Heart By Heart escrita por Izzy Bane


Capítulo 39
Kiss me hard before you go


Notas iniciais do capítulo

Hey manas, mais um capítulo para vocês.
Boa leitura, amores.



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"Kiss me hard before you go

Summertime sadness

I just wanted you to know

That, baby, you're the best"

Antes mesmo de abrir os olhos, já sabia que Aline não estava ali. O relógio marcava 12h e o sol estava forte. Me levanto e tento ouvir qualquer coisa, qualquer indicio de que Aline estava em algum lugar do apartamento.
Quando ia sair do quarto eu vi um envelope em cima da minha escrivaninha. Um calafrio correu pela minha espinha, pego o envelope e vejo a familiar escrita de Aline pelo lado de fora.
Para Meu Amor...
Dentro do envelope tinha uma carta e uma foto minha com Aline. Era a foto predileta dela, nós estávamos na área externa da casa dela. Eu deitada no seu colo olhando para ela e ela para mim, nós duas estávamos sorrindo, e o sol tinha iluminado na hora certa, dando um efeito muito bonito para a foto.
Pego a carta, a apreensão em mim era gigantesca. A primeira lagrima cai junto com o final do primeiro parágrafo.
Não... Não... Isso não podia estar acontecendo. Ela não poderia estar indo embora, isso tudo tem que ser um sonho. Quer dizer, um pesadelo.
Eu já estava revoltada quando acabo de ler, pego a carta e começo a rasgar enquanto gritava. Gritava por raiva, por tristeza, por indignação. Ela não podia me deixar, não agora.
Eu vejo a foto ali em cima da minha cama, eu ate peguei ela para rasgar, mas parei quando olhei para o sorriso dela. Meu mundo caiu.
Meu choro estava descontrolado, eu puxava meu cabelo em busca de uma solução. Tinha que haver um jeito...
“Meu voo sai às 8h...". Essa frase estava girando e girando na minha cabeça. Ela se foi, não ha mais nada que eu possa fazer.
Deito na cama, ainda chorando. O cheiro dela estava ali, e ela não mais. Ela se foi...
Levanto e arranco a roupa de cama, não queria mais o cheiro dela nas minhas coisas. O lençol acaba derrubando algumas coisas na minha estante, e os que ficaram de pé foram ao chão quando derrubei a estante toda, quando eu comecei a quebrar meu quarto.
Eu não conseguia parar, estava em busca se um consolo, algo que ajudasse a apaziguar esse rombo que se formou no meu peito.
Comecei a tacar tudo na parede: sapatos, chinelos, ursinhos, abajur, cremes, maquiagem.
Eu já não tinha controle sobre mim, qualquer coisa que eu visse eu estava jogando na parede.
A porta do meu quarto e aberta de repente. Um Guilherme preocupado e surpreso estava parado ali na porta olhando para o que deveria ser o meu quarto.
_ Nanda, o que aconteceu?
_ Ela se foi, Gui... Ela se foi. Nunca mais vai voltar.
Meus joelhos tremem e eu acabo cedendo, mas Guilherme me pega antes que eu possa bater no chão. Choro no colo dele, choro tudo o que eu queria e não poderia.
Meu coração estava despedaçado, assim como meu quarto. Porém, meu quarto da para arrumar, consertar. Já o meu coração... Sinto que o estrago foi para a vida toda.

–------*------

"I think I'll miss you forever

Like the stars miss the sun in the morning skies

Later's better than never

Even if you're gone, I'm gonna drive, drive"

