivo minha orelha sempre coçava quando ele dizia isso.

Vendo-me preso com um homem estranho, é mais que obvio o que se sucedeu. Ele se atracar à Jack, deixando a mim e a gata, observarmos dois homens crescidos embolarem em meu tapete, se engalfinhando. Se um deles me irritava o que disser então dos dois ao mesmo tempo. O pequeno monstro que carrego no peito foi crescendo e crescendo só me aliviando ao separa-los com um tapa na cabeça cada um, declarando minha pessoa como o vencedor da disputa.

– Será que as crianças podem parar de brincar? Ren, esse é meu irmão. Jack, esse é "o" Ren.– Fiz questão de enfatizar a letra que dizia se tratar de um rapaz.

No mesmo instante ele se pôs de pé reverenciando meu irmão ao qual em sua mente destorcida ele devia respeito.

–Muito prazer,Zōgo-san*.–(Cunhado)–Sou Sunahama Ren o...

– Meu colega de quarto.– Completei. "As coisas não mudaram tanto assim."

– Do que ele me chamou?

– Amigo.– Respondo suando de leve.

No jantar que se sucedeu ao meu banho, estava suando mais ainda com a aura negra que fluía ao redor do meu parente recém chegado e que podia envenenar até a mais mortífera cobra que olhasse nos seus olhos. Ele mascava as batatas e esfaqueava o bife como que com segundas intenções olhando a cara sorridente de Ren, despreocupado e até feliz de estarmos os três à mesa para um "jantar em família." E então ele se levantou ao quebrar sem querer o prato qual não suportou sua força no garfo e trincou ao meio.

– Lenny, podemos conversar?

– Claro.– Me levantei o seguindo, e nem precisei olhar pra trás para dizer "Senta" antes mesmo de Ren sair do lugar.

Fomos ao telhado de tempo nublado e tempestuoso, onde ele tirou a caixa de cigarros do bolso, servindo-se de um deles antes de perguntar.

– O quê que tá acontecendo aqui?

– "Como se eu pudesse explicar."

– Pode pelo menos tentar me contar?– Dizia ele sem saber que sua nova pergunta se encaixava a meus pensamentos.– Quem é ele e porque está aqui?

– Meu colega de...

– Isso eu já sei. Quero saber, por quê agora. Você nunca quis um.

– Ele não tem pra onde ir e está me ajudando nas despesas. Ele precisa de mim e... Eu acho que preciso dele também.

– Tá... Ótimo.–Disse apagando o cigarro, ainda sério.– O que eu quero mesmo saber é se nesse toma lá, dá cá, não entrou nada estanho.

Ele não queria insinuar que um de nós estivesse se vendendo ao outro como moeda de troca por favores especiais, mas sim que era meu irmão, se preocupava comigo e disso eu sabia, e disso eu era grato.

– Sabe, Lenny. No momento em que você nos apresentou eu tive a impressão de que ia me apresenta-lo como namorado e acredite ou não, foi pra isso que estive me preparando desde a ultima vez que estive aqui.

– Jack, eu...

– Espera, deixa eu terminar. Perdi um bom tempo pra aceitar a ideia de você saindo por aí com um cara, por quê pensei que você nunca seria feliz, mas descobri que isso não importa, porque agente morre, nasce de novo e nunca sabe como a outra pessoa vai voltar, e, foi mais fácil pra mim pensar que de alguma forma maluca seu corpo sabe que dessa vez é um cara, assim como eu sei que vai ser uma mulher.

– Entendo.–"Se é assim que você consegue suportar, eu entendo."

– Só que... Nessa minha pesquisa eu acabei descobrindo também coisas que me deixam muito nervoso e com vontade de voltar logo. Você não sabe o tipo de historias que ouvi, o tipo de coisas que alguns caras é capaz de fazer. De dizer! Pra tirar a virgindade de alguém como você. Até mesmo héteros. Por isso... É por isso que eu quero saber.

Ouvir um pugilista que quebra caras pra viver, mostrar-se tão sensível a mim daquela maneira era o que me lembrava. Apesar de tudo, de sempre achar que estive sozinho pelo meu caminho sem amor, eu não prestava atenção que nunca estava completamente só.

Aproximei-me de Jack Olivy naquele encontro de duas paredes onde ele fora se refugiar e abracei-o como fiz tão poucas vezes em minha vida. Como no dia em que nasci, no dia em que ele decidiu lutar, no dia do velório de nosso pai e no dia em que fui e não voltei.

