Flores De Cerejeira escrita por Yue
Os pais de Derek tentavam em vão obter indicações do único homem, num raio de 10km, que achava conseguir falar inglês. Derek por sua vez mostrava-se impassível, continuava a observar atentamente os campos extensos, banhados em verde de várias tonalidades chamativas. As ervas que se encontravam mais perto estavam misturadas com terra o que lhe concedia padrões estranhos e engraçados. Lentamente, ergueu a mão e tocou a textura lisa das folhas . Quando algumas destas se afastaram um grilo apareceu, tinha uma tonalidade verde acastanhada, mas ao contrario dos outros animais não imitia nenhum som. Ficou a fitar o animal imóvel durante algum tempo, mas este não apresentava quaisquer sinas de movimento, só quando este aproximou a sua mão o grilo saltou desaparecendo rapidamente. Com um suspiro ergueu-se e foi surpreendido por uma rapariga, que parecia ter-se materializado do nada.
Ela ficou quieta a olha-lo durante algum tempo, até que Derek não conseguiu aguentar mais o seu olhar. Desviou os olhos e depois de um longo momento de meditação tentou apresentar-se. A única resposta que teve durante uns segundos foram sonoras gargalhadas. Derek ficou ali especado, a corar como um tomate. Ao inicio ficou furioso com a reação da rapariga, mas depois foi relaxando enquanto a observava. Ela era quase da sua altura, provavelmente teriam a mesma idade. O cabelo era preto como uma noite de lua nova, ele nunca vira um tão preto como aquele. E ainda por cima brilhava, talvez fosse pelo reflexo do sol, mas a beleza do seu cabelo era assombrosa. Mas não era só o cabelo, aquele menina era realmente linda. Tinha um rosto em forma de coração pequeno e perfeito, assim como o nariz. Os lábios eram linhas finas rosadas assim como as maças do rosto. Contudo eram os olhos que o atraiam mais. Eram verde musgo com uma chama laranja que brincava entre o brilho verdejante do seu olhar. Os seus pensamentos foram interrompidos quando a rapariga falou.
- O teu japonês é horrível, sabes? – um sorriso brincava-lhe nos lábios quando lhe disse aquilo. E o sorriso aumentou quando viu a cara de embaraço e confusão que ele fez.
A mente de Derek flutuava, a exceção dos olhos ela parecia japonesa, mas o seu inglês era quase perfeito. Só tinha uma ponta de sotaque, que mal se notava.
- Como te chamas? – a voz dela era impaciente, talvez porque ele limitava-se a olha-la de boca aberta e expressão perdida. – Podes falar comigo, sabes? Não mordo. – Suspirou, mas manteve-se quieta a espera de uma resposta.
- Não és muito nova para usar lentes? – ela sorriu, mas os seus olhos não sorriam. Era uma expressão quase assustadora, fazia-a envelhecer dez anos. Quando voltou a piscar os olhos voltou a ser uma rapariga adorável outra vez. Derek perguntava-se se não tinha imaginado aquela expressão assustadora.
- São verdadeiros. – replicou com um encolher de ombros – São iguais aos do meu pai.
- Ahh…. – Derek olhou-a atentamente, mas não restavam vestígios de assombro no seu rosto.
- O que fazes aqui?- perguntou-lhe, distraindo-o novamente.
- Estamos perdidos. – admitiu – Os meus pais tentam obter informações daquele homem – esticou o dedo e apontou para um casal e um velho que se debruçavam sobre um mapa e gesticulavam infinitamente. – Não me parece que vão conseguir alguma coisa.
- Talvez eu possa ajudar…
Derek abriu os olhos, a luz incomodava-o um pouco. Esfregou a cara e soltou um suspiro cansado. Já faziam anos desde a última vez que sonhara com aquela rapariga outra vez.
Lembrava-se do resto da conversa…
Flash on
- Acho que os meus pais iam apreciar uma ajuda à sério.
- Aposto que sim. – disse ela sorrindo.
Caminharam até ao local onde os seus pais estavam. A rapariga mais parecia pairar o seu andar era lindo.
- Pai, mãe?
- Oh Derek ,desculpa ,mas não conseguimos perceber o que ele diz. – O pai de Derek tinha um aspeto cansado.
- Pai esta é a… - Derek olhou-a.
Esquecera-se de lhe perguntar o seu nome. Sentiu-se corar, quando viu que ela se ria.
- Chamo-me Yume. Espero poder ajudar.
- Oh uma pessoa que realmente fala inglês. Prazer Yume, chamo-me Carl. – O pai de Derek estendeu-lhe a mão e ela apertou-a.
- Espero um segundo por favor. – pediu ela virando-se para o velho que os olhava.
Ela falou com ele durante os momentos e ele sorriu e continuou o seu caminho.
Ela acabou por os ajudar a sair dali e Derek reparou que não se queria afastar, quando o carro começou a andar.
Flash off
Derek voltou a esfregar a cara e foi tomar banho. Vestiu uma camisa branca, umas calças de ganga e umas sapatilhas azuis e brancas. Olhou para o relógio. Ainda tinha muito tempo até ter que ir para o trabalho. Vestiu a bata de trabalho e postou-se a frente do quadro que estava a trabalhar. Eram flores de cerejeira a desabrochar e algumas a cair como se fossem gotas de chuva. Pintou até que o seu despertador começou a tocar. Com um suspiro guardou o material de pintura, lavou as mãos e saiu do atelier.
A caminha do trabalho comprou um café e deixou-se perder outra vez nas memórias do seu passado.
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