Two Pieces escrita por Olavih


Capítulo 5
Psicólogo de bêbado


Notas iniciais do capítulo

NÃO. POSSO. ACREDITAR. Mais uma recomendação? Não, isso não pode ser real. MAS É!! *-------------*Biiiiiiiiiiiiaaaaaaaaaa sua linda muito muito obrigada pela sua MARAVILHOSA recomendação. Juro, foi realmente linda. Eu fiquei com água nos olhos quando li, realmente me trouxe muita inspiração. Este capítulo é pra você....♥♥Para o restante das minhas lindas, aqui está os meus sinceros agradecimentos. Obrigada por comentarem, acompanharem e favoritarem, sem vocês eu não seria ninguém juro. Obrigada de verdade.O capítulo hoje é narrado pela Kamilla ook??Sem mais melosidades, aqui está mais um capítulo, espero que gostem. Beijoos e até o próximo.OBS: capítulo não revisado.



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–E como isso aconteceu? – pergunto afagando as costas do estranho que eu nem faço questão de lembrar o nome. Isso só pode ter sido praga do Rafael. Logo depois que ele saiu, e o garoto gato que não sei o nome bebeu mais umas duas doses ele começou a chorar. Sim, chorar. Lá estávamos nós, conversando amigavelmente sobre músicas e assim que eu mencionei que amava Bon Jovi ele começou a chorar. Sua explicação é que sua ex-namorada também amava Bon Jovi e ele ainda a ama. Acho que coração partido, alguns copos de vodca pura e uma trouxa para ouvir não dão uma boa mistura.

O estranho continuava murmurando coisas das quais eu não estava a fim de prestar atenção até ele se jogar nos meus braços. Assustada, pensei em afastá-lo, mas fiquei quieta. Então, afaguei suas costas, enquanto meus olhos procuravam desesperadamente por Rafael. Vasculhei por toda a extensão do salão apenas com os olhos. Onde está você seu cabeça de bagre? Pensei. Até que então o avistei com Joyce ainda nos braços. Por um momento, eu hesitei. Será que eu devia mesmo ajudar Rafael? Ele não merecia, afinal. Era bem feito para ele, quem mandou correr atrás da Joyce a festa inteira? Mas, se fosse para ajudar um bêbado, que seja um bêbado que eu conheço certo?

Chamei o barman que estava do outro lado do balcão, olhando para a pista de dança. Assim que grito pelo seu nome ele se vira para mim com um sorriso e vem andando até a minha direção.

–Isso é pelo que ele já bebeu e pelo que ele vai beber. Acho que isso é o suficiente pra ele desmaiar. – disse entregando algumas notas para o barman. Ele apenas acena e vai pegar mais um copo de vodca. Desvencilhei do abraço do estranho, murmurei algumas palavras de consolo e saí de lá, indo em direção a Rafael. Assim que me vê, me lança um olhar irritado.

–Vem comigo. – falei puxando-o pelo braço. Ele estava muito irritado e deixou isso claro em sua voz.

–Achei que eu tinha que me virar, depois de ter corrido atrás da garota durante toda a festa.

–Não estou fazendo isso por você. – me virei para encará-lo. – estou pela Joyce.

–Certo, então pode pelo menos me ajudar a leva-la? Essa garota é um pouco pesada depois de certo tempo.

–Não consegue aguentar o peso de uma mulher gostosa não é fortão? – provoquei. Porém, dei um tapa na mão de Rafael sinalizando para ele soltar as pernas dela. Passei minhas mãos por suas pernas, segurando-as. E então, trocando de lugar com Rafael, seguimos para uma escada escondida atrás do estoque de bebidas.

–Para onde estamos indo? – perguntou Rafael.

