As Estrelas Da Esperança escrita por Vaskevicius


Capítulo 50
Capitulo 50 – Estratégias




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/410981/chapter/50

Solidão, escuridão, completa escuridão e o silêncio de morte, nada podia ser palpado porque ali havia nada, a voz não saía por mais que tentasse, mas um perfume penetrava a mente e atordoava o pouco da sobriedade que ainda havia ali, o cheiro afetava sua memória, a mais antiga e a mais recente.

“- Como vim parar aqui? Onde estou? Quem sou eu?!” – As perguntas ecoavam fundo em sua mente, o torpor em seu corpo piorava, atingia o pouco de seu último sentido que funcionava de forma decente.

As esperanças de ter suas respostas esvaiam-se lentamente juntamente com que sobrara de sua humanidade, a consciência de ser algo efêmero e que seu momento havia chegado preenchia o que lhe restava. Uma luz, uma pequena faísca brilhava longe, talvez a loucura já havia tomado conta de sua mente, mas a luz se aproximava ainda minúscula, parecia apagar-se e voltar a se acender poucos segundos depois, até chegar a piscar, mais e mais rápido à medida em que se aproximava. A luz estava próxima o suficiente de seu rosto, parecia lhe acariciar com mansidão e sutileza, sentia um calor, o calor dos raios do sol em uma manhã de verão no campo que invadia seu corpo e preenchia seu coração com ternura, o som de estalos ao mover-se cada articulação rígida se amolecia lentamente dando movimento ao corpo quase sem vida, a dor de mover-se era grande, como se fosse a primeira vez que o fizesse, logo não parecia estar só, e não apenas aquela luz, que começava a brilhar ainda mais intensamente, era sua convidada na escuridão, mas outros estavam ali ao redor da pequena faísca de esperança.

“- Já se passou muito tempo cavaleiros.... É chegada a hora de acordarem!” – A voz oriunda daquele pequeno sinal divino comandava seus corpos, mentes e almas a agirem, eles todos sabiam que tinham um papel a cumprir, as respostas de suas perguntas que martelavam por tanto tempo logo eram respondidas.

O som metálico vinha junto com o movimento das articulações de seus braços e pernas, o som abafado mostrava claramente que tinham tocado o chão, chão macio coberto por algo frágil, a luz se expande e a visão retorna de uma vez, a iluminação do lugar era baixa, com tochas rústicas e a chama não era o suficiente para iluminar o ambiente, mas ainda assim ele estava iluminado a ponto de poder ver cada centímetro. Ao perceber que tinha acordado do que parecia ser um pesadelo interminável o rapaz nota estar em uma passagem marcada por um pequeno arco de pedra, o suficiente para comportar seu corpo, para trás apenas a escuridão, a escuridão mais densa que já tinha visto, dando um passo para frente e saindo daquele arco era possível notar que tudo ali estava coberto de flores, não havia grama, apenas pedras e flores com suas vinhas rasteiras se embolando em todo lugar que conseguiam, inclusive no arco em que o rapaz acabara de atravessar.

— Impossível. – Exclamou o jovem rouco por não falar há muito tempo.

Além de onde ele tinha saído, haviam mais outros arcos que pareciam ser outros caminhos, mais onze, formando um círculo perfeito, ao centro da sala, um grande buraco que ao se aproximar revelava ser mais fundo do que a sua visão apurada recém adquirida de volta podia alcançar, mas ele percebeu estar no que parecia ser uma torre, composta de vários andares o efeito de continuidade quase infinito continuava para cima também, então certamente não estavam no topo. Poucos minutos após sair do estado de torpor e se deparar com aquele lugar que parecia ter saído do sonho de um bardo apaixonado, à sua frente, um arco parecia ter algo cravado no topo em uma das pedras, imediatamente o garoto reconheceu as marcas, eram letras, um nome, logo se vira para onde havia saído e lá estavam as marcas, seu nome cravado, por um momento pareceu estar confuso e assustado.

