As outras semanas em Hogwarts foram...normais, digamos assim.

E, se você quer saber, não. Mirella Barner não invadiu a escola, e eu não esperava que invadisse.

Mas, em um dia muito bonito de outono, eu, Alicia, estou muito nervosa. Por quê?

Porque é hoje. O primeiro jogo de quadribol. E...adivinha com quem vamos jogar? Sonserina! E adivinha quem é a nova batedora? Amber Cooper! Espero sinceramente que ela não desconte a raiva dela no jogo. Mas, dependendo dela, não posso esperar nada.

Não teríamos aula hoje, por ser domingo, e por ter um jogo de manhã.

O quadribol começará 11:00 horas, eram 9:00.

–Vamos, garota! Acorde! Hoje é o grande dia! -Gritou Clarie, me acordando.

–Não quero levantar da cama, alguém vá lá me substituir. -Respondi.

Ela riu.

Acabei levantando 10 minutos depois.

Tomei banho, e desci.

Assim que cheguei na Sala Comunal, senti todos os aplausos e tapinhas nas costas, como forma de me incentivar.

Desci mais escadas, até o Salão Principal.

Senti praticamente todos os olhares em mim. As pessoas contavam comigo, pelo menos os alunos da Corvinal.

Uma pequena onda de aplausos começou quando me aproximei da mesa. Fiz um reverência em forma de agradecimento, e me sentei.

–Nervosa? -Perguntou Isaac.

–Muito. -Respondi.

Mordi duas torradas, mas não tinha fome alguma.

–Isaac, podemos ficar nos jardins? -Perguntei.

–É...claro. Vou chamar Charlie e Vicky. -Ele disse.

–Te encontro lá. -Disse.

Saí do grande castelo. Queria relaxar, pelo menos por um tempo.

Me sentei em frente ao grande lago. Os jardins estavam um pouco vazios e...

De repente um garoto de cabelos muito pretos se sentou do meu lado. Seus olhos eram muito negros, e a pele muito clara. Mais clara que a minha. Seus cabelos eram muito escorridos, e caíam sobre os olhos, como se quisesse escondê-los. Tinha um estilo meio emo.

–Olá. -Falou o garoto.

–Oi. -Respondi, atônita.

Tenho a sensação de que conheço ele de algum lugar.

–Sou Oliver, sou da Corvinal. Quartanista. -Ele disse.

Ah, sim. Já tinha visto ele na sala comunal.

–Er... Desculpe... Mas... o que você quer falar comigo? -Perguntei.

–Olha. Alicia, não é? -Ele falou. Concordei com a cabeça. -O negócio é o seguinte: Eu era o apanhador da Corvinal. Oliver Stewarts. E... Eu era, ou melhor, eu sou, ótimo. Só não fui muito bem nos teste. E... Saiba que você tem que representar uma casa comunal inteirinha. Não é muita pressão?

Aonde ele quer chegar com essa conversa?

–...Então, é melhor você não decepcionar as pessoas. -Ele continuou. -Porque, eu acho que será odiada... Para sempre.

E assim, ele se retirou dos jardins.

Fiquei encarando o lago, sem entender.

Que garoto estranho, pensei.

Isaac, Victoria e Charlie chegaram logo depois.

–Você está pálida, Ally. O que houve? -Perguntou Victoria.

–Hã? É... Nada. Só nervosismo mesmo. -Menti.

–Pois é. Já são 10:00. Benjamin mandou te chamar. Falou que você tem que ir para o vestiário. Tipo... Agora. -Disse Isaac.

–O quê? Já são 10:00? Tenho que ir, gente, até o jogo! -Eu falei, já correndo.

–Vai lá Ally, boa sorte. -Isaac gritou.

Cheguei até o vestiário. Todo o time já estava lá.

–Alicia! Você demorou! -Falou Benjamin.

–Desculpe -Comecei -...Eu...

–Tudo bem, bote o uniforme, para eu dar algumas instruções de última hora. -Disse o capitão.

Coloquei o blusão da Corvinal. Peguei minha CleanSeep e voltei para o grupo.

–Lembrando pessoal: Primeiro jogo do campeonato. -Começou Benjamin. -Não fique nervosos. Joguem como jogaram no treino. E...por favor, não façam besteira.

Senti que essa última frase era mais direcionada para mim.

–Jack, lembre-se do que eu te disse, certo? Dave, Steve, cuidado, e prestem atenção. -Falou Benjamin.

Tinha chegado a hora.

Todos já estavam a postos, eu era a última, por ser a apanhadora, e o capitão ficava na frente.

Liz chegou perto de mim.

