Sem Julgamentos escrita por AnaMM


Capítulo 18
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

SIM! Mil anos desde o último capítulo! Semestre puxado! Simbora que tá na hora! Escrevi toda a sequência do reencontro com essa música na cabeça:

https://www.youtube.com/watch?v=bECRafNtY_s reencontro pro fim
https://www.youtube.com/watch?v=zmJhtMFnp7E parte inicial



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– Sofia? – Bernadete estranha ao ver a loira atravessar a sala com pressa em direção ao antigo quarto, sem uma palavra.

A loira fechou a porta, exausta, torcendo para que a madrasta não aparecesse para questionar sua presença. Esperou até ter certeza de que estaria sozinha. Como esperava, passos se aproximavam. Secou as lágrimas que lhe haviam escapado rapidamente e tentou se acalmar para recuperar o tom de voz calmo e irônico que comumente levava. Engoliu seco e se afastou da porta.

– Eu posso saber o que foi isso? – A mulher indagou tão logo abrira a porta. – Você entra assim, sem nenhuma explicação... Pra que essa mala, Sofia?

– Em primeiro lugar, essa é a casa do meu pai, e, portanto, ainda minha, e eu entro quando bem quiser. Você está inclusive pisando no meu quarto, se não percebeu.

– Pelo visto o tempo no Grajaú não adiantou nada, não é? Continua a menina humilde de sempre...

A menção do bairro calou-a inexplicavelmente. Ainda era recente sua expulsão vergonhosa por Ronaldo, ainda tinha seu orgulho ferido e coração partido pela separação de Ben, embora a segunda dor não admitisse.

– O que você aprontou?

– Não que seja da sua conta, mas eu saí porque quis.

–Não é o que parece.

– Mas foi o que aconteceu. Agora se me der licença, Bernadete, eu quero ficar sozinha no meu quarto.

– Eu, hein... Problema seu, fica aí, conversando com as paredes, que eu tenho mais o que fazer... – A perua sugeriu, já à porta, fechando-a em seguida. Mais tarde saberia. Esperava, apenas, que a garota não fosse ficar por muito tempo.

–x-

– Ben, você não vai comer? – Vera perguntou preocupada.

– Eu tô sem apetite, Vera, desculpa.

– Você tá assim pelo que aconteceu com a Sofia? – A madrasta indagou docemente.

– Não é nada, não, Vera. Eu prefiro voltar pro meu quarto, se me derem licença...

– Benjamin!

– Que foi agora, pai? – Perguntou exausto. Se ao menos pudesse sumir e aparecer na Barra para Sofia...

– Senta agora pra jantar com a família. Se a Sofia achou que nós não éramos o suficiente, é ela quem está perdendo. Você, meu filho, fica. – Ordenou severamente.

A contragosto, Ben voltou para o seu lugar, recebendo o olhar agradecido de Vera. A mãe de Sofia, Pedro e o garoto pareciam ser os únicos que sentiam a falta da loira.

– Qual foi, Ben? Eu pensei que você detestasse a Sofia! – Vitor estranhou.

– E detesto... – Respondeu desconsertado.

– Não é o que tá parecendo... – Anita comentou decepcionada. – Você tá assim desde que ela foi embora. Desde quando você se importa com aquela metida da minha irmã?

– Anita! Olha o modo de se referir à sua irmã! – Vera a repreendeu. – O Ben tem todo o direito de sentir a falta dela, afinal, ele é irmão da Sofia como qualquer um de vocês!

Giovana engasgou em seu copo de suco. Ronaldo tossiu incomodado.

– Você que o diga, né, Ben? – Comentou desgostosa, recebendo o olhar reprovador do pai.

Por um momento se perguntou se havia visto o que vira. Será? Fazia total sentido que Ronaldo soubesse, embora esperasse um escândalo quando um dos adultos descobrisse o que estava acontecendo entre seus filhos. Observou o pai pelo resto do jantar por sinais de que fosse aquele o motivo, que Sofia tivesse ido como castigo de Ronaldo ao descobrir.

–x-

– Então, filha, você vai contar o que aconteceu? Por que você saiu de lá tão de repente?

– Não foi nada, pai...

– Vamos, eu conheço essa carinha.

Repreendeu-se por não ter conseguido esconder o que sentia.

– Pai, por favor, a gente pode ficar sem essa?

– Se você me prometer que a gente vai conversar amanhã. Não tô gostando de te ver assim. Foi aquele Ronaldo, não foi? Ele te expulsou de casa, Sofia?

