Bosque De Vidro escrita por Juliana Gonçalves


Capítulo 2
Capítulo 1




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UM

-Você ouviu isso, Margaret?

-Ouvi sim - Disse Margaret olhando pela janela assustada.

-Meninas, estão bem?

Quem perguntou isso foi meu pai, um homem de bom coração e trabalhador, um homem nobre com duas filhas, eu e Margaret e uma mulher maravilhosa e fiel, mamãe, sua vida sempre foi muito boa, mas agora, o mundo está mudando, as regras são outras e a vida dos nobres não é mais como antes, porém papai já é um homem velho, e tende a ser muito teimoso, então, quando teve a chance de se atualizar, se negou, e agora estamos falidos, mas continuamos otimistas.

- Estamos, papai – Eu digo ainda sentada em minha cama com uma camisola de seda cor marfim e um design simples, com mangas compridas e pequenos detalhes com pregas na região do colo, que é aberto e permite que minhas cicatrizes aparecem, não que essa fosse a intenção- algumas grossas e compridas e outras finas e curtas –causadas quando era muito pequena, mas mamãe nunca quis me contar o motivo.

- Fiquem no meu quarto com sua mãe, vou me reunir com os homens lá fora e ver o que aconteceu, sua mãe está dormindo, portanto não a acordem. - Ordena, e, em seguida sai do quarto.

Papai não gosta que entremos em seu quarto, eu não sei ao certo como é lá, entrei pouquíssimas vezes, diferente de minha irmã mais nova, que, sempre que há alguma oportunidade ela se infiltra lá dentro e procura o histórico da família ou seja lá o que ela faz lá dentro, de uma coisa eu sei, ela tem conhecimentos que não tenho e que ela também não deveria ter.

Entramos no quarto do papai. É bem maior que nosso quarto, eu fico surpresa, mas não Margaret, ela sabe como é tudo lá dentro, como papai disse, mamãe está dormindo, ela é linda, tem um cabelo loiro dourado e olhos quase cinzas de tão azuis e tão claros, ela dorme em paz enquanto segura nosso irmãozinho ou irmãzinha, distraída, mal me dou conta de que Margaret está se adentrando num baú que há dentro do armário rustico de madeira escura, ela tenta abri-lo, mas, até agora sem sucesso. Eu a pego e puxo-a pela cintura.

-Você não pode fazer isso! Isso não é seu!

-Ginessa! Fale baixo, você não quer acorda-la, não é?

Margaret é uma menina muito... não sei que palavra usar para realmente descreve-la, excêntrica, curiosa, rebelde.

Rebelde.

Ela é uma jovem rebelde, não obedece papai, e pior, tem um amante secreto, apenas eu, ela, ele e alguns de seus amigos de outro vilarejo perto sabem, isso me deixa doente, enjoada. Aquela criatura apenas é gentil comigo quando me apresenta algum jovem para que me apaixone e me case, pois, como irmã mais velha terei de me casar primeiro, e a Margaret mal vê a hora de se casar com Raghu, então sempre que há alguma oportunidade ele empurra algum pobre coitado para cima de mim.

-Não – Respondo – Mas guarde essas coisas e não mexa em nada.

-Certo. - Disse ela frustrada.

A porta se abre fazendo-nos virarmos bruscamente. É só papai. Ele parece nervoso, seu rosto está suado apesar de serem cinco horas da manhã no meio do inverno, ele está em choque e pendurado na porta, com uma mão na maçaneta e outro no lado oposto do buraco da porta, de modo que ele estivesse bloqueando a passagem, tornando impossível fugir caso eu queira ir lá fora de pijamas ver o que está acontecendo.

Estamos todos paralisados e então papai cai como uma árvore que acabou de ser cortada de joelhos no chão e Margaret e eu o ajudamos a se levantar e coloca-lo na cama.

Mamãe, já acordada se senta ao lado dele, acalmando-o e Margaret e eu ficamos de pé em sua frente, na frente dos seus olhos, mas ele não olhava para nos, e então ele começou a falar.

- Foi no armazém - pausa- havia ranhuras grossas e profundas no exterior e quando entramos vimos uma criatura negra, com asas, mas parecia um humano, ele fugiu com um homem num ombro e meio cavalo em outro. Ainda não sabemos quem morreu, o rosto estava deformado, mas achamos que foi Clayton, ele estava cuidando de um cavalo naquela noite, era um homem louco, mas tinha um bom coração.


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