–Pra ala dos bêbados com amigos. – respondi rapidamente. Ele ficou com uma expressão confusa nos olhos e eu expliquei: - quando os donos projetaram esse lugar, eles pensaram nos bêbados com amigos. Aqueles, como Joyce, que bebem até passar da conta e então desmaiam ou dormem. E como não podem voltar para casa nesse estado, e eles têm amigos para ajuda-los, os donos projetaram uma ala de banheiros com vaso, pia e chuveiro para você acordar seu bêbado. Inteligente não?

–Muito. Mas estou curioso: como você sabe disso? – indagou Rafael enquanto nós subíamos as escadas. Meus braços começaram a doer, mas eu resisti.

–Juliano é amigo de muitos donos de boates, inclusive esta. Eles lhe mostraram onde fica essa sessão para o caso de emergências como esta.

–Compreendo. Os pais dele mexiam com isso.

–Sim. – concordei. Chegamos ao topo da escada e eu assumo a direção de onde vamos enquanto ainda falo. – o pai dele era dono de boate, um homem muito influente. Morto em um acidente quando Juliano tinha doze anos. Os amigos do pai pediram para Elisa cuidar dele e ela o acolheu. Eles ainda conversam muito com ele e perguntam como vão as coisas. Além de darem um super desconto pra ele e pros amigos dele. Fazem vista grossa pra quando nós bebemos e assim vai. – Chegamos até um dos “banheiros”. Era uma instalação pequena, com vaso, pia e chuveiro e, em vez de paredes, havia uma cortina preta dando privacidade aos bêbados. O cômodo era tão grande quanto à pista de dança e tinha no mínimo doze instalações como aquelas. Mas apenas quatro estavam sendo usadas. Podia ouvir o barulho de chuveiro e pessoas vomitando nos cômodos ao lado.

Sentamos Joyce no chão mesmo. Comecei a arrancar a roupa dela. Rafael ficou estático parecendo não ver minha dificuldade em tirar o vestido dela.

–Qual é? Vai ajudar ou só ficar servindo de enfeite mesmo? – perguntei irritada. Ele finalmente pareceu ligar o cérebro e começou a me ajudar a tirar sua roupa. Ela fica apenas de roupas íntimas enquanto Rafael a apoiava nas costas.

–Vocês são muito amigas? – perguntou o loiro que parecia ter dificuldades em manter seus olhos longe do corpo dela. Homens! Sai de onde estava e fui até o chuveiro, liga-lo.

–Sim somos. Não tanto quanto sou com Geovanna, porém também sou muito amiga da Joyce. Ela tem o temperamento muito igual ao meu, por isso não nos damos muito bem.

–Não acho. – discordou o garoto. – ela é bem mais legal que você.

–Só um instante. Estamos procurando no Google onde está a graça. – retruquei com um sorriso no rosto. Ele se limita a apenas revirar os olhos.

–Não seria melhor leva-la a um hospital? Ela pode estar em coma alcoólico.

–Duvido. Joyce é forte para bebida, apesar de nunca se lembrar do que fez no dia seguinte. Ela só deve estar dormindo. – acrescentei. – além do mais, se chegarmos com ela nesse estado lá no colégio Elisa come nosso fígado com batata assada. Ela disse que não quer que ninguém beba até entrar em coma alcoólico, pois não quer ser acordada de seu sono de beleza para ir buscar delinquentes no hospital.

–É bem a cara dela mesmo. – Fui até Rafael e nós a levamos até o chuveiro. Assim que a água fria tocou a pele de Joyce, ela arregalou os olhos e soltou um grito agudo. Nós quase a deixamos cair, por conta do susto, mas resistimos.

–Me tira daqui! – gritou ela.

–Joyce! – chamei-a alto. – presta atenção. Pode se colocar embaixo desse chuveiro agora, não quero saber de reclamações. Escutou? – usei meu tom autoritário e ela parece se acalmar. Ela começou a tomar banho, apoiando-se na parede e em mim. – traga a bolsa dela lá em baixo, por favor. É uma preta com taxas douradas em cima da mesa nove. – Rafael concordou e saiu do pequeno espaço. – Então, pode ir abrindo o bico.

