Reckless - Divergente escrita por Morgana Le Faye, Andiie


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Desculpe-me. Fiz o que foi preciso :// Espero que não me matem depois de lerem esse cap ://
bjos
E uma coisa... leitores que favoritam e não mandam review -.-' vcs me desapontam u-u kkk



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Acordo com a minha cabeça latejando. Está escuro e não consigo enxergar quase nada. Forço-me a lembrar. Eu não me lembro de quase nada. Esse era o problema. Eu me lembrava de quase tudo.

Sinto o peso de um braço sobre minha barriga. Viro-me de lado para confirmar o que eu estava pensando. Noah. Ele esta dormindo tranquilamente ao meu lado, com a mão em minha cintura.

Tento não me mexer, mas já era. Ele esta acordado, eu acho. Ele me abraça e murmura coisas que não consigo identificar.

- Noah? – o chamo.

- Sim? – ele murmura.

- Que horas são? – pergunto olhando para a janela. Ele abre os olhos e para por um instante. Sei o que ele esta procurando. O som dos caminhões. Consigo escutar os derrapes na terra irregular e o rangido dos motores.

- Cedo. – Ele diz se levantando da cama. Percebo que ele esta sem camisa. Ele é forte. Em questão de segundos sinto meu rosto quente e sei que estou corada. Ele caminha até seu guarda- roupas e pega uma blusa amarela. Por um momento me preocupo com o que aconteceu ontem.

- O que aconteceu ontem? – pergunto, enquanto ele veste a camisa. Ele se olha no espelho e arruma seus cabelos escuros. Ele olha para mim pelo o espelho e sorri de lado.

- Não se lembra? – ele pergunta. Sinto-me constrangida, mas não vou desviar o olhar. – A gente tomou o soro da paz, o resto é historia... Nós ficamos. Geral ficou na brisa.

- Quando você disse ficamos... Esse “ficamos” é em que sentido? – pergunto

- Transamos loucamente. – ele diz serio. Meu Deus. Começo a me desesperar. Como assim?! Eu acho que me lembraria de uma coisa dessas. Então aquele palerma começa a rir. - Você fica muito engraçada desesperada – Ele conseguiu me irritar. Viro-me o pego o travesseiro jogando nele. Este acerta sua cabeça com força, mas mesmo assim ele não para de rir. Ele se senta na cama. – Eu nunca faria nada que você não quisesse. – ele diz olhando em meus olhos. Seus olhos são da cor de uma avelã, é estranhamente confortável olha-los. Ele se aproxima lentamente e encosta seus lábios nos meus.

A sensação de formigamento quando ele se afasta me faz soltar um suspiro baixo. Ele ri e joga seu peso por cima de mim, me fazendo deitar na cama com ele por cima. Foi estranho e me deixou nervosa e constrangida, mas isso não me impediu de segurar em seus cabelos e o puxar para mais perto.

Seu beijo é delicado e me faz perder a noção do tempo. Nós apenas paramos ao ouvirmos gritos vindos do lado de fora. Ele me olha antes de se levantar e ir até o corredor. Os gritos se tornam mais nítidos assim que ele abre a porta. Só consigo escutar a parte do “Disco Rígido e Peter.” Reconheço a voz que esta gritando, Tris Prior. Levanto-me para ver também. Não uso as muletas, consigo andar, mas ainda manco um pouco.

Os membros da Amizade formam uma pequena multidão ao redor de Tris. Cheguei bem á tempo de vê-la socando Peter. Uma cena legal de se ver no complexo da Amizade. Sky se aproxima junto á um homem mais velho. Apoio-me em Noah.

- Eles são da sala de conflitos. – sussurra Noah.

- O que eles fazem? – pergunto. Ele sorri de lado.                                                                                        

- Dão o soro da paz á aqueles que causam problemas. Só conseguimos o lote de ontem por que Sky trabalha lá. – ele explica.

Quando Sky passa por nós, acompanhado Tris que esta sendo levada por um homem mais velho, ele da um sorriso malicioso na direção de Noah e isso me deixa envergonhada. Desvio meu olhar para Quatro.

