De alguma maneira, eu não conseguia parar de pensar no loiro. Fui o assunto do outro dia em Hogwarts, eu ouvia toda hora frases do tipo “Fiquei sabendo que Hermione está afim de Malfoy” Ou “Malfoy traiu a Pansy com a garota da Grifinória” Eu não sabia muito bem, mas nunca havia sentido isso por ninguém. Nem por Rony, minha primeira paixão. Draco era diferente, ele tinha algo que os outros não tinham, além de charmoso, ele tinha algo a mais, além de toda aquela arrogância, talvez existisse apenas um garoto sem escolhas, esperando para viver.

Faltava uma hora para o encontro com Malfoy, e eu ainda não acreditava que ia encontrar o garoto. Vesti uma calça jeans com uma camiseta azul comum, coloquei minha capa por cima e sai andando na ponta dos pés.

Andei pelo colégio, subindo e descendo escadas até um corredor comprido e escuro. Eu deveria ser silenciosa, afinal se algum monitor me pega essas horas andando por Hogwarts eu estaria em uma bela encrenca. Me passou pela cabeça que Draco e Pansy eram monitores da Sonserina e relaxei um pouco. Entrei na torre, adentrando cada vez mais o local escuro.

Observei o céu em Hogwarts. Várias estrelas estavam espalhadas por todas as partes do céu. Fiquei imaginando se as estrelas tinham um par correspondente. Provavelmente tinham. A porta da sala rangeu, mas não fiz muita questão de olhar para trás. Sabia que era Draco.

—Chegou cedo, Granger, ainda falta meia hora. — Falou o loiro, no escuro. Sua voz me causou arrepios.

—Quer que eu saia e volte mais tarde? —Perguntei, grossa.

—É livre para fazer o que quiser, san... Granger—Ele disse, me deixando irritada.

—Ótimo—Falei e sai andando da sala, mas o garoto puxou meu braço e falou, com a voz um pouco mais adocicada.

—Não. Por favor, fica, desculpe—Ele falou e tive a leve impressão que Draco era bipolar.

—Tudo bem—Falei puxando meu ombro bruscamente e voltando a observar o céu.

—Aqui é muito lindo, não acha? —Perguntou ele, mudando de assunto.

—É perfeito—Falei e olhei para o loiro, ele olhava para o céu, seu rosto estava iluminado pela luz da lua.

—Eu venho aqui sempre que quero pensar, é bom, solitário—Ele disse.

—Parece bom—Falei, apenas.

—Desculpe a Pansy por ontem, ela não sabe o que faz—Falou ele.

—Não, tudo bem—Menti e ficamos em silêncio por minutos.

—Sabe Granger, hoje sofri muito por causa de ter corrido atrás de você ontem—Ele disse, com um pouco de ironia na voz, visivelmente fazendo drama.

—O que houve? —Perguntei, sem desviar os olhos do céu.

—Pansy contou para grande parte da Sonserina que estou afim de você e você afim de mim, que estamos namorando ou coisa assim, agora grande parte deles me olha estranho.

—Sei como você se sente—Falei.

—Sabe?

—Bem, hoje, eu era o assunto da mesa Grifinória, todos diziam coisas sobre eu estar apaixonada por você ou coisa assim, apenas ignorei—Contei.

—Eu queria poder ignorar.

—Orgulhoso demais para isso—Conclui.

—Exato. —Ele concordou e novamente o silêncio reinou.

—Granger... Ontem, aquela hora que eu fingi que ia te beijar... bem, quero saber se vc teria me beijado se eu continuasse—Ele falou, meio desajeitado, porém ainda com o mesmo orgulho imposto em sua voz.

—Não sei Malfoy, provavelmente sim. —O garoto olhava para mim com uma cara maravilhada—O que foi? —Perguntei.

—Porque você teria me beijado? —Ele disse, levantando uma sobrancelha.

—Não sei—Falei

—Hm... Será que a Granger estaria afim de mim? —Disse ele, irônico.

—Nunca—Falei, ele pareceu não ouvir e continuou:

—Hermione, me descreva—Ele disse, estranhamente arrogante, com um pequeno toque de humor em sua voz.

—Arrogante, mimado, covarde... —Comecei

—Nossa... Você pensa em mim como se eu fosse um monstro.

—E não é? —Perguntei, infelizmente nossa conversa não estava sendo tão agradável quanto a de ontem, porém eu ainda sentia algo diferente estando perto dele.

—Bem, não sei... Acho que depois de ontem eu não te odeio mais—Disse o garoto.