–Fique calma e... Acima de tudo... não se intimide. Não vale a pena. -Ela disse.

–Pode deixar. -Respondi.

Eu respirava fundo várias vezes, como se isso pudesse me ajudar em alguma coisa.

Os portões se abriram, e, imediatamente, ouvimos os gritos ensurdecedores da multidão.

Os alunos da Grifinória e da Lufa-Lufa torciam por nós. Ninguém gostaria de ver a vitória da Sonserina.

Infelizmente, um grupo que correspondia à um terço de todos os alunos gritavam ofensas como: "Scott é lixo!" ou "Murphy não agarra nada!" mas... como Liz tinha dito para eu não ligar, simplesmente olhei para frente.

Ryan Rogers, o capitão da Sonserina, chegou mais perto de Benjamin.

Os capitães apertaram as mãos, e Madame Hooch apitou.

O jogo começou, e eu voei para o céu.

Senti o apanhador da Sonserina, Clark, me seguindo.

Mergulhei na direção das balizas, com ele em minha cola. Para falar a verdade, eu não tinha visto pomo algum, mas queria confundi-lo.

Quem narrava o jogo era George, um garoto de cabelos pretos da Lufa-Lufa, sempre muito simpático e alegre.

–Sparks está chegando nas balizas... -Começou George. -Oh! Não! Cooper lançou um balaço, agora, a posse está com Lawrence, vamos... E... Ponto para a Sonserina!

A multidão aplaudiu, pelo menos os alunos da Sonserina.

Não conseguia pensar em mais nada, a não ser o pomo. Onde ele estava? E porque Clark não ia procurar em outro lugar?

A vassoura dele era bem mais potente que a minha, então, se eu avistasse o pomo de ouro, eu deveria disfarçar, de modo que ele não conseguisse achar.

–A posse está com Lewis, o capitão, ah não ...outro balaço. Mas ele recupera a goles... E... Arremessa! Ponto para a Corvinal!

Fiquei muito feliz, agora estava 10 a 10.

O jogo foi se passando, e agora a Sonserina estava ganhando de 50 a 30. Eu precisava achar o pomo mais do que nunca.

Comecei a sentir a pressão de todos sobre mim. Não podia fracassar. Não podia.

Voei para o céu.

–Parece que Scott tem uma estratégia. Tome cuidado, Hared! -Anunciou George.

Fiquei procurando durante alguns segundos no céu até que...

Eu o avistei.

Um ponto dourado sobrevoando muitos metros acima da arquibancada.

Voei em disparada até lá, mergulhando. Sentia Clark Hared na minha cola, logo atrás de mim. Não podia fracassar. Vamos Ally, pensei.

Continuei voando. Conseguia ouvir os gritos da torcida, até que estiquei o braço, e meus dedos agarraram uma forma esférica com asinhas.

Suspirei, aliviada. Me dirigi até o centro do gramado, lentamente, e depositei o pomo no chão.

–E a Corvinal... Vence a partida! -Exclamou George.

Uma onda de vivas e aplausos saiu da multidão.

O time todo desceu do céu. Eu recebi um abraço coletivo, que quase esmagou meus ossos.

–Continue assim, Alicia! -Disse Benjamin.

Isaac chegou logo depois.

–Você foi mais do que espetacular! -Disse, me abraçando.

–Obrigado! -Respondi.

–Alicia, você foi demais! O jeito como mergulhou... -Começou Liz.

–Obrigada, mesmo.

–Festa na sala comunal da Corvinal! -Anunciou Dave.

A última coisa que avistei foi a cara indignada de Amber Cooper.

Corremos até a torre da Corvinal.

Quase todos os alunos estavam lá, comemorando conosco.

Consegui tantos "Parabéns" e tantos tapinhas nas costas que não consegui descrever minha felicidade com apenas "Obrigado".

Tomamos suco de abóbora, mas... Sem antes de fazer um brinde. Todos levantaram os copos:

–Á Alicia! -Exclamou Benjamin.

–Á todos, por favor. -Retruquei.

As pessoas na sala riram.

Todos beberam o suco de abóbora e festejaram.

A festa durou até 1:00, pois o professor Flitwick apareceu para falar que estávamos fazendo muito barulho.

Não vi nem Charlie, nem Victoria, e temia que ela estivesse chateada comigo e não teria assistido ao jogo.

Mas eu não podia me importar com isso, não agora. Então, fiquei conversando com minhas colegas de quarto até tarde, rindo e jogando Snap Explosivo.

Mas, não podia negar que pensava naquele garoto. O jeito com ele falou comigo... Me... Ameaçando.

Não fique assustada, Ally. você é a Herdeira.