O resto do dia foi bem divertido.

Como tinha voltado a nevar, eu e Isaac subimos até a sala comunal da Corvinal.

Nos sentamos nas poltronas, e relaxamos. Conversamos até as 21:00. Isso me permitiu esquecer pelo menos um pouco o Diadema que descansava suavemente em meu pescoço.

Eu não achava muito seguro guardar ele ali. Então, tive uma ideia.

Isaac já tinha subido as escadas para o dormitório masculino, então, fui sozinha até a entrada da sala comunal, e desci as escadas até o escritório de Dumbledore.

Ele tinha me avisado que, se precisasse de alguma coisa, eu deveria falar com ele.

E... Eu precisava. Precisava de um lugar seguro para guardar um objeto tão precioso quanto o Diadema de Ravenclaw.

–Varinhas de Chocolate. -Murmurei, chegando em frente à gárgula.

Bati na porta do escritório, hesitante.

Uma voz cansada respondeu "Entre", e eu abri a porta.

Alvo Dumbledore encontrava-se sentado em sua mesa. O Chapéu Seletor descansava suavemente em cima da estante mais próxima.

Fawkes, a fênix, cochilava em seu poleiro, feliz.

–Alicia! O que faz aqui a essa hora, querida? -Ele me perguntou.

–Eu... Queria te perguntar uma coisa, professor. -Comecei. -Preciso de um lugar para guardar o... Diadema.

–Ah, sim. Imaginava que você me pediria isso logo, logo. Bom, eu acho que tenho o que precisa. -Respondeu ele.

Dumbledore, se levantou, caminhando em direção a um dos armários.

De lá, ele tirou uma caixa bem pequena. Ela era de veludo vermelho. Como uma caixinha de se guardar alianças.

Olhei para ele, confusa. Dumbledore apenas sorriu.

Ele abriu a caixa. De dentro, tirou um... Colar.

Mas não era um colar qualquer. Era um colar em forma de águia.

Uma águia bem pequena, de asas abertas. Ela não era brilhosa, nem nada parecido. Tinha um aspecto bem velho ,porém, não desgastado. No meio da águia, havia um ponto azul brilhante. Uma pedra de safira. Fiquei de queixo caído.

–É simples,não é? Porém, é muito bonito. -Ele disse.

–Mas, como vou guardar o Diadema aí? -Eu perguntei, confusa.

–Bom, aqui, tome. -Ele me entregou. Segurei o colar. -Agora, basta encostar o Diadema e se concentrar.

Tirei o Diadema da bolsinha que o Isaac havia me dado. Fiquei meio triste de tirá-lo de lá, mas logo esqueci.

Encostei o Diadema no pingente, mas nada aconteceu.

Olhei para Dumbledore. Ele disse:

–Apenas concentre-se no que você quer.

Concentre-se, Ally. Vamos.

Entre aí dentro, por favor, tiara, pensei.

Imediatamente, ou, como se esperasse apenas um comando, o Diadema brilhou com uma pequena luz, e sumiu.

Segurei o colar, perplexa.

–Balance-o. -Disse Dumbledore.

Balancei o colar. Sentia como se houvesse alguma coisa dentro dele, bem pequena.

Sorri.

–Muito obrigado, professor. Mesmo. -Falei.

–Não há de quê, Alicia. -Disse ele.

–Acho que agora eu vou embora, já está ficando tarde. -Disse.

–Vá lá, Boa-noite. -Falou ele.

–Boa- noite, professor. -Eu respondi.

Me retirei da sala.

Eu estava realmente feliz de ter um lugar seguro para guardar um objeto tão precioso.

Sentia que o Diadema era parte de mim agora. Quase poderia sentir a águia palpitando sobre meu peito. Ela era quente e aconchegante. Confesso que isso é meio estranho, mas fazer o quê.

A neve caía lentamente sobre as janelas de Hogwarts. Não havia pássaros, nem nada. Devia estar muito frio lá fora, pensei.

Mas isso não me desanimou.

E não ia me desanimar.

...

Cheguei à sala comunal da Corvinal. Escondi a águia dentro da blusa.

Depois, mostrei-a ao Isaac.

Ele achou linda, e ainda bem que não ficou chateado por eu não guardar mais o Diadema na bolsinha, mas prometi para mim mesma que usaria a bolsinha. Isaac ficou feliz por isso.

Fui dormir naquela noite particularmente... Normal.

Parcialmente tudo estava resolvido agora. Eu acho que poderia pelo menos voltar a ter uma vida comum.

