Naruto olhava pela janela da sala de estar, mas, não via a paisagem realmente. Estava perdido em pensamentos. Já havia se passado uma semana, desde que encontrara com o pai de sua mãe e os pais de seu pai, no evento beneficente.

Seus conjugues aceitaram bem suas origens, embora fosse perceptível, um pouco de medo de que o loiro fosse deixá-los para ir usufruir de todo o dinheiro que poderia pertencer-lhe se decidisse usar o sobrenome de uma das famílias. Não estaria acontecendo, mas, era bom eles ficarem com isso em mente para não pisarem na bola novamente.

Mas, ainda restava o problema do herdeiro da família Senju. A família Kaminari tinha Kira para continuar a descendência, e Naruto até já sabia com quem poderia juntar seu tio teimoso, mas, seu pai foi filho único. E o próprio Naruto também. Então, só restava ao loirinho ter de escolher um de seus filhos para carregar o sobrenome Senju. E era isso o que estava ocupando-lhe os pensamentos ultimamente. Não havia conversado com o marido ou as esposas sobre isso, ainda, muito menos, com os filhos. Mas, sabia ser preciso.

Saltou um pouco ao sentir ser rodeado por braços fortes, mas, relaxou ao reconhecer o perfume de seu moreno.

– Sasu! – murmurou se recostando no amplo tórax. Não esperava o marido em casa tão cedo, visto que era meio de tarde de uma sexta, mas estava feliz por tê-lo aqui.

– Onde você estava? – perguntou, referindo-se aos pensamentos distantes. Enquanto distribuía beijos no pescoço exposto pela camiseta.

– Hum... pensando em algumas... aaahh... coisas... que não lembro quando você faz... aaahhh... isso! – disse se virando de frente para o marido e se apossando de seus lábios. Após um momento de beijos apaixonados, o loiro separou os lábios ofegando. – Lembre-me mais tarde, que quero reunir toda a família para falar algo sério! – disse puxando o moreno da sala e em direção as escadas.

– Podemos fazer isso agora... – disse provocador. Mas, esse jogo era para dois.

– Tudo bem, vá reunindo a família, enquanto irei me aliviar sozinho, então! – disse soltando a mão do moreno e começando a subir as escadas. Mal subiu dois degraus, foi abordado e jogado por cima do ombro do marido. Era nesses momentos que agradecia a Kami-sama, pelo moreno ser mais robusto do que si próprio. A vida não poderia estar melhor em seu casamento.

Naruto olhava para cada filho sentado ao redor da sala de estar. Como já havia explicado a situação ao marido e as esposas, noite passada, estava um pouco mais confiante. Kira ligou e disse que já estava chegando, juntamente com Aru, Jiraya e Tsunade. Só esperava que esses três não tivessem se matado na curta viajem para sua casa.

– E então, papai, o que está acontecendo? – Tsuki perguntou, com sua calma costumeira.

Naruto o observou por um momento e foi como se um raio o atingisse. Ficou um pouco tonto, como estava nervoso devido à situação que teria de explicar, resolveu ficar em pé e só não caiu porque Sasuke o apoiou a tempo.

– Você está bem, meu amor?

Mas, a atenção do loiro estava no filho caçula. Como não percebera antes? Seu jeito brincalhão quando está com as irmãs ou com seus verdadeiros amigos, a expressão séria, a forma como lida com uma situação delicada: com segurança, calma, gentileza, esperteza.

Naruto ouviu em segundo plano, a algazarra que seu tio sempre faz quando entra em um ambiente, mas, não tirou os olhos do filho e este também não desviou o olhar, estava preocupado com seu papai.

– Naruto? Naruto? – Sasuke chamava preocupado. Só então, o loiro percebeu que seus conjugues estavam a sua frente olhando-o com expressões muito preocupadas. Ops!

– Desculpem-me, não queria preocupá-los, é só que acabei de perceber algo que me fez tomar a minha decisão. – disse com lágrimas nos olhos. Voltou seus olhos ao filho caçula, vendo-o ficar confuso por ver seu pai chorar, então, lhe sorriu para não assustá-lo mais. Apesar de na aparência Tsuki ser um Uchiha, Naruto podia ver seu pai Minato no jeito de andar, sorrir, conversar, agir. Seu filho caçula nasceu para seu o herdeiro de Minato Senju. Essa constatação tanto o alegrava quanto o entristecia, pois não queria perder seu filhote. Voltou seu olhar a todos na sala, esperando que ficassem confortáveis.