– Toma cuidado, baixinho.– Falou de olhos fechados, pondo seu queixo sobre minha cabeça.

– Jack.

– O que é?

– Joga a droga desses cigarros fora! Vão perfurar o seu pulmão! E se você ousar morrer antes de mim eu te mato... Seu maldito.

Depois de minha bronca, rimos de canto apenas para nós mesmos e voltamos pra casa, onde encontro Ren preso à janela. Aparentemente tentou ouvir nossa conversa e se engatou a roupa no ferrolho que ainda não lhe soltara.

– Não vai ajudar o seu amigo?

– Não. Ele se prendeu lá sozinho.

Me arrependo de brincar dessa maneira ao ver Ren arrancar o ferrolho da janela com as próprias mãos e boa parte da madeira a que ele estava pragado também.

– Você vai pagar por isso!

– Tudo bem eu pago.– Respondeu sorrindo como o objeto pendurado na blusa.

Pela manhã havíamos todos dormido bem. Ren por ter dormido achando que me abraçava, Jack por ter dormido com alguém que ele acreditou ser eu o abraçando e eu por ter dormido sozinho e confortável no chão onde me empurraram a noite.

Decidi lhes dar a surpresa de acordar abraçados. Sendo assim, não os acordei para o café onde tudo começou a dar errado. Era uma sexta-feira começo de mês. Meu dia de azar.

Já havia me acostumado a comer com hashi*, mas nunca havia ocorrido de eles quebrarem bem na minha mão. Ainda assim como a xícara de chá no trabalho que espantou a todos. Eram sinais de mau preságio.

(Hashi = O famoso pauzinho japonês)

– Bom dia, Lenny-san.–Disse mais uma funcionaria apaixonada se jogando sobre minha mesa que bambeou.

– Bom dia.

– Sunahama...

– Não. Ele não vem hoje.

Todas me perguntavam a mesma coisa, fosse na entrada eu na saída. Havia alguma coisa, uma força maior que fazia as mulheres vibrar ao ver dois homens "Juntos" como elas achavam que nós estávamos. Principalmente da parte que cabia a Ren estar na portaria com Anny ou aqui cercado por elas sempre na hora que saio. Pelo menos não seria assim hoje, já que ter Jack na minha casa traria algum tipo de mudança.

No instante que termino de informa-la, pela primeira vez sinto a presença de Seiga se manifestar antes dele abrir a boca. O que ainda assim era estranho, pois ele deveria estar lá em cima com os mais poderosos e só descia para dar uma noticia muito importante ou bater papo comigo. Coisa que estava acontecendo mais agora do que antes.

– Muito bem pessoal, estou aqui para parabenizar à todos pelo excelente trabalho.–Estávamos todos atônitos em suas palavras sem entender do que se tratava a noticia.Havíamos mesmo feito um bom trabalho, mas nada de extraordinário.–Devem estar se perguntando do que estou falando, certo? A direção me mandou parabenizar a redação porque a ultima edição da Perfection vendeu o dobro das edições normais.

Ficamos todos chocados. E ainda mais confusos esperando que sua explicação não acabasse ali pela pergunta de um dos redatores.

– Mas nós podemos pelo menos saber o que fizemos de tão bom, Seiga-san?–"Assim podemos fazer de novo."

– Ao que parece, tudo se deu aos elogios que passaram de boca em boca dos leitores, que curiosos com o que ouviam foram comprando.

– Mas, senhor.–Ergueu a mão uma senhora.–A edição com as fotos do nosso maravilhoso modelo surpresa só saem na próxima.–"O lindo Sunahama-kun vai ser capa!"

– Sei disso e espero que vendamos ainda mais. Só que a culpa das vendas foi graças as respostas do senhor Yamada da coluna amor perfeito.

Foi ele dizer e os aplausos soaram, me rasgando pela cara que o velho Yamada fez, regozijando dos créditos aplicados à um trabalho feito por mim. Pelo menos até ele ouvir algo que também o rasgou. O toque do celular de Seiga, portando mais novidades pela voz de Miia.

– Alô, Seiga falando. Sim, pode falar Miia. Não pode ser, é serio isso? Não, não estou duvidando de você. Ok adeus.–Ele desligou e nós ficamos esperando o alvejar das novas.–Yuu Watase, está vindo pra cá.

– Yuu Watase!–Juntaram-se todas as vozes para se espantarem em uníssono.

