As Estrelas Da Esperança escrita por Vaskevicius


Capítulo 47
Capitulo 47 – As Faces da Lua




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Castelo Heinstein – 17 dias antes

Um grupo de guardas entraram tropeçando os últimos degraus da escadaria que leva ao grande salão de música de Hades, a primeira cena que eles tentam assimilar é o corpo do receptáculo do Imperador das trevas inconsciente nos braços de Pandora e sua irmã gêmea junto a ela.

— A-A senhorita chamou?

— Óbvio que chamei! – Exclamou a garota, Requim fica espantada por nunca ter visto a irmã tão séria e cheia de raiva assim. – Seus minúsculos cérebros mundanos não são capazes de assimilar o que está acontecendo, seus inúteis?! Peguem-no e levem-no a seus aposentos o mais rápido possível, chamem Luco imediatamente!

— Sim senhora! – Responderam todos juntamente, enquanto dois seguiam em direção à garota e pegavam Hades dos braços de Pandora com extrema cautela, outros subiam as escadas correndo em busca do homem que a garota pálida havia ordenado.

— Não acha que foi dura demais com eles? – Questionou Requim.

— Esses... – Os dentes da garota rangiam. – Eles não entendem a importância de meu irmão diante de tudo isso, o esplendor da salvação que ele quer proporcionar à todos, esses malditos não conseguem enxergar isso!

— Acalme-se. – Disse Requim abraçando sua irmã, suas mãos se fecham nas costas da garota e seus olhos enegreceram por um instante. – Vamos esperar que ele esteja bem. – Claramente suas ações e palavras não coincidem, Requim estava relutante quanto as palavras que acabara de proferir.

—O receptáculo ainda não estava pronto para tamanho poder. – Uma voz intensa que parecia rasgar o teto disse.

— Ele se precipitou para dar o primeiro passo, agora Athena moverá seus peões novamente, não é, irmão? – Respondeu uma outra voz quase idêntica à primeira.

Tempos atuais

Requim entra no quarto de seu irmão carregando uma bandeja de prata e sobre ela um jarro de vidro com água dentro, ela se aproxima observando cuidadosamente cada canto do quarto, ela parecia tensa, sua mão tremia a cada passo, a cada centímetro mais próxima uma sensação estranha a tomava, por entre um véu escuro, estava o corpo de seu irmão mais novo, inerte, pacifico, vulnerável.

— Veio tratar seu irmão? – Uma voz grave masculina vinda do outro lado da cama, onde a pessoa que falava não podia ser vista, mas não era necessário, a voz era tremendamente familiar. – Ou veio fazer alguma outra coisa?

— Vim verificar como Hades, meu irmão, está. – O coração ainda batia rapidamente, era possível sentir as pulsações sanguíneas, o órgão trabalhando com tamanha intensidade que sua jugular saltava a cada impulso do liquido carmesim, mas os tremores já não existiam mais, agora uma feição mais confiante dominara a face da garota.

— Bom... – O som anasalado da última letra se prolongou por mais de um instante enquanto o homem se movia, agora mais próximo da garota, se revelava, Thanatos, em suas vestes típicas, com poucas mudanças em detalhes em suas roupas, panos finos, muito sofisticados e um pouco esvoaçantes se moviam vagarosamente. – O imperador do submundo está preso nessa casca e incapacitado temporariamente, então nós devemos tomar as rédeas até que ele esteja apto a voltar a governar soberano sobre os mundanos.

— Sem dúvidas. – Respondeu Requim colocando a bandeja em uma espécie de criado mudo ao lado da cama, puxa o véu que cobria a mesma, molha um lenço branco como jamais visto, com a água cristalina da jarra e levava o pano úmido à testa de seu irmão, levantando um pouco os cabelos avermelhados e deixando alguns fios imediatamente molhados. – Por isso estou aqui, para garantir isso.

— Entendo, você parecia nervosa quando entrou. – O homem atravessava o quarto olhando atenciosamente para cada ação que a garota realizava. – Entende que só estou me certificando que...

— Que o quê?! – Brandiu a voz aguda para o homem alto. – Estou aqui fazendo o que acredito ser melhor para meu irmão, venho tratando dele por duas semanas seguidas exaustivamente, estou sim cuidando dele! – Agora ela já estava de pé há poucos centímetros de distância do deus, seu pescoço se esforçava para manter a posição da cabeça sempre olhando para cima, a fim de seus olhos se cruzarem, Requim com a testa franzida e olhar fixo no homem que lhe acusara. - Se acreditas no contrário, certamente há algo de muito errado com você! – Ao final de sua frase, ela subitamente se vira, senta na cama, torce o pano e repete o processo anterior, enquanto ela faz isso, Thanatos fica parado com os olhos bem abertos, mas fixados onde ela estava anteriormente, ele apenas sorri mostrando os dentes brancos e perfeitamente alinhados e se retira do quarto em silêncio.