— Não se preocupe. – Disse outra voz tão rouca quanto à do jovem. – Athena interveio por nós.

— Agora temos que cumprir a nossa parte – No final da frase uma tosse seca, apesar de também parecer bem rouco, o rapaz à esquerda, com um elmo que cobria sua testa e laterais do rosto com o que pareciam ser chifres dourados projetados para cima, parecia ser ainda mais jovem.

Uma mão toca em sua armadura dourada, exatamente na parte que se projetava para frente da armadura formando o que parecia ser um grande chifre dourado acima dos ombros.

— Chegou a hora de cumprirmos nosso destino, finalmente. – O homem de asas douradas falava com firmeza e o cavaleiro ao seu lado apenas consentiu com a cabeça em um gesto positivo, então os quatro se aproximaram do buraco que parecia ser a única passagem viável para eles e se lançam na escuridão em queda onde desaparecem rapidamente.

Blue Graad

Do que parecia ser uma varanda projetada para fora do castelo em sua lateral, o homem com vestes nobres ao lado de um outro homem tão bem vestido quanto eles se aproximavam da beirada, mais abaixo podiam ver um mar de pessoas, em particular homens vestindo armaduras de combate todas muito semelhantes umas ás outras, em um tom azul gélido e capas brancas. As vozes de centenas de homens falando ao mesmo tempo naquela multidão era ensurdecedor, haviam especulações do que poderia estar acontecendo, a maioria correta, eles se alinhavam para entrar em forma como um verdadeiro exército, todos bem armados com espadas afiadas.

— Silêncio!!! – Ordenou um dos homens na varanda do castelo, imediatamente todo aquele ruído fora eliminado e todos voltaram-se para cima. – Ouçam as palavras de nosso Rei, Artur. – O homem então dá um passo para trás e se ajoelha, os homens abaixo batem três vezes no peito e gritam em uníssono como um grito de guerra em homenagem ao rei.

— Obrigado Mikhail. – O rei se aproxima da beirada. – Guerreiros de Blue Graad, o mundo está em guerra, mas desconhecem a verdade, há muitas eras foi decidido que a população comum jamais saberia disso, aquela que nos protege desde as eras mitológicas não busca por glória ou reconhecimento, assim como nenhum de nós, então é chegado o momento de nos levantarmos e lutarmos lado a lado da deusa que juramos proteger, vamos protege-la, vamos proteger a humanidade do caos que está à espreita, vamos destruir nossos inimigos e mostrar o orgulho dos guerreiros de Blue Graad! – Mikhail se aproxima.

— Vamos soldados, marchem em direção ao campo de batalha, nós vamos para a Alemanha!

— Amigo, agradeço por tudo que fez até hoje. – Artur apoiava sua mão sobre o ombro de Mikhail. – Foi muito bem em minha ausência, jamais poderei recompensá-lo de forma adequada.

— Não seria necessário. – O homem sorria. – Apenas sobreviva e volte conosco.

— Sim. – Artur sorriu de volta e ambos se dirigiam para a saída do castelo, dois cavalos brancos selados os aguardavam, eles montaram e seguiram a frente de sua tropa guiando-os.

Asgard

Pouco tempo havia passado desde o anuncio da reunião com o atual governante das terras gélidas de Asgard, o corpo sem vida do homem em idade avançada já havia sido retirado das dependências do palácio de Valhalla, mas as manchas de sangue não foram removidas adequadamente, até o cheiro característico ainda estava presente, mas isso não parecia incomodar nenhum dos que estavam presentes.

Eram 21 homens trajando suas armaduras características daquelas terras, exceto por dois deles, Kazys que estava sentado no trono e o último a entrar em suas vestes normais, a porta se fecha, o salão não parecia mais tão frio quanto anteriormente, o retardatário se aproxima e se ajoelha assim como todos os outros.