– Antes de qualquer coisa, eu gostaria de me desculpar com você, Naruto! – Jiraya disse com uma voz firme e potente, não chegava a ser estrondosa como a de Aru, mas, também não deixava a desejar.

– Obrigado... jii-san! – disse e sorriu ao homem que tinha cabelos longos até o meio das costas e totalmente brancos. Teve seu sorriso retribuído.

– E-eu poderia te dar um abraço? - Perguntou uma loira, sentada ao lado de Jiraya. Naruto hesitou por um momento, mas, levantou-se e foi abraçar a avó. Ela o segurou firmemente. Naruto aspirou o cheirinho dela, ele lhe lembrava, vagamente, de seu pai. Ficou feliz.

– Ele a amava, baa-chan, nunca deixou de amá-la! E nunca a culpou também! – sussurrou no ouvido da loira mais velha.

– Obrigada, querido! – afastou-se com lágrimas não derramadas nos olhos, mas, com um imenso sorriso nos lábios. Deu um beijo casto na testa do neto e voltou ao lado do marido, Naruto fez o mesmo.

– Acho que o senhor tem algo para falar, velho! – Kira ralhou com o pai, que estava com o maior bico de todos. Naruto lembrou-se de sua mãe e de Yui quando contrariadas. Pôs uma mão na boca para esconder o sorriso.

– Sinto muito! – disse ríspido. Kira revirou os olhos e depositou algumas sacolas em cima da mesinha de centro. Percebeu o avô arregalar os olhos, para logo estreitá-los no filho. – Quem lhe deu autorização para mexer em minhas coisas, moleque?

Antes que alguém fizesse qualquer movimento, Yui abriu uma das sacolas e retirou algo de dentro, parecia um livro.

– Ei, este é o Fugako! – isso chamou a atenção geral. As sacolas estavam repletas com álbuns de fotos de cada criança Uchiha. Fotos delas no berçário, primeiro dia de aula, viagens escolares e cada detalhe entre esses episódios. Cada um tinha pelo menos três álbuns. Até mesmo Naruto.

– Ele se fazia de durão e tudo, mas, nunca conseguiu se afastar de Kushina! – Kira disse, chamando a atenção de Naruto, que olhou ao avô e o viu pegar um dos álbuns que continha fotos de Naruto brincando com a mãe num parque público de Suna.

O loirinho foi até o mais velho e ajoelhou-se a sua frente. Segurou seu queixo e o fez encará-lo.

– Obrigado por isso! As fotos do papai e da mamãe acabaram se perdendo, quando me mudei depois que eles se foram. – disse dando um beijinho na bochecha do avô, que apenas assentiu com um meio sorriso. Naruto respirou fundo e ficou de pé. Havia chegado o momento do anúncio. – Bem, eu havia reunido todos vocês aqui para decidir quem seria o próximo herdeiro Senju. A família Kaminari tem o meu tio Kira que logo, eu espero, assentará a cabeça e arranjará uma esposa digna e começará a ter vários Kaminarizinhos. – disse rindo da expressão contrariada do tio e da satisfeita do avô. – Mas, como é do conhecimento de todos, meu pai foi filho único, assim como eu. Mas, desde que me casei passei a ser um Uchiha, então, o herdeiro teria de ser um de meus filhos.

– “Teria” papai? Não mais? – Minato perguntou confuso e, um pouco, aliviado. Ele e os irmãos não estavam muito animados para trocarem de sobrenomes. Nasceram Uchiha e queriam continuar assim.

– Ainda terá de ser um de vocês, mas, eu já fiz a minha escolha! – disse com cuidado. Atento a qualquer desconforto por parte dos filhos, em especial, os que se viam claramente carregar seu DNA.

– E quem será? – Daichi perguntou, engolindo em seco. Não queria que fosse ele ou um dos seus três irmãos-parceiros.

– Tsuki! – disse simplesmente. Quatro suspiros aliviados foram claramente ouvidos.

– Eu? - O rapazinho indagou surpreso, arregalando os olhos.

– Mas, Naruto...

– Confie em mim Sakura! – o loiro pediu gentilmente. E foi até o filho. Agachou-se em frente a ele. Sorriu. – Oi campeão!

