Two Pieces escrita por Olavih


Capítulo 4
Realizando algumas tarefas com a senhora encrenca


Notas iniciais do capítulo

PARA O MUNDO. Duas recomendações com apenas três capítulos? Isso não é possível, eu devo ter morrido só pode.Primeiramente gostaria de agradecer a Secrets, pela linda recomendação. Obrigada amor, vou tentar sempre te agradar, prometo.E muitíssimo obrigada a Ju que fez uma recomendação tão linda que me fez ficar com água nos olhos. Foi inspirante o que você disse ju, muito muito obrigada.Quanto aos comentários, como sempre vocês ficaram divando né? Não tem como agradecer a vocês por todo o apoio.Aí está mais um capítulo com POV Rafael tá? Espero que gostem, eu nunca escrevi nada com a visão de um homem, então imaginem :x. Beijos e enjoy >



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Capítulo 3 – Realizando tarefas com a senhora encrenca

Dois dias depois

Como se consegue passar duas semanas com uma pessoa completamente insuportável? Será possível isso? Acho que não, não pode ser. Kamilla é a pessoa mais irritante que eu já conheci. De um jeito estranho ela desperta o pior de mim, como se eu necessitasse sempre provoca-la; o sarcasmo e cinismo dela me irritam como nunca. E isso é só porque estou há dois dias com ela. Acho que se eu não tiver um infarto agora, não tenho nunca mais.

–MERDA – grito quando entro no quarto, a porta estalando alto atrás de mim. Marcelo, que estava no banheiro sai de lá, apenas de toalha e um pouco molhado, e olha pra mim com os olhos arregalados esperando uma resposta.

–Pode voltar para por a porta. – diz ele em tom de brincadeira – eu não quero que ninguém me veja de cueca à noite. – diz ele passando gel no cabelo, enquanto olhava no espelho. Caio na cama e solto um suspiro pesado de cansaço e raiva.

–Você é tão engraçado cara! Por que não se inscreve na zorra total? Vai fazer sucesso! – digo com o rosto no travesseiro, tentando relaxar meu corpo.

–Eu já tentei, porém me recusaram – disse ele com um sorriso cínico. – porque seu cabelo está azul, rosa e laranja? O que aconteceu com sua blusa? – pergunta Marcelo. Viro-me para encarar sua feição confusa. Ele analisa meu rosto e responde o óbvio. – Kamilla. – disse ele suspirando e indo para o armário escolhendo uma roupa. – cara, você tem que para com isso. – começou ele pegando uma blusa, cheirou e jogou para o lado com uma careta. – ela nem é tão ruim assim.

–Não é tão ruim assim? Você não está vendo o que ela fez? – perguntei a raiva voltando rapidamente.

–O que aconteceu? – perguntou ele sem olhar para mim.

–Ah foi algo simples...

Flashback ON

Estávamos na sala de artes sob a supervisão da professora de artes que por acaso não estava lá. Kamilla estava ao canto, limpando a bancada enquanto eu fiquei encarregado de limpar os potes e os recolocar organizadamente por ordem de tamanho. A sala estava um silêncio desde a deixa da professora até que Kamilla foi a primeira a se pronunciar.

–Sempre odiei artes, mas essa professora faz com que meu ódio vire algo incomum. – disse ela sem se virar.

–É chata pra caralho mesmo. – concordei lembrando da voz irritante daquele ser. – quem se importa se os potes estão ou não em ordem de tamanho?

–Exatamente. Só aquele dinossauro. – completou Kamilla fazendo-me rir.

–Dinossauro é?

–É. – riu Kamilla. Ela olhou para a porta para se certificar de que ninguém estava nos escutando e explicou: - há boatos de que ela e a professora de física capinaram o lote do colégio enquanto os dinossauros frequentavam a Terra. Depois, com o passar do tempo elas foram cuidando dele até a Elisa nascer. Quando a Elisa cresceu e comprou o lote, elas o venderam com uma única condição: a de que teriam que trabalhar no colégio, e por mais que fossem péssimas professoras e infernizassem os alunos elas nunca seriam punidas. E aqui estamos nós. – comecei a rir. Ela me acompanhou e ficamos muito tempo rindo.

–Estória comovente a sua não? – disse em meios aos risos.

–Oh. Eu e os meninos bolamos essa teoria. – disse ela dando de ombros e passando para a outra bancada. Ela pegou alguns balões não completamente enchidos e os colocou no chão.

–O que é isso? – a curiosidade vence e enfim indago.

–Tinta. – respondeu ela. – quer trocar de trabalho?

–Não. Você não alcançaria nem a terceira fila. – digo sorrindo. Posso ver as faíscas saindo daqueles olhos castanhos. Ela começou a ficar vermelha e o meu sorriso alargou. Era incrível a sensação que eu tinha ao provoca-la. Uma satisfação gigante tomava conta de mim ao ver aqueles olhos faiscando.

–Já falei para não me chamar de baixinha. – ela falou cada palavra devagar. A voz estava controlada, porém eu sabia que ela estava prestes a pular no meu pescoço. Já era a décima quinta vez que eu a chamava por esse apelido e ela já estava mais que irritada.