— Você não precisa disso. – Disse o rapaz sentado como um rei. – Seu lugar é ao meu lado, Lorde Yakov.

O homem, com seus cabelos e barba levemente grisalhos se levanta em silêncio e se aproxima de onde o jovem lhe indicava, uma luz prateada envolve o corpo do homem que veste seu antigo robe, sobe os degraus e fica ao lado esquerdo do trono de pé, sua postura era impressionante, perfeita.

— Não creio que possa aceitar Senhor...

— O robe escolheu você. – O jovem se levantava. – És o verdadeiro dono do robe de Heimdall, você é um exímio espadachim e controla a espada de seu robe melhor do que ninguém, jamais poderia escolher alguém melhor, ainda mais em meio a estes tempos de guerra que está sobre todo o planeta.

— Então realmente vamos entrar nessa guerra?

— Você estava lá, sabe melhor do que ninguém que devemos cumprir nossa parte no acordo, o elo que nos une à Athena está nessa guerra, eu como representante de Odin na Terra devo honrar os acordos feitos, mas não temos tempo para maiores preparações. – Ele tinha um semblante sério, deu um passo para frente. – Guerreiros deuses, vocês são a elite de nossa ordem de guerreiros, já que atenderam ao meu chamado, eu os convoco para me seguir nessa empreitada contra o maior dos males que podemos enfrentar, nós seremos lembrados assim como os antigos heróis que foram levados pelas Valquírias até o palácio de Odin. Se cairmos, cairemos lutando! – Ele vira rapidamente para onde o trono metálico estava e com um soco envolto em energia o destrói completamente revelando uma espada azulada cravada no que parecia ser um robe em forma de gelo, uma energia monstruosa tomou conta do lugar e Kazys puxa a espada liberando-a e a ergue apontando para cima com seu braço estendido, uma luz prateada envolve cada fresta do palácio, a energia destrói a porta de entrada e os vinte e um guerreiros saem em estupenda velocidade seguindo seu líder.

Entrada do Santuário

Dois garotos se aproximam do santuário e vão em direção a entrada dos templos zodiacais, todo o ambiente ainda estava em processo de reforma, mas muito já fora reconstruído, eles passam pela fonte com a água fluindo, a mesma que fora destruída durante a primeira invasão, o chão já estava completo novamente com suas lajotas de mármore branco. Ao se aproximarem do primeiro templo, um homem parecia aguardá-los, o cavaleiro de prata, carregando apenas a urna de sua armadura nas costas e uma bolsa de couro igual aquela havia trazido ao santuário na primeira vez, mas em melhores condições, o rapaz retira o cabelo que caia sobre seu olho esquerdo para poder visualizar melhor quem os aguardava.

— Grande Mestre. – Falava se aproximando. – Não era necessário que viesse nos receber.

— Acredito que seja sim, Vaskes e Geovanne. – O homem sorria e começava a entrar no primeiro templo. – Devem ter percebido que houveram mudanças, a verdadeira guerra está prestes a acontecer, em poucos dias sairemos rumo ao real campo de batalha, Sascha fez questão de garantir a localização para nós.

— O cavaleiro de Virgem?! – Geovanne estava surpreso.

— Exatamente. – Wes para no meio do templo junto com os dois cavaleiros. – Ouvi que melhorou muito suas habilidades natas como lemuriano e reparador de armaduras Vaskes, então acredito estar pronto para a última etapa.

— Sim senhor. – Vaskes coloca sua urna que se abre, revelando a armadura em forma de uma majestosa ave toda em prata em meio a mais dez outras armaduras de patentes entre bronze e prata.