Seus olhos azuis escuro parecem pretos nessa luz. Ele continua com as grandes orelhas e o olhar duro. Ele continua o numero um. Continua o garoto da Abnegação que foi para a Audácia e tinha apenas quatro medos. Minha irmã tinha uma super queda por ele; isso chega a ser estranho sendo que ele é cinco anos mais velho que ela. Ele olha em minha direção e depois para minha perna enfaixada. Ele acena com a cabeça e eu faço o mesmo. Um pedido mutuo de desculpas. Ele pelo tiro em minha perna, eu pelo tiro no ombro de sua namorada.

Entro no quarto e Noah fecha a porta. Ele se encosta-se à mesma e me puxa pela cintura. Ele encosta sua testa na minha.

- Onde estávamos? – ele pergunta. Não consigo pensar nisso. Minha curiosidade erudita está com o disco rígido de Tris Prior. O que será que tem nele que é tão importante para Peter e para ela e Quatro?

- O que você acha que tem naquele disco? – ele suspira pesadamente.

- Dados. –reviro os olhos. Senhor Obvio. - Talvez da câmera de segurança da Audácia. – Minha mente trabalha tão rapidamente que chega a ser assombroso. Câmeras, Audácia, Segurança isso me lembra dos membros e os membros me lembram da simulação.

- É isso! – digo murmurando, mais para mim do que para ele. – Dados das simulações. Ali dentro tem todas as informações de todos os membros da Audácia.

Não posso deixar de admitir que fiquei com vontade de pegar aquele disco, mas não tem mais importância. Noah me encarra como se tentasse entender.

- Bem, - digo por fim. – Tenho que trabalhar hoje na cozinha. – ele olha para o chão por um tempo e depois levanta o olhar e me beija na testa. Ele sorri.

- A gente se vê nos pomares depois então. – assenti e fiquei na ponta dos pés para beijar sua bochecha.

- Até mais. – sai pela porta e me deparei com Luna sentada no chão com mais duas meninas pequenas. Uma delas parecia ter sete ou seis anos. Ela tinha cabelos bem claros e olhos azuis, a outra parecia ser um pouco mais velha e era ruiva. Elas sorriam e cantavam cantigas enquanto batiam suas palmas uma na das outras. Encarei-as. Aquilo não era algo normal... Se bem que Luna não é normal. Se bem que ninguém da Amizade é normal.

Luna olhou para mim e falou para as meninas continuarem a brincadeira e se levantou vindo em minha direção.

- Bom dia dorminhoca, como foi a noite ontem com o Noah? – ela ri enquanto eu olho para baixo. Esses membros da Amizade falam demais e eu e Noah não fizemos nada. – Estou brincando, sua boba. – ela diz enquanto me da um tapa leve no ombro. – Neelie pediu para te chamar e eu vim até aqui, mas vocês ainda estavam dormindo então fiquei aqui brincando com a Bia e a Rose. – ela sorri para as meninas que sorriem de volta para ela sem parar de cantar e bater as palmas sincronizadas.

Trabalhei durante quatro horas na cozinha, como parte do trato com a Amizade. Neelie ficou na lavanderia, agora é o horário do almoço. Durante meu tempo na cozinha percebi uma coisa. Tenho que sair daqui. Tenho que encontrar minha irmã e meu pai. Eles devem estar acordados agora.

Eu e Neelie pegamos nossos almoços e fomos comer em seu quarto. Não poderia ver Noah ou Luna ou Sky.

- O que queria falar comigo? – ela pergunta se sentando em sua cama.

- Temos que sair da Amizade. Não, eu irei sair da Amizade, não posso mais forçar você a fazer nada. – digo. Ela me encara.

- Para onde? Erudição seriamos mortas, Audácia não acho que seja seguro só nos resta... - ela para e seus olhos brilham.

- Isso mesmo. A Franqueza. – Sua facção. Sua casa.

Depois de comermos, Neelie começa a arrumar suas coisas e eu também vou... Depois que me despedir de Noah. Ele me espera onde disse que me esperaria. Na macieira do beijo de maça. Tenho vontade de rir daquela insanidade temporária.