–Só estou falando a verdade. – dei de ombros e voltei para o meu trabalho. Já estava colocando outro pote na prateleira quando sinto algo contra a pele das minhas costas. Era líquido e gelado. Arregalei meus olhos. Ela não faria isso. Virei devagar, ainda com o pote na mão. Kamilla exibia um sorriso satisfeito os olhos esbanjando vingança e satisfação e ela tinha outro balão na mão. Ela me encarou e levantou uma sobrancelha antes de lançar mais um balão contra mim.

Meus reflexos foram rápidos. Eu abaixei e o balão acertou a prateleira atrás de mim. Corri até a mesa, ainda abaixado, enquanto levava alguns balões nas costas. Fui até a sacola e peguei uns para mim. Kamilla que estava ali apertou um balão contra a minha cabeça. Eu contra ataquei levantando rapidamente e jogando balões seguidamente nela. Ela cobria o rosto com as mãos enquanto ia para trás da bancada. Minha munição acabou e ela se levantou com mais balões na mão. Havia várias sacolas cheias de balão daquele tipo, espalhadas ao longo da sala. Cheguei perto de uma bem a tempo de Kamilla chegar perto da dela. Então, ora abaixados ora levantados, jogando balão uns nos outros. As paredes a nossa volta, o balcão e até a porta, fechada atrás da Kamilla estava pintados de tinta. A porta abriu no exato momento em que eu joguei um balão na direção da Kamilla. Ia pegar nela, eu tinha certeza. Mas a baixinha é tão baixa que passou direto por ela e acertou a professora de artes. Primeiro, ela arregalou os olhos. Depois pude ver sua fúria.

–RAFAEL ANDRADE E KAMILLA CAMPOS PARA A DIRETORIA AGORA! – disse ela apontando para fora. Achei que a veia fosse bater as botas, mas ela se manteve viva o suficiente para fazer a caveira da gente pra minha madrasta. Merda.

–Kamilla e Rafael. Será que vocês não podem viver pacificamente? Poxa, não é complicado. – disse ela com o tom um pouco bravo.

–Isso é porque você não tem que passar metade do dia grudada nesse enjoou. – disse Kamilla.

–Não fale assim Millazinha. Porque você tem que suprimir todo seu amor por mim? – perguntei provocando. Kamilla tinha a expressão que dizia que ela iria me matar.

Millazinha? – perguntou ela. Ela se levantou e eu continuei olhando para ela com desafio. Quando ela estava prestes a avançar em mim, Elisa bateu na mesa.

–Basta. Vocês já me causaram muito trabalho. Sente-se Kamilla. Rafael comporte-se. – Ela passou a mão pelos cabelos. Parecia cansada até. Olhou para nós procurando algum castigo bom o suficiente. – sabe o que eu acho que vocês estão fazendo? Me enlouquecendo. Assim eu separo os dois.

–É um bom plano. Mas não o estávamos fazendo. – me pronunciei.

–Odeio dizer isso, mas Rafael está certo. Apesar de ser um bom plano, não o estamos seguindo. – concordou Kamilla.

–Eu sempre tenho razão. – digo olhando para Milla, a testa levemente franzida.

–Oh, por favor, outra sessão de rafaelcentrismo não. – protestou Kamilla.

–Rafaelcentrismo? – perguntei confuso.

–Rafael no centro do mundo. – ela explicou. – da última vez, eu tive que aguentar uma hora você me explicando como você sabia de tudo, você fazia e acontecia. – ela revirou os olhos.

–Mas eu...

–Mas que coisa, quando vocês param? – perguntou a diretora.

–Quando a professora de artes chega ou o jardineiro, ou você interrompe. – disse sorrindo. Ontem nós havíamos limpado o jardim sob a supervisão do jardineiro e quando começamos a brigar fomos trazidos para cá. Hoje de novo. Elisa suspirou cansada.

–Está bem. – ela falou por fim. – vão se vestir. Eu só não te dou uma advertência Kamilla porque o Rafael também não pode receber uma. Porque se ele pudesse, com certeza os dois seriam advertidos. Nesse caso, acho que vou só acrescentar algo em seus castigos. – nós começamos a protestar, mas ela levantou a mão pedindo silêncio. – já é a segunda vez que vocês vêm parar aqui por culpa de briga. E olha o estado de vocês. Isso não tem condição. Vou fazer assim: vou dar só mais uma chance. Se vocês forem pegos brigando de novo, eu juro que vou fazer vocês lavarem até o teto desse colégio. – ela ameaçou. – podem ir.

FLASHBACK OF

–Então, sem brigas? – perguntou Marcelo que estava sentado na cama. Ele havia vestido uma blusa de manga azul, calça jeans e all star preto.

–Isso vai depender da senhora encrenca. – disse ainda deitado com a mão sobre o rosto.

–Eita Rafael, cuidado cara. – eu conhecia aquele tom. Era o tom malicioso que ele usava para falar que eu estava...

–Não estou apaixonado por ela. E nem vou. Nunca. Ela é a baixinha mais encrenqueira e chata que eu conheço. É impossível gostar de uma criatura como aquela. – disse levantando para encará-lo. Ele estava de pé, passando perfume. – aonde vai?