— Você também, cavaleiro de Urso. Foi decidido que você fará parte dos doze cavaleiros a receber a mesma missão que a elite em meio à essa guerra. – Geovanne então coloca a sua urna no chão frio, ela se abre revelando o grande urso de bronze, as doze armaduras fazem um círculo ao redor dos três, Vaskes se aproxima com a bolsa de couro marrom e Wes retira os frascos e os lança para cima, retirando rapidamente doze selos com a inscrição “Athena” em vermelho em cada um deles, os frascos reagem com a energia dos talismãs e se direcionam para acima de cada armadura, doze frascos contendo o que parecia ser sangue pairavam sobre as armaduras montadas em suas formas originais que reagiam. Com o que pareciam ser os cosmos de sua deusa e o patrono, portador do sangue. – Comece.

Vaskes prontamente se levanta, saca as ferramentas douradas, se aproxima de sua armadura, coloca a ferramenta sobre o frasco, com um movimento ele faz a ferramenta de ouro quebrar o frasco embebendo a ferramenta e sua armadura com o sangue que ali estava preservado, com um segundo movimento, a segunda ferramenta se choca contra a primeira entrando em contato com a armadura prateada que ressoa com o tilintar metálico, uma luz dourada preenche o lugar, Geovanne é obrigado a cobrir os olhos por um instante para não ser cegado, e uma energia forte o suficiente para balançar as estruturas do templo é emitida da armadura, que agora brilhava com grande intensidade, a armadura antes em prata, agora parecia ser dourada como uma das armaduras de maior patente entre as oitenta e oito que servem Athena, logo a armadura volta ao seu brilho normal e prateado e não haviam mais vestígios do sangue anteriormente derramado sobre ela.

— Muito bem, isso é o que herdou de seu mestre, vocês lutarão juntos, esse é o presente dos cavaleiros de ouro para vocês, a nova elite. – Disse Wes parecendo ter algum trabalho para manter a energia estável entres os talismãs, os frascos com sangue e as armaduras. – Vamos, próxima!

Vaskes se aproxima então da armadura em forma de leão, sobre ela havia também uma máscara parcialmente quebrada, ele se posiciona exatamente como na anterior, respira fundo e repete seus movimentos com perfeição.

Sete Círculos Infernais

Os dois cavaleiros moviam-se rapidamente e sorrateiramente pelas sombras do submundo, alguns homens trajando armaduras que cobriam seus corpos completamente, inclusive os rostos, caminhavam como seu guardassem algo ali perto, o som de algo liquido em grande quantidade escorrendo, era alto, o que indicava estarem próximos à o que poderia ser um rio, eles então desviam do caminho em que os guardas caminhavam, atravessando pelas fendas entre as rochas daquele lugar nefasto, o som das almas em agonia começavam a aumentar cada vez mais, os gritos de dor penetravam suas mentes, mas não podiam se deixar levar por isso, o semblante dos dois homens era de seriedade e pesar por aqueles que ali sofriam, logo se recostam ofegantes à sombra de uma grande pedra.

— O quão perto estamos...

— Shhh – O cavaleiro prateado leva o dedo à boca indicando para seu colega de armas se silenciar, alguns seres rastejantes passavam por cima da fenda onde eles se escondiam, era impossível identificar o que era exatamente, mas em poucos segundos a criatura já estava longe. – Estamos muito próximos de nosso destino, “daquela que vive na morte”, selando sua existência, garantiremos que o exército inimigo tenha seu poder diminuído. – Alguns segundos de silêncio entre eles os levaram a se concentrar em todos seus sentidos. – Consegue ouvir esse som? É a queda da cachoeira.

— Cachoeira, aqui? Como é possível?!

— Não é uma comum. – O cavaleiro que parecia conhecer muito bem o caminho acena com a mão para continuarem, eles andam por mais alguns metros e escalam as rochas, ao chegarem ao topo, se deparam com uma imensa cachoeira de sangue fervente e borbulhando, o odor característico era forte e os corpos jogados no rio de sangue quente como lava se destruíam e reconstituíam-se novamente logo após, prolongando seu sofrimento por toda a eternidade. É ali onde devemos ir. – O cavaleiro aponta para o topo da cachoeira, estavam próximos, e por um caminho onde não seria necessária a escalada.

