POV LUNA

Duas semanas, DUAS FUCKING SEMANAS, QUASE TRÊS! Nem um "Oi Luna, eu te odeio agora, mas e ai, tá viva?" PORRA! Ele não visualizou minhas mensagens no whats, nem minhas mensagens no facebook, o celular dá fora de área ou desligado, poxa. Evolui de raiva pra preocupação, será que aconteceu algo? Por que ele não responde? AI MEU DEUS! A menos que o Math tenha morrido, não vou perdoá-lo por esse imenso gelo.

Bem, confesso que eu só dou umas surtadas assim quando estou sozinha no meu quarto, essas semanas foram tão corridas, tão novas... Tão legais. Não achei que ir a escola poderia ser um dia legal pra mim, quer dizer, eu não achei que eu gostaria de ir. Bem, Aisaka estuda na mesma escola que eu, porém somos de anos diferentes. Ela fez umas amiguinhas pelo o que eu vi.

Fui bem recebida na classe e as pessoas se interessaram por mim... e nem foi de um modo falso. Tudo bem, a maioria das meninas não gostou muito de mim, mas os meninos foram bem legais. Ocultei a parte que meu pai tem um certo dinheiro, não quero gente interesseira (com isso me refiro as patricinhas, ou será princesinhas de aba reta? Não sei nada desses negócios, enfim) pro meu lado.

Alexia e Leo estão em outra escola, no outro lado da cidade. Eles dizem que a escola é legal e curtiram bastante. Nico caiu na classe ao lado, então, quando não estamos em aula, andamos juntos por ai (e já teve gente peguntando se éramos namorados, Nico foi rápido em desmentir, ser confundido como meu namorado deve ser algo péssimo), também andamos com o Edu. Finalmente conheci Eduardo: Ele é gordinho, tem cabelos pretos e é um pouco mais alto que eu. Sua cara é engraçadinha e fofa, me lembra um urso de pelúcia bem apertável. Ele ama livros e direto estamos papeando sobre algum. E, ahn, ele é gay, mas nem eu nem o Nico se importa com isso.

Apresentei os meninos aos meninos de minha classe. Eu fiquei bem próxima do Duda (sim, outro eduardo hahaha), Luís e Felipe. Há apenas uma menina que eu estou me dando bem logo de cara: A Julianna. A Julis é, bem, como eu. Q-quer dizer, não com mesma aparência, mas com a mesma personalidade. Temos 90% dos gostos iguais e isso é bem... interessante. Será que finalmente vou ter uma "irmã"? Ela tem 1,75 de altura, cabelo curto e loiro, e tem umas mechas azuis nele. Ela é meio eufórica, mas acho que é confiável.

Nico esses dias estava meio nervoso, sempre parecia querer me contar algo, mas sempre éramos interrompidos, seja por Edu ou pela Julis*. Hoje, estávamos indo nós dois na sorveteria aqui perto, me lembrava a Mari, ah, que saudades dela, temos nos falado bem pouco. Enfim, quando sentamos na mesa, Nico começou a falar:

_ Luns, já... ah esquece.

_Já o que? Começou agora termina. - disse rápida. Odeio quando alguém começa a falar algo e desisti no meio da frase.

_J-j-já... já-á ahn, ér...

_FALA LOGO CACETA!

_AI TÁ BOM FAVELA. Já beijou uma garota? Ou já teve vontade? - ele disse tão rápido e baixo que eu demorei um tempo pra entender.

_Uhn, não. Eu não sei, tenho curiosidade, acho, sei lá. Por quê?

_Então você acha que é normal ter curiosidade?

_ Sim. - disse simples e depois começo a comer meu sorvete, estava sentindo que eu ia começar a corar.

_Diz que acha normal mas tá fazendo cosplay de palito de fósforo né.

_Ha-ha, nossa, como você é engraçado Nico, pelamor, morri aqui com você. Já pensou em fazer stand-up? - sarcasmo deveria ser meu nome do meio.

_Na verdade sim, será que eu teria sucesso?

_Você não faria sucesso nem se vendessem seu corpo durante os shows, cabelo de poodle.

_Para ok?! Você sabe que eu to num bad hair day** - ele faz uma expressão tristonha.

E a nossa tarde continuou assim, apelidinhos, brincadeiras, mas ele acabou ignorando o assunto inicial. O Nico tem estado mais presente que o Math. Eu sinto falta dele, mas acho que ele não.

POV MATHEUS

_ EU EXIJO QUE VOCÊ VOLTE PRA CÁ MOCINHO, EU SABIA QUE ESSA MERDA DE PROGRAMA NÃO IA DAR CERTO, SABIA QUE ALGO RUIM IA ACONTECER, EU SABIA, EU AVISEI...

A partir daí parei de prestar atenção no que minha mãe gritava no telefone do hospital e deixei o mesmo na mesinha ao lado, e acredite ou não, ainda dava pra ouvi-la dali.

Eu não lembro de nada do que aconteceu. A última coisa que eu lembro é uma loirinha dizendo pra eu a esperar no beco próximo a casa de Gabi. depois disso, acordei ontem, os médicos disseram que alguém havia passado por ali e me visto caído no chão, ensanguentado e desmaiado. Levaram meu celular e alguns trocados que eu tinha no bolso, portanto estão achando que foi assalto e que eu devo ter reagido. Quando tento me lembrar, o máximo que eu consigo é ver três vultos e só.

Minha mãe ficou louca quando a direção da escola quando ligou pra lá e disse que eu tinha sido assaltado e espancado. Quebrei três costelas, um pulso torcido e alguns hematomas. Tomei tanto remédio que eu não sinto meu corpo direito. É, parece que a minha estadia em Mineira acabou. Pelo menos posso voltar a ver Luna. Ah, Luna, será que a gnomo invocada tá brava comigo?

Perdi meu celular, não posso nem avisá-la que estou todo fodido. E eu não falo com ela desde o dia que ela embarcou. S-será que ela sente minha falta? Como é que as coisas estão lá? Ela tá bem? Será que ela na verdade foi traficada e agora está na Finlândia sendo escrava sexual de algum cara fã de Lolicon***?

*Sim, Lunis e Julis, haha. Foi proposital.

**Dia mau pro cabelo.

***É uma abreviatura de lolita complex, ou seja, complexo de lolita em inglês. A palavra é usada no Japão para pedofilia ou efebofilia. Fora do Japão, geralmente é usada quando se refere a animes ou mangás que retratam meninas menores de idade (de 6 a 17 anos) em situações sexuais ou de nudez.