O silêncio da loira consentiu. Podia deixar por isso, como se tivesse aprontado o de sempre... Não curava seu orgulho ferido como dizer que havia saído por vontade própria, mas estava tão estranhamente abalada que não conseguiria mentir. Já não estava conseguindo. Por que tinha que estar tão abalada?

Sentia sua falta como não deveria. Havia se acostumado a ter Ben a algumas escadas de distância, podendo fugir para o quarto do garoto quando precisasse de um abraço, embora ele nunca fosse informado que era por fragilidade. Havia se acostumado a dormir em seus braços, embora tivesse que acordar mais cedo para voltar ao quarto que dividia com a irmã. Convenceu-se de que estava assim apenas por ser o primeiro dia. A distância seria boa, ajudaria a esquecer Benjamin e a resisti-lo.

–x-

O carro a deixou e alguém já a esperava. Sentiu um par de mãos cobrir seus olhos assim que ouviu as rodas se afastarem do colégio. Sentiu-se arrastar para algum lugar.

– Ei, eu tô de salto! – Protestou ao ser apoiada contra uma parede.

Abriu os olhos para ver quem estava à sua frente, embora já houvesse reconhecido as mãos e o tronco no qual antes estava apoiada. Tão logo se adaptou ao pouco de luz que banhava onde estava, no entanto, o vulto aproximou o rosto, beijando-a sem cerimônia. Como havia sentido falta daqueles lábios! Beijou-o como se não conhecesse fôlego, segurando em seus cabelos para trazê-lo para si, línguas se encontrando após mais de doze horas de separação. Apoiou uma mão no ombro do garoto, deixando-se levar. Abria mão de sua dominância por um pouco mais do garoto de quem tanto sentira a falta. Ben ergueu suas coxas, apoiando-a contra a parede apenas pelas costas, servindo de equilíbrio ao enlaçar as pernas de Sofia por volta de seu tronco. A loira grunhiu de prazer ao sentir sua ereção roçar os jeans. Não podiam, não ali, mas teriam que dar um jeito, nem que tivessem que escapar para o depósito do faxineiro durante o intervalo.

Afastaram os rostos, mantendo-se na mesma posição. Não disseram nada, apenas se olharam e riram. Sofia mordeu a língua, levemente para fora de seus lábios.

– Você tá querendo me enlouquecer? – Ben perguntou, seus olhos brilhando.

– Eu? Quem me puxou pra trás do prédio do colégio do nada foi você, Benjamin! – A garota riu. – Você tá maluco? Alguém pode ter visto! Ou melhor, o colégio inteiro, né?

– Ei, relaxa! – O garoto riu. – Eu saí mais cedo de casa, e não tinha nenhum conhecido por perto, não. Agora um de nós sai primeiro e o outro espera cinco minutos e vai ser como se nada tivesse acontecido.

– Assim espero!

– Por que você se preocupa tanto? – Ben questionou depois de um tempo. – O que mais eles podem fazer além de você ir pra Barra?

– Ô espertinho, pelo menos se só o Ronaldo tá sabendo eu ainda posso voltar e você, me visitar. E eu não sei se você sabe, mas a Anita morre de amores por você. Se o boato corre que a gente tá junto, do jeito que ela é discreta sobre essa paixonite em você, não vai ser só o Ronaldo que eu vou ter que aguentar me enchendo o saco.

– Eu pensei que você não se importasse com os outros.

– E não me importo, só é inconveniente. Prefiro me ocupar com o que realmente importa. – Piscou para o garoto sugestiva.

– Então você quer a minha visita?

– Aham. E ai de você se não aparecer.

– O nosso lance tá ficando sério, então? – Debochou o garoto.

– Não é isso.

– Ah, não? – Indagou irônico.

– Não, eu só... Gosto da ideia de fazer o Ronaldo de trouxa.

– Aham. Eu vou ignorar que você chamou o meu pai de trouxa, porque você tá linda tentando desconversar. – Riu, beijando-a em seguida.

– A aula já não começou? – Sofia se desvencilhou, já pisando o chão novamente.

– É... Você mudou.

– Cala a boca, Ben, você sabe que eu não me importo, mas você, sim, filho exemplar, você não tem que ir pra aula?

Ben riu. Sofia era ótima em fugir do assunto quando queria, mesmo que não parecesse a princípio. Vencido, o garoto se afastou, não sem antes um selinho de despedida. Se reencontrariam no intervalo, dizia a troca de olhares.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, e a criatividade voltou, aguardem, que as férias vieram junto ;)



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