Os dois então corriam o mais silenciosamente que conseguiam para chegar em seu destino o quanto antes, quando uma luz arroxeada dominou o céu que parecia ter vida própria. Os cavaleiros caíram no chão com a tamanha pressão daquela energia maligna que assolava todo o submundo, que por sua vez, como um ser vivo movia-se, suas articulações de rochas rompiam-se e agrupavam-se em outro lugar ainda mais distante, os cavaleiros eram jogados de um lado para o outro com violência, terremotos, as ondas de sangue fervente, tornados de uma ventania negra junto com a neve e o frio cortante misturavam-se e separavam-se sem lógica, durando por vários minutos. Quando tudo parecia ter se acalmado, os dois guerreiros da deusa Athena, estavam caídos e feridos, com dificuldade, aquele que trajava a armadura prateada se ergue, mas suas pernas falham e o faz ter que se apoiar no que estava mais próximo, ao sentir ter tocado algo que não era feito de pedra, se deparou com uma grande árvore, o cavaleiro dourado se levantava e procurava seu colega, chegando a deslumbrar a magnificência daquela majestosa árvore cheia de frutos.

— Esta é... Esta é a Mokurenji! – Exclamou o cavaleiro de prata. – Chegamos.

— Mas logo partirão. – A voz esganiçada e abafada chamou a atenção de ambos, estavam cercados por guardas em vestes negras. – Seremos muito bem recompensados quando levarmos suas cabeças...

Uma luz prateada rodeia aquela área, uma estrela com nove pontas formadas por três triângulos girava em seu centro, o cavaleiro de prata de triângulo estava com suas mãos no chão, certamente ele era o centro daquela técnica, ao se levantar ele tinha uma feição mais séria.

— Nossa existência no espaço foi selada, não posso permitir que alguém nos perceba aqui e não posso arriscar nossa missão. – Ele falava diretamente para Higor. – O submundo voltou a sua forma original, sendo composto de 8 Prisões, 3 Vales, 10 Fossos e suas 4 Esferas. – Ele fez uma pausa, os soldados de Hades se preparavam para a iminente batalha e o cavaleiro dourado tentava entender o que estava havendo. – Algo lá no mundo dos vivos aconteceu, a batalha final se aproxima cada vez mais, já lhe disse que aqui o tempo passa de forma diferente, então temos que nos apressar e cumprir essa missão. – Higor acena positivamente com a cabeça para seu colega cavaleiro. – Agora não precisa se segurar, vamos! – E os dois partem para cima da pequena horda nociva.

Ilha dos Curandeiros

A flor com a luz e a esfera d’água continuavam a reagir com a energia do cavaleiro de peixes, a ligação entre eles ficava cada vez mais forte e aparentemente cada vez mais mortal, o rapaz que tocava a flor branca parecia estra em uma espécie de transe, os nervos apareciam sob a pele que ficava cada segundo mais pálida, a flor tomava uma coloração rósea para suas pétalas, o rapaz que observava a cena com um sorriso estranho no rosto, se afastava, se esgueirando por entre a fenda de entrada, ele puxava o ar puro daquele ambiente para dentro de seus pulmões, e o expelia pela boca com um imenso sorriso no rosto.

— Menos um. – Então começou a caminhar como se refizesse o mesmo caminho de antes, mas em sentido oposto.

Dentro da gruta, a esfera feita de água cristalina, agora envolta em luz, girava como uma verdadeira barreira, o rapaz ali no centro oscilava entre a realidade e seus próprios devaneios, as pálpebras tremiam, os lábios moviam-se como se ele estivesse sempre prestes a dizer algo, mas nenhum som saía. Um feixe de luz atravessa a floresta sem que alguém pudesse vê-lo passar, essa lux, como um raio, passa pela estreia abertura e vai para o fundo da gruta ao se aproximar da incomum formação, ela se divide em diversos feixes menores que rodeavam a esfera luminosa de água e energia pura.

