Trovão Do Leste escrita por T I Wright


Capítulo 8
Du Eld Äftaka


Notas iniciais do capítulo

Título do cap: O Ladrão

Desculpem-me pelo atraso! Livros para ler, testes para fazer...
Mas vocês não querem saber da minha vida, e sim das vidas de Cavaleiros e dragões - de quatro deles em particular...

E aqui vai a história de um ladrão...

Boa leitura!



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Eragon ouviu o rugido do dragão antes de vê-lo.

Primeiro, achou que deveria ser alguma parte do treinamento de vôo dos filhotes e que algo de ruim havia acontecido a algum deles. Um deles poderia ter esbarrado em uma árvore e machucado a asa ou ter aterrissado de mau jeito e machucado a perna ou alguém mordeu a própria cauda no processo de aprendizagem.

Depois ele percebeu que o rugido que ouviu era muito alto e muito grave para ser de um filhote. Eragon pensou que ela poderia ter mordido o próprio rabo novamente, mas o tom de sua voz o fez descartar a possibilidade.

Então notou que o som do rugido não era nem de um filhote e nem de Saphira. Seu sangue gelou. Tantos meses sob o risco constante de um ataque de Thorn ou de Shruikan o deixaram alerta a qualquer som draconiano anormal, e sua mente não se esquecia dos momentos de pânico pelos quais passara por causa dos dragões machos.

Porém, repentinamente, sentiu pura alegria fluir do elo mental com Saphira quando ela mandou uma imagem de um dragão verde planando sobre o vale.

Ele não pode acreditar. Eles estavam mesmo lá? Ela estava mesmo lá?

Eragon mandou um pensamento eufórico para Saphira. Traga-os para cá!

Onde você está?, ela perguntou.

Estou na Mancha, disse ele, mandando uma imagem da praia e das montanhas através da janela do Talíta.

Sem demora, Saphira guiou dragão e Cavaleira para a praia no lago. Em menos de três minutos dois dragões colossais sacudiram a praia como peso de seus corpos aterrissando e dois dragões nem tão grandes assim os seguiram, o azul pousando suavemente na areia e o negro pousando desajeitadamente sobre seu peito e ombro.

Antes mesmo de Fírnen parar totalmente, sua Cavaleira saltou de suas costas e caiu de leve na areia. Eragon saiu correndo do barco e parou diante da elfa. Ele a antecipou começando o cumprimento tradicional de sua raça. Mal haviam terminado e Arya já o puxava para um abraço apertado, que continha toda a saudade que ele nem sabia existir dentro dela. Ele a abraçou com toda a saudade contida nele mesmo e pensou que se houvesse uma forma de parar o tempo em algum momento ele escolheria esse para fazê-lo.

Mas o tempo não parou, nem pararia para pessoas como ele ou ela; tinham coisas mais importantes a fazer do que se afundar em suas próprias saudades. Eles se separaram e olharam um para o outro. Ela estava vestindo uma blusa acolchoada e aquecida para voar a grandes altitudes e calças do mesmo material. Seu cabelo era segurado para trás com a faixa de tecido que ela costumeiramente usava antes de se tornar Cavaleira e Rainha, mas a despeito de suas roupas ela ainda se portava de forma altiva e real. Talvez por isso que ela se afastou e disse:

– Como vão indo as coisas por aqui, Eragon? Saphira me apresentou a Loivissa e Raugmar e soube que mais cinco haviam nascido aqui e Fell Arget.

– Sim, mais dois nasceram na semana passada. Você tem que vê-los, Arya, eles são lindos - ele respondeu.

– Eu imaginei que alguns ovos já haviam chocado, mas não sabia que eram tantos deles.

– Você quer vê-los?

O rosto da elfa se iluminou e ela assentiu entusiasmada. Eragon indicou os dragões grandes na areia e ambos estavam trocando lembranças de seus meses separados enquanto seus focinhos se tocavam no que parecia uma versão peculiar de um beijo. Um ronronar mútuo vibrava no ar.

– Eles podem nos deixar lá, mas depois acho melhor dar aos dois um pouco de tempo sozinhos. Estão com muita saudade.

Como se para enfatizar suas palavras, o ronronar aumentou de volume e Saphira e Fírnen pressionaram as testas juntas. Arya sorriu e disse:

– Vamos.

***

A caverna estava alvoroçada quando pousaram na rocha da montanha.

Nithring pulava de um lado para o outro atrás de Verus, tentando alcançar um monte de plumas verdes e azuis que o verde segurava. Delois tentava se meter no meio dos dois, rosnando e empurrando enquanto separava o maior da menor. Raudhr rosnava para um canto da parede, que não aparentava ter nada de especial, até que um movimento rápido de penas coloridas revelou a presença de Datia se escondendo do vermelho naquele canto.