Ele esta abaixado no chão vendo algo de perto. Quando chego ele olha para mim, mas depois volta a olhar para o chão. Quando chego mais perto percebo serem formigas. Em filas indo para o formigueiro. Pontos pretos indo na mesma direção, controlados. Elas me lembram do exercito Audácia. Sento-me entre as raízes da arvore. Minha coxa ainda dói, mas estou tomando todos os medicamentos.

Noah deixa de observar as formigas e se senta ao meu lado me beijando. Todas às vezes serão sempre como a primeira vez. Acho que eu poderia levar ele com a gente. Acho que daria tudo certo... Não. Isso seria como forçar ele a andar descalço em cacos de vidros. Isso seria egoísta.

- Tudo bem? – ele pergunta confuso. Talvez tenha percebido o quanto estava “aérea”

- Noah... - começo. Respiro fundo. – Hoje eu e Neelie iremos para a Franqueza... - não gosto de enrolar, mas digo com calma observando suas reações.

- Vou com vocês. – ele diz se imediato.

- Não. – ele me olha confuso. – Eu quero que você fique aqui. – ele abaixa a cabeça. Pior que a vontade exagerada de estar sempre perto é a vontade de querer ir sem a pessoa. Isso mostra desinteresse. – Não quero que morra.  Você esta seguro aqui na Amizade. Tem o suficiente... - ele me corta.

- Você seria o suficiente. – odeio isso. Quando as pessoas fazem isso nos deixam com o coração mole. – Você tem certeza que quer ir emborra?

Paro por um momento encarrando seus olhos de avelã.

- Sim eu tenho. – digo. Ele fica em silencio. Sei que ele não considerou isso como um fim de papo, mas como um “conversamos depois”. Então ele me deu um selinho.

- Certeza? – ele murmurava. Não podia fraquejar.

- Sim. – outro selinho. Outro murmuro. Outro sim.

Acho que depois de dez ele desistiu. Ele apenas me encarou. Eu estava triste, não queria ter que sair da comodidade da Amizade, mas ao mesmo tempo eu tinha que saber o que estava acontecendo com os membros da Audácia, eu tinha que ver o que sobrou da minha família... Se sobrou alguém.

Ele me abraçou, aquele abraço bem forte, forte mesmo, daqueles que aperta a pessoa até ela ficar sem ar. O abraço de alguém que você não tem certeza se verá novamente. Ouço um barulho. Ele parece com os barulhos baixos e suaves que fazem os carros. A Amizade tem cerca de uma dúzia de caminhonetes para transportar alimentos, mas eles só fazem isso durante o dia. O sol já se pôs. Se não são os automóveis da Amizade só pode significar uma coisa.

- A Erudição esta aqui. – diz Noah completando meus pensamentos. Me solto de seus braços e corro novamente aos dormitórios da Amizade. Preciso achar Neelie. Precisamos fugir. Meus pulmões ardem, mas não posso parar. Tenho que ser mais rápida do que os carros da Erudição.

Chego ao seu quarto e abro a porta com força, sem bater. Vazio. Duas mochilas no chão, mas nada de Neelie. Passo as mãos nervosamente nos meus cabelos. Onde ela está?! Aqui não tem bibliotecas então ela com certeza não esta lá. Penso rapidamente em lugares interessantes para Neelie aqui na Amizade... Saio correndo do dormitório de hóspedes, atravessando o campo atrás do refeitório e entrando no edifício de filtragem de agua.

Subo os degraus e atravesso a porta. O edifício de filtragem é um ambiente único com grandes maquinas dentro. Em uma aula de Ciências Avançadas li que algumas dessas maquinas recebem a agua suja do restante do complexo, outras as purificam, outras as testam e as ultimas bombeiam a agua limpa de volta. Todos os canos são subterrâneos, menos um que passa sobre o chão e leva agua até a usina de energia. Vejo Neelie parada ao lado das maquinas que filtram. Observo a agua entrar amarronzada, desaparecer dentro da maquina e sair limpa.