Yuu Watase, era e é, ninguém mais, ninguém menos, do que a voz mais poderosa na empresa. Mais até do que seus próprios donos. Além de ser a acionista majoritária, ela era também uma critica ferrenha, das que podiam acabar com qualquer um ao qual ela não achasse "bom o bastante." E ela disse um milhão de vezes que já teria destruído a Perfection à muito tempo se ela em parte não lhe pertencesse.

– Porque ela está vindo pra cá?

– Isso. Eu pensei que ela odiasse vir ao Japão.

– Silêncio, silêncio!–Seiga mandou e ele se fez por sob seus óculos.–Ela está vindo pessoalmente pra ver o senhor Yamada, mas já deixou de ante-mão que quer que ele tenha um texto ou algo assim, falando sobre o amor perfeito em mãos quando ela chegar daqui uns dias para a reunião geral.

Confesso ter ficado feliz ao ver o porco velho suar frio com um sorriso amarelado. A reunião geral era uma festa que acontecia todos os anos pelo que ouvi falar. E reunia todo o pessoal dos mais importantes até os mais pé-de-chinelo, no parque Naito, onde acredito que ela vai pedir para ele discursar e nos mostrar um pouco de sua genialidade recente.

Minha felicidade durou pouco. Pois foi só Seiga sair e minutos depois ele me chamar a sua sala.

– Você vai escrever o discurso pra mim.

– O quê? Não. Eu não po...

– Eu dispenso você de responder as cartas que faltam, mas você vai me tirar dessa!

Ele suava e grunhia desesperado isso, como se fosse ele a me fazer um favor, o que era ridículo e hipócrita. Mesmo por que eu já havia respondido com amor em uma semana, todas as caras que ele levava o mês todo para responder.

– Eu não vou fazer isso.

– Você vai! Você vai sim! Ou eu juro que acabo com você garoto!

Ele mostrava-se raivosamente desesperado agarrando meu braço e por um instante eu tive medo e por outro instante eu esperei que Ren cruzasse a porta para me salvar. E isso me surpreendeu. E isso me deu força.

– Tire os cascos de mim seu porco nojento.–Disse aquilo com uma voz e um sorriso tão psicopáticos que só poderia pertencer ao meu eu fruto de todas as humilhações.–Ou eu grito pra todo mundo ouvir que você só está nessa de responder cartas pra tentar pegar as garotinhas do colegial.–O monstro ao qual eu mostrava as guarras agora parecia ser maior do que o seu ao recuar pra mim, parecia ser ódio e rancores guardados e que precisavam serem soltos na forma daquele demônio.–Eu faço. Escrevo pra você. Mas só desta vez, a última vez.

– O... O que você quer?

no mesmo instante, joguei os papeis e tudo de sua mesa para o lado até eles caírem, restando apenas o computador onde baixei e imprimi um arquivo já pronto no meu fazia dias.

– É um contrato.

– Um contrato?

– Sim um contrato. Você é surdo além de velho? Vai assinar e eu vou escrever pra você pela ultima vez. Nele diz isso e também que você vai me indicar pra ser um redator de verdade ou eu posso contar pra todo mundo que você assina seu nome mais quem escreve sou eu.

– Eu não vou assinar isso.

– Você vai!–Eu era nesse momento, mesmo que mais baixo, também mais jovem que ele e mais homem do que fui em toda minha vida ao empurra-lo contra uma parede.–Ou eu juro, juro por tudo que há de mais sagrado no meu coração, que eu acabo com você garoto.

Jogava agora suas palavras contra ele. E acredite ou não ele assinou. Tão rápido quanto eu sai de sua sala e o demônio saiu de mim de uma vez dentro banheiro onde fui me esconder, pois sabia o que viria a seguir. Um desmaio. Após aquilo tudo, eu sabia que meu corpo iria apagar assim que a adrenalina baixasse, porque aquele sim era eu.

Recobrei o juízo meia hora depois, ainda sozinho e sentado no vaso de porcelana.

– Que... Azar.–Passei a mão no rosto onde vi o papel assinado, agarrado a ela.–Ou não?

Olhando para o contrato e mais além dele para o passado, mais uma vez notava que isso também se aplicava ao sandman em minha casa, a essas alturas provavelmente lutando contra meu irmão na cozinha, porque ele sabia cozinhar como pedi, já Jack... Bem, digamos que eu sempre o deixei pensar que sim.

– Vou pra casa.

Foi exatamente a mesma coisa que repeti para Anny quando ela me perguntou e eu a puxei para vir comigo.

Dizendo que seria só no horário de almoço.