– Oi papai! Hum, o senhor tem certeza? – perguntou inclinando um pouco a cabeça, mas, mantendo a voz calma.

– Sim!

– O que terei de fazer sendo o herdeiro Senju? – perguntou simplesmente, enquanto acariciava gentilmente um lado do rosto do pai com a palma da mão.

– Você passará a se chamar Tsuki Senju e irá estudar para assumir as empresas que um dia seu avô teria assumido se...

– Se não tivesse se apaixonado e feito a coisa certa! – disse determinado, porém, gentil.

– Sim! – riu. “Como não notara antes. Seu filho era igualzinho a...”

– Minato! – “Acho que não fora o único a perceber isso!”

– O quê? – seu filho Minato indagou confuso. Naruto riu. Levantou-se e olhou o filho que tanto se parecia consigo mesmo.

– Ela estava se referindo ao próprio filho. Meu pai! – olhou para sua baa-chan, que olhava maravilhada ao bisneto. Inicialmente ficara duvidosa, era perceptível que o genitor do rapazinho era Sasuke Uchiha, mas, quando viu o neto lidando com ele e o jeitinho carinhoso de Tsuki, a imagem que lhe veio à cabeça foi a de um garotinho de cabelos loiros e olhos azuis, quando tinha a mesma idade. Esta criança nasceu para ser o herdeiro de seu filho, Tsuki nasceu para ser o herdeiro de Minato Senju. – Vejo que chegou a mesma conclusão que eu, baa-chan!

– Sim, eu acho que sim! – disse retribuindo o sorriso do neto, que estava abraçado ao filho caçula.

– Vocês querem compartilhar com o restante de nós? Ignorantes? – Sasuke indagou irônico.

– Eles acabaram de perceber que o garoto é a imagem do Minato Senju! – Kira disse simplesmente, fazendo Naruto e Tsunade olhá-lo perplexos. – O quê? – rolou os olhos, o que ficava meio ridículo num homem de 1,98m de altura. – Eu sou um empresário! Meu trabalho é observar aos outros! Desde que Tsuki começou a se sentar eu notei a semelhança! – disse como quem fala sobre o tempo.

– E não poderia falar alguma coisa? – Naruto estreitou os olhos nele.

– Não! Eu sabia que você perceberia quando chegasse o momento certo!

– Mas...

– Se eu tivesse falado algo mais cedo, você pode imaginar o que teria acontecido? O impacto que teria isso nessa crise que ocorreu em seu casamento? E sobre seus outros filhos? – Kira disse sério, olhando nos olhos de Naruto. Este abaixou a cabeça e sentou-se no sofá.

Apesar do jeito brincalhão e extrovertido, Kira nunca brincava quando se tratava da família ou dos negócios. E ele conhecia bem o sobrinho. Se tivesse contado sobre o jovem Tsuki, o loirinho teria dedicado toda a sua vida a ele. Essa crise que teve no casamento? Ele sabia que Naruto amava aos conjugues, mas, sabia também, que ele só deu uma nova chance ao relacionamento deles por causa de todos os filhos. Se fosse apenas Tsuki, ele o teria levado consigo e... nada mais.

– Meu pai teria feito a coisa certa! – Tsuki intercedeu pelo loiro. Lançando um mal olhar ao tio, que não queria mais insistir nessa história, então, ergueu ambas as mãos como se fosse um ladrão rendido.

– Tudo bem, rapaz! Se você o diz, eu acredito! – disse, tendo o cuidado de deixar qualquer tom de ironia fora da voz. O moreninho pareceu satisfeito.

– Eu aceito ser o herdeiro de vocês! – disse formalmente, olhando ao casal Senju. – Mas, não deixarei minha família!

– Nunca pediríamos isso! – Jiraya apressou-se em dizer.

– Bom, também, não permitiríamos! – Ino disse possessiva. Pode não ter gerado o moreninho, mas, ele era seu.

Ficaram mais um tempo conversando, até a governanta anunciar o jantar. Para inteiro prazer de Naruto, seus quatro visitantes aceitaram jantar com eles. E algo que ninguém jamais imaginou aconteceu, Jiraya e Aru conversaram civilizadamente, não ganhariam o prêmio de amigos do ano, mas, estavam tentando.

Três meses depois...

Naruto estava pronto para tirar aquela coleira, digo, gravata, só não fazia porque acabara de chegar ao baile.