–Não sei do que está falando. – disse Joyce com os olhos fechados.

–Ah, é claro que você sabe! Você nunca fica tão bêbada assim. O que houve? – perguntei novamente. Ela ficou em silêncio por alguns instantes e depois disparou a chorar. Não um choro baixo, choro de verdade, alto e desesperado. Fiz como Geovanna teria agido e a abracei, deixando-a molhar minha roupa tanto com a água do corpo quanto com as lágrimas.

–É o Ju-Juliano. – ela balbuciou.

–O que tem ele? Ele falou alguma coisa para você? Você sabe como ele fica quando...

–Eu amo ele Milla. Eu o amo. – ela chorou ainda mais enquanto eu absorvia as informações. Como assim ela o amava? Eu via os dois juntos mais pareciam irmãos. Se bem que ela tinha certa raiva da Geo, mas imaginava que era porque ela fazia Juliano sofrer muito. Pensando melhor, certa vez ela ficou morrendo de ciúmes dele com outra garota. Agora tudo faz sentido.

–Mas, mas eu achei que você tivesse afim do Rafael. Você parecia interessada nele hoje.

–Era só pra fazer ciúme!

–Joyce Cardoso usando alguém para fazer ciúme no amado? Essa é nova.

–A última defesa dos moribundos. – ela chorou mais.

–Oh Joyce, não chora! Olha, eu sei que o Juliano é um pateta e não vê nada na sua frente a não ser a Geovanna, mas você já tentou se declarar pra ele? – a senti balançando negativamente a cabeça. – então, você nem tentou. Tem que tentar conquistar o bofe. – separei nossos corpos e mantive as mãos em seu rosto fazendo-a olhar para mim. – Se você o ama muito e ele vale a pena, vá à luta! Não é uma batalha perdida.

Sentei-a no chão mesmo no exato momento que Rafael pôs a cabeça para dentro da cortina com a bolsa de Joyce nas mãos.

–Aqui está. – disse ele. Joyce olhou para ele como se pedisse desculpas.

–Me desculpa Fael, é que...

–Está tudo bem. – ele falou parecendo natural. – sou acostumado cuidar de garotas bêbadas que quase vomitam em mim. – ele sorriu e saiu da tenda.

–Será que ele ficou bravo? – perguntou Joyce.

–Duvido. Além do mais, que graça tem a vida sem um bêbado para cuidar?

–Eu fui usado? – falou Rafael pela quinta vez, olhando para a janela do taxi ainda com uma expressão de incredulidade.

–Sim. – respondi pela milésima vez também – você foi usado. – só pra constar: não fui eu quem contou isso a ele. Ele ouviu de trás da porta. Estávamos voltando para casa, pois Joyce havia melhorado, mas se recusava a ficar no mesmo lugar que Juliano. E como eu sabia que ela ainda não estava bem resolvi voltar com ela. Rafael, tentando se fazer de macho, disse que não podia deixar duas damas irem embora aquela hora da noite sem uma companhia masculina e por isso, lá estávamos nós perto de casa em um taxi velho e fedorento com Rafael repetindo a mesma frase um milhão de vezes.

Joyce estava deitada com a cabeça no meu colo, enquanto eu acariciava seus cabelos; suas pernas estavam em cima de Rafael e ela continuava com o rosto enxado por causa do choro.

–Rafael Campos, sendo usado! Esse mundo tá perdido mesmo. – apenas me limitei a rir.

–Queria ser tão boa quanto a Geo.

–Em?

–Nesses lances de dar conselho. Ela é boa nisso. Eu me sinto uma ogra insensível quando tenho que dar conselhos.

–Isso não é verdade. Você se saiu bem no banheiro.

–Mentira.

–Verdade. Eu escutei tudo. Acho que foi um conselho bem útil. – sorri um pouco. Ficamos um pouco em silêncio até ele se pronunciar. – com você e Geovanna são amigas? Quer dizer, são tão diferentes.