Chegando lá, ouvíamos do lado de fora, o prédio inteiro gritar. Ao que tudo indicava, a confusão se passava no meu apartamento e o barulho incomodou os meus vizinhos que começaram a gritar e incomodar os outros vizinhos num efeito dominó. Corremos pra dentro e ao abrirmos a porta, não reconheci meu lar.

– Mas que droga... tá acontecendo aqui!?

Tossi de leve rejeitando inalar a nuvem negra que estava fugindo de lá pela porta e janela. Minha convidada chegou a pensar ser um incêndio por ver Kokoro já em fase de se ouriçar toda debaixo da mesa junto à pedaços de tomate e cebola, como em todo o resto do quarto azul.

– Pronto, tudo bem arejadinho agora.

Sorriu Anny quando abrindo mais a janela e o ar voltou revelando Jack e Ren ainda atracados, olhando pra mim.

– O que... Vocês fizeram?

– Eu explico...

– Anjinho...

– Não. Cala boca os dois. Nem precisa, eu posso adivinhar.–Caminhei até a cozinha com um ar de general.–Jack estava cozinhando, Ren também quis cozinhar, cada um começou a cozinhar algo diferente.–E continuei a andar de braços cruzados deixando minha casa revelar o passado presente em forma de historinha.–Vendo o que o outro estava fazendo, foram pegando competitividade e competitividade até se atracarem no chão e esquecerem a comida no fogo. Uma explodiu e a outra queimou. Acertei?

– Acertou.

– Foi quase isso.–Jack tentou justificar-se.–Na verdade eu queria ver se o Ren aqui aguentava o meu nível e ele aceitou. Aí, só aí, a comida queimou.

– Jack, você é um lutador profissional. Tá de sacanagem comigo?!

– De toda forma não dá pra comer.–Constatou a dama do recinto afagando o animal assustado.

– Eu posso fazer mais!– Disseram.

– De jeito nenhum!–"Dessa vez vocês podem mesmo por fogo na casa."

Terminei por recolher algumas coisas em uma cesta, improvisando um piquenique no parque para aplacar meus ânimos, mesmo que a rivalidade entre meu irmão e meu... Alguma coisa, não pudesse ser aplacada.

Se Ren dizia que ia comer mais um sanduíche, Jack dizia que também queria, então Ren pegava dois, Jack três e terminavam por fazer assim com tudo e eu me enchia mais da situação do que de comida.

– Vocês querem parar com isso?! Eu ainda quase não comi nada!–Recolhi-me rapidamente do grito. As famílias que olhavam a luta deles agora olhavam só pra mim me envergonhando.–Eu odeio tanto vocês dois.–Resmunguei como sempre, mas isso martelou algo em Jack e eu nem percebi.

– Lenny está com fome?

Ren estava sentado ao meu lado desde que chegamos, mas só com essa frase ele se apoiou uma mão no chão coberto pela toalha e com a outra mão tentou dar-me na boca algo de comer. Como resisti ele continuava tentando, mesmo depois de me derrubar na grama com as tentativas e o sorriso, tirando de mim algum disso também.

– Para, Ren. Seu prego, sai de cima de mim.

– Diga "A."

– Não, Maldito.

A palavra final deu outro martelar em Jack, dessa vez percebido por Anny que iria falar com ele, bem no momento em que ele se antecipou.

– Eu vou embora hoje.

– O quê?–Cortei a alegria de súbito me levantando.–Mas você... Sempre demora mais que isso pra ir embora.

– Isso é porque eu não gostava de pensar em te deixar sozinho, mas agora você tem o Ren.–Ele apontou com a mesma seriedade já imperante sobre todos nós.

– Ele não é...

– Eu não disse que era.

Ele encerrou olhando para minha cabeça baixa que só olhava para o nada. Mais uma vez estávamos todos perdidos onde só a natureza se manifestava no balançar dos galhos.

– Anny, vamos embora.

– Oi?–Ela não entendeu ao me ver levantar com uma voz fria e acinzentada.–Mas... E quanto á Jack? Ele vai...–"Você vai perder sua partida."

– Ele decidiu ir embora. Não posso... Fazer nada.

Já recolhido de meus pertences, segui andando estupidamente. Aposto que ela se desculpou com eles por mim e tomou um caminho diferente para não me encontrar. Mesmo que me adorasse, Anny não me suportava quando a estupidez e o orgulho me punham a andar com o coração de gelo.

Estando assim, como poderia escrever algo sobre o amor?