— Fascinante... – Murmura após fechar a porta.

Ao notar que o deus da morte havia se retirado e esperando que mais nada e ninguém a estive observando, Requim espira por um período mais longo do que de comum, afrouxa as costas dobrando-a sobre o corpo, ela sentia a tensão e a gravidade do que fizera, mas soava mais aliviada, quando um toque gélido chama sua atenção, seu irmão movia seus dedos da mão esquerda e tocava-lhe o braço, então a garota retira de uma das dobras do vestido preto cheio de babados, uma flor com um caule curto e várias pétalas brancas que se curvavam-se para o centro da flor, ela a colocava na água, com o pano encharcado mexia a água com a flor em movimentos circulares mas suaves e lentos repetia o processo e voltava a colocar o pano na testa do garoto, seus movimentos paravam gradativamente e ela permanecia ao seu lado.

— Eu vou cuidar de você, meu irmão. – Um olhar de pesar estava em seus olhos.

Santuário – Biblioteca Secreta

Os três cavaleiros em seus trajes comuns continuavam revirando os papeis em busca de algo que Venício havia achado entre os papiros mais antigos, em meio à algumas folhas, várias anotações sendo transcritas diversas vezes em suas mais variadas línguas até que todos pudessem entender a mensagem que estava escrita, juntando algumas partes dos manuscritos originais de forma ordenada e adequada o desenho se formava, algumas palavras escritas de formas estranhas, alguns pequenos símbolos nas folhas, quando juntos formavam um grande pentagrama dentro de um círculo, ao redor inscrições em grego que falavam sobre uma espécie de alinhamento celeste, sobre o que as estrelas anunciariam o final obscuro de uma grande peleja divina, o solstício de inverno traria consigo um grande terror.

— “Após o solstício de inverno, quando as estrelas cantarem em uníssono, o alinhamento celeste trará consigo a escuridão eterna sobre o plano da matéria, o corpo celeste reluzente terá suas forças subjugadas pelo corpo divino, a batalha eterna terá seu fim então, ao fim da canção de morte, a punição e salvação aguardará à todos em seus eternos leitos agonizantes”. – Venício fazia uma pausa e olhava seus dois companheiros de armas que estavam um de cada lado dele. – Isso não me parece algo... favorável para nós.

— Mas... Ainda não acabou. – Respondeu Júlio unindo mais três pedaços de folha ao conjunto.

— “Ao último suspiro de esperança uma linha dourada do celeste rei sobrará, sua vontade suprema nos guiará, a força a luta a glória o aguardará, se assim persistir nos sonhos, no sangue daqueles que lhe deixaram, seguir a princesa das trevas ele deverá, para mais um raio brilhante que um dia trará, sua profecia há de se cumprir, a sábia deusa ei de impedir com sua prole astral helena em mãos, abrindo seu caminho para mais um amanhecer”. – Terminou Artur

— Certo... Me digam que não fui o único a ficar confuso com isso. – Disse Júlio com um tom um pouco desesperado.

— Certamente há algo que não estão nos contando e isso pode ser a chave para desvendarmos o que são essas profecias. – O cavaleiro de Pavão estava agora pensativo.

— Não só isso. – Complementava o novo cavaleiro de Perseu. – Olhem isso. – Ele apontava para os números próximos as primeiras previsões. – Se isso estiver correto, não temos muito tempo para isso, o solstício de inverno se aproxima em poucas semanas, e esse último ataque talvez fizesse parte desses preparativos.

— Exato! – Exclamou pavão. – Com as defesas inimigas enfraquecidas, uma investida seria a última coisa a se esperar, afinal perderiam, com esse pensamento, o exército de Hades poderia... Nos vencer... – Voltava a ficar pensativo.

— Por isso estamos aqui, para descobrirmos como investir direto no coração inimigo, atingindo seu ponto vital! – Exclamou Lobo. – Mas agora, como conseguiremos fazer isso com essa informação toda distorcida?

Enquanto os três continuavam em seu deslumbre, olhando todos fixamente para as palavras e imagens que faziam o círculo do pentagrama negro uma presença rápida e furtiva chegava com grande velocidade, ao chegar bem próxima de onde os três cavaleiros estavam, grandes asas brancas como a neve se erguem, o vento levanta todas as folhas que estavam ao redor, ao se virarem a criatura se apoiava na mesa de madeira rústica, fechando suas asas em seu corpo, rotacionando a cabeça como em cumprimento.

