A mãe do Ethan pediu que um carro nos levasse para casa e eu precisava deixar claro que eu estava morta de curiosidade para saber o que iria acontecer com os garotos.

Nós fomos o caminho todo em silêncio e em uma parte dele a Mia dormiu, eu fiquei acordada esperando uma mensagem do Ethan ou até do Vince , mas acho que acabei dormindo em algum dos meus pensamentos, acordei com um par de braços me pegando e andando comigo, mas eu estava com sono demais para acordar.

Ele me colocou na cama e mexeu nos meus pés, eu virei pro lado e abri o olho, encontrei dois pares de olhos cinzas me encarando.

- O que você está fazendo aqui? – eu sussurrei grogue.

- Dorme vai. – ele acariciou meu rosto, eu segurei sua mão.

- Deita aqui... – eu sussurrei e fechei os olhos de novo, ouvi uma risada maliciosa e de repente tudo ficou quentinho demais.

- Quem sabe depois... Quem sabe... – então eu não ouvi mais nada.

(...)

Eu acordei como se não tivesse dormido nada, ainda mais porque já tinha passado da hora da primeira aula, eu suspirei irritada quando vi o rápido relógio.

Me arrumei num átimo e peguei minha mochila saindo do Lauren Hall, comecei a perceber a o pouco movimento no campus, supus que a aula de história devia ser muito importante, comecei a andar devagar para a minha sala quando vi o Vince parado em uma escadaria, ele fumava um cigarro, completamente entretido em algo que estava acontecendo no gramado, era um casal discutindo alto, eu caminhei até ele tendo flash da noite anterior, senti meu rosto corar quando me lembrei da noite anterior.

- Oi. – eu disse parando ao seu lado, ele virou o rosto automaticamente pra mim e soltou a fumaça do cigarro do lado, me dando seu melhor sorriso.

Dentes brancos, dentes ridiculamente brancos.

- Bom dia Flor. – ele arrumou a blusa branca que ficava colada em seu corpo e ajeitou o óculos de sol no rosto.

- Bom dia... – eu me sentei do seu lado e fiquei em silêncio, podia ouvir os gritos dos dois.

“- O que? Como assim o que? Para de ser ridículo Mathew, você sabe o que ela fez! Você também fez...

- Eu não fiz nada Char, para com isso, eu te amo...”

- Vê isso? – a voz do Vicente estava séria, eu olhei para ele.

- O que? – perguntei.

- Esse casal brigando, provavelmente é por ciúmes... – ele sorriu de lado. – essa ceninha ridícula, todo mundo passa e fica vendo, as pessoas olham... – ele abaixou a cabeça e arrumou o óculos no rosto. – e ficam comentando, isso acaba com um namoro. – ele me encarou e eu pude perceber seu olhar tentando identificar minha expressão.

- Até parece que você tem alguma experiência com namoro. – debochei dele na intenção de que ele dissesse algo que me fizesse sair daquele clima, não queria mais os olhos dele em mim.

- Eu tenho. – ele voltou a olhar para frente. – a Melissa fazia cenas idênticas a essa. – ele riu baixo, parecia um riso amargo. Queria perguntar por que ele tinha mentido pra ela. – eu adorava ela, ela é... – ele desenhou curvas no ar. – linda, uma garota e tanto, mas quando ela abria a boca só saia bobeira... – ele revirou os olhos. – e eu me cansei. – ele disse somente.

- Cansou? – eu perguntei perplexa.

- É ué, namoros acabam. – ele riu. – ah é, esqueci do detalhe da aposta... – ele deu de ombros. – os garotos apostaram comigo que eu conseguiria ficar com a garota mais bonita da faculdade... – ele sorriu e me encarou. – e eu não consegui.

- Mas você ficou com a Melissa... – eu sussurrei.

- Mas a garota mais bonita da faculdade é você Fiorela. – a voz dele ficou grossa de uma hora pra outra e de repente ele encarou a frente, eu fiquei vermelha, talvez até mais vermelha que um pimentão. – ele soltou um risinho, olhei para a frente.

O casal se beijava animadamente.

- Casais. – ele suspirou e se levantou.

Então eu percebi como aquela blusa ficava apertada dele, deixando a mostrar os seus músculos salientes do braço, seu cabelo cortado alinhado na cabeça, seu topete desarrumando, sua calça jeans apertada que dava uma junção perfeita com as botas desamarradas nos pés, ele estava muito lindo.

- Vai bater o sinal para a próxima aula, você vem comigo? – ele perguntou me encarando.

Fiquei completamente desconfortável, ainda mais por saber que ele me achava a garota mais bonita da faculdade.

