Os Pesadelos de Grace Wood escrita por Kremer


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Primeiras impressões. Bem diferente da minha primeira fanfic...



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É um inferno dentro da minha cabeça.

Correndo pelo mato. Meu coração vai explodir. Já não tenho forças pra continuar. Minha visão está começando a falhar. Por mais que eu tente respirar, nunca é o suficiente. Meus pulmões ardem. Meu corpo queima. E na minha mente, apenas uma mensagem: eu vou morrer.

Não olhe para trás... não olhe para trás... não olhe para trás... que mantra ótimo.

Ouço uma canção. Um murmuro, como se alguém estivesse cantando para eu dormir. Ele não tem pressa nenhuma. Eu não teria, se estivesse caçando alguém que não consegue correr muito. Ele sabe que é o meu fim, eu sei que é o meu fim.

Algo agarrou o meu pé. Eu caí, dei de cara no chão. Seja lá o que for que agarrou meu pé, essa coisa me ergueu do ar e me arremessou contra uma árvore.

Ossos se quebraram. Tudo está ficando preto. E antes de apagar totalmente, eu vejo um rosto.

Ou melhor: eu não vejo um rosto.

Acordei totalmente encharcada de suor. Meu corpo inteiro dói. Aquele pesadelo estava me atormentando havia semanas, e eu não faço ideia do porquê. Não que eu queira saber – na verdade, daria tudo para esquecer... pra acabar com isso.

Moro sozinha, não tenho ninguém. Meus pais moram com o meu irmão mais novo, na cidade vizinha. Me expulsaram de casa pra não terem o desgosto de verem sua filha indo para um manicômio. Por que eu iria pra um manicômio? Não tenho ideia. Na faculdade, as pessoas me evitam, se afastam quando eu chego, cochicham o tempo todo, me escondem coisas sobre algo que eu deveria saber, mas não sei. E no entanto, frequentemente tenho flashes de coisas passadas. É um inferno dentro da minha cabeça.

Amigos? Nenhum. Não busquei conforto nem mesmo em animais de estimação. O que me consola é escrever. Quando eu escrevo, faço as pazes com os meus demônios. Sim, demônios. É como eu chamo aquela sensação de terror quando acordo de um pesadelo, a solidão, a raiva, o ódio, a vontade de morrer...

Quando eu escrevo, me torno uma pessoa melhor. Volto à tênue linha de sanidade, que pode arrebentar a qualquer momento. Bom, pelo menos, se arrebentar, a única que vai se machucar sou eu.

Moro num apartamento pequeno. É totalmente bagunçado, há livros por todo canto e roupas espalhadas. Nunca abro as janelas, nem me dou ao trabalho de fazer uma faxina. Não sei como a segurança sanitária ainda não isolou isso aqui.

Trabalho numa locadora, cuido de lá de segunda à sexta. O dono não se importa muito comigo, e as pessoas que frequentam não sabem nada sobre mim. A faculdade? Larguei. Não estava me ajudando em nada. Tudo o que faço é trabalhar para sobreviver.

Tento frequentemente encontrar uma razão para viver, algum refúgio, alguma coisa que me impeça de enlouquecer, de me afogar em mim mesma. Mas, quer saber? Ainda não encontrei.

Não tenho esperança de encontrar.

E o que sobra de alguém sem esperança?

A carcaça.

Prazer, meu nome é Grace.


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