— Mikhail! – Gritou Artur, pela primeira vez usara um tom mais elevado e sem nenhuma emoção negativa, o que surpreendeu os demais cavaleiros ali presentes por alguns instantes, Artur inspeciona a coruja albina gigante e em sua pata esquerda, com o selo real, encontra uma carta fixada. – Trouxe notícias de Mikhail, não é?! – Artur parecia realmente muito confortável na presença da ave, mais do que na presença de outros humanos, ele pega a carta, abre o selo e começa a ler, com uma feição um pouco mais séria agora. – Entendo...

— O que houve Artur? – Perguntou seu colega de treino

— Parece que os sinais do final da guerra santa já se iniciaram, o selo de Poseidon ainda permanece intacto e forte, talvez mais forte do que nunca foi antes, mas em alguns locais do norte da Europa e parte da Ásia há relatos de algumas catástrofes, a morte está assolando muitas regiões, principalmente quando houve o ataque no Santuário. – Uma pausa com uma grande inspiração e expiração do cavaleiro. – O protocolo de defesa de nosso tratado com o Santuário deve ser iniciado, mas só eu posso fazer isso, aqui está a permissão de Athena – Artur mostra o selo da deusa no final da carta. – Terei que partir... Imediatamente. – Ao final de sua frase Artur simplesmente sai da biblioteca subindo as escadas envelhecidas e cheia de raízes das árvores que ficavam sobre o salão que a biblioteca fora construída, a coruja observa os dois cavaleiros estáticos por alguns segundos, pia e voa em direção à saída, o bater de suas asas levanta novamente as folhas o que faz os dois se virarem com uma feição de irritação, principalmente o cavaleiro de Lobo.

— Mas, o que é isso?! – A pergunta de Júlio era retórica, ele se abaixara e começava a movimentar as folhas no chão. – Aquela ave maldita não só bagunçou tudo, ela conseguiu virar as folhas que juntamos, e se olha. – Ele juntava as folhas invertidas na mesma posição em que estavam anteriormente. – Assim, encontramos outra imagem se formando e mais algumas coisas escritas!

— Deixe-me ver isso... Era exatamente disso que precisávamos!

Asgard – Castelo

As portas do castelo se abrem com tremenda força, o barulho atrai a atenção de todos presentes, aparentemente uma reunião entre as pessoas do alto escalão havia sido iniciada há pouco, o homem entrava com uma postura imponente, as tochas do salão estavam acesas, a noite já estava chegando, mas o clima da região raramente deixava algum raio de sol transpassar as nuvens negras e gélidas, o inverno estava se aproximando e o frio aumentava cada vez mais, o rapaz ao chegar ao centro do salão, tirava seu capuz, as pontas dos dedos estavam cortadas pelo frio, a neve havia coberto parte de seu traje, mas havia algo muito semelhante aos dos demais grandes representantes daquela nação que estavam ali presentes.

— Jamais dei permissão ou poder para algum de vocês para que fizessem uma reunião dessa amplitude sem minha presença! – Gritou com sua voz rouca e firme. – O que significa isso?! – A pergunta ficou no ar enquanto o rapaz caminhava em direção ao que parecia ser o líder dentre os presentes.

— M-Meu.... Se-Senhor, não tínhamos a intenção de... grrr..

O sangue fez o velho engasgar, transbordava por sua boca, as tentativas de tossir eram em vão, sua cabeça estava sendo segurada pela mão esquerda do rapaz, e a direta segurava a espada que estava atravessada de forma oblíqua no corpo do velho, cortando tudo no caminho até alcançar o chão onde sua ponta havia perfurado parte do piso.

— Eu ainda estou vivo, e não permito rebeliões! – Uma luz intensa cobriu seu corpo revelando uma armadura em tons escuros, com pele de animal saindo pela manopla, ombreiras e próximas as regiões dos joelhos com uma capa vermelha lindamente desenhada com a insígnia de Odin em dourado. – Em nome de Kazys de Baldur, eu convoco uma reunião com absolutamente todos os guerreiros deuses, imediatamente! – Todos saíram do salão, o sino estava sendo tocado, o aviso havia sido dado.

— Então, finalmente está de volta, senhor. – Uma voz entre as sombras murmurava.

— Sim. – Ele retirava e limpava sua espada. – Estou aqui, como antigamente.

— O Elo de Sangue?!

— Sim, vamos cumprir com nossa promessa.


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