- Eu ia esperar a Mia... – eu disse baixo. – mas acho que ela não vem. – eu olhei para trás, nenhum sinal da minha melhor amiga dorminhoca.

- Vamos, eu levo sua mochila. – ele pegou a mochila do meu ombro e começamos a andar lado a lado, as pessoas olhando e comentando algo sobre os irmãos gostarem da mesma garota e aquilo me irritou.

Fiquei séria quase o percurso inteiro, foi quando estávamos chegando perto da minha sala que ele resolveu falar.

- Obrigado. – ele disse baixo.

- Pelo que? – sorri de lado, encabulada.

- Por ter ido ver como eu estava depois da briga com o Ethan. – ele sorriu de lado.

Fiquei vermelha de novo.

- Não tem de quê. – eu peguei minha bolsa e ele ficou me olhando por alguns segundos, em seguida deu um sorriso de lado e aproximou a mão do meu rosto como se fosse toca-lo.

- Vince? – uma voz grossa soou atrás dele e ele se virou assustado, o garoto de dentes brilhantes estava atrás dele.

- Liu. – ele disse abrindo um sorriso largo.

- Flor. – ele disse acenando com a cabeça para mim, eu fiquei perplexa como os garotos me conheciam.

- Olá. – acenei de lado sem graça.

- Vamos logo cara, temos aula de cálculos agora, o Sr. Tenner ficou furioso por você não ter comparecido a aula. – ele disse gesticulando, o Vince sorriu de lado e revirou os olhos.

Eu fiquei que nem uma idiota parada no mesmo lugar, meu coração ainda batia rápido.

- Bem... Nós nos vemos então... Depois? – ele disse ficando sem graça, eu sorri de lado, ele segurou meu queixo e deu um beijo no meu rosto. – até mais, meu bem. – ele sussurrou contra a minha bochecha e eu fiquei com o coração aos pulos enquanto ele se afastava.

Quando me virei o Ethan estava parado atrás de mim, eu tomei um susto e recuei dois passos.

- Meu Deus Ethan, que susto! – eu disse baixo, ele sorriu de lado.

- Flor, eu posso falar com você um segundo? – eu assenti e ele pegou na minha mão me puxando para um vão que tinha entre duas salas, não era muito espaçoso, por isso nossos corpos ficaram próximos, mas eu não me incomodava em estar nesses lugares com o Ethan, não era assim com ele.

- O que? – eu disse puxando meu cabelo para frente, ele aproximou seu corpo do meu, segurou minha nuca de modo que nossos corpos ficassem colados e aproximou a boca da minha.

Minha respiração falhou.

- Eu te amo, eu te amo desde o primeiro dia que eu te vi, eu amo o seu jeito mandão, amo quando você faz bico quando quer alguma coisa, eu amo tudo em você Flor, e eu quero namorar com você, casar talvez? Quem sabe, eu quero estar com você, eu quero você. – ele fechou os olhos e me deu um selinho, eu ainda estava em choque.

Eu empurrei ele delicadamente.

- Ethan eu... – falei baixo.

- Me escolhe Flor, fica comigo! – ele aproximou o corpo do meu novamente, mas não tanto quanto da primeira vez. – ninguém tem mais capacidade de fazer feliz do que eu. – eu olhei nos seus olhos procurando alguma oscilação do meu coração, mas ela só veio quando eu enxerguei longe, o belo par de olhos cinzas me encarando pasmo, como se tivesse visto um fantasma, por uma fração de segundo e então meu celular apitou, eu tirei do bolso e olhei a mensagem.

“Eu preciso conversar com você.”

O Ethan também leu a mensagem e ficou me olhando.

- Flor? – ele perguntou meio desesperado. – de quem é esse número?

Do Vince, eu quis responder.

- Da Mia. – eu disse baixo, ele abaixou os olhos. – desculpa, eu preciso ir. – e eu saí correndo pelo campus, quando estava alcançando a arquibancada alguém segurou o meu pulso, eu me virei.

- Flor? – era o Vicente.

- O que você quer? – perguntei rude, ele sorriu de lado.

- Nada. – ele soltou meu braço, parecia satisfeito.

- Como assim nada? Nada? Só nada? – eu queria que ele dissesse algo.

- Nada docinho. – ele segurou meu queixo e piscou me dando as costas e saiu de volta para o fluxo do campus.

Meu coração acelerou e eu disquei o número mais confiável que eu tinha, ela atendeu com uma voz de sono.

- Eu espero que seja uma baita emergência. – ouvi a voz da minha melhor amiga no funde.

- E é uma baita emergência Mia, você não vai acreditar. – eu sussurrei.