Saphira rosnou alto e soltou um jato de chamas azuis pelas narinas; toda a caverna caiu em silêncio. No segundo seguinte milhares de imagens e sensações inundaram a mente da fêmea mais velha, vindas dos filhotes.

Aparentemente um pássaro descuidado havia passado perto demais da entrada da caverna e foi capturado por Verus. O problema começou nesse momento, quando começaram a brigar pela posse do pássaro; um afirmava que havia pegado a ave enquanto o outro dizia que havia abatido a presa, portanto o prêmio era seu.

No que todos concordaram era que estavam com fome o suficiente para brigar por um fiapo de carne tão pequeno quanto aquele. Solução: Saphira e Fírnen saíram para caçar - e aproveitar um tempo juntos - enquanto a ordem fosse mantida na caverna.

Eragon se sentou perto da pequena saliência que continha os Eldunarís e os ovos e esperou. Logo depois, Arya se juntou a ele e se puseram a observar os pequenos dragões. - Aquele que pegou o pássaro - e apontou para o filhote verde - é Verus?

Eragon assentiu e disse:

– E aquela - apontou para o pontinho roxo - é Nithring. Aquela cinza é Datia e Delois - apontou para a fêmea verde - é essa. Você já conhece Raugmar e Loivissa e ele - Eragon indicou o vermelho no canto - é Raudhr.

Arya parecia maravilhada com a caverna que reluzia com filhotes. Eragon entendia; era toda a esperança de uma raça de ressurgir das cinzas. Eles eram mais preciosos do que qualquer reino ou tesouro.

Então toc. Todos os filhotes olharam para o ninho atrás do Cavaleiro assim como Arya. Outro dragão estava prestes a nascer.

Eragon estendeu sua mente de leve sobre os ovos enquanto procurava aquele que estava prestes a eclodir. Ele podia sentir a expectativa no ar quando sua mente tocou a de um dragãozinho. Ele estendeu o braço para a pilha de ovos e sua mão pairou sobre um ovo roxo-ametista, então sobre um negro como piche, então ele afastou o ovo preto e puxou um ovo branco. O ovo era alvo como algodão, marfim e nuvens da primavera. Parecia um invólucro de pura neve.

Ele acomodou o ovo no chão à sua frente e se sentou na pedra. Arya se aproximou e estendeu a mão para tocá-lo, mas se deteve a meio caminho e perguntou:

– Posso?

O Cavaleiro assentiu e a elfa tocou o ovo. Eragon estendeu sua mão e pousou a palma na superfície morna da casca. Toc. Uma rachadura apareceu no topo do ovo e se prolongou por seus lados e por baixo das mãos dos Cavaleiros.

Eles afastaram as mãos.

A casca cedeu e revelou um filhote branco como a primeira neve do inverno. Eles tocaram de leve a consciência do pequeno e descobriram que era, na verdade, uma pequena.

Arya sorriu. Foi um sorriso puro e de legítima felicidade. Era tão singelo e único que Eragon sorriu também. E Eragon pensou que, se pudesse fazê-lo, aquele sorriso nunca sumiria.

Ele se moveu antes que pudesse se deter. Num momento ele estava sorrindo e no outro ele tocou a nuca de Arya e a puxou para si. A sensação foi que dessa vez o tempo havia parado e que nada nem ninguém poderia interromper o contato ardente dos lábios deles.

O que não avisaram sobre o tempo é que ele se recupera mais rápido do que para. Arya se separou dele antes que alguém pudesse pensar em algo para dizer. Mas Eragon o fez primeiro:

– Arya Dröttning, Argetlam, Svit-Kona... Arya... - ele a olhou nos olhos, encostou suas testas e, num sussurro apaixonado, pronunciou seu nome verdadeiro - Eka taka ono medh hjart.*

E levantou-se, foi embora.

Arya ficou lá, sentada, até que Saphira e Fírnen chegaram.

Ela não se lembrou de ter montado em Fírnen nem de ter voltado para a praia. Só lembrava-se do arrepio em sua espinha quando ele disse seu Nome e quando ele se entregou para ela.

Mas ele também a roubou. Ele, naquele simples gesto, havia roubado algo que ninguém mais no mundo havia posto as mãos. Ele disse com cada palavra e cada letra na língua em que não se pode mentir, a língua da magia, que ele era dela.

Ela só não pôde responder.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler!
*Eka taka ono medh hjart: Eu lhe dou meu coração. Me desculpem por não traduzir antes; a partir de agora colocarei a tradução aqui em baixo.

E, já que chegou até aqui em baixo, que tal deixar um review?

Até o próximo cap,

— T. I. Wright



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