Meses se passaram desde a última vez que vi a Aline. Nas primeiras semanas eu não saí de casa, só ficava enfurnada no meu quarto, ouvindo música e lendo livros. Eu não abria a porta, mal comia, se me perguntassem o dia, ou ate mesmo o mês eu não saberia responder, meu celular vivia desligado. Nas poucas vezes em que saia do meu quarto eu ficava deitada no sofá, olhando para a TV, mas sem prestar atenção em nada, meus pais já tinham desistido de tentar conversar comigo. Estava entrando numa depressão e eu não estava nem ligando. Minha vida parou no momento em que li aquela carta, e só aprofundou mais com o texto que estava atrás da foto. Ela dizia que eu era forte, que eu sempre conseguia me erguer, só que ela deveria saber que eu só fazia isso porque eu a tinha comigo, ela era meu alicerce.
Num belo dia, meu quarto foi atacado por dois dos meus melhores amigos. Guilherme me colocou nos ombros - eu ainda estava no meu estado de hibernação - e me levou ate o banheiro, me colocando na água gelada que caia do chuveiro. Foi como um choque de realidade. Através da água que escorria pelos meus olhos, pude ver eles direito. Os três me olhavam com preocupação, só fiquei ali, sentindo a água batendo contra meu corpo morto.
Maira dispensa Guilherme e vem ate mim. Ela me ajuda a tirar a roupa, nem me lembro de quando tinha vestido ela.
_ Porra Nanda, qual foi a ultima vez que você tomou banho?
Balanço a cabeça, sem falar nada. Ela me entrega a bucha com um pouco de sabonete e vai cuidar do meu cabelo. Eu não iria falar nada, mas isso me lembrava por demais de Aline.
Alguns minutos mais tarde ela me tira dali, me ajuda ir ate o quarto e pega uma blusa e um short para mim.
_ Vamos sair, se vista logo. - ela fala enquanto ia em direção à porta.
_ Eu não vou sair, vou ficar aqui deitada. - resmungo cruzando os braços. Sou pega de surpresa quando Maíra vem ate mim e me da um tapa na cara. Olhei para ela esperando que ela pedisse desculpas, mas ela só me olhava com determinação.
_ Escuta aqui. Você vem com a gente e pronto acabou. Olha para você Fernanda. Olha para seu quarto. Esta bem, a Aline foi embora, ela teve seus próprios motivos, mas eu sei muito bem que ela não queria que você ficasse assim. Eu não quero saber de você aqui dentro desse quarto, você nunca foi assim e não vai ser assim a partir de agora. Você vai sair, vai curtir e rir com seus amigos. Eu espero não ter que falar isso de novo... Estamos entendidas?
_ Sim. - Eu ainda estava em choque com a reação dela, Maíra nunca tinha levantado a voz para ninguém. Para tudo tem a primeira vez.
_ Ok, se arrume logo e venha tomar café da manha. Temos um longo dia pela frente.
Ela sai e me deixa lá dentro. Coloco a roupa que ela tinha separado para mim, amarro meu cabelo e vou atrás deles. Nós vamos ate o café que tinha ali do lado do prédio. Eles pedem o pacote família, que vinha com vários tipos de suco. Pães, geleias. A mesa estava cheia e pela primeira vez em dias eu senti fome de verdade. Pude ver o sorriso aparecendo no rosto de Maíra, enquanto ela comia seu pão devagar.
_ Satisfeita? - Guilherme pergunta acabando de beber seu milk shake.
_ Muito, não comia assim a dias.
_ Percebi, você emagreceu bastante.
_ Acho que devo levar isso como uma bronca. Então, qual é a programação do dia? - pergunto limpando as migalhas que estavam na minha roupa.
_ Bom, primeiro vamos ir arrumar seu quarto, parece que um furacão passou por La. - Maira faz uma careta enquanto fala. - Depois nos vamos para o shopping, hoje é nossa colação de grau e você precisa estar lá. Esta pronta?
_ Minha cara de animação para ir.
_ Qual é Nanda. Eu também vou ir, eu aguento ate mesmo uma tarde de compras se isso te fazer feliz. E você sabe o quanto eu odeio ficar com vocês enquanto fazem compras. - Guilherme fala e arranca um sorriso fraco meu. Sigo eles ate meu apartamento, e depois ate a zona que estava meu quarto. Estava tudo no chão desde o dia em que ela tinha ido embora. Ele realmente precisava ser arrumado urgentemente.
Guilherme levanta a estante e me ajuda a colocar os mesmos artigos de antes, vou arrumar minha cama e pacotes vazios de bala e chocolate caem pelo chão. Maira reclama, ela estava varrendo o chão e já tinha limpado aquela área. Ela pega do chão a foto que Aline tinha me deixado.
_ O que devo fazer com isso?
Pego a foto e suspiro, ainda era difícil olhar para ela e não ter vontade de chorar. Seco uma lagrima que escapou e guardo a foto na gaveta da escrivaninha e volto a arrumar o quarto. Conseguimos recuperar as coisa que joguei na parede e algumas horas mais tarde já estava tudo arrumado.
Paramos no Buguer King primeiro para lanchar antes de irmos para a maratona de compras. Maíra entrava em cada loja diferente falando que as roupas ali estavam chamando por ela. Guilherme resmungava sempre antes de entrar, já sabendo que viraria a pessoa que levaria as sacolas. Eu comprei um vestido dourado que batia ate a coxa, ele era simples, mas com os acessórios certos ficaria perfeito.