- O que esta fazendo aqui? – pergunto olhando para suas costas. Ela fica bem usando o vestido vermelho doado pela Amizade.

- Pensando... - ela diz sem se virar para me encarar. – O que a gente fez ontem?! Bem... Essa pergunta é idiota por que eu sei o que a gente fez, mas...

- Você beijou o Caleb. – eu digo rindo. Ela se vira para mim, seus olhos estão rosados. Ela estava chorando. – Ei, o que foi? – digo me aproximando. Nós duas olhando a agua suja se tornar limpa. – Achei que você gostasse do Andrew... Esqueceu ele?

- Eu não esqueci. – ela olha para mim por um momento e depois volta a olhar para a água. Nossos rostos refletidos na agua. - Me conformei com a ausência. É diferente.

- Tá, agora vamos?- pergunto apressada, ela me encarra sem entender. - A Erudição esta vindo para cá.

- Dá tempo de fugir? – ela pergunta. Eu realmente não sei. Corremos de volta aos dormitórios dos hospedes. Ao chegar lá, vejo uma massa cinzenta trocando de roupa. Eles sabem que a Erudição esta vindo. Estão se disfarçando. Corro até meu quarto e enfio a mão sob o colchão. A arma.

Minha mão se fecha firmemente em torno dela. Enfio a arma sob a cintura do meu short. Vejo os frascos de remédios e os coloco no bolso. Não terei assistência medica tão cedo.

Ouço batidas na porta.

- Entre. – Noah entra com Luna, Sky e Neelie. Neelie esta com uma mochila e a outra esta com Luna.

- Mas... O que...? – começo a perguntar, mas Noah me interrompe.

- Não temos tempo. Vamos dividir suprimentos assim se alguma coisa der errado todos podem continuar. – ele diz e Neelie abre a mochila juntamente com Luna. Ela retira de lá dentro algumas peças de roupa azul, amarela e vermelha. Alguns frascos com algo e uma caixa de metal. Sorrio. Soro da Paz.

Vesti uma blusa amarela por cima da vermelha que eu estava usando e enchi meus bolsos com o que pude. O resto fez o mesmo. Apressamo-nos para chegar e vejo os membros da Abnegação mexendo em pilhas de roupas da Amizade. Caleb olha em minha direção, mas sei que ele não esta olhando para mim. Ele olha para Neelie. Ele sorri para ela e ela faz o mesmo.

Vejo os carros da Erudição chegando, todos prateados com teto preto solar. Todos os carros estacionam e as portas se abrem, revelando cinco homens e mulheres da Erudição. Entre eles reconheço um ou dois nascidos na Erudição e uma figura me chama a atenção. Josh. Cerca de quinze membros vestindo de preto da Audácia com tiras de tecido azul enroladas em seus braços mostram que se aliaram á Erudição. Acho muita hipocrisia. Eles escravizaram suas mentes e agora eles lutam com eles?!

- Não pensei que nossa antiga facção seria tão idiota... - murmura Noah para mim. Também nunca pensei, mas também nunca pensei que ele fugira comigo. Entramos no edifício, como todos os membros da Amizade. Conversando. – Ei, tire os óculos. – Tiro-os e os coloco dentro de minha blusa.

Chegamos ao refeitório. Muitas pessoas estão conversando. Sentamos em uma mesa. Sky passa os braços pelo ombro de Luna e Noah mantem a expressão seria. Nunca havia visto ele tão concentrado. Provavelmente esta pensando em um jeito de sairmos daqui sem que ninguém perceba.

- Por que você vai ir comigo? – pergunto assim que sento ao seu lado.

- Não podia deixar você escapar assim. Eu acredito em destino Ruthless e se o destino te trouxe novamente para mim eu não posso simplesmente te deixar ir. – ele diz e sinto algo aquecer dentro de mim. Foi fofo, mas perigoso ao mesmo tempo.

- E quanto a eles? – viro a cabeça na direção de Luna e Sky. Ele segura sua mão sobre a mesa. Ele fala coisas baixinhas em seu ouvido.