Essa festa era para apresentar seu garotinho como o herdeiro Senju. Então tinha que se comportar, embora, como da outra vez, estivesse usando os sapatênis no lugar dos sapatos sociais desconfortáveis.

– Você sabia que está “comestível” vestido assim? – Sasuke sussurrou em seu ouvido. Mas, pela risadinha das esposas, elas ouviram. O loiro corou.

– E você não está mal. Nenhum de vocês, para ser sincero! Talvez possamos dar uma escapadinha para o banheiro! – disse passando a língua nos lábios de modo sugestivo e dando uma piscadinha sacana, afastando-se em seguida, deixando os três com olhares luxuriosos.

Seu casamento estava maravilhoso, de vez em quando tinha uma briguinha aqui e ali, mas, se não houvesse, não seria um casamento, mas, sim, um puteiro onde todos dão e saem andando satisfeitos. A relação dos seus companheiros com os filhos, também, melhorou, como o loiro previu. Bastou os três Uchihas mais velhos passarem mais tempo com a família e, com o auxilio de Naruto, foram se aproximando dos filhos, que se mostraram um pouco arredios no inicio, principalmente os quatro mais velhos, mas, cederam e permitiram a aproximação.

Seguiu pelo salão olhando ao redor, avistou os amigos, Gaara e Deidara no Sabaku. Eles haviam se casado há um mês e estavam fazendo planos para adotar duas crianças, Kurama não se agüentava de tanta felicidade. Por falar no ruivinho, notou-o conversando com Minato num canto mais afastado. Abafou o riso. Tanto que brincou com Deidara e o filho do homem foi se interessar logo pelo rapaz que o loiro mais implicava.

Viu também seu tio e a noiva, Karin. O loiro havia os apresentado há dois meses, sabia que a ruiva era a garota certa para domar o loiro mais velho. E para alguém que nem pensava em casar, Kira estava com um braço bem possessivo em volta da cintura da ruiva, que graças a Kami-sama, passará a usar roupas mais compostas. “Eles teriam filhos lindos!” mal pensou nisso, e se lembrou que Karin passou mal àquela manhã. “Será que a próxima remessa de Kaminaris estava vindo?” riu do próprio pensamento.

Naruto saiu andando, enquanto pensava nas ironias da vida, quando viu seu filho caçula pegar algo da bandeja que o garçom lhe oferecia. Percebeu o que era e apressou o passo, mas, quando se aproximou já era tarde. Seu filho o olhou com os olhinhos verdes marejados, como se pedisse socorro, com dó, fez sinal para que o seguisse. Eles saíram para a varanda. Tsuki mais que depressa correu para cuspir o que tinha na boca.

– Isso é horrível! Deveriam proibir de venderem! – disse tentando tirar o gosto da língua com o dorso da mão.

– Concordo! – Naruto disse solidário com situação do filho. Estendeu o copo com suco de manga que estivera bebendo. O moreninho aceitou. Usando o primeiro gole para tirar o sabor ruim da boca e bebendo o resto avidamente.

– Obrigado. Se o senhor não estivesse aqui, não sei o que faria!

– Eu sei que daria um jeito, afinal, você é meu filho, ttebayo! – disse confiante. Ambos riram.

– Então, é aqui onde estão se escondendo! – Sakura disse ao abrir a porta para a varanda.

– Fomos pegos, filho! Não diga nada! Aguente firme até o fim! – Naruto disse dramático. Fazendo a esposa e o filho rirem.

– E se eu estiver com caviar? – Sakura se fez de séria pondo uma mão na cintura, mas, seus lábios tremiam muito tentando segurar o riso.

– Eu me entrego! Pergunte qualquer coisa! – Naruto rendeu-se rapidamente, fingindo estremecer.

– O que é caviar? – Tsuki perguntou confuso. Naruto apontou o resto do petisco com a coisa preta em cima.

– Essa coisa preta em cima do salgado.

– Serei seu escravo, kaa-san, mas, não deixe essa coisa chegar perto de mim novamente! – disse se jogando nos braços da mãe. Ambos os adultos riram. Naruto se aproximou de seus amores, deu um beijo no topo da cabeça do filho e um selinho nos lábios da esposa.

– Vamos entrar! Tsuki precisa conversar com mais algumas pessoas. – aproximou sua boca do ouvido da esposa. – E nós temos um banheiro para procurar. – sentiu ela se arrepiar.

A vida de casado nunca foi tão boa!