Ah! Eu vou fazer 12 anos amanhã!

Meu último pensamento foi que eu gostaria de ganhar algum presente.

...

Acordei no dia seguinte com um "Parabéns" gritado na minha cara.

Sinto que a intenção das minhas colegas de quarto era me assustar mesmo. No começo, fiquei meio irritada com elas, mas, depois, nós começamos a conversar, e eu descobri que tinha ganhado alguns presentes.

Minhas companheiras de quarto se juntaram para me comprar algumas coisas da Dedos de Mel. Varinhas de Chocolate, Sapos de Chocolates, feijões de todos os sabores...

Agradeci muito elas, porque realmente tinha ficado feliz.

Do lado da minha cama, haviam outros presentes.

Um deles era um livro intitulado: "Quadribol através dos séculos". Era... De quem? Da Victoria. Não acreditei quando vi. Isso, eu acho, foi um sinal de que ela não estava mais chateada comigo.

Meus pais me deram um suéter preto escrito "Ally", em azul. Ele tinha detalhes com uma águia. Era lindo. Então, me lembrei. Eu devia escrever uma carta para eles, falando sobre todos os acontecimentos.

Peguei a pena e o pergaminho:

"Queridos mamãe e papai,

Não posso estar mais feliz! Adivinhem quem virou apanhadora da Corvinal? Eu acho que fui muito bem nos testes. Bom, a melhor notícia é: Encontramos o Diadema! Finalmente. Depois eu conto a vocês outras coisas, e outros detalhes não dá para falar por carta.

Enfim, eu adorei o presente, mesmo. É lindo. Amos muito vocês, estou com saudades,

Com amor,

Ally."

Selei o envelope e guardei na minha cômoda.

Voltando aos meus presentes: Charlie havia me dado uma mini vassoura, uma espécie de "troféu". Ela ficava presa em uma pequena plataforma. Eu gostei muito.

Mas, o presente do Isaac foi o mais legal, sem dúvida.

Ele me deu uma Poção. Mas não era uma poção qualquer.

Era a Felix Felicis.

Fiquei tão surpresa que pensei se ele havia se confundido.

No bilhete, estava escrito:

"Antes que você pense alguma coisa, eu não me confundi. Só acho que você precisa de mais sorte do que eu, certo?

Ah, e, Feliz Aniversário, Ally.

Um abraço, Isaac."

Sorri. Ele sempre sabia o que fazer.

Tomei banho e desci as escadas correndo. Algumas pessoas me desejaram "Parabéns!" e senti alguns tapinhas nos ombros.

Desci mais escadas até o Salão Principal.

–Feliz Aniversário! -Falou Victoria.

–Obriga...

–Uhul! A nossa apanhadora está crescendo! Quanto orgulho! -Disse Charlie.

Nós rimos.

Até que eu vi o Isaac.

Encarei ele por uns 10 segundos. Ele também me encarou, Charlie e Victoria olhavam de um para o outro sem entender.

Cheguei perto dele e o abracei com força.

–Tem certeza de que você não se confundiu? -Perguntei, falando em seu ouvido.

–Tenho. -Ele respondeu.

–Isaac, eu... Não posso aceitar. -Falei.

–É um presente. Não se pode recusar um presente, Srta. Scott. -Ele retrucou.

–Mas... Isaac... Eu...

–Eu consegui do meu tio. Ele tinha me dado no aniversário do ano passado. E... eu nunca usei. Não tenho muita vontade. -Terminou ele.

Olhei para ele. Isaac falava sinceramente.

–Ei, será que vocês podem se agarrar em outro lugar? -Começou Charlie. -Estamos ficando envergonhados!

Nós rimos.

–Aproveite a sorte. -Disse Isaac, baixinho, se modo que só eu consegui ouvir.

–Você gostou do meu presente? -Perguntou Victoria.

–Adorei! Vou começar a ler hoje. Prometo. -Respondi.

Victoria adorava livros, assim como eu. E era por isso que eu gostava dela.

Seu rosto se contorceu em um sorriso.

–E o meu? -Disse Charlie, animado.

–O seu, ora! Eu amei, Charlie! É muito fofa! -Eu falei.

Charlie sorriu, encabulado.

O resto do dia foi muito bom, por assim dizer. Tirando o fato de que eu quase levei uma detenção de Snape (de novo)

Depois da aula, levei minha carta até Ezylpro, que voou para entregá-la aos meus pais.

Enfim, o dia foi ótimo. Eu tinha ganhado presentes e ... O mais importante, a companhia dos meus amigos.

Parabéns para mim.