Compro outro parecido com o que estava usando quando tive aquela confusão com Carlos. Maira me disse que ele tinha sido preso, e os policias já estavam atrás dele a um bom tempo. Algo a ver com drogas.
Guilherme comprou uma camisa nova para usar hoje. Terminamos assim então nosso dia de compras.
Por algum milagre minha mae conseguiu chegar a tempo para a colação de grau, ela só conseguia agradecer a Maira e a Guilherme por terem me tirado do meu estado vegetativo e também ter todo aquele orgulho materno ao ver a filha com aquela beca que esquenta para carralho. A colação foi emocionante como todas as outras, eu consegui manter a compostura e não chorar ate chegar no momento dos agradecimentos. Aline que iria ler, mas como não esta aqui, foi substituída. Eu estava ajudando ela a fazer o discurso. Se concentre no agora, Nanda. Uma voz falava na minha cabeça. Eu não tinha notado, mas estava segurando os lados da cadeira tão forte que meus nós dos dedos estavam brancos, Maíra e Anna perceberam e cada uma segurou uma mão. Olho para elas com um sorriso fraco e elas me dão um olhar do tipo "Amigos são para essas coisas".
Quando a fotos de todo o terceiro começaram a passar, todo mundo estava chorando ou rindo, relembrando os momentos. Eu também chorava, mas por que na maioria das fotos em que eu aparecia, Aline estava junto. E a ultima foto foi a da nossa apresentação do Tango, e lá, bem no meio, tinha o exato momento em que estava dando um selinho nela. Depois aparece um pequeno texto, em lembrança a Aline que por motivos de forca maior não poderia estar ali. Abaixo a cabeça e fico olhando para as listras que tinham na cadeira, querendo que isso acabasse logo.
Fui uma das primeiras a sair do salão, precisava de um pouco de ar fresco. Vou então para o terraço, e logo me arrependo. Tudo naquele lugar me lembrava de Aline.
Eu estava uma merda, tudo o que eu não queria era ser uma daquelas pessoas que mudavam depois de se apaixonar, e o que eu virei? Uma romântica com o coração destrocado. Só faltou criar um tumblr e ficar postando coisas sobre como o amor e mal, como seu coração pode ser destrinchado em instantes.
_ Te achei. - ouço uma voz masculina atrás de mim, Henrique estava encostado na soleira da porta. Na sua mão estava o diploma da Aline, ele tinha subido no palco para poder pegar. - Pensei que tinha ido embora.
_ Não, só queria um pouco de ar. Como conhece esse lugar?
_ Eu sempre vinha para cá quando eu estudava aqui.
_ Isso aqui e tipo um recanto da família Goullart? Foi sua irmã que me mostrou.
Ele da uma risadinha e então se aproxima.
_ Talvez. Como é que você esta? Não tenho te visto ultimamente.
_ Bom, eu estou como alguém que acabou de perder alguém importante se sentiria.
_ Não esta sendo fácil para ela também, te garanto.
_ Bom, parece que foi fácil para ela ir embora, e nem se de pediu direito. - Falo me virando para olhar para o horizonte. Eu estava irritada, não aguentava mais isso.
_ Ela e minha irmã e apesar de ela me encher o saco, eu amo ela e quero ver ela feliz. Ela te amava, todo mundo percebia. Um dia você vai entender...
_ Entender o que? Que ela foi embora e me deixou? Pois bem, eu não acho já entendi isso.
_ Nanda, você esta irritada, isso e normal. Ela teve motivos para ir, você não pode culpa-la totalmente por isso, e injusto.
_ Sabe o que eu odeio? - me viro para ele, não queria esconder mais o choro. - E que no fundo, eu sei que você esta certo, mas dói demais. Henrique, tudo o que eu fiz nessas ultimas semanas foi chorar. Eu não aguento mais isso, eu queria arranjar um jeito de mudar tudo isso.
Ela vem ate mim e me abraça.
_ O coração partido e um mal que todos nos passamos pelo menos uma vez na vida, cabe a nós decidirmos quando é que iremos nos reerguer. Volte a sua rotina, saia com seus amigos, distraia sua cabeça. Aos poucos a dor vai diminuindo e você consegue viver de verdade.
_ O que deu em vocês meninos? Ultimamente andam dando bons conselhos. - brinco com ele enquanto limpava aas lagrimas.
_ E a testosterona agindo. Alias, esse e um conselho de alguém que tem experiência. Agora eu tenho que ir, a Letícia esta me esperando. Se cuida ta.
_ Ta, você também. Manda um beijo para a Lele.
Ele sorri e começa a andar, eu volto a olhar para as estrelas.
_ E Nanda... - ele me chama e eu viro para poder olhar de volta. - Você sempre será minha cunhadinha.

Ele então vai embora, e eu volto a me concentrar na vista a minha frente. Esse lugar foi onde tomei algumas decisões importantes, como agora. Eu decidi seguir o conselho de Henrique. Os meses que passei com Aline foram ótimos, mas ela foi embora. Eu não iria ficar sofrendo, eu não quero isso. Ela me mandou viver e é isso mesmo que vou fazer.

"I'm feelin' electric tonight

Cruising down the coast goin' 'bout 99

Got my bad baby by my heavenly side

I know if I go, I'll die happy tonight

I've got that summertime, summertime sadness"


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Notas finais do capítulo

E ai, como estão?
Se matando de tanto chorar? Espero que não.
Ate mais, beijão.



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