Estou á quase 10 minutos do lado de fora da sala de cirurgia. Nathan já deve ter sido sedado, e a cirurgia já deve começar. Ele me pediu que viesse junto, e eu concordei sem pensar, afinal é isso que amigos fazem não? A família dele está extremamente nervosos, mas parecem bem otimistas. De acordo com os médicos, a operações levará algumas horas, mas ele não precisará ficar no hospital, e poderá voltar para casa. 

Quando ele entrou, sentei ao lado da mãe dele, que estava com um sorriso no rosto, mas lágrimas escorriam sua pele clara. O pai e a irmã não puderam vir, mas irão nos buscar quando acabar. Minha mãe me deixou aqui ás 8 horas da manhã, para conseguir ver Nathan antes de ser sedado. 

- Hazel, você está bem? - pergunta a mãe dele. Acho que me perdi em pensamentos novamente. 

- Estou sim... Eu nunca perguntei seu nome... - digo gaguejando quando percebo que nunca me preocupei em saber seu nome

- Elizabethy. Tudo bem não ter perguntado. Quase ninguém pronuncia meu nome em casa, na verdade o nome de ninguém. Só o de Nathan. Ele não gosta de ser chamado de "Querido" ou "Amor" 

- Eu acho que entendo ele... Posso te chamar de Lizzy? 

- Lizzy? É bem bonito - ela me lança um sorriso gentil,como se nunca tivesse recebido um apelido - Nathan será curado, segundo os médicos... E você? - ela pergunta de maneira tímida, como se eu não gostasse que perguntassem

- Eu? Já é um "milagre" que eu tenho sobrevivido. Enquanto tiver o cilindro de ar ao meu lado, estarei bem. - digo colocando os dedos sobre  a cânula no meu nariz

- Ah... Nathan comentou que você estava sozinha no Grupo de Apoio. 

- Naquele dia sim. Eu tenho um amigo que ás vezes vai.O nome dele é Isaac. Mas é um pouco difícil para ele falar todas as vezes sobre seu estado. 

- Oh! Tadinho... O que ele tem? 

- Ele teve um câncer nos olhos.  Há alguns meses atrás ele perdeu totalmente a visão... Ele está totalmente curado, mas ainda sim é diferente. Ele é um cara bem bacana, e muito engraçado, mesmo com aquele estado. 

- Talvez um dia Nathan deveria conhecê-lo. 

- Seria muito legal. Isaac iria gostar muito. Eu acho... 

Ficamos conversando por mais algum tempo, e a espera foi muito menos demorada do que imaginava. Em certo ponto Elizabethy disse sobre Julieta, e eu me senti um pouco á vontade para contar sobre Augustus. Ela ficou tocada, vendo que eu e seu filho tínhamos até que bastante coisas em comum. Quanto mais conversávamos, mais parecia que ela era minha segunda mãe. Ela parecia com a minha mãe. Seu jeito de falar, sua preocupação, até seu sonho de ser uma Assistente Social.