— Não... – A voz saía ruidosa e com extrema dificuldade por entre os lábios roxos do rapaz, a flor tomava uma coloração avermelhada e ficando a cada segundo mais e mais escura. – Ainda... Não...

Os pequenos feixes de luz que circulavam a bolha de luz adentram esta esfera mágica rompendo-a, com o impacto, toda a gruta desmorona em luz pura, a água jorrava como um gêiser, aos poucos, sua força diminuía, e ao centro, o cavaleiro de ouro vestindo sua armadura de peixes, o tom da sua pele já estava de volta ao normal e a flor com o mais puro branco que poderia existir, ele a ergue e deixa as pequenas gotas de sua seiva entrar por sua boca e passar por sua garganta. Um pequeno lago havia se formado onde deveria ter a gruta, as flores tinham sido escondidas pelas águas, a noite se aproximava e o vento gélido do inverno já tinha chegado, o cavaleiro sem esboçar reação alguma, solta a flor sem vida no chão e caminha em direção ao mar, onde sua jornada havia começado, e um novo recomeço o aguardava.

Estátua de Athena

A garota de cabelos loiros cacheados caminha para fora de seus aposentos, o vento frio move as madeixas e seu vestido branco em direção ao oeste, ela estava aos pés de sua própria estátua, algumas penas brancas como a neve dançavam pelas correntes de vento que sopravam no início daquela noite, o piar de uma ave noturna chama sua atenção em meio ao silêncio, ao se virar, da sombra de um dos pilares arquitetônicos uma figura se aproximava, a silhueta feminina com cabelos negros e ondulados e um sorriso gentil no rosto.

— Parece que está decidida a fazer parte disso, afinal. – O tom sereno e imutável da deusa em cada palavra proferida fez com que o sorriso da garota se abrisse mais em sua face.

— Sim. – A garota se ajoelha. – Fui escolhida por ele, sou um de seus pilares, e garanto que o derrubaremos, senhora.

— Não é preciso formalidades, e sabes disso. – Athena se abaixa, pega nas mão da garota e a levanta, agora as duas de pé. – Serei eternamente grata pelo que fazes por nós.

— Esse é meu destino, apenas estarei cumprindo meu papel neste mundo, mais uma vez.

— Lamento por você ter que se lembrar de tudo, em cada ciclo... – A garota abaixa o rosto em lamento, mas a misteriosa mulher ergue sua cabeça com as mãos e olha nos olhos de sua deusa com o mesmo sorriso e balançando a cabeça negativamente.

— Não é necessário este lamento, desde o começo estive ao seu lado, e estarei, até o fim. – Uma luz branca envolve a garota que desaparece, deixando uma pequena marca no chão como de um olho, ao fundo a coruja albina voa e o vento volta a soprar.

— Até mais, Ca...

— Athena! – A voz feminina interpelava não muito longe dali. – Athena, deu certo?

— Sim. – Stephanie se vira e encontra a mulher que lhe acolhera, a amazona ruiva. – Consegui entrar em contato com todos eles, só espero que dê tudo certo.

— Dará. – Afirmou a amazona se aproximando em seu traje metálico dourado. – Eles são fortes e experientes, trabalharam duro durante todo esse tempo apenas para esse momento, eles não falharão!

— Tem razão, eu confio neles. – A garota se aproxima de sua estátua, empunhava seu báculo na mão esquerda e com a mão direita alcança o imenso vestido rochoso, ao passar suavemente a mão, a pedra acidentada fere seus dedos e o liquido quente carmesim desliza sobre a pele e a pedra, que brilha em uma luz dourada, tão brilhante quanto o sol da manhã que atravessa o véu da noite, em segundos a grande estatua já não estava mais lá, mas sim uma miniatura de si na mão direita da deusa da paz e da justiça na Terra, ela se vira para Elys, a confiança brilhava em seus olhos castanhos. – E logo estaremos prontos para atacar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "As Estrelas Da Esperança" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.