—Eu não sei, talvez eu te odeie um pouco—Fui sincera.

—Ódio é um sentimento próximo do amor—Concluiu ele.

—Aonde quer chegar com isso, Draco? —Perguntei.

—Draco? —Indagou ele, com um sorrisinho malicioso nos lábios.

—Malfoy, eu quis dizer Malfoy—Corrigi.

—Ah, claro. Só queria ver até que ponto você pode chegar—Disse ele e eu mudei de assunto:

—Que horas são? — E o garoto olhou em um relógio de pulso.

—Três e meia da manhã. Nossa como o tempo passou rápido—Ele disse, surpreso.

—Pois é, o tempo passa rápido quando estamos juntos—Falei, rindo, aquela frase pareceu tão apaixonada. O loiro apenas assentiu.

—Tenho que ir dormir um pouco—Ele disse.

—Eu também—Falei. E por mais estranho que isso seja, o garoto me acompanhou até a porta da minha sala. Falei a senha e entrei. A porta se fechou, comigo para dentro da sala e ele fora.

—Malfoy? —Perguntei, imaginando se ele poderia me ouvir.

—O que? —Disse ele, do outro lado da porta.

—Tenho medo de que o que Pansy disse seja verdade. —Falei—Tenho medo de estar meio que gostando mais ou menos de você—Falei, com as palavras sem enrolando. Ouvi um suspiro do outro lado da porta.

—Impossível não se apaixonar por mim Granger—Disse ele, o tom de sua voz dava impressão de que ele estava sorrindo. —Mas pra ser sincero, você é sortuda também tenho medo de me apaixonar por você. —Ele disse e então não ouvi mais sua voz, borboletas voavam intensamente dentro do meu estômago. Apenas corri até meu quarto e deitei na minha cama. Isso poderia ser possível? Como eu poderia me apaixonar pelo Draco? Dormi, pensando no garoto loiro de olhos cinzentos.

A manhã havia chegado. Vesti uma meia calça, saia e camisa. A capa por cima, e me olhei no espelho, eu estava horrível, com olheiras no rosto, mas era o melhor que eu podia fazer. Peguei minha varinha e corri para aula de Feitiços, com o professor Flitwick. Hoje na aula teríamos que copiar alguns feitiços importantes do quadro. Nada mais que isso. Sentei ao lado de Harry e Rony, alguns minutos depois da aula começar Draco entrou ao lado de Crabbe e se sentou em uma mesa na diagonal da minha. Não consegui olhar para ele, a vergonha não permitia. Apenas copiei tudo que devia copiar.

—Mione, o que aconteceu ontem à noite? Ouvimos vozes na sala comunal e era muito cedo para ter alunos de pé... —Perguntou Harry e ouvi Draco tossir, disfarçando um risinho.

—Não faço a menor ideia, Harry—Falei, tensa.

A aula de Feitiços acabou. Seguida pela de poções e historia da magia. E então fomos para a sala principal, comer alguma coisa. Servi-me de pudim e nada mais. Foi quando o professor Dumbleodore chamou atenção de todos os alunos, e disse:

—Queridos alunos de Hogwarts, tenho noticias não muito agradáveis. O torneio tribruxo foi adiado para data ainda indeterminada. —Dubleodore foi direto, porém os alunos começaram a vaiar e resmungar, inclusive Harry e Rony. —Silêncio, por favor. Devo explicar-lhes o motivo disso. Tivemos denúncias e declarações de comensais da morte rondando Hogwarts, para quem não sabe, ou não acredita no que digo, sim, Voldemort está voltando—Quando ele disse o nome que não se deve pronunciar, vários alunos começaram a cochichar, Dumbleodore apenas ignorou e voltou a falar—. Uma época sombria está para chegar a Hogwarts, devemos estar preparados para proteger nosso lar e colégio e honrar nosso dever para com nossa escola. Não saiam sozinhos aos arredores do colégio. Não tenho mais nada a dizer. Apenas peço carinhosamente que tenham cuidado e me informem caso algo importante aconteça, tomarei as devidas providencias. Obrigado pela atenção, alunos. —Dumbleodore terminou seu pequeno discurso e se sentou, ao lado de outros professores. Os cochichos então se tornaram interrogações e depois reclamações. Em meio a toda aquela confusão, senti alguém cutucando meu braço, olhei para trás e vi Draco.

—Preciso falar com você.

—Diga—Falei.

—Pessoalmente—Ele retrucou, apontando para Harry e Rony.

—Ah, sim. Com licença meninos, vou ali conversar com Malfoy—Informei.