–É sexta. Você acha mesmo que eu vou ficar aqui? Sem fazer nada? – ele perguntou como se fosse óbvio. O que realmente era afinal, estávamos falando de Marcelo Rodrigues. Um cara que nunca perde uma festa. Olhei para a janela, o sol já estava se pondo. Deveria ser quase seis, ou talvez seis e alguma coisa. – vai ficar?

–Nem que a vaca tussa. – disse indo pegar minha toalha e caminhando em direção ao banheiro.

...

Elisa, abençoada seja, permitiu que saíssemos. Ela deixou que nós pegássemos um taxi, porque sabia que iríamos beber e não iria dar seu carro pra gente bater, como ela mesma disse. Entramos e eu disse um endereço de uma boate para o motorista.

O taxi parou de frente a boate. Havia várias pessoas na fila e algumas do lado de fora. Alguns eram casais e outras pessoas vomitando. Desci do carro, depois de pagar o taxista e avisar que mais tarde nós iríamos chama-lo. Ele apenas acenou e partiu quando eu saltei para fora do carro. Antes de entrarmos, outro taxi parou ali perto. Dele desceu um grupo de adolescentes: Kamilla, Geovanna e o resto que eu não sabia quem era. Entre eles estava uma menina de cabelos castanhos escuros, alta e magra com olhos hipnotizantes. Ela era muito bonita e parecia solteira. Presa fácil pensei.

–Vamos entrar ou não? – perguntou Marcelo.

–Cara, acho que estou vendo uma deusa. – disse apontando discretamente para a garota. Marcelo assobiou.

–Aposto 30 reais que não consegue pegar. – disse Marcelo.

–Fechado. É bom estar com o dinheiro aí. – disse enquanto entrávamos na boate.

O interior era como de toda boate. Era escuro, exceto pelas luzes da pista de dança e algumas fracas que tinha nas lâmpadas, postas em intervalos nas paredes. Havia um grande bar no canto direito, uma enorme pista de dança e pessoas por todos os lados. No canto esquerdo estava algumas mesas e mais alto que todos estava o DJ tocando uma música animada. Fomos direto para o bar e pedimos duas batidas. Marcelo varreu o olhar pela pista de dança e focalizou em uma garota loira de saia curta. Sem se despedir, ele já foi pro ataque.

Continuei no bar até ver que Kamilla tinha entrado com sua turma. Se ela não fosse a baixinha implicante, eu diria que estava até consideravelmente bonitinha. Estava usando uma calça preta com alguns rasgados, uma blusa preta com lantejoula e várias pulseiras no braço. Para meu espanto, ela havia trocado os velhos all star por dois saltos enormes que a deixavam na média de altura.

Assim que me viu ela revirou os olhos e seguiu para a pista de dança. Sua amiga veio até o bar. Ela se sentou a alguns bancos do meu e eu resolvi que era hora de tentar.

–Então, você é amiga da Kamilla? – pergunto quando me aproximo, tentando deixa a voz alta para ela escutar. Ela me olha com uma expressão de interesse me analisando antes de responder.

–Sim, sou. E você é o garoto problema que chegou ao colégio né? – ela tinha uma voz muito sexy.

–Garoto problema? É assim que me chamam?

–Na verdade, Kamilla te classificou assim. Ela diz que você é um garoto problema, do tipo que só as burras ficam. – ela contou. Típico da Kamilla.

–Ela mal me conhece. Não acredite nela. – continuei. Conversamos por um bom tempo, até que ela resolve dançar. Eu a acompanho. Ela dançava muito bem, mesmo bêbada. Estava fazendo movimento sexy, conseguindo seu objetivo de me excitar. O problema é que ela estava realmente bêbada e mal conseguia se manter em pé.

Quando começou a música lenta ela apoiou suas mãos em meu pescoço e eu puis as minhas em sua cintura.

–Você não é nada do que a Kamilla disse. – disse ela com a língua enrolada.

–Viu? Eu falei que não.

–Você é muito bonito.

–Você também. – disse. Ela começou a fechar os olhos e ficou na ponta do pé. Eu me aproximei com um sorriso no rosto, fechando meus olhos lentamente também. Quando finalmente íamos nos beijar, ela virou para o lado e vomitou perto de um casal que estava se beijando. Com os olhos arregalados quase a soltei, porém ela havia desmaiado.

Desesperado, a peguei no colo e saí a procura de alguém. Encontro Kamilla em um canto, conversando animadamente com um garoto. Vou até ela que ao ver a minha situação ri descontroladamente.

–Me ajuda porra. – disse com a garota nos braços.

–Eu não, se vira. Não mandei ficar feito um cachorro atrás dela. – ela disse destilando veneno.

–Te odeio Campos.

–Posso conviver bem com isso. – ela se virou novamente para se desculpar com sua paquera. E agora, o que eu faço com essa garota?


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram, não gostaram, amaram ou odiaram? Diga o que acharam e o que precisa melhorar. Lembrem-se assim vocês estarão me ajudando dizendo o que precisa melhorar!! XOXO...