Pensava nisso com as mão nos bolsos esperando um ônibus, quando uma mulher jovem, bonita de cumpridos e encaracolados cabelos dançantes em sua aparência cigana me sorri dos lábios vermelhos marcados em batom do outro lado da rua.

O ônibus chega e retiro minha atenção de sua presença forte para subir nele. No mesmo instante em que tiro as mãos de seus esconderijos, pondo uma no escoro da porta que se abriu para mim, ela pega a que se encontrava vaga.

Estancamos nossos olhares por cinco segundos quais me pareceram muito mais no que senti em seus olhos misteriosos.

– Cuidado com o que deixa escapar, o que nos pertence sempre volta, mas o que não os pertence ainda pode ir embora.

– Eu não tenho o dia todo. Vai entrar ou não rapaz?

O motorista me cobra a atenção que lhe dei ao confirmar com a cabeça e sentar olhando para fora quando o ônibus se foi comigo, vendo-me distanciar da cigana que ainda permanecia parada lá. Viro meu rosto para frente ajustando as ideias em minha mente e mesmo que tenha sido um livro de culinária o que a senhora da fileira da frente lia, me fez lembrar de "O sandman."

Imediatamente recorro a ajuda de meu celular e trato de me por lendo o livro ainda mais caro na internet. Agora eu queria saber do que ela estava falando e só ele podia me contar.

Em cerca de meia hora, ainda estava em seu começo dos fatos e em algum lugar do aeroporto eu perdia um desses que cabia à mim estar presente.

– Anny tinha que trabalhar, mas você não tem que ficar aqui comigo.

Resmungava Jack à Ren, com suas pernas cruzadas e os braços amparados sobre o banco onde estava sentado com suas sacolas de viagem, esperando a voz feminina nas caixas de som anunciar seu voo.

– Tenho sim.

– Você não é só amigo de quarto dele, não é?–Rendeu-se a deixar um único riso de "tenho que aceitar" sair sério de sua garganta, assim como Ren estava ao negar.

– Sim, eu sou... Apenas isso.

– Mas você gosta dele... Não gosta?

Ele se fez ainda mais sério quanto suas intenções ao confirmar com a cabeça, fitando meu irmão nos olhos como poucos lutadores fizeram.

– Mas Lenny sempre diz que...

– Não importa o que ele diz, seu burro. Você está escutando o que ele diz, mas não está ouvindo.– Mantinha-se apontando para os ouvidos, mas o homem de areia permanecia sem entende-lo.–Não percebeu que ele sempre me xinga com coisas como "maldito"? Ele gosta de você. Só não percebeu ainda. Lenny pode se achar esperto, mas nesse sentido, ele tão burro quanto nós dois.

Ele riu empurrando Ren com mais força do que o necessário. Fora isso que o incomodara no parque. Perceber que seu irmão crescera e ele teria de me dividir com outro cara.

– Ele sempre maltrata quem ama. Por isso... Se você...–"Vou sofrer pra dizer isso. Vamos lá Jack você consegue."–Se você... O ama... Posso te pedir um favor?

– Eu o amo!

– Esteja sempre lá pra ele. Pessoas como meu irmão, estão sempre afastando quem gostam por medo delas se afastarem sozinhas.

– Eu prom....

– Espere! não prometa assim tão rápido! Pare pra pensar.– "É uma promessa muito séria seu idiota."

– Não preciso.

♫Voo 181 para a Irlanda, portão 6. Repito. Voo 181 para a Irlanda, portão 6.♫

Finalmente soava a voz madrasta que o mandara pra longe novamente.

– Estou mais aliviado agora... Bem... Preciso ir.

Ele rangeu os dentes erguendo o peso das sacolas, e jogando uma sobre o ombro Jack se foi, de longe acenava mandando ultima ameaça.

– Eu vou... Mais eu volto.

Assim ele se fora mais uma vez e se estivesse lá, algo me diria assim como disse a Ren, que demoraríamos a vê-lo novamente.

"Eu estarei lá. O quanto eu puder." Saturado de confiança, o namorado perfeito se pôs em movimento na intenção de me procurar, mas outra pessoa o encontrara primeiro.

– Posso ler a sua sorte, moço bonito?– Perguntou a cigana a qual Ren entregou a mão que ela cobriu com a sua antes de lhe sorrir de volta com tristeza por ler algo que Ren já sabia.– Quando pretende contar a ele?

– Só quando for tarde de mais.


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Notas finais do capítulo

maior cap até agora, mais tambem um os que me deu mais prazer em escrever. assim como vou sentir prazer em sentir sua presença nos reviews e no proximo cap.



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