- Luna foi uma das primeiras pessoas que conheci aqui na Amizade. Ela é como uma irmã para mim. Ela disse que se eu fosse ela iria junto e bem... Sky é muito protetor com ela. –ele diz coçando a nuca. Olho para Neelie. Ela esta muito calada desde que entramos o que não é normal. Ela está na minha frente e olhando para algo que esta atrás de mim. Olho por trás dos meus ombros e sei o que ela esta olhando. Caleb cutuca as costelas de uma menina da Abnegação fingindo ser da Amizade. Se não me engano ela é filha de um dos lideres da Abnegação. O líder que vi minha irmã matando. O mesmo cabelo louro e o queixo quadrado.

Alguém bate na mesa e todas as conversas do refeitório cessam.

- Nossos amigos da Erudição e da Audácia estão procurando algumas pessoas. – diz Johanna. – Vários membros da Abnegação, três membros da Audácia e três ex-iniciados da Erudição. – sinto um arrepio e olho para Neelie, depois para Caleb. Estão nos procurando. Johanna sorri. - No interesse de uma cooperação plena, eu disse a eles que o as pessoas que eles procuram, estiveram aqui, de fato, mas já foram emborra. Eles gostariam permissão para buscas no local, o que significa que temos de votar. Alguém é contra a revista?

A tensão em sua voz sugere que se alguém realmente for contra, eles devem manter sua boca fechada. Eu não ligo se eles revistarem alg. Não tenho nada a esconder aqui. Ninguém da Amizade diz nada. Johanna acena para a mulher erudita.

- Três de vocês ficam aqui. – diz a mulher para os guardas da Audácia. – Os outros, vasculhem os edifícios e me avisem se encontrarem algo. Podem ir.

Eles se retiram.  Josh fica ao lado da mulher erudita. Ele ainda não me viu. Torço para que ele não me reconheça ou reconheça Neelie, ou Caleb que esta longe de nós ao lado de sua irmã e de Quatro.

 Levanto o queixo e respiro fundo quando os soldados da Audácia que permaneceram passam pelas mesas para cima e para baixo entre as fileiras de mesas. Olho para o lado. Neelie se senta descontraidamente e parece não ligar para o que esta acontecendo. Luna desenha figuras estranhas na mesa e Sky bate os dedos em suas pernas e canta algo bem baixo. Noah se inclina para falar algo em meu ouvido.

- Pare. – ele diz. O encaro sem entender. – Sua postura vai te denunciar. Você se senta como se estivesse atenta a tudo. Você entrega seu orgulho na sua postura. Não é assim que alguém da Amizade se senta, mas sim alguém da... –espero ele dizer Erudição, mas ele não diz. – como alguém da Audácia.

Aceno concordando e tento arrumar minha postura de modo para que fique mais “largada”. Vejo uma mulher da Audácia caminhando em direção á Quatro.

- Seu cabelo é muito curto para a Amizade – ela diz.

- Está quente. – ele responde rispidamente. Ela estende sua mão e, com o dedo indicador, abaixa o colarinho de sua camiseta, revelando a tatuagem de Quatro.

Ele entra em ação.

Ele pega o pulso da mulher, puxando-a para frente, para que ela perca o equilíbrio. Ela bate a cabeça contra a borda da mesa e cai. Escuto uma arma disparar. Uma menina grita olho na direção, Bia, a criança que brincava com Luna hoje cedo está chorando. Noah me puxa para baixo da mesa, Neelie está respirando fundo. Pego a arma. Sinto-me segura com ela em minhas mãos.

- Ainda dá tempo de desistirem, de vocês ficarem. – digo olhando para Noah, Luna e Sky. Quero que eles fiquem não quero que eles se arrisquem por nada.

- Não. – a voz firme é de Luna. Aceno que sim e saio da mesa, me abaixando atrás dos bancos. Vejo Quatro usando a mulher como escudo humano enquanto atira por cima do seu ombro contra um soldado da audácia do outro lado do salão.

- Tris! – grita ele. - Você poderia me ajudar aqui?