—Hermione, mas... —Começou Harry.

—Com licença—Falei ainda mais alto. E segui Draco, saindo da sala principal, tive um pequeno deslumbre de Pansy me encarando. Ignorei. Continuei seguindo Draco, e então ele me puxou para uma pequena salinha vazia.

—Granger? —Perguntou ele, me fitando com seus olhos cinzentos, parecia estar nervoso.

—Sim? —Perguntei, as minhas mãos estavam soando frio e minhas pernas tremendo como nunca.

—Eu... Eu nunca senti isso por ninguém. Você entende exatamente como sou. Você sabe exatamente como eu me sinto e você me conhece melhor que ninguém. —Ele disse, sua voz estava diferente, na verdade igual, mas em um tom diferente, ele estava preocupado, nervoso, e parecia ansioso. —O fato, Granger, é que estou apaixonado por você. Não como eu “meio gostava” da Pansy, nem como um amigo gosta de uma amiga, eu estou apaixonado por você como nunca estive apaixonado por ninguém antes. —No final de sua frase eu já tinha lágrimas nos olhos. —Hermione... Não, por favor, não chore... —Disse ele, tentando me consolar, me chamando de Hermione pela primeira vez, que eu me lembre.

—Eu não estou chorando de tristeza, Draco, estou emocionada—Falei e o garoto sorriu.

—Você namoraria com um sangue-puro? —Perguntou ele.

—E você? Seu pai deixaria você namorar uma sangue ruim? —Perguntei.

—Não importa, não sabe o que sinto por você—Falou ele, acariciando meu rosto. Sorri.

—Nunca imaginei um Malfoy falando isso—Confessei.

—Eu nunca me imaginei apaixonado por você e aqui estou eu, quase pedindo a garota dos meus sonhos em namoro—Ele disse, com um sorriso bobo no rosto. —Hermione Granger, quer namorar comigo? —Perguntou ele, se ajoelhando e acariciando minhas mãos.

—Eu... Eu quero—Falei e ele sorriu. Um sorriso diferente de todos que já vi. Não era o sorriso irônico de sempre, era um sorriso alegre, alegre de verdade, e ao mesmo tempo lindo e charmoso. O garoto se levantou do chão, me girando no colo uma vez. E então selando nossos lábios pela primeira vez. Sua boca tinha sabor de menta. Apenas aproveitei o momento, nada mais importava, não importa por onde eu pesquisava na minha mente, a única pessoa que eu via, sentia e ouvia era Draco, o garoto era frio como gelo, isso combinava com seu cheiro de menta. Não sei exatamente quanto tempo durou o beijo, sei apenas que nossas línguas dançavam em perfeita sincronia. E então nos separamos ofegantes.

—Hermione, você vale mais que minha vida agora—Disse o garoto, e pela primeira vez vi que ele dizia a verdade, pela primeira vez vi um pequeno brilho de esperança nos olhos cinzentos do garoto. Não tenho certeza, mas acho que ele viu a mesma coisa em mim.

—Os outros ainda não devem saber. Certo? —Perguntei.

—O que você acha de preparar a mente de seus amigos para tudo isso? O Weasley provavelmente não vai gostar nem um pouco de saber isso—Disse ele, revirando os olhos.

—Por que você acha isso, Draco? —Perguntei.

—Você não vê o jeito que ele te olha? Aquele garoto te ama—Ele disse.

—Draco você... Você está com ciúmes? —Perguntei, rindo, enquanto o loiro se sentava em uma das cadeiras da sala.

—Não, Granger, quem disse isso? Porque eu teria ciúmes? —Ele perguntou, tentando ficar com a voz arrogante, mas sinceramente, dessa vez ele não conseguiu.

—Draco, fique calmo, Rony é apaixonado pela Luna, e mesmo que gostasse de mim, acho que eu não iria ficar com ele, sabendo que tenho você—Falei, me sentando ao seu lado.

—Promete? —Perguntou ele.

—Prometo. —Falei e ele sorriu. Levantamos das cadeiras e andamos até a porta.

—Vou sair primeiro, certo? —Perguntou ele.

—Certo—Conclui e ele me deu um beijo na testa, como se estivesse me protegendo. Novamente senti borboletas no estômago. Eu devia me acostumar com aquilo.

Ele abriu a porta e saiu primeiro, subindo uma escada. Eu sai cinco minutos depois, indo para o lado oposto ao que ele foi. No momento não seria bom que descobrissem que eu estou namorando com Draco Malfoy.