–Eu sei. – ri me lembrando de antes. – foi difícil. Eu estava com dez anos quando ela chegou. Já tinha passado por quatro companheiras de quarto e tinha espantado todas. Eu queria o quarto só pra mim, e aquelas garotas me irritavam. Daí eu bolava sempre um jeito de as fazerem implorar para sair do quarto, nunca levando a culpa. Eu não era muito santa. Daí chegou Geovanna. Uma garota pequenininha, toda delicada e fofa, era um alvo muito fácil, pensei na época. Mas ela foi a mais difícil de todas. Tudo que eu fazia, seja jogar baratas na cama dela, derramar tinta e cortar o cabelo de suas bonecas ela apenas sorria e dizia: Isso é o seu melhor? Que decepção. Isso me matava de raiva.

“A partir de então, venho uma péssima época: maio. Odeio maio. Não adianta me perguntar o porquê, não irei falar. Mas foi nessa época, na mais difícil de todas que a menina que eu tanto desprezava passou a ser minha melhor amiga. Ela me ajudou como ninguém nunca teria me ajudado naquela situação e nós aprendemos a nos amar, apesar das diferenças. Acho que foi assim que nos tornamos irmãs hoje”.

–Uau. Que história de superação da Geovanna não? Lembra-me de dar um abraço naquela guerreira. – ele riu. Apenas olhei para ele com a cara fechada. – tá, não tá mais aqui quem falou.

–Bom mesmo. Já pode pular do carro.

–Calada.

–E como você e o Marcelo se tornaram amigos?

–Ah, essa história sim vai fazer você chorar. – disse ele sorrindo. – prepare-se: eu estava no jardim de infância, nós tínhamos cinco anos na época. E aí do nada ele virou para mim e disse: “você quer brincar no balanço?” e eu respondi “claro.” Daí nos fomos até o balanço, nos apresentamos e dizemos: “amigos?” “amigos” ele respondeu. E foi assim que nos tornamos amigos.

Fingi limpar umas lágrimas na manga da blusa.

–Uau cara. Essa foi à história mais comovente que eu já ouvi. – nós rimos. O motorista estacionou na porta do instituto. – pronto pra luta? – perguntei depois de uns segundos.

–Sempre.

Colocamo-nos para fora e apoiamos os braços de Joyce em nossos ombros de forma que os dois a carregávamos. Apesar de desconfortável, chegamos ao quarto da Joyce e a jogamos na cama dela. Sua companheira de quarto deveria estar no quarto do namorado, pois quando chegamos à cama estava vazia.

–Onde está a companheira de quarto dela?

–Com o namorado provavelmente. – a despejamos na cama.

–Não acha melhor nós a fazermos comer algo? Quer dizer, ela tá com a glicose baixa.

–Tem razão. – falei. Comecei a procurar na bolsa dela algo, mas não encontrei. Quando me virei para Rafael ele estava com duas balas na mão, estendidas para mim. Dei um meio sorriso e arqueei a sobrancelha. Acordei Joyce e a fiz engolir as balas.

Saímos do quarto, depois de deixar Joyce o mais confortável possível em sua cama. Estávamos chegando ao corredor que separava nossos quartos até que eu me pronunciei.

–Não sabia que você é do tipo que carrega balinha consigo, como aqueles meninos que querem agradar garotas de ensino fundamental. – ele se aproximou de mim, o rosto indecifrável e se abaixou para falar no meu ouvido. Sua voz fez cócegas na minha orelha.

–Há muita coisa sobre mim que você não sabe. – ele sussurrou me fazendo arrepiar e depois se separou de mim seguindo seu caminho, enquanto eu fiquei parada tentando entender o porquê deu ter me arrepiado.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram, não gostaram, amaram ou odiaram?? Está aí, diga o que acharam por favor. Beijinhos, vejo vocês quando derem 3 comentários kk.



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