Two Pieces escrita por Olavih


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Entãããão, minha primeira fic. Espero que gostem. Comentem o que acharam está bem?? Enfim, aproveitem ^^



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Prólogo

Outubro de 2004, Goiânia.

POV Kamilla

A única coisa que sentia era o ar esvaindo de meus pulmões. Por todos os lados onde minha vista alcançava, a cor avermelhada do fogo ardente dominava. Olhei em volta da minha antiga sala sentindo pânico. Ótimo, justo hoje que eu limpei a casa, pensei em desespero. Tinha plena consciência da silhueta de meu pai atrás de mim, mas naquele momento, ele parecia tão longe que eu não conseguia alcança-lo. Eu queria sair dali, queria correr, mas não sabia como.

Até que senti as mãos fortes e rudes de meu pai segurar-me gentilmente me mantendo em seus braços. Abracei seu pescoço e fitei seu rosto. Estava sujo e coberta de fuligem. Ele tinha olhos cinzentos - que eu adoraria ter herdado - cabelos castanhos e lisos, que ele sempre usava despenteado e um queixo quadriculado. Nos cantos dos olhos havia rugas que indicavam que ele sorria com frequência. E ele realmente fazia isso. Apesar de tudo que lhe havia acontecido, mantinha sempre a voz calma e um sorriso terno no rosto, que sempre me tranquilizava quando meu estresse chegava ao limite. Quando ele olhou para mim, vi em seus olhos uma expressão de culpa. Eu quis protestar contra ela. Dizer que não era sua culpa, que aquilo era culpa dos Villagio, mas eu sabia que não era bem assim. Sabia de sua parcela de culpa na história.

–Vou tirar você daqui, querida. Eu prometo. – ele me disse, beijando o topo da minha testa. Senti a exaustão tomar conta do meu corpo de repente. Meus braços pareciam pesar duzentos quilos e as pernas trezentos. O ar estava ficando rarefeito e eu sentia como se as células do meu corpo tivessem derretido. Fechei os olhos tentando parar a sensação de medo que em mim se projetava.

Medo. Eu odeio essa palavra e principalmente o sentimento. Sentia-me tão fraca que tinha vontade de socar tudo que via pela frente quando eu sentia medo. Odiava a sensação de não saber o que fazer, de querer fugir o tempo todo, de não ter certeza de nada. Odiava precisar de alguém pra me abrigar e me manter em pé, e era exatamente isso que acontecia quando eu sentia medo. Sempre que possível, fazia as coisas só pelo simples fato daquilo me dar medo. Pular de bang-jump? Foi só porque eu morro de medo de altura. Aprender a nadar? Água me aterrorizava. Ir ao circo? Eu tenho pavor de palhaços. E fiz tudo isso para desafiar o medo e provar que eu não sou medrosa. E estava funcionando até aquele instante.

Olhei novamente para o rosto de meu pai, tentando gravar todos os detalhes. Desde os olhos cinzentos até a barba mal feita. E lentamente fui fechando os olhos. Pude o ouvir falando comigo, pedindo para que eu abrisse os olhos. Pude escutar o desespero em sua voz e por mais que aquilo me matasse, o cansaço acabou vencendo.

–Eu te amo, papai. – murmurei antes de cair na inconsciência.

24 de maio de 2013, São Paulo.

POV Rafael

Sentia o efeito do álcool me derrubando aos poucos. As ruas estavam vazias, exceto pelo nosso grupo. Olhei para os lados, analisando a situação de todos que ali se encontravam. Já estávamos bebendo há três horas e muitos ainda estavam de pé. Nara estava do meu lado, apoiando-se em mim para não cair. Marcelo ria descontroladamente de Lucas que estava gesticulando com as mãos, rindo também. É claro que toda aquela felicidade não vinha só da história. A bebida geralmente ajuda muito nisso.

Paulo e Bárbara se beijavam descontroladamente em algum canto qualquer. Todos nós sabíamos aonde isso ia acabar dali a alguns minutos. Marcelo veio até mim, cambaleando, o cheiro de bebida embriagando qualquer um só de chegar perto.

–Que tal uma racha? – perguntou ele, enrolando a língua. Foquei meus olhos em seu rosto, tentando compreender suas palavras. Os sentidos também não ficam dos melhores após uns seis copos de vodca. Acenei negativamente com a cabeça antes mesmo de responder.

–Não, hoje não.

–Que foi? Está com medo? – provocou Marcelo.

–Não é isso. Só não quero estragar mais esse. Meu pai nem terminou de pagar. – disse lutando com as palavras. Merda de língua que não conseguia pronunciar uma palavra direito.

–E daí? Bom que ele compra um da cor que você quer. – argumentou Nara, tentando não vomitar.

–Ouça a voz da razão. – concordou Marcelo. Pensei por um momento. Que mal tinha apostar uma corrida? Eu ia vencer de qualquer jeito, mesmo. E além do mais, meu pai havia comprado uma BMW X6 2014 prata, só porque eu havia dito que era preta. Esse velho não faz nada direito.

–Certo. – sorri ao responder. – vamos nessa.

A adrenalina corria sobre meu corpo ao ouvir o som do motor acelerar. Olhei para o lado, sorrindo para Marcelo em provocação. Ele também acelerou, mostrando a potência do seu porsche e eu apenas revirei os olhos. Olhei novamente para frente, focalizando na estrada. Bárbara estava com duas camisetas na mão, como se fosse bandeiras. Ela sorriu antes de acenar dando início à partida.

Tudo estava indo bem. Eu estava começando a passar Marcelo quando perdi o controle do carro. Ele rodou e derrapou durante alguns metros antes de colidir com um poste. Tudo que me lembro era das pessoas vindo até mim, perguntando se estava tudo bem. E então, aos poucos senti meus olhos se fechando.


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Notas finais do capítulo

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