Tris esta parada, sentada. Ela meche em algo, mas não faz nada. Um homem da Audácia aponta o revólver em sua direção. Caleb salta sobre ela e agarra a sua arma. Ele a segura com as duas mãos e dispara contra o joelho do homem que desaba ao meu lado. Ele está segurando em seu joelho, mas me vê e mira sua arma em minha direção, com as mãos tremendo. Miro em sua cabeça e atiro. Sua dor é temporária. Ele esta morto agora. Não fico muito tempo para ver o estrago que fiz e me levanto. Foi minha vida pela a dele.

Noah tira a arma da mão do soldado morto e se levanta junto comigo. Suas costas contra as minhas costas. Nós sabemos usar armas. Olho para Neelie, Sky e Luna debaixo da mesa... Nota mental: Ensinar Neelie, Sky e Luna a usar armas.

- Mais uma palavra e eu mato você – diz Quatro com a arma apontada para a mulher da Erudição. Sei quem é ela. Já a vi em algum lugar... Senhora T-alguma-coisa... A bibliotecária. Ela o obedece. – Quem está com a gente deve começar a correr – ele grita, sua voz enchendo a sala.

Noah da à mão para Neelie e nós corremos todos juntos com os membros da Abnegação. Viro apenas uma vez para me certificar que todos estão aqui. Corremos juntos pelo corredor central do pomar, ofegantes. O ar cheira a chuva. Ouço gritos. Som de portas de carro batendo. Corro mais rápido. Mais rápido, sem olhar para trás.

Corro ao lado de um menino alto e esguio usando amarelo. Seus cabelos são escuros, arrumados e brilhantes. Estamos em uma longa fila. A essa altura os carros já nos alcançaram. Seus faróis iluminam as folhas e as espigas de milho.

- Espalhem-se. – grita alguém atrás de mim. Viro minha cabeça brevemente para ver Noah. Nós nos dividimos e espalhamos pelo campo.

Agarro a mão que vejo a minha frente. Neelie. Juntas corremos para a direita. Ouço gritos por todos os lados. Tiros. Corro mais rápido e meus pulmões choram por ar. Minha ferida arde. Não posso parar agora.

Um grito agudo atrás de mim. Um grito familiar. Minha mente briga sozinha entre virar e ver ou continuar andando. Jogo-me no chão arranhando meus joelhos e viro-me. Luna.

O céu escuro não me permite ver muito, mas vejo que Neelie continua correndo. Sky está deitado no chão, mas esta vivo. Noah esta ao meu lado. Abaixados para não levarmos tiros.

Ela respira alto. Sua mão sobre sua barriga. Ela retira e agarra a mão de Sky.

- Sky...- ela sussurra fracamente. Seus olhos se fecham, mas ela continua respirando. Ela esta morrendo.

- Não. Não fale. – ele diz soluçando. Sua mão esta sangrando, mas mesmo assim Sky não larga ela. Noah ao meu lado chora. Tenho vontade de fazer o mesmo, mas não posso. Temos que continuar.

- Temos que continuar. – digo. Luna estica a mão em minha direção.

- Há caminhos que parecem certos, mas podem acabar levando até a morte. – ela diz e eu me levanto. E uma coisa eu descobri olhando para o corpo inerte no chão e o som dos gritos e dos carros, nunca estamos preparados para as perdas.  Sky grita de frustração. Noah o ajuda a se levantar e continuamos a correr. Os membros da Abnegação estão morrendo por todos os lados. Luna morreu na minha frente e tudo que eu fiz até agora foi fugir.

Finalmente chegamos à cerca. Neelie esta lá a empurrando com a mão. Noah se aproxima dela e encontra um buraco. Ele o segura para que possamos passar. Paramos por um tempo.

- Onde esta Luna? – pergunta Neelie.

- Ela se foi. – digo e deixo as lagrima rolarem. Meu rosto arde com os cortes superficiais que as folhas de milho fizeram. Sky soluça. Neelie cobre a boca com a mão, ela esta surpresa. Fecho os olhos e vejo Luna dançando e sorrindo por causa do soro da paz; ela brincando com as criancinhas. Noah olha para frente.

- Feliz ou não, a gente tem que seguir em frente